Veja amanhã na Folha: Lula faz 100 dias sem sair do palanque

Lula completa, amanhã, cem dias de gestão batendo na mesma tecla: culpar seu antecessor pelos problemas que até agora não conseguiu resolver ligados à economia. Mais detalhes, na edição de amanhã da Folha de Pernambuco.

O governo Lula estuda vincular os pisos previstos na Constituição Federal para aplicação de recursos do Orçamento nas áreas de saúde e educação a uma regra de gasto por habitante. A ideia é que os gastos nessas duas áreas fiquem menos sujeitos à variação dos ciclos de alta e desaceleração da economia.

A ideia é ter uma regra que permita um crescimento real (acima da inflação) que permita um gasto “x” em saúde e em educação. As informações são do Estadão.

O assunto está em discussão no governo com o anúncio do projeto novo arcabouço fiscal, que depois de aprovado vai revogar o teto de gastos (a regra que atrelou as despesas à variação da inflação desde 2017).

Já no novo arcabouço, anunciado no final de março, o crescimento anual das despesas tem como teto 70% da variação da receita líquida do governo do acumulado dos últimos 12 meses.

O problema para a equipe econômica é que após a revogação do teto de gastos volta a funcionar os pisos constitucionais de aplicação de recursos da saúde e educação, que são justamente atrelados à arrecadação.

No entanto, se a arrecadação do governo crescer muito, os gastos com saúde e educação vão acompanhar no mesmo ritmo, o que pode comprimir o espaço das outras despesas – que só poderão crescer com base de 70% da variação da receita líquida numa banda entre 0,6% a 2,5% acima da inflação.

O piso de saúde previsto na Constituição é vinculado a 15% da chamada receita corrente líquida, enquanto na educação está atrelado a 18% da receita de impostos. Desde 2017, os dois pisos, durante a vigência do teto de gastos foram corrigidos apenas pela inflação (IPCA).

Como revelou o Estadão, o governo vai recompor em cerca de R$ 30 bilhões os recursos para as duas como forma de compensação pelas perdas nesse período, caso os pisos tivessem valendo.

Essa recomposição será uma maneira de blindar os recursos para uma mudança na vinculação para que a área econômica não seja acusada de estar mudando a regra para caber na nova regra fiscal.

Na avaliação dos técnicos, a desvinculação dos gastos de saúde e educação à receita protege os recursos da área quando a arrecadação do governo tiver uma performance ruim em tempos de redução da atividade econômica, o que acaba tirando recursos, sobretudo da saúde, quando a população mais precisa, por exemplo, numa crise econômica.

Com os pisos atuais, se o PIB e a receita caem, o gasto cai também acompanhando o ciclo econômico. Já com uma regra per capita, a ideia é garantir uma estabilidade para essas gastos, garantindo que eles nem cresçam tanto na alta e nem caiam muito na baixa da atividade econômica.

Integrantes da equipe econômica também estão discutindo o impacto da nova política de correção do salário mínimo (que deve garantir um ganho acima na inflação), na evolução do novo arcabouço fiscal.

Estava um clima tão descontraído —dentro dos padrões do rito diplomático— que, a certa altura, Celso Amorim esqueceu que seu interlocutor era russo e começou a falar em português. Do outro lado de uma mesa gigante no Kremlin, estava Vladimir Putin, que por uma hora conversou com o enviado de Lula.

O russo riu. Foi uma quebra de gelo que, para o assessor especial da Presidência e ex-chanceler, cristalizou a receptividade que nem ele esperava. Amorim, afinal, foi à Rússia vender a Putin a ideia de Lula sobre o “clube da paz” para frear a guerra em curso na Ucrânia. As informações são da Folha de São Paulo.

A viagem representou o mais recente aceno da política externa brasileira novamente sob a batuta de Lula. Os cem primeiros dias do novo Itamaraty foram marcados por acenos múltiplos em várias direções. O desafio, agora, é esclarecer o que será prioridade.

Com a ressaca do bolsonarismo —um período que apartou o Brasil da China, seu principal parceiro econômico, e tornou o país quase um pária— o clima geral sobre a agenda externa capitaneada por Lula, pelo chanceler Mauro Vieira e por Celso Amorim é de otimismo.

Mas diplomatas e acadêmicos salientam que, daqui para a frente, é preciso medir a materialidade dessas propostas e, claro, quais sairão primeiro do papel. “Quando há uma multiplicidade de prioridades, pode-se incorrer em erros de concretização e materialização de alguns projetos”, diz Hussein Kalout, pesquisador de Harvard e membro do Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri).

Em três meses a pasta fez acenos à América do Sul aos EUA, à China —para onde Lula viaja nesta semana—, à União Europeia, à agenda ambiental, à igualdade de gênero e à Guerra da Ucrânia.

Foi também um período inicial de ampla agenda no exterior. Enquanto Lula esteve em Portugal, antes mesmo da posse, na Argentina, no Uruguai e nos EUA, Vieira fez, além dessas, outras cinco viagens oficiais —como à Alemanha, para a Conferência de Segurança de Munique, e a Índia, para reunião do G20.

Ao todo, segundo levantamento da Folha junto ao Itamaraty, foram 65 encontros bilaterais de Vieira com chanceleres e ministros desde 1º de janeiro. Ao Brasil, já vieram seis chanceleres nestes cem dias —de Japão, Grécia, França, Portugal, Uruguai e Angola.

Figuras próximas aos principais formuladores da atual política externa argumentam que a multiplicidade de acenos se trata, na verdade, da construção de pontes necessárias para fazer avançar áreas prioritárias, como a agenda climática, o combate às desigualdades e a mediação da paz e da democracia (na Ucrânia e em outros lugares, como na Venezuela, para onde Amorim também foi enviado por Lula).

O próprio chanceler adota essa linha. À Folha Vieira afirma que, nestes cem dias, o foco inicial foi “normalização” das relações com o mundo. “Transmitimos aos nossos parceiros uma mensagem clara, de que o Brasil retomou suas linhas tradicionais de política externa, como parceiro comprometido sempre com o diálogo.”

“Com os canais já plenamente restabelecidos, o momento é o de trabalhar no seguimento e na retomada de projetos com nossos vizinhos sul-americanos, com a América Latina como um todo, com os EUA, China e Europa, e também com nossos parceiros africanos”, acrescenta o chanceler.

Os cem primeiros dias também não deixaram de registrar certos entraves. Nos EUA, onde Lula esteve em fevereiro, a frustração se deveu ao valor enxuto destinado pelo governo de Joe Biden ao Fundo Amazônia: US$ 50 milhões (R$ 260 milhões).

Mas a proximidade da administração do democrata à do petista não deixa de ser vista com bons olhos por especialistas na agenda climática. “É impressionante como a filantropia internacional se moveu [desde a eleição de Lula]”, avalia Renata Piazzon, membro da Coalizão Brasil Clima e diretora do Instituto Arapyaú.

Ela diz que caberá ao Itamaraty, em articulação com outros ministérios, saber aproveitar o momento. “Nos próximos dois ou três anos, temos que surfar nessa onda de olhares voltados para o Brasil, porque ela vai passar rapidamente”

Houve, ainda, a resposta à pressão da Alemanha —cujo premiê, Olaf Scholz, veio ao Brasil— para não enviar armas à Ucrânia. E as rusgas com Washington após a decisão de receber navios de guerra do Irã.

Com a União Europeia, o esforço é para tirar do papel um acordo comercial com o Mercosul gestado há mais de 20 anos. A expectativa vendida por Lula, de assinar as tratativas finais até o meio do ano, parece compartilhada por parte da diplomacia do bloco europeu. Em certa medida, o arranjo vem também com a expectativa de fazer deslanchar a aliança sul-americana. Há, no entanto, arestas a serem aparadas com o Uruguai, que publicamente manifesta querer arranjos por fora do Mercosul, em especial com a China.

Lula, aliás, embarca para o gigante asiático na terça (11) —iria no último dia 26, mas a viagem foi adiada pelo quadro de saúde do presidente. Em Pequim, devem ser publicizados mais de 20 acordos bilaterais.

Com a viagem, Lula também almeja mostrar “equilíbrio pragmático” entre as duas principais potências globais, EUA e China. A ideia é enfatizar a defesa de um mundo multipolar, sem alinhamento automático a Washington ou Pequim. A Guerra da Ucrânia, por óbvio, também será posta em discussão.

Mas a proposta de Lula para o chamado “clube da paz” é vista com pouco crédito mesmo entre alguns aliados. A avaliação é de que, a despeito do crédito de colocar o Brasil como um interessado em atuar pelo fim do conflito, não há materialidade na proposta.

Para o ex-chanceler Celso Lafer, a medida dialoga, em partes, com “um componente de antiamericanismo da instintiva tradição de correntes do PT”. “E propicia menor abertura para a tragédia da Ucrânia e da sensibilidade política dos que a respaldam”, diz.

“A credibilidade do Brasil como um terceiro em prol da paz não aumenta com a viagem de Amorim a Moscou, não acompanhada de prontas e explícitas iniciativas em relação à Ucrânia”, acrescenta Lafer. “Correm o risco de serem vistos como um terceiro aparente, que não é neutro e busca se beneficiar de um conflito que é pluridimensional.”

Amorim, depois de retornar da Rússia, argumentou à Folha que um cessar-fogo realmente não está na agenda imediata. Mas sinalizou a vontade de Brasília de se mostrar disponível para quando houver a possibilidade de esboçar um plano de paz.

Para Kalout, “antes da paz, que não está dada, o Brasil pode ser proponente de ações humanitárias”. “Isso é muito mais importante no momento. O Brasil está fazendo todo um movimento tático para garantir um assento na mesa. Mas pode não ser da forma como o Brasil espera. É preciso recalibrar o discurso.”

Outro ponto sensível tem sido a relação com ditaduras como Venezuela e Cuba. Enquanto o governo Lula parece querer ser um dos mediadores de acordos entre regime e oposição em Caracas, o discurso sobre Nicarágua sofreu alterações após Daniel Ortega ser acusado por um comitê da ONU de práticas nazistas.

Brasília chegou a ofertar nacionalidade aos mais de 300 expatriados de Ortega e tem manifestado preocupação com o contexto regional, mas evitado críticas mais assertivas à ditadura centro-americana.

Outra frente abraçada no ministério foi a igualdade de gênero. Para enviar uma mensagem aos parceiros internacionais, a pasta criou o cargo de alta representante para temas de gênero. A escolhida foi a diplomata Vanessa Dolce de Faria. O tema ganha contornos mais sensíveis, porém, nas fileiras do próprio Itamaraty, onde há pressão crescente por paridade. Entre as diplomatas, a visão é de que a pasta tem adotado boas políticas, mas que para isso tem sido necessária pressão constante e pública.

Há também um receio de que as esparsas e ainda raras nomeações femininas sejam uma espécie de token —símbolo feito para atenuar demandas e reclamações. O temor foi expresso em carta enviada pela embaixadora Irene Vida Gala ao senador Renan Calheiros (MDB-AL), presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado.

No texto obtido pela reportagem, Gala, presidente da recém-fundada Associação das Mulheres Diplomatas Brasileiras, aponta que, de 23 indicações para os maiores postos diplomáticos, apenas uma é feminina —Maria Luiza Viotti, em Washington. Pouco depois da pressão, a diplomata Claudia Vieira Santos foi indicada para a Agência Internacional de Energia Atômica, em Viena.

“Tem de haver pressão continuada da nossa parte e reconhecimento, por parte da chefia do Itamaraty, de que eles precisam conversar com a gente”, diz Gala. “Não adianta a chefia do ministério nos demonizar ou desqualificar como lideranças na questão de gênero. As diplomatas têm apoio dentro do governo e na sociedade civil.”

Na última semana, o Itamaraty iniciou ciclos de conversa sobre gênero, raça, pessoas com deficiência e pessoas LGBTQIA+. No discurso de abertura, ao qual a Folha também teve acesso, Mauro Vieira reconheceu a necessidade de avançar na inclusão. “O Itamaraty reproduziu discriminações e preconceitos herdados do colonialismo e da escravidão. Esperamos, a partir desse diálogo, seguir avançando na dimensão étnico-racial”, disse.

Para os próximos meses, também estarão na agenda da diplomacia brasileira a organização do encontro de líderes do G20, a partir de dezembro, a ser sediado no Brasil, e da cúpula dos países amazônicos, prevista para agosto. “Buscaremos respostas conjuntas para os desafios da sustentabilidade e da criminalidade ambiental”, afirma o chanceler.

Amigo Magno Martins, parabéns pelos 17 anos deste grande meio de comunicação, o seu blog. diariamente, a partir das 4 horas da madrugada, o acesso e, também, como comunicador, repasso parte das suas notícias, para outros meios de comunicação. Grande abraço do seu amigo, colega telegrafista do seu eterno pai, Gastão Cerquinha.

O rompimento de uma barragem particular, causado pelas fortes chuvas que elevaram o nível do rio Cariús, no sul do Ceará, provocou inundações e alagamento de ruas, casas, comércios e escolas do município de Farias Brito.

O coordenador estadual de Proteção e Defesa Civil do Ceará, tenente-coronel Haroldo Gondim, informou, neste domingo (9/4), à Agência Brasil que o rompimento da barragem ocorreu no distrito de Cachoeira dos Bezerras, situado no limite com a cidade de Nova Olinda, e distante do centro do município de Farias Brito.

“Esse rompimento, juntamente com a chuva, aumentou o nível do rio de forma rápida, mas também baixou rápido. Mas, quando sobe, causa muitos transtornos, porque entra nas casas, nas escolas”.

O coordenador informou que a chuva nem foi tão intensa, atingindo somente 34 milímetros. “Choveu bem na região, mas não foi uma chuva torrencial que causou isso, não”. Segundo Gondim, o rio Cariús corta outras cidades “e já vem pegando água de outras localidades”.

Não houve vítimas, nem destruição de casas. Apenas pessoas desalojadas, que tiveram perdas materiais, como móveis, disse o tenente-coronel. “Tudo isso causa bastante prejuízo e a cidade fica muito suja, com lama. Destruição mesmo não teve”. Uma equipe do Corpo de Bombeiros e da Defesa Civil permanece no local para ajudar a população.

Haroldo Gondim anunciou a chegada em Farias Brito de técnicos de barragem para avaliar a segurança das demais barragens particulares existentes na região e que podem causar o mesmo transtorno nesta segunda (10/4). “Vai ser feita avaliação onde merece ser feita”.

Segundo o coordenador estadual, existe preocupação com relação ao distrito de Cariutaba, situado na parte baixa da cidade, que já está, inclusive, com nível de águas elevado. Devido à sua localização, esse distrito recebe o excesso de água do rio que banha o restante da cidade.

Após o trabalho de mitigação da situação do município afetado, deverá se proceder à identificação do proprietário da barragem que rompeu, visando possível responsabilização.

Barragens preocupam autoridades

Segundo o capitão Teixeira, da Defesa Civil do Ceará, o que mais exige atenção, atualmente, são as barragens de pequeno e médio portes e que são de propriedade particular.

“Como a construção de barragens de pequeno e médio porte é uma prática cultural em nosso estado, há uma preocupação, nesse momento, com esse tipo de empreendimento. Vale salientar que a preocupação é com barragens particulares, que muitas vezes carecem de manutenção”, disse Teixeira à Agência Brasil.

Algumas prefeituras, destacou o capitão, já têm realizado ações para reduzir as probabilidades de haver desastres dessa natureza. “Em relação a Piquet Carneiro, o próprio município já vem trabalhando em algumas barragens”, disse o capitão, acrescentando que, na última segunda-feira (3/9), quando uma barragem cedeu e forçou a saída de pessoas da região central, uma equipe da Defesa Civil foi até a cidade para avaliar os riscos da estrutura.

A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados tem mais de 9 mil projetos engavetados, aguardando análise dos parlamentares. O levantamento que aponta os números foi solicitado a pedido do novo presidente do colegiado, deputado Rui Falcão (PT-SP), que assumiu o comando da CCJ no último dia 15 de março.

Entre os projetos parados na CCJ estão os que versam sobre metodologias para a redução dos índices de violência nas escolas. O tema ganhou destaque nos últimos dias depois que dois ataques a escolas deixaram como vítimas fatais uma professora e quatro crianças, em dois estados diferentes. As informações são do Congresso em Foco.

“Juntando todos os projetos, temos mais de 9 mil propostas estocadas na CCJ. Estou designando relatores, mas esse é um processo demorado, e os líderes precisam ajudar a indicar os relatores”, disse Rui Falcão.

A CCJ é considerada o colegiado mais importante tanto da Câmara quanto do Senado, uma vez que por ela passam todos os projetos que são protocolados na Casa. É nesta comissão que são analisados os aspectos constitucional, legal, jurídico, regimental e de técnica legislativa de todos os projetos que passam pela Câmara, além de emendas ou substitutivos.

Filtro nos projetos

Falcão fica no cargo pelos próximos dois anos e, desde que assumiu a presidência do colegiado, tem solicitado aos líderes partidários que indiquem coordenadores para participarem das reuniões semanais de pauta. A ideia, segundo o parlamentar, é realizar uma espécie de filtro nos projetos, separando por estado e tema de interesse.

“Há projetos que vários deputados têm interesse, outros ninguém quer relatar. Por isso, se separarmos por estados e interesse, vai facilitar. Até para o eleitor, que vai poder cobrar agilidade direto do parlamentar do seu estado”, avalia.

Ainda assim, o fato de ter relator designado nem sempre significa agilidade na tramitação da proposta. Exemplo recente ocorreu há duas semanas. No último dia 29 de março, a primeira reunião do ano da CCJ definiu como prioridade a apreciação de um projeto de lei para estabelecer o Programa Nacional de Prevenção do Sofrimento Psíquico no Âmbito Escolar. A proposta também tem como objetivo promover a articulação das políticas públicas que têm acesso às famílias para a prevenção e detecção do sofrimento psíquico.

O projeto estava engavetado desde 2019, e só entrou na pauta por conta do então fato recente de violência que havia abalado o país. Dois dias antes, uma professora de 71 anos foi morta a facadas por um aluno, em uma escola em São Paulo. A comoção nacional levou os parlamentares a incluírem na pauta o texto de autoria da Comissão de Seguridade Social e Família. Mesmo assim, a proposta não avançou.

“Essa morosidade é questão do próprio processo legislativo. Estou tentando agilizar isso tudo, mas eu sozinho, não consigo”, alega Rui Falcão.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que é preciso “tentar convencer” moradores de regiões atingidas por enchentes de que não é possível construir novas casas nos mesmos locais. Neste domingo (9), Lula sobrevoou áreas inundadas na região de Trizidela do Vale e Pedreira e visitou um abrigo em Bacabal, municípios do Maranhão que são afetados por chuvas intensas.

“Está aqui o ministro das Cidades [Jader Filho] me ouvindo. Nos projetos de construção de novas casas precisamos convencer as pessoas que não é possível construir uma casa no lugar que a gente sabe que vai dar enchente”, disse Lula, em coletiva de imprensa ao lado de ministros e do governador do Maranhão, Carlos Brandão, no Aeroporto Regional de Bacabal. As informações são da Agência Brasil.

A visita também foi acompanhada do ministros da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino; e do ministro da Secretaria de Comunicação, Paulo Pimenta; além de parlamentares maranhenses e prefeitos de cidades atingidas.

“Em 2009 eu vim aqui em Bacabal numa cheia, a Roseana [Sarney] era governadora e eu estive aqui no mesmo rio, na mesma enchente. É uma demonstração de que quando moramos perto do rio não tem jeito não, vai sofrer enchente quando a chuva for demais”, completou o presidente.

Lula viaja para a China na próxima terça-feira (11), mas disse que não poderia ir para outro país, sem visitar os estados que estão sofrendo com as enchentes. Ele citou também o Ceará, onde 19 municípios decretaram situação de emergência e um decretou calamidade pública.

“Vim para fazer aquela visita de conforto às pessoas que estão passando necessidade. Eu já morei em bairros que enchiam d’água e não era pouco. E a gente ficava disputando espaço com barata e rato e a chuva ia embora e tinha que ficar tirando lama com sanguessuga pegando nas canelas. Eu sei o que esse povo passa, deixar suas casas, seus móveis, às vezes não tem tempo de tirar, perde tudo o que tem, perdem geladeira, fogão, cama, colchão”, lamentou Lula.

No Maranhão, mais de 7,5 mil famílias estão desabrigadas e 35 mil afetadas pelas inundações nos 64 municípios do estado em situação de emergência. Desse total, o governo federal fez a homologação de 53.

Com o reconhecimento da situação de emergência ou de calamidade pública, que é um caso mais grave, os municípios afetados podem receber verbas federais por meio do Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional.

Na semana passada, um decreto de emergência do Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional, repassou o valor de R$ 3,8 milhões para ajuda aos municípios. Até o momento, o Governo Federal aprovou mais de R$ 12 milhões para auxílio. Lula comentou que todo auxílio tem ajudado às famílias.

“As pessoas pedem colchão, as pessoas pedem botijão de gás, as pessoas pedem qualquer coisa para dar um certo conforto, coisa que o governo pode fazer. Essa junção entre o governo federal, governo estadual e os governos municipais é obrigatória”, disse o presidente.

Por causa das chuvas, a prefeitura de Trizidela antecipou as férias dos estudantes de julho para abril, já que cinco escolas estão alagadas e outras sete servem de abrigo. De acordo com a prefeitura de Bacabal, as famílias da região começam a ser afetadas quando o rio Mearim, que corta a região, ultrapassa o nível de 6 metros acima do normal. Nesse final de semana, o rio ultrapassou 8,3 metros acima do nível normal.

A cidade maranhense de Buriticupu também decretou estado de calamidade pública. A 395 quilômetros de São Luís e com cerca de 72 mil habitantes, o município é assolado por voçorocas, fenômeno geológico que cria crateras gigantes. Segundo as autoridades maranhenses, algumas fendas chegam a medir 600 metros de extensão e 70 de profundidade.

O governo federal ainda trabalha, junto com as equipes de defesa civil, na ajuda humanitária às famílias, com distribuição de água, cestas básicas, colchões e material de higiene.

Desde março, seis mortes foram registradas por causa das fortes chuvas e comunidades inteiras estão isoladas. Em todo o estado, nove rios, além de riachos e açudes, transbordaram.

Lula afirmou ainda que é obrigação dos governantes atuarem em conjunto nessas situações. “Não é possível esse país dar certo se não tiver uma combinação entre prefeitos, entre governadores e entre presidente da República”, disse, e concluiu “é obrigação moral, política e ética cuidarmos dessa gente que sofre e que precisa de nós”.

Alerta

Bombeiros e Defesa Civil também percorreram comunidades ao longo do Rio Itapecuru, que corta o Estado, para alertar os moradores da região. É que o nível do rio subiu em várias cidades, atingindo a cota de inundação desde o início do mês, como é o caso de Itapecuru Mirim, Cantanhede e Codó. De acordo com o Serviço Geológico do Brasil, o nível das águas na cidade de Itapecuru Mirim ultrapassou os 15 metros acima do nível normal na semana passada.

O Antagonista

Líder do PSB na Câmara, o deputado Felipe Carreras acredita que a demora em fechar as equipes de segundo e terceiro escalão no governo Lula retardam o processo de construção de uma base no Congresso. Ele disse à Crusoé:

“O próprio presidente Lula tem buscado essa aproximação com o Congresso. Tivemos reuniões importantes do presidente [Lula] com os líderes. Então, essa proatividade de Lula é interessante nessa largada. Mas é um governo novo e ainda precisa destravar questões delicadas como os espaços regionais, algo que está com o diálogo aberto, mas que precisa ter um desfecho.”

A governadora Raquel Lyra e sua vice, Priscila Krause, se reúnem, amanhã, a partir das 9h, com todo o secretariado para apresentar um balanço dos 100 dias de Governo. No encontro, a chefe do Executivo irá também apresentar um amplo relatório de diagnóstico da situação atual de Pernambuco.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) chega aos 100 dias de seu 3º mandato com duas viagens internacionais. Até agora, Lula visitou 3 países e passou 5 dias no exterior. Depois de adiar a ida à China, para onde embarca na 3ª feira (11.abr.2023), o petista ainda deve ter mais 7 saídas do Brasil no 1º ano deste novo governo.

A 1ª vez que Lula deixou o país foi em 22 de janeiro para um tour sul-americano por Argentina e Uruguai. Apenas 3 dias depois, em 25 de janeiro, o presidente já estava de volta. As informações são do Poder360.

No período, o foco foi retomar a liderança política na América Latina e reforçar a integração regional. Teve série de encontros bilaterais com representantes de países da América do Sul. Um dos objetivos era o retorno do Brasil à Celac (Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos).

Desde que foi eleito, em outubro de 2022, Lula já havia indicado que priorizaria uma visita à Argentina. Chegou a prometer a viagem para antes da posse, mas postergou a ida para janeiro por causa das articulações para montar seu governo.

A Argentina foi estratégica nos 2 primeiros governos do petista (2003 a 2010) e um dos países mais visitados por Lula. Em 2002, ele escolheu o país vizinho para sua 1ª viagem como presidente eleito.

Foi ao país em 2 de dezembro daquele ano. Em janeiro de 2003, o então presidente argentino, Eduardo Duhalde, visitou o Brasil.

Em 2023, a visita foi classificada pelo Itamaraty como uma retomada da relação do Brasil com os países vizinhos depois de um afastamento no governo de Jair Bolsonaro (PL). O presidente argentino, Alberto Fernández, afirmou, depois do encontro com Lula em janeiro, que ambos têm o objetivo de reforçar as relações bilaterais, com outros países do Mercosul e voltar em colocar em andamento a Unasul (União das Nações Sul-Americanas). O retorno do Brasil à Unasul foi promulgado na 5ª feira (6.abr).

Em 25 de janeiro, Lula foi a Montevidéu (Uruguai). Reuniu-se com o presidente Luis Alberto Lacalle Pou e recebeu a medalha Más Verde da Prefeitura de Montevidéu por sua atuação em prol do clima.

Para encerrar a viagem, o petista se reuniu com o ex-presidente do Uruguai José Mujica. Trataram das recentes conversas que o petista teve sobre mudanças no Mercosul e a criação de uma moeda comum para fluxos financeiros entre Brasil e Argentina.

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