Por José Adalbertovsky Ribeiro*
MONTANHAS DA JAQUEIRA – Um dado histórico: todas as disputas territoriais, entre nações soberanas, em nossa América do Sul foram provocadas por ditadores. Rebobinemos o tempo. A Guerra das Malvinas foi detonada pelo ditador argentino Leopoldo Galtiere, em 1982, ao ocupar três ilhas no sul do Oceano Atlântico sob o domínio do Reino Unido: Malvinas, Geórgia do Sul e Sandwich do Sul. Chamadas de Folklands, as Malvinas e demais ilhas do arquipélago são territórios britânicos ultramarinos desde o início do século 19.
O poder é uma droga alucinógena, mais potente que o LSD, e provoca alucinações. O ditador Galtiere delirou, delirou. “Irei dominar o arquipélago e serei o novo rei do império ultramarino na América”, pensou ele com seus brasões. Às armas, soldados hermanos! A primeira-ministra britânica, Margareth Tratcher, mobilizou suas esquadras e fuzileiros. A superioridade britânica era incontestável e incontrastável. O delírio do ditador Galtiere virou espumas flutuantes. Além de ser massacrado na guerra das Malvinas/Falklands, também fez desmoronar a ditadura argentina naquele fatídico junho de 1982. O tango dos milongueiros continuou em ritmo dissonante. A inflação na época estava na casa dos 600 por cento.
Leia maisA Guerra do Paraguay poderia ser chamada de Guerra Cisplatina, por envolver os países da Bacia Platina. Durou de 1864 a 1870, de um lado o Brazil, Argentina e Uruguay contra o Paraguay, que na época tinha uma condição econômica e social razoável na América Latina. Para encurtar a história os vizinhos, em meio a hostilidades, uniram-se contra o Paraguay e no final a bagaceira foi grande. Na linguagem de hoje seria chamada de guerra assimétrica.
O ditador Solano Lopez tinha um sonho: expandir os seus domínios e reinar num Grande Paraguay. Ele queria um mar para chamar de deu nas terras do Paraguay e rios para navegar na Bacia Platina. Ah mar! Solano amava o mar, amava o poder e amava a ditadura, assim como os pernambucanos e os tubarões de Suape amam o Oceano Atlântico. As terras do Paraguay vão virar mar, era o sonho do ditador.
O bicho se arrependeu do dia em que nasceu ao entrar naquela guerra dos infernos. Aliás, todas as guerras são dos infernos. Ele foi morto no final da guerra com um tiro de fuzil na caixa dos peitos por um cabo brasileiro chamado Chico Diabo. As estimativas atuais avaliam em mais de 100 mil mortos do lado paraguaio, 50 mil soldados do Brazil, 3 mil do Uruguay e 30 mil mortes na Argentina. O Paraguay saiu destroçado da guerra e ainda hoje sangra.
O energúmeno Nicolas Maduro segue na trilha dos ditadores, da arrogância e dos delírios de poder. Trata-se de um homúnculo, um homem-furúnculo. Sempre na contramão, na Ucrânia e na Faixa de Gaza, o guru da seita vermelha deste reino de Pindorama apoia seu parceiro Maduro por baixo dos panos, ao fingir neutralidade diante da agressão a um País soberano.
*Periodista, escritor e quase poeta
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