Minhas senhoras, meus senhores parlamentares
Foi o grande jornalista brasileiro Cláudio Abramo quem disse certa vez: “o jornalismo é, antes de tudo e sobretudo, a prática diária da inteligência e o exercício cotidiano do caráter”. Eu acrescentaria: e a defesa, sem concessões, da verdade.
Em tanto tempo atuando nesse mundo curioso, fascinante e perigoso do jornalismo, o que julgo mais fascinante que ele nos proporciona é viver a história. É estar em lugares que a gente nunca imaginou. É ouvir e dar voz a tantas pessoas que precisam. Mais do que nunca, o jornalismo é essencial, é a vacina contra a ignorância.
Leia maisTraduzir para milhões de pessoas o que está acontecendo sem se distanciar da notícia. Emoções diversas em cada notícia, em cada situação apresentada. Muita dedicação e amor pelo outro. É assim que sinto o jornalismo. Tudo isso pode ser resumido numa frase do grande escritor Gabriel Garcia Márquez: “O jornalismo é uma paixão insaciável que só se pode digerir e humanizar mediante a confrontação descarnada com a realidade’.
É clichê dizer que para alguém ser um bom jornalista, é preciso querer o mudar o mundo. Para um jornalista, não tem recompensa maior do que contribuir para a melhoria das vidas dos que mais precisam, para trazer à tona a verdade dos fatos e para defender a democracia. Em tempos tão sombrios, nossa profissão nunca foi tão necessária.
O jornalismo mudou. Melhorou em algumas coisas. A velocidade em passar a informação foi uma das grandes conquistas. Já se foi o tempo em que as notícias eram impressas e chegavam em nossas casas por debaixo da porta em forma de jornal impresso, que ainda existem, mas numa guerra desigual com as plataformas digitais.
A partir da década de 2010, com a popularização dos blogs, sites e outras plataformas, como o YouTube, além das redes sociais, o consumo de informação mundial passa por diversas mudanças. Reter a atenção do leitor, em meio a um “tsunami” de informações, se tornou uma tarefa extremamente desafiadora.
Somos bilhões de pessoas conectadas ao mesmo tempo, com acesso a um fluxo de informações sem precedentes, portais de notícias surgindo aos milhares (até milhões), Twitter, Facebook, Instagram e WhatsApp. Uma coisa é certa: o jornalismo não é mais o mesmo e o mundo também não.
Mas é preciso saber discernir o que é jornalismo verdadeiro e paraguaio, feito por gente e canais que caem de paraquedas e tomam o lugar de quem, verdadeiramente, passou tantos anos na faculdade, que tem especialização, que estudou ética e moral. Se a internet, por um lado revolucionou a forma do fazer jornalismo, por outro também banalizou a profissão. Daí, a proliferação de tamanha desinformação, da proliferação de fakes news.
Hoje, as redes sociais ocupam lugar de destaque. Para se ter uma ideia, apenas em 2020, 41 milhões de mensagens foram trocadas por minuto via WhatsApp ao redor do mundo, segundo dados da Domo, empresa especializada em computação na nuvem. São mais de 24 bilhões de mensagens por hora e mais de 59 trilhões por dia.
Ainda sobre o aplicativo de troca de mensagens, o Brasil é o líder mundial em uso do WhatsApp para consumo de notícias: 53% dos brasileiros dizem utilizar o aplicativo com essa finalidade, empatado tecnicamente com o Facebook (54%). A média global é de apenas 16%, segundo dados do Relatório de Notícias Digitais, do Instituto Reuters.
Com essa quantidade de informação sendo gerada e transmitida, as temidas fake news ganham força espalhando desinformação, distorcendo fatos históricos e até interferindo no cenário político global, tornando-se inimigo número um do jornalismo. E para combater esse “vírus”, os profissionais de comunicação retornam às raízes e reforçam o conceito mais básico da profissão: a apuração.
Como jornalista profissional, digo e reitero que a principal arma sempre foi a apuração. Já a nossa armadura, que nos protege e nos resguarda, é a credibilidade, conquistada e bravamente mantida durante anos. É ela que mantém a confiança da população no fazer jornalístico comprometido exclusivamente com a veracidade dos fatos, o Estado Democrático de Direito e a Liberdade de Imprensa.
Durante a pandemia do coronavírus, a sociedade mundial precisou combater não apenas um, mas dois vírus: a Covid-19 e as Fakes News. Enquanto cientistas de todos os países reuniram forças para sequenciar o vírus e desenvolver as vacinas, a imprensa mundial precisou se desdobrar para enfrentar a desinformação.
O trabalho do jornalista é ser curioso, buscar a verdade e zelar pelo interesse público. É desmascarar fake news e dar voz às pessoas que contam a história das mudanças do nosso tempo. É prestar contas à sociedade. É insubstituível.
Minhas senhoras, meus senhores,
Pioneiro no Nordeste, meu blog festeja 17 anos. Confesso ser uma luta diária que me consome praticamente o tempo todo, mas que em nenhum momento me estressa, pois faço jornalismo com prazer e amor. A fórmula da felicidade é uma só: trabalhar com amor. Tenho verdadeira paixão pelo meu trabalho.
Sou quem lutei para ser, estou onde sempre quis estar. Agradeço todas as oportunidades que me fizeram chegar até aqui. Tento, me esforço, para ser dinâmico, ágil, claro, atual e perspicaz, sem jamais perder o compromisso com a veracidade das informações
Venho do jornalismo impresso, do rádio, já passei em televisão, mas estou feliz com o desbravamento que fiz para conquistar o jornalismo digital e por ele usar a forma mais ágil e inteligente para levar notícias quentinhas, em tempo real, pelo celular, pelo computador, enfim, por todos os meios e plataformas digitais.
Agradeço, emocionado, a todos senhores deputados, especialmente a Alberto Feitosa, que teve coragem e ousadia de prestar esta homenagem ao blog. Ao final, não poderia também de deixar aqui um pouco da minha veia poética, do meu canto e encanto pelo Sertão, herança dos meus pais Gastão e Margarida.
Do meu Sertão, trago a certeza de que as flores da caatinga tornam as pessoas melhores, mais felizes. Luz do Sertão não enruga a minha pele, é alimento e remédio para a minha mente. Lá, a lua tem alma, tem algo de santidade e força.
Sou de um sertão poético, onde todas as almas são de cantadores, os sonhos são a sede da alma. Sou do sertão de Gonzagão, que cantou seu povo, cantou as aves, os animais, os padres, os cangaceiros, os retirantes, os valentes, os covardes e o amor.
Sobre Sertão, sou aprendiz de Guimarães Rosa: “O correr da vida embrulha tudo. A vida é assim: esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta. O que ela quer da gente é coragem”.
Deus me dá coragem todos os dias para fazer um jornalismo decente e verdadeiro!
Muito obrigado.
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