Um grupo de três prefeitos da região da Fronteira Oeste do Estado do Rio Grande do Sul está cumprindo uma extensa agenda de intercâmbio e troca de experiências durante uma série de visitas a municípios do Agreste e Sertão de Pernambuco, neste fim de semana. São eles: o prefeito de Alegrete, Márcio Amaral (MDB), o prefeito de Quaraí, Jeferson Pires (PSDB), e a prefeita de Maçambará, Adriane Schramm (PSDB).
Na gestão Bolsonaro, o MEC sumiu. Entrou um ministro que precisava tudo aprender. Foi sucedido por um atrabiliário, investindo contra moinhos de vento. O próximo ignorou a pandemia e cuidou de uma agenda distanciada dos nossos reais problemas. Seu sucessor foi designado por falta de inspiração de quem escolhe.
Novos gestores no MEC, esperanças à frente. Mas não nos esqueçamos, a pasmaceira anterior não significa que qualquer saracoteado é bem-vindo. E a primeira encruzilhada é a reforma do ensino médio.
Temos uma lei sobre o assunto. Está longe de ser perfeita. Os mais azedos acham um desastre. Nem tanto, pois dá dois passos gigantescos à frente – ou, melhor, conserta dois erros.
Não consegui achar um só país onde o ensino médio tenha o mesmo currículo para todos. Nesse nível, há bifurcações ou disciplinas a serem escolhidas, permitindo optar por áreas do conhecimento mais afins às preferências e competências de cada um. Como, desde os anos 90, tínhamos um currículo fixo e único, os nossos oráculos deviam achar que todos os outros países estavam equivocados e o Brasil, certo. Será?
Essa ausência de escolhas agravava a chatice dos cursos. Tinha de estudar também Química quem gostava de Literatura. E entediar-se com Filosofia quem queria ser físico. Não surpreende a estagnação qualitativa e quantitativa desse nível.
Ao adotar um sistema em que se permitem escolhas, o Brasil se alinha novamente com os padrões mundiais. Mesmo com as falhas da lei, não faz o menor sentido voltar atrás nessa mudança.
A segunda distorção, da mesma época, era uma normativa do Conselho Nacional de Educação (CNE) que expulsava as disciplinas profissionalizantes da carga curricular do médio. Ou seja, todo o currículo de preparação para o trabalho tinha de ir mais além das horas previstas para obter um diploma de ensino médio. Assim, quem queria se tornar técnico e entrar rapidamente no mercado de trabalho tinha de enfrentar um curso com mil horas a mais. Outra clássica jabuticaba, só no Brasil.
As consequências são mais do que conhecidas. Na Europa, entre 30% e 70% dos alunos recebem alguma profissionalização nesse nível. No Brasil, a proporção não chega a 10%. Ao introduzir trajetórias profissionalizantes dentro do currículo do médio, consertamos um lastimável equívoco anterior.
A lei aí está, reparando os dois erros, mas ainda há impasses de implementação. Todas as ideias são bem-vindas. Vamos discutir tudo, desde que não se ponham em risco os avanços.
Vejo dois perigos à frente. O primeiro é a repetição do “assembleísmo” que pariu o Plano Nacional de Educação (PNE).
A gigantesca reunião de sindicalistas visando a sugerir ideias para o PNE foi o caos mais memorável que presenciei em minha vida. E não fui só eu. Por casualidade, naquela noite jantei com Fernando Haddad, então ministro. Seu primeiro comentário foi o espanto com a confusão reinante.
E o que saiu era perfeitamente alinhado com a bagunça do evento. Milhares de sugestões disparatadas. Alguém queria que o MEC determinasse a marca e o modelo de todos os ônibus escolares. Mas ninguém comentou a qualidade triste de nosso ensino nem os desperdícios que ocorrem por todos os lados. Pelo que me lembro, as palavras “eficiência” e “qualidade” não aparecem. Implementar o conjunto de sugestões exigiria muitas vezes o orçamento do MEC. E por aí afora. Os técnicos do Congresso levaram anos para transformar o chafariz de cacofonias num documento menos caótico, mas ainda muito ruim. Esperemos que não se repita esta maneira desastrada de discutir assuntos importantes.
O segundo perigo é que, mais uma vez, se exumam as ideias do italiano Gramsci. Nos anos 20, esse filósofo esquerdista se atrapalhou com a lei e foi parar na cadeia. Lá, escreveu sobre educação, com propostas ambiciosas e revolucionárias. Suas preocupações com as diferenças entre a educação dos pobres e a dos ricos eram e são legítimas. Mas, para ele, a cura seria oferecer exatamente a mesma educação para todos, indo da prática aos píncaros da abstração. O modelo ficou conhecido como “politecnia”. Mas essa proposta é fantasiosa. Ao chegar ao ensino médio, as diferenças de interesses e nível de cognição fazem com que qualquer currículo único ficará descalibrado para quase todos. O bom ensino é aquele que leva cada aluno mais próximo ao seu potencial. E, certamente, não será igual para todos.
Por boas razões, suas ideias não prosperaram na Itália ou em qualquer outro país. Pois não é que no Brasil são vistas como dogma?! Para seus apóstolos, a lei que diversifica o médio é crime de lesa-majestade. Excomungando tal heresia, exumam-se as mesmas ladainhas.
Não há que perder tempo com miragens intergalácticas, pois é incontável o número de problemas operacionais na implementação da lei. Cada lugar tem sua vocação e uma realidade diferente. Não se pode diversificar numa cidade de 5 mil habitantes no mesmo grau que em outras grandonas. É delicado integrar o ensino técnico, quando colaboram várias instituições.
Para isso são utilíssimas essas consultas e reuniões. Mas são para resolver problemas concretos, e não para discursar sobre o que disse este ou aquele defunto.
* Pesquisador em Educação e doutor em Economia pela Universidade Vanderbilt (EUA)
Com apenas duas interrupções, forçadas pela pandemia, o espetáculo da Paixão de Cristo em Nova Jerusalém, território de Brejo da Madre de Deus, entrou ontem na sua versão 54, mais de meio século encantando e emocionando multidões. Em torno do maior teatro ao ar livre do mundo, o evento tem seu lado social e econômico.
Dono do pedaço, meu amigo Robinho Pacheco, ao incluir no espetáculo artistas da Globo, deu também o incremento para aumentar – e muito – o público. Só ontem, primeiro dia da temporada de uma semana, mais de dez mil pessoas deram o ar da sua graça para conhecer a peça.
Vem gente de todos os Estados e do exterior também. A Pousada da Paixão, administrada também pela família de Robinho, está lotada. Ao redor dela, há um verdadeiro mercado persa.
Barracas, restaurantes, bares, um comércio ambulante para todos os gostos, desde a tradicional raspadinha para espantar o calor, até artesanatos da região. Se vende de tudo: milho assado, pipoca, munguzá, sarapatel, tapioca, queijo assado, pé de moleque, cuscuz com leite e frutas da estação.
A população de Fazenda Nova, onde foi construída a réplica de Nova Jerusalém, aproveita para ganhar uns trocados com a multidão em direção ao teatro. Tem morador que vende até a calçada pública, conforme atestam as imagens que colhi há pouco, ao voltar da minha corridinha matinal.
Até o próximo domingo, último dia do espetáculo, devem passar por Fazenda Nova mais de 200 mil pessoas. Tem gente que vem até acampar para não apenas assistir ao show teatral, mas também curtir as atrações musicais que o prefeito Roberto Asfora inclui na programação cultural ao longo da semana do calendário da Paixão.
Ex-presidente do Banco Central, Affonso Celso Pastore avalia que o governo vai precisar aumentar a carga tributária para que o arcabouço fiscal apresentado pela equipe economia dê conta de reduzir a relação entre dívida e Produto Interno Bruto (PIB) do País. “Se o governo aprovar esse arcabouço, ele obtém uma licença para aumentar gastos. Se ele não aumentar a carga tributária, o superávit primário não vai ser gerado”, disse Pastore.
Ao anunciar a regra fiscal, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que iria propor novas medidas para acabar com “jabutis tributários” e ampliar a arrecadação em R$ 150 bilhões – o novo arcabouço depende do aumento das receitas do governo para ter sucesso. As informações são do Estadão.
“Nós vamos ter de aumentar a carga tributária e a pergunta que fica para, talvez, o ministro responder é quem ele vai escolher para subir a carga. Essa equação só fecha com aumento brutal de carga tributária”, disse Pastore.
A seguir os principais trechos da entrevista concedida ao Estadão.
Qual é a avaliação do sr. em relação ao arcabouço fiscal apresentado pela equipe econômica?
O propósito do arcabouço é chegar a um superávit primário que permita reduzir a relação dívida/PIB. A única forma, com esse arcabouço, de alcançar resultados primários que reduzam essa relação é ter um enorme aumento de carga tributária. Estou pegando uma simulação feita pelo Marcos Lisboa e pelo Marcos Mendes (publicada no Brazil Journal) que aponta um aumento da ordem de 5,2 pontos de porcentagem do PIB. Isso não é factível. Esse arcabouço tem uma aritmética impecável, na qual o ministro Haddad conseguiu provar que, se a despesa crescer menos do que a receita, ele gera superávits primários, mas tem uma economia falha, que não garante o resultado.
Essa queda na relação dívida/PIB não será alcançada?
O objetivo do governo é aumentar gasto. Eu acho que esse objetivo ele atinge. Agora, não atinge o objetivo de reduzir a relação dívida/PIB.
Na leitura do senhor, esse arcabouço, então, não permite uma queda dos juros?
Em primeiro lugar, o simples fato de existir o arcabouço não leva a redução da taxa de juros. Ainda que o arcabouço fosse bom, o Banco Central não poderia fazer nenhum gesto. Ele teria de esperar que a inflação caísse para conseguir reduzir os juros. Não espero por parte do BC nenhum sinal nessa direção. Eu só não entendo como é que o mercado financeiro teve uma reação positiva em relação a esse arcabouço. Isso eu não entendo. É uma coisa que nós vamos ver nas próximas semanas.
Vai haver uma decepção do mercado mais para frente?
Eu não sou psicólogo, não consigo interpretar como as pessoas têm a percepção dos eventos econômicos. Agora, eu digo o seguinte: para quem olha para aritmética, pode ter uma reação positiva, mas, para quem olha para a economia, a reação tem de ser extremamente negativa.
Por quê?
O ministro Haddad foi enfático em dizer que, se estão pensando em aumento de carga tributária, subindo as alíquotas dos impostos que já existem, não haverá aumento. Em segundo lugar, disse que iria buscar os jabutis. Um desses jabutis são os chamados fundos exclusivos. Não tenho nenhum problema com taxar fundos exclusivos. Na verdade, produz arrecadação, sem reduzir a demanda dentro do Brasil. Os R$ 150 bilhões que o governo quer aumentar de arrecadação, talvez, ele consiga com isso, com tributação das apostas eletrônicas, etc. Agora, precisaria de uma arrecadação de 5% ao ano a mais nos anos seguinte. Aí teria de ir para as renúncias tributárias. Nós vamos ter de aumentar a carga tributária e a pergunta que fica para, talvez, o ministro responder é quem ele vai escolher para subir a carga.
Há um custo político grande de se mexer em renúncia tributária.
É complicado, mas tem de ser feito. Se ele quer levar esse arcabouço, vai ter de aumentar a carga, vai ter de dizer onde ele vai querer aumentar a carga. Eu estou dizendo que é melhor, em vez de subir um imposto que é regressivo na sua incidência, como é o imposto sobre o consumo, é melhor ir na renúncia tributária.
E o espaço é pequeno para aumentar a carga?
Se o governo aprovar esse arcabouço, ele obtém uma licença para aumentar gastos. Se ele não aumentar a carga tributária, o superávit primário não vai ser gerado. Se o superávit primário não for gerado, vamos para dois cenários: ou sobe a inflação que aumenta a receita e faz cair a despesa em termos reais ou vira uma desaceleração adicional do crescimento econômico, porque o Banco Central, mantendo a sua independência, continua com uma política restritiva.
Qual cenário o sr. acha mais provável?
Qualquer cenário é possível. Se o governo conseguir aparelhar o Banco Central e gerar uma maioria de diretoria para executar a política monetária que eles querem que o BC execute, a inflação vai fácil para cima.
E qual é a projeção do sr. para a taxa de juros?
Eu não vejo queda neste ano. Eu vou ver queda lá na frente, em 2024.
E como fica a economia sem perspectiva de queda?
O PIB da agricultura vai crescer uma enormidade. A nossa agricultura é eficiente, somos um exportador de produtos agrícolas, os preços internacionais estão muito bons, e São Pedro nos ajudou. O clima foi perfeito. No Focus (pesquisa semanal do BC com projeções de analistas de mercado), tem a previsão de crescimento abaixo de 1%. Isso quer dizer o seguinte: serviços e comércio varejista sofrem muito mais do que a agricultura. É possível que a gente chegue na segunda metade do ano com taxas ligeiramente negativa de variação do PIB.
Qual será a força do governo numa conjuntura de economia fraca em que medidas difíceis precisam ser aprovados no Congresso?
Existe um conflito no campo da política econômica, entre a política fiscal e monetária. Esse conflito vai para um campo político, o governo contra o Banco Central. Qual é a repercussão que isso tem no plano político? E uma questão de a gente ver, mas eu acho que essa briga política vai prosseguir, escalar e crescer.
A alta de juros não piora a situação do crédito?
Não tem crise de crédito no País. Isso é conversa. Não tem crise de crédito no mundo. Não há crise bancária no mundo. Os Estados Unidos viveram uma corrida bancária. Corrida bancária se resolve garantindo depósitos, e inflação se combate com taxa de juros. Isso está sendo feito nos EUA e na Europa. E, no caso brasileiro, não teve nem corrida bancária. Houve um lamentável episódio de uma fraude gigantesca feita pela Americanas. Isso, no fundo, provocou um aumento de spread bancários na dúvida se esse cenário existe em outras empresas, que eu acho que não existe. Não vejo um aperto de crédito maior do que aquele que decorre de uma política monetária restritiva como essa que nós estamos assistindo.
Diante desse contexto internacional, qual deve ser o próximo passo do Fed?
O Fed anunciou que deve ter mais uma subida de 0,25. A economia americana está aquecida. Ou ele para com esse 0,25 ou promove mais uma alta de 0,25. Agora, nós vamos assistir a economia americana, ao longo do tempo, desacelerando o crescimento.
Desde nossa entrada no Partido Rede Sustentabilidade, temos tido liberdade e total apoio da direção nacional para fazer o partido crescer numérica e qualitativamente. Já são mais de três mil novos filiados em um ano. Diversos jovens, mulheres, ambientalistas, professores, movimentos sociais e profissionais da saúde. Estamos construindo um partido aberto à sociedade, para que seja um instrumento de transformação social.
Todas as nossas decisões são tomadas de forma coletiva e democrática. As reuniões da direção estadual acontecem mensalmente e nossa ação política, diariamente. As direções municipais se organizam, realizam campanhas de filiação, debatem tese, realizam formação política. Em um ano mais de 50 municípios já realizaram conferências e os filiados elegerem seus dirigentes municipais. Isso nunca aconteceu na REDE Pernambuco.
Nos partidos democráticos a transição de poder é natural e saudável. Mas numa sociedade onde culturalmente partidos são propriedades privadas de grupos políticos e oligarquias familiares, a renovação sempre incomodará.
Temos muita gente boa conosco e muita vontade de mudar a estrutura da política em Pernambuco e no Brasil. Temos muitas ideias e muita coragem de enfrentar esse sistema que historicamente oprimiu e excluiu. Vamos continuar firmes, trabalhando coletivamente e reflorestando a REDE Sustentabilidade em Pernambuco e no Brasil.”
Após a vitória do PT na eleição presidencial, afirmei que a desbolsonarização da política brasileira acontecerá. Tal hipótese advém de dois cenários/possibilidades que considero para o governo Lula: 1) Desempenho da economia de regular para bom; 2) Desempenho da economia de bom para excelente. Em ambos os cenários, o ex-presidente da República sofre de razoável para forte enfraquecimento eleitoral e outras lideranças políticas no âmbito da direita surgem, como Romeu Zema e Tarcísio de Freitas.
Jair Bolsonaro voltou ao Brasil. Aqui ele seguirá provocando paixões, afinal, o bolsonarismo é fenômeno moral e ideológico. Todavia, na política, antes da paixão (o deve ser), deve estar o olhar atento e profundo para a realidade. O ex-mandatário da República terá capacidade de fazer oposição ao governo do PT? Prevejo que não. O histórico de Bolsonaro sustenta esta minha premissa. Ele não é forjado ao diálogo, ao debate e tem precária visão de País. O retorno do ex-presidente à presidência da República só acontecerá caso a argentinização da economia brasileira ocorrer. Cenário remoto.
Bolsonaro surgiu em ambiente de intensas crises política e econômica provocada, em grande parte, pela operação Lava Jato. Ele representou o novo, a esperança contra os desmandos do PT. No ambiente da eleição de 2018 estava presente o antipetismo e ausente Lula. Se Lula tivesse disputado a eleição, Bolsonaro teria sido eleito presidente? O resultado da última eleição presidencial sugere que a disputa teria sido acirrada.
Sem crises, Jair Bolsonaro tem dificuldade de sobreviver. As crises representam o oxigênio do bolsonarismo. Portanto, a lógica e a previsão são bem simples: caso o governo Lula não conviva com intensas crises política e econômica, o bolsonarismo será desbolsonarizado e enfraquecido. Porém, a ausência dele não representará a inexistência de oposição ao PT. Ela existirá, mas civilizadamente e com novos atores.
A aposta no caos foi o grande equívoco de Jair Bolsonaro quando presidente da República. A pandemia não deve ser encarada como variável que enfraqueceu as chances de Bolsonaro ser reeleito. Ao contrário. Ela foi a grande oportunidade de Bolsonaro. Se, durante a pandemia, o então presidente tivesse optado por radicalizar as políticas sociais, criando auxílios financeiros robustos para os votantes de maior renda, e levando saúde, educação e habitação para eles, o lulismo teria sido enfraquecido. Inclusive, na região Nordeste. Bolsonaro, em razão da sua capenga visão de mundo, fez a opção de ser negacionista e de interromper o auxílio emergencial. Às vésperas da eleição, foi que Bolsonaro priorizou os pobres. Mas já era tarde!
Quem elegeu Lula em 2022 foram os pobres e o Nordeste. Pesquisa do Datafolha (30/03/2023) revela que: 1) 38% dos eleitores aprovam (Ótimo/bom) o governo Lula; 2) 29% reprovam (Ruim/péssimo); e 3) 30% definem como Regular. No Nordeste, 53% aprovam a gestão Lula. E entre os eleitores de menor renda, são 21% que o reprovam. Desde 2002, as pesquisas mostram que os nordestinos e os eleitores com menor renda são os sustentáculos do lulismo. Portanto, se Lula seguir privilegiando os pobres, as chances para Jair Bolsonaro voltar é reduzida.
Os que apostam no ex-presidente da República cometem erro estratégico e revelam que a miopia guia as suas escolhas. Explico! O Brasil não está rachado. A citada pesquisa Datafolha revela que 29% dos eleitores reprovam o governo Lula. Pesquisa do referido instituto divulgada em dezembro de 2022 mostrou que 25% dos brasileiros declaram-se bolsonaristas. Então, os que reprovam Lula hoje são, supostamente, bolsonaristas no todo. Entretanto, neste instante, 30% classificam o governo Lula como regular. Os votantes que optam por esta opção são líquidos, isto é, podem ir para o aprova ou desaprova, a depender das circunstâncias. Se a economia for bem, eles tendem a ingressar no universo dos aprovam. Se for mal, no universo dos que reprovam.
Hoje existem 30% de votantes volúveis mais 38% que aprovam Lula. Conclusão: 68% dos eleitores não são bolsonaristas. Apesar de que neste universo, 30% podem vir a ser “bolsonaristas” caso o governo Lula não seja exitoso na economia. Conclusão: o Brasil não está rachado, apesar da força do bolsonarismo.
Ressalto, ainda, que em breve futuro, os 30% que hoje classificam o governo Lula como regular podem optar por outros líderes da direita, como Tarcísio de Freitas. E os evangélicos, os quais são eleitores importantes e estratégicos, e que são, ainda, sustentáculos do bolsonarismo, poderão ser suscetíveis aos efeitos do desempenho econômico positivo da era Lula caso ocorra; ou façam a opção por outras lideranças em razão da incapacidade de Bolsonaro de liderar em um ambiente sem crises. Conclusão: Bolsonaro só volta se a tragédia econômica ocorrer ou um cisne negro aparecer.
*Doutor em Ciência Política. Professor da UFPE. Fundador da Cenário Inteligência
Meus 8 km da corrida matinal diária, hoje, foi em Fazenda Nova, distrito de Brejo da Madre de Deus, cenário da Paixão de Cristo, em Nova Jerusalém, o maior teatro ao ar livre do mundo. Vim com minha Nayla Valença, suas filhas Maria Beatriz e Maria Heloísa, e a mãe Ivete Lira, assim como meus filhos Magno Martins Filho e João Pedro, assistir ao espetáculo de ontem, primeiro aberto ao público.
Mais de dez mil pessoas se acotovelaram para ver e se emocionar com a peça, que está fantástica, mais uma vez com atores globais. Meu amigo Robinho Pacheco, o dono da festa e da Pousada da Paixão, estava radiante de alegria.
Também pudera! Os últimos dois anos de pandemia impediram a realização do espetáculo, uma das sete maravilhas do mundo, orgulho cultural do Brasil. Além dos cenários, que emocionam a cada ato, detalhes da arquitetura que nos remetem à própria Jerusalém, terra sagrada, onde Cristo pisou e abençoou.
Na volta da minha corridinha, uma paradinha para uma selfie com Aguinaldo João, o Guina, do Atacadinho Guina Variedades, leitor do blog e ouvinte do Frente a Frente em Fazenda Nova. Ele me presenteou com um cartão postal da entrada do distrito.
Donald Trump foi indiciado em um processo criminal e, assim, torna-se o primeiro presidente ou ex-presidente dos Estados Unidos a se tornar réu.
A acusação feita pela promotoria ainda não foi divulgada, mas sabe-se que o caso gira em torno de um suborno pago à atriz pornô Stormy Daniels para que ela ficasse quieta a respeito de uma relação que teve com Trump anos antes. As informações são do portal G1.
Os detalhes da acusação devem ser tornados públicos numa etapa do processo chamada formalmente de denúncia, marcada, a princípio, para a próxima terça-feira (4). A promotoria e os advogados de Trump, segundo a imprensa americana, negociam como será a apresentação do ex-presidente nesse dia. A situação é inédita pela grande importância política do acusado.
Veja abaixo o que deve ocorrer:
O caminho de um processo legal nas varas criminais no estado de Nova York é o seguinte:
O grande júri investiga se há motivos para um indiciamento. Neste caso, o grupo considerou que Trump deveria ser formalmente acusado.
Se o réu não se entregar, ele pode ser levado à força pela polícia —não deverá ser esse o caso, pois os advogados de Trump já disseram que ele vai se apresentar voluntariamente.
Trump será incluído no sistema da Justiça como réu: ele será fotografado e suas digitais serão registradas.
A denúncia formal acontece com uma aparição na corte. Neste momento, são lidas as acusações da promotoria e, geralmente, a defesa alega se é inocente ou culpada.
Em seguida ocorrem as audiências anteriores ao julgamento, nas quais a defesa argumenta para derrubar as acusações ou evidências, pede um cronograma para o juiz e a lista de testemunhas é questionada pelos advogados.
Depois começa o julgamento.
Vai haver prisão?
Se Trump se entregar voluntariamente, ele não vai ser preso. Há indicações de que o ex-presidente vai se entregar: a promotoria afirmou que entrou em contato com os advogados de defesa para combinar como será a apresentação.
Nascido de forma caótica há cerca de seis anos, o bolsonarismo é hoje o único movimento estruturado e relevante de oposição ao governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT), ofuscando opções no centro e na direita.
Liderado desde a redemocratização por figuras como Tancredo Neves (MG), Ulysses Guimarães (SP), José Sarney (MA) e Michel Temer (SP), pelo MDB, Jorge Bornhausen (SC), Marco Maciel (PE) e Antonio Carlos Magalhães (BA), pelo PFL (hoje União Brasil), Fernando Henrique Cardoso (SP), Mario Covas (SP), José Serra (SP), Geraldo Alckmin (SP) e Aécio Neves (MG), pelo PSDB, só para citar os três principais partidos, esse campo político apresenta hoje como alternativa a Jair Bolsonaro (PL) apenas figuras que estão, por ora, vinculadas a ele.
Enquanto a eleição presidencial de 2018 alçou o então nanico Bolsonaro ao Palácio do Planalto e dizimou ou enfraqueceu potências da centro-direita, como o PSDB e o MDB —que ficaram na quarta e sétima posições, respectivamente—, a de 2022 reforçou o baque. As informações são da Folha de S. Paulo.
O MDB, embora tenha recuperado um pouco o tamanho da bancada na Câmara, ficou em terceiro na disputa ao Planalto, com apenas 4,2% dos votos válidos. A candidata do partido, Simone Tebet, apoiou Lula no segundo turno e hoje é sua ministra do Planejamento.
O PSDB nem candidato lançou, fato inédito em seus mais de 30 anos de história.
Atualmente a coalizão lulista reúne todos os principais partidos de esquerda, além dos centristas ou centro-direitistas MDB, PSD e União Brasil (fruto da fusão do PSL ao DEM, ex-PFL).
O centrão (PP, PL e Republicanos), que deu sustentação ao governo Bolsonaro, se divide entre uma relação amistosa, no caso do PP, e uma oposição mais declarada, com PL e Republicanos, embora haja dissidências lulistas também nessas duas legendas.
Com isso, no caso de uma possível inelegibilidade de Jair Bolsonaro, o mundo político discute e especula hoje muito mais uma opção dentro do bolsonarismo do que fora dele —como a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro e os governadores de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo).
Há na oposição uma opção relevante ao bolsonarismo?
A Folha ouviu políticos desse campo político, aberta ou reservadamente. Uma linha de raciocínio parece unir esse grupo. O reconhecimento é o de que hoje não há, mas que em um futuro próximo é possível ter.
O ex-senador e ex-presidente do PFL Jorge Bornhausen foi por décadas uma das figuras mais importantes da direita brasileira, embora em frequentes ocasiões tenha classificado o rótulo “direita” como ultrapassado e não aplicável às condições específicas do Brasil.
Hoje, aos 85 anos, ele diz ver em Tarcísio de Freitas não só um potencial candidato à Presidência em 2026, mas também um político que pode representar o antipetismo, mesmo se distanciando do bolsonarismo.
“Quem se destacou de forma absoluta [em 2023] foi o governador Tarcísio, pelas suas atitudes, pela sua ação política e administrativa. Ele, sem qualquer esforço, está se tornando um candidato natural à Presidência”, afirma Bornhausen.
O ex-senador diz considerar que Tarcísio, ex-ministro de Bolsonaro, já conquistou tanto os que votaram em Lula apenas por serem contra Bolsonaro como também os bolsonaristas não fanáticos.
“A esquerda mais radical, que é a posição que o Lula está tomando, e a direita radical que o Bolsonaro adotou no seu governo não são modelos para que o Brasil possa crescer em paz e ter um desenvolvimento que nós desejamos.”
Candidato derrotado por Dilma Rousseff (PT) em 2014 por uma diferença de apenas 3,5 milhões de votos, Aécio Neves projeta a volta da polarização PT-PSDB, que dominou a cena política nacional por cerca de 25 anos.
“O Brasil precisa compreender que há mais de uma alternativa ao petismo, que não é apenas o bolsonarismo, mas o centro responsável, experiente, qualificado. Nós temos que ocupar esse espaço com coragem, radicalizar no centro, nos assumirmos como um partido de centro, que é o que nós somos hoje”, diz o deputado tucano.
Aécio afirma estar trabalhando junto ao governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, para que o PSDB —que minguou nas eleições de 2022 a ponto de beirar naniquismo— recupere o eleitor que migrou para Bolsonaro em 2018 devido ao antipetismo e para Lula em 2022 devido ao antibolsonarismo.
“Esse eleitor não é nem Bolsonaro nem Lula. Não é PT nem é um eleitorado de extrema direita. Eu acho que o PSDB tem a grande responsabilidade de fincar um pilar nesse centro, de oposição clara ao atual governo, mas que se diferencie dos desatinos dessa direita mais extremada.”
Tanto Aécio como Bornhausen citam como sinal promissor a recente pesquisa do Ipec segundo a qual 57% do eleitorado gostaria que o país tivesse uma terceira via no atual cenário político.
Outro deputado crítico tanto a Lula como a Bolsonaro, Kim Kataguiri (União Brasil-SP) também aposta no surgimento de uma opção ao bolsonarismo dentro da oposição.
“Acho que ainda estamos espremidos nessa polarização doentia baseada em radicalismo e fake news. A boa notícia é que temos tempo e a política é nuvem. Ainda há muito para acontecer, por enquanto só temos o retrato, mas o filme costuma ser diferente.”
Para o deputado Danilo Forte (União Brasil-CE), a sociedade tende cada vez mais a se conscientizar que uma polarização eleitoral não é benéfica ao país. “Quem vai liderar esse centro eu ainda não sei, e quem disser que sabe certamente está enganado.”
Presidente nacional do Cidadania, que está federado ao PSDB, o ex-deputado Roberto Freire afirma que a alternativa da oposição ao bolsonarismo pode surgir de grupos que hoje estão no governo Lula.
Ele defende recomeçar as conversas que resultaram na coligação de apoio a Tebet nas eleições (MDB, PSDB, Cidadania e Podemos), citando, além da atual ministra do Planejamento, os nomes de Eduardo Leite e da governadora Raquel Lyra (PSDB-PE).
Além de Tebet, Lula conta com outros auxiliares de fora do PT que podem ser potenciais presidenciáveis em 2026, como o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB), também ministro do Desenvolvimento, e Marina Silva (Rede), titular do Meio Ambiente.
Um dos deputados mais experientes do campo da esquerda, Chico Alencar (PSOL-RJ) brinca ter saudade de um tempo em que “a direita era representada por um Ronaldo Caiado [hoje governador de Goiás] e um ACM Neto [ex-prefeito de Salvador], por exemplo, ou pelo tucanato”.
No Brasil, atualmente, continua, “uma direita conservadora, racional, moderada, ela sumiu com a chegada do bolsonarismo e do Bolsonaro”.
Chico Alencar diz não desconsiderar uma recuperação lenta, mas real, de uma direita não bolsonarista, que teria em Eduardo Leite hoje a sua expressão maior, mas que isso pode demorar.
“Como dizia o Dadá Maravilha, ‘prognóstico só no final do jogo’. Considero que a extrema direita se desgasta, aos poucos, pelo que julga seus méritos: agressividade, narrativas lacradoras, e falsas, irracionalidade. Mas demora, ela tem base social e tem mobilização.”
Fastback, versão Impetus: intermediária ou topo de linha?
Dois SUVs Fiat duelam, metro a metro, com as mesmas armas (motor e câmbio), para garantir, somados, mais 5 mil unidades/mês: o Pulse e o Fastback – com o último ficando centímetros atrás no ranking dos mais vendidos. O SUV cupê – que divide plataforma com o Pulse – tem três versões para o consumidor: a Audace, de entrada, a partir dos R$ 140 mil, a Impetus T200, intermediária, que custa R$ 145.490, e a Limited Edition (com associação à marca italiana esportiva Abarth, também do grupo Stellantis, por R$ 158.490). Este colunista avaliou a Impetus, que seria a intermediária – mas, que, por oferecer um bom pacote de equipamentos de conforto e segurança, nem parece estar num meio-termo. Tem, de verdade, itens semelhantes à topo-de-linha Abarth. O que muda? O motor? Esta última é equipada com 1.3 turbo de até 185cv e 27,5kgfm de torque.
E como tem virado moda, com o cliente customizando o máximo possível seu querido bem, a Impetus (via Mopar, também da Stellantis) também permite um monte de opções. Se você escolher uma cor como a cinza Silverstone com teto prpeto vulcano, é necessário desembolsar mais R$ 2 mil. Para bancos em couro, acrescente R$ 1,3 mil. Para um conjunto de liga-leve premium, reserve mais R$ 1 mil. Se quiser incrementar com alguns acessórios, saiba: adesivo de capô preto custa R$ 198,80 e o alarme volumétrico, R$ 774,78. Em suma, o carro nessa configuração chega aos R$ 150 mil. Vale? Pelo conjunto de equipamentos de segurança, o tamanho do porta-malas, a tradição da marca etc, vale, sim.
Vejam que a versão traz de série, por exemplo, um bom sistema de auxílio ao motorista na condução: frenagem autônoma (com sinalização prévia) de emergência, alerta de mudança involuntária de faixa, troca automática de farol alto/baixo, controle eletrônico de aceleração e controle eletrônico de tração. Ainda na questão de segurança, a lista de série oferta cadeirinhas infantis Isofix, alerta para ‘descuido’ com o cinto de segurança (motorista, passageiro dianteiro e passageiros traseiros) e quatro airbags. Internamente, bons materiais garantem conforto – não luxo, claro. O volante, padrão da Fiat, é multifuncional e a central multimídia elevada é bem caprichada. A conectividade com os sistemas operacionais Android e Apple é sem fio e com GPS nativo. E ainda tem internet integrada.
Na semana emprestado à De bigu com a modernidade, o modelo – versão completíssima da Impetus – rodou em vias urbanas e por uns 300km em estradas, parte delas de chão batido. O motor 1.0 turbo, capaz de gerar até 130 cv e 20,4 kgfm de torque, dá conta da pressão do pedal e do peso de 1,3 mil quilos da versão. Aliás, o conjunto (com câmbio CVT com simulação de sete marchas e possibilidade de trocas manuais via aletas atrás do volante) já é bem conhecido: outros modelos das marcas do grupo Stellantis já o usam, com sucesso. Vale usar/testar o modo Sport, acionado via botão vermelho no volante. Em um segundo ele eleva as RPMs e segura muito bem nas ultrapassagens e retomadas, melhorando a segurança nessas ações. No entanto, é um carro urbano, para o dia a dia, sem exigí-lo demasiadamente. Por exemplo: a relação peso-potência 1.262kg / 130cv) fica em torno dos 9,6kg).
O consumo, segundo medição do Inmetro, e usando-se etanol, chega a 8,1 km/l na cidade e 9,7 km/l na estrada. Com gasolina, faz 11,3 km/l e 13,9 km/l e, respectivamente. A suspensa é rígida (ou dura, se preferirem) – isso é sentido em trechos de terra. Há quem goste, como eu. Outro ponto diferenciado do Fastback é a capacidade do porta-malas: são quase 600 litros disponíveis. E por falar em medidas, vale ressaltar: o carro é grande (4.427 mm de comprimento), mas tem entre-eixos relativamente pequeno (2.533mm)
Jeep apresenta carros-conceito – Um conjunto inteiramente novo de veículos conceituais atraentes – e com muita capacidade off-road – será revelado e testado durante o 57o Easter Jeep Safari, que até 9 de abril em Moab, no estado norte-americano de Utah. Serão sete Jeep únicos para levar o fora-de-estrada para o que a marca diz ser um próximo patamar e para provar a lendária capacidade 4×4 dela. Quatro deles serão conceitos eletrificados, incluindo o Jeep Wrangler Magneto 3.0. A cada ano, mais de 20 mil fãs da Jeep vão até Moab para dirigir nas condições off-road mais extremas. “É o local perfeito para exibir os nossos conceitos”, diz Jim Morrison, vice-presidente Executivo da Jeep na América do Norte. Esses carros-conceito estão equipados com conjuntos de motorização avançados. O Magneto, primeiro conceito elétrico a bateria (BEV) apresentado pela marca, chega ao terceiro modelo da família, o Magneto 3.0.
Ford lança a Transit automática – A Ford já começou a vender a Transit automática, a primeira van com esse tipo de câmbio do Brasil. No futuro, virão a Transit Chassi e a E-Transit 100% elétrica. A nova transmissão é de dez marchas com conversor de torque – que, segundo a marca, diminui o custo total de operação: por não requerer a troca do kit de embreagem, ela exige menos paradas de serviço e contribui para reduzir em cerca de 70% o custo de manutenção do sistema de transmissão. São duas versões: minibus e furgão. Os preços vão de R$ 298.200 para a versão minibus vidrada a R$ 274.500 para o furgão.
Gasolina chega a R$ 6,66 – O último Índice de Preços Ticket Log (IPTL), referente ao período de 1º a 29 de março, mostra que o preço médio dos combustíveis segue tendência de alta. A gasolina foi vendida, por exemplo, a R$ 5,88, com aumento de 8,92% quando comparado a fevereiro. O litro mais caro para o combustível custou R$ 6,65 em Roraima; o mais barato, R$ 5,42 na Paraíba – uma diferença de 23% entre ambos. Já o etanol fechou o período a R$ 4,60, com acréscimo de 3,7% ante o mês anterior. A média mais alta para o etanol foi de R$ 5,33 no Pará; a mais baixa, a R$ 3,82 no Mato Grosso, numa variação de 28%. No período, nenhum estado apresentou redução para a gasolina, e o aumento mais expressivo, de 16,5%, foi identificado no Amazonas, onde o combustível passou de R$ 5,63 para R$ 6,54. No recorte por região, nenhuma delas registrou redução, tanto para a gasolina quanto para o etanol. Os aumentos chegaram a 10,01% para a gasolina, como é o caso do litro comercializado no Norte; e de 5,06% para o etanol vendido na mesma região. Além dos acréscimos mais expressivos, o Norte também liderou o ranking do maior preço médio entre as regiões, para os dois combustíveis, com a gasolina a R$ 6,24 e o etanol a R$ 5,00.
GSX-S 1000 renovada – A Suzuki do Brasil começou a vender a esportiva sem carenagem GSX-S 1000. O preço? No mínimo, R$ 79.600 (sem frete). Ela ganhou acelerador com comando eletrônico, embreagem deslizante assistida, controle de tração dinâmico, quick shifter bidirecional, iluminação em LED, painel de instrumentos digital com tela LCD e três modos de condução selecionáveis. O conjunto de propulsão é um quatro cilindros com 999cm3, com um comando duplo no cabeçote para acionar as 16 válvulas. Entrega, assim, 150cv de potência e 10,8 kgfm de torque. O câmbio é mecânico de 6 velocidades.
Nissan: viagem de polo a polo – Em meio às paisagens cobertas de neve na região ártica, os aventureiros Chris e Julie Ramsey iniciaram a aguardada expedição Pole to Pole. Em sua jornada a bordo do 100% elétrico Nissan Ariya, o casal britânico vai dirigir por mais de 27 mil km passando pelas américas do Norte, Central e do Sul, em direção ao ponto mais remoto da Terra, o Polo Sul, na região Antártica – onde pretendem chegar em dezembro deste ano. Além do pioneirismo de percorrer essa jornada entre os dois extremos do planeta a bordo de um automóvel, a equipe Pole to Pole está enfrentando ainda um desafio a mais: realizá-la em um veículo 100% elétrico. O casal Chris e Julie embarcou nesta jornada esperando contribuir para acelerar a adoção da mobilidade elétrica em uma ação positiva contra a crise climática.
O Nissan Ariya que está participando da expedição passou por modificações mínimas para melhor enfrentar os terrenos extremos que a equipe deve encontrar pelo caminho. Entre elas, destaque para a suspensão, que foi elevada e recebeu caixas de roda maiores para acomodar os enormes pneus de 39 polegadas, que ajudarão o carro a “flutuar” na neve espessa e nos bancos de gelo do Ártico. Entretanto, não foram feitas modificações na bateria e nem no motor elétrico, que continuam sendo os mesmos de fábrica. O mesmo vale para a tecnologia avançada do sistema e-4orce de controle de tração integral elétrica da Nissan, presente também em outros veículos eletrificados da marca.
Enquanto viaja pelas remotas regiões polares, o casal vai transportar uma inovadora unidade geradora de energia renovável, incluindo uma turbina eólica e painéis solares dobráveis. O protótipo vai aproveitar a grande incidência de vento prevista durante o percurso e as longas horas de sol para utilizar a energia natural para recarregar a bateria do Ariya enquanto o casal Chris e Julie descansa. A equipe espera que o inovador sistema de recarga de baterias deixe um legado positivo, inspirando a transição para os veículos elétricos em futuras explorações polares.
Elétricos: pontos de recarga crescem 300% – O mercado de carros elétricos no Brasil está, de fato, em constante crescimento. Recentemente, o setor atingiu um marco histórico com a venda de mais de 10 mil carros elétricos no país, segundo dados da Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE). Outro número impressionante que chama a atenção para esse mercado é a quantidade de postos de recarga disponíveis em todo o país. De acordo com a Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), em agosto de 2022 já existiam 1,2 mil pontos de recarga em operação no território nacional. Esse número representa um aumento de mais de 300% em relação a 2018, quando o país contava com apenas 300 pontos de recarga.
“À medida que a tecnologia continua a evoluir, podemos esperar ter carregadores mais eficientes, mais rápidos e mais inteligentes. E a recarga está se tornando cada vez mais fácil e conveniente”, explica o CEO da Rinno Energy, Fabrizio Romanzini. Ele diz que o Brasil tem se destacado também no mercado de ônibus elétricos. E que os carregadores ultra-rápidos, por exemplo, são capazes de fornecer até 350 kW de energia para as baterias dos elétricos, permitindo que os motoristas recarreguem seus veículos em apenas alguns minutos. “Tanta evolução impacta também no crescimento da demanda por veículos elétricos como ônibus, por exemplo. Já percebemos dezenas de transportadoras optando por caminhões elétricos para a entrega, chamados de last mile. Que também precisam de uma carga rápida pois rodam muito. O que é um primeiro passo para o uso em caminhões de grande porte e jornada mais longa”, diz ele.
Dados da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) indicam que, em 2021, foram produzidos mais de 1,3 mil ônibus elétricos no país, um aumento de mais de 50% em relação ao ano anterior. Esses números mostram que o Brasil está cada vez mais comprometido em tornar a mobilidade elétrica uma realidade no país.
“As empresas estão desenvolvendo novas tecnologias para tornar os carregadores mais eficientes e mais rápidos. Isso reduz o tempo de carga e estimula as pessoas e empresas a migrar a matriz energética dos seus veículos e meios de transporte. Na Europa já se discute muito sobre o uso da tecnologia DC e como preservar e prolongar a vida útil da bateria”, diz Fabrizio Romanzini.
As primeiras tentativas de carregamento para veículos elétricos eram feitas com a utilização de tomadas domésticas. Embora fosse uma opção prática e barata, a recarga lenta e a falta de segurança desses sistemas tornaram-se um obstáculo para a popularização dos carros elétricos. A demanda por carregadores mais eficientes e seguros levou à criação de sistemas de carga mais sofisticados, como os carregadores de parede e estações de recarga públicas.
Inicialmente, esses sistemas ainda utilizavam corrente alternada (AC) para carregar as baterias dos carros elétricos. Porém, sabe-se hoje que a carga AC é uma forma mais prática e barata para quem utiliza veículos elétricos na cidade e busca o melhor custo-benefício ao ter um carro elétrico. A carga DC é a melhor alternativa para quem procura por uma recarga rápida, necessidade para motoristas que percorrem longos trechos diários, e necessitam carregar seus veículos em pouco tempo.
“No hemisfério norte tem se optado muito pela carga AC em residências e empresas com motoristas que percorrem trechos curtos. Para quem precisa percorrer longas distâncias ou não precisa estar sempre rodando, a solução para esses problemas foi a utilização de carga de corrente contínua (DC). A carga DC é capaz de fornecer mais energia para as baterias dos veículos elétricos em menos tempo, permitindo que os motoristas recarreguem seus veículos em minutos, em vez de horas”, explica o CEO da Rinno Energy.
Outra tendência importante no mercado de carregadores para carros elétricos é a integração de soluções inteligentes, como a comunicação sem fio e a automação. Os carregadores inteligentes podem se comunicar com a rede elétrica e com os carros elétricos para determinar a melhor hora para recarregar os veículos. Isso pode ajudar a equilibrar a demanda de energia da rede elétrica e evitar sobrecargas durante os horários de pico.
Renato Ferraz, ex-Correio Braziliense, tem especialidade em jornalismo automobilístico.