Um imbróglio sem fim
Por Juliana Albuquerque – repórter do Blog
Em audiência pública que reuniu, esta semana, na Assembleia Legislativa de Pernambuco, representantes do Exército Brasileiro, Governo do Estado e Sociedade Civil, a secretária estadual de Meio Ambiente, Ana Luiza Ferreira, afirmou, pela primeira vez, que o Estado não vai desistir de sediar a Escola de Sargentos e Armas. Contudo, disse também que não abre mão do meio ambiente.
Na prática, o Governo do Estado não quer largar o osso, com potencial de lhe render uma baita receita anual de mais de R$ 200 milhões, apenas com a folha de pagamento. Para além disso, só na construção onde será erguido o maior empreendimento do tipo do Exército do Brasil, o investimento é da ordem de R$ 1,8 bilhão, estão previstas a geração de 11 mil empregos diretos e 17 mil indiretos.
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Mesmo não tendo a competência técnica de fiscalizar e salvaguardar a área, caso o empreendimento não seja construído no Estado, não quer desagradar os ambientalistas de plantão em seu primeiro ano de gestão.
O problema, além do fato da demora do Governo do Estado em se posicionar em definitivo sobre o projeto ter potencial de criar um desgaste com a cúpula das Forças Armadas, que liderada pelo ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, quer Pernambuco como sede do empreendimento, o impasse pode fazer com que o projeto caia nas mãos de estados que sabem exatamente o que querem. Afinal, Rio Grande do Sul e Paraná ainda estão no páreo nessa disputa.
“A Escola de Sargentos é uma obra de suma importância para Pernambuco que vai injetar R$ 211 milhões em remunerações pagas aos mais de 6 mil professores e alunos anualmente e R$ 57 milhões anuais em custeio. Montante que vai movimentar a economia de Pernambuco. Temos que ser rápidos porque outros dois estados fortes estão na disputa para sediar a ESA: Rio Grande do Sul e Paraná”, comentou o Coronel Alberto Feitosa (PL), grande entusiasta do projeto.
Na audiência desta semana, o general Joarez Alves Pereira Júnior deu indícios de que a tolerância das Forças Armadas pode estar terminando. Ao destacar que a supressão de Mata Atlântica prevista atinge menos de 2% de um total de 7 mil hectares, o que corresponde a desmatar aproximadamente 130 hectares, ele foi categórico. “É muito comum a gente ver centros de excelência do Brasil em qualquer área, incluindo a educação, migrarem para as regiões Sul e Sudeste, e o Exército resolveu fazer o movimento contrário: trazer um centro de excelência, um centro de referência, para a região Nordeste”, afirmou.
Banho-maria – Enquanto não se resolve o imbróglio entre desenvolvimento econômico e meio ambiente, há exatos seis meses, a governadora Raquel criava um grupo de trabalho com a missão de resolver o dilema entre o desenvolvimento econômico e os possíveis impactos ambientais que se dariam a partir da construção da Escola de Sargentos. Com a premissa de poder prorrogar por igual período, é provável que continue cozinhando em banho-maria uma posição mais firme, que compreende, entre outros pontos, uma contrapartida do Estado de R$ 100 milhões, menos de 7% do que será investido pelo Exército na construção da Escola.
Nova audiência – Para debater melhor a proposta, o coordenador da Frente Parlamentar criada na Alepe para acompanhar a instalação da Escola de Sargentos em Pernambuco, Renato Antunes (PL), vai promover, no dia 27, uma nova audiência Pública sobre o projeto. O foco será direcionado aos impactos socioambientais, segundo o deputado.
Potencial de atração – Para o deputado Alberto Feitosa, a Escola de Sargentos em Pernambuco tem potencial de atrair novos negócios e serviços nas cidades de Camaragibe, Paudalho e Araçoiaba, na Região Metropolitana do Recife, área que a ESA vai abranger. “Mais geração de empregos e geração de renda que atrairão novos investimentos para a região. A Região Metropolitana do Recife ganha, Pernambuco todo ganha!”, destacou.
Indústria em queda – A produção industrial de Pernambuco teve queda de 12,8% em setembro, a maior entre os 18 locais pesquisados pela Produção Industrial Mensal Regional (PIM Regional) divulgada, ontem, pelo IBGE. É o quarto resultado negativo seguido registrado pelo setor.
Defesa e proteção animal – A vereadora e secretária dos Direitos dos Animais do Recife, Andreza Romero (PP), agora é também membro colaborador da Comissão de Defesa e Proteção Animal da Ordem dos Advogados do Brasil de Pernambuco. O objetivo do colegiado é defender os direitos dos animais, reforçando a importância da causa.
CURTAS
APOSTAS – A Comissão de Esporte (CEsp) aprovou, ontem, projeto de lei que regulamenta as apostas esportivas de quota fixa, conhecidas como bets. O texto tramita simultaneamente na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), que ainda não pautou a votação da proposição. Em seguida, o texto segue para o Plenário.
ATRASO – Os aposentados e pensionistas da Prefeitura de Bom Conselho estão inconformados por causa do atraso no pagamento dos seus vencimentos. De acordo com eles, até a presente data, ainda estão sem receber o salário referente ao mês de outubro.
Perguntar não ofende: Até quando o Exército vai aguentar esperar o Governo do Estado definir se fica ou não com a Escola de Sargentos e Armas?
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