Dois Pilares

Por Ademar Rafael*

Em menos de sessenta dias o Pajeú perdeu dois dos seus maiores pilares, no tocante a honradez e exemplos de vida. Em 15.11.2022 perdemos Gastão Cerquinha da Fonseca aos cem anos, e em 10.01.2023 deixamos de ter Pacífico Cordeiro Pessoa aos 98 anos.

Homens horados que deram destaques às profissões que exerceram e não mediram esforços para dar às filhas e filhos, além da educação no seio da família, a formação das escolas convencionais. Foram durante suas vidas grandes esteios e grandes alavancas para filhas e filhos em todos os momentos. Assumiram por inteiro o que narra o poeta Sebastião Dias em dois versos de estrofe do magnífico poema ‘Conselho ao filho adulto’: 

“… Aproveite a juventude, ame a paz, honre a virtude/Quando quiser quem lhe ajude, seu velho pai está aqui”.

Tive o privilégio de conhecê-los e com eles conviver por muitos anos. Serão sempre referências para tocar em frente. Baltazar Gracián, que nasceu na Espanha em 1601, aos escrever sobre reputação disse: “…Nunca esqueça: a reputação fundada na verdadeira substância e profundidade é a única perene.” Não tenho dúvida que a reputação destes dois grandes sertanejos seguiu os critérios defendidos pelo professor espanhol.

Este espaço publicou texto que Luíza Tadeu dedicou ao seu querido pai, em homenagem a um dos seus aniversários: “PACÍFICO CORDEIRO PESSOA: Pacífico de sossegado, brando, tranquilo, amigo da paz, apaziguador – Cordeiro de manso, sereno e calmo – Pessoa de persona grata, personalidade diplomática e conduta moral reconhecida.” Serve também para Gastão.

Nunca época em que o honra é trocada por dinheiro, poder e status; que biografias são rasgadas pelas mãos severas dos desvios de conduta e que as verdades são negadas, homens com o caráter de Seu Gastão e Seu Pacífico fazem muita falta. Que saibamos honrar seus legados.

*Bancário, escritor e poeta

A Comissão de Ética Pública vai analisar, na próxima reunião do dia 28 de março, denúncias que chegaram ao órgão envolvendo o ministro das Comunicações, Juscelino Filho (União Brasil). O Estadão revelou que o político usou voos da Força Aérea Brasileira (FAB) e recebeu diárias para ir a São Paulo e participar de leilões de cavalos de raça.

O colegiado tem como atribuição investigar desvios éticos de ministros do governo e pode recomendar ao presidente a demissão dos integrantes de primeiro escalão. No governo Dilma, por exemplo, a Comissão sugeriu a demissão do então ministro Carlos Lupi por ter usado jatinho de um empresário num evento público. Antes, da comissão já havia indicado que Lupi não poderia acumular a função no governo com a presidência de um partido do PDT.

Juscelino Filho foi para São Paulo e voltou para Brasília de FAB em janeiro deste ano. Ele teve apenas três curtas agendas oficiais na capital paulista, entre quinta, 26, e sexta-feira, 27, num total de duas horas e meia. O restante da viagem teve motivação particular: além de ter participado de leilões de cavalos, prestigiou evento conhecido como “Oscar da raça Quarto de Milha”. Juscelino Filho discursou durante a inauguração de uma praça feita em homenagem ao cavalo de seu sócio. No evento foi apresentado como representante da “equipe do presidente da República”.

A agenda oficial do titular das Comunicações, no entanto, não previa sua presença em nenhum dos eventos envolvendo animais. Pelo período, Juscelino Filho recebeu R$ 3 mil em diárias. A viagem de Brasília a São Paulo, ida e volta, custaria cerca de R$ 140 mil em um jato privado, segundo estimativas.

Após o episódio, o chefe da pasta das Comunicações informou que irá devolver as diárias recebidas indevidamente. Ele nada falou sobre ressarcir o custo operacional dos voos da FAB.

Juscelino Filho se reúne na tarde desta segunda-feira, 6, com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). É a primeira reunião dos dois desde o início do governo. Em entrevista à Rádio BandNews FM na última quinta-feira, 2, o petista afirmou que o ministro das Comunicações estará fora do governo se não conseguir se explicar.

“Eu tentei essa semana conversar com o Juscelino. O ministro Juscelino está viajando, está no exterior a serviço do ministério, discutindo num encontro de telecomunicações. Eu já pedi para o [ministro da Casa Civil] Rui Costa para convocar ele para segunda-feira a gente ter uma conversa porque ele tem direito de provar sua inocência. Mas se ele não conseguir provar sua inocência, ele não pode ficar no governo. Eu garanto a todo mundo a presunção de inocência”, disse Lula.

Outras irregularidades

Além do uso de aeronave da FAB para participar de leilões, o Estadão revelou que o ministro das Comunicações omitiu em declaração pública um patrimônio de R$ 2 milhões em cavalos de raça, enviou verba do orçamento secreto para asfaltar uma estrada que corta suas fazendas em Vitorino Freire, no interior do Maranhão, e entregou dados falsos para a Justiça Eleitoral em uma tentativa de justificar supostos voos de helicóptero que fez durante a última campanha.

O ministro recebeu, no gabinete da pasta, seu consultor para compra de cavalos e nomeou até um sócio de empresário aliado do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), filho do ex-presidente Jair Bolsonaro e principal rival do petista, para chefiar um departamento nas Comunicações. Além disso, o Estadão mostrou que Juscelino Filho abriu as portas do gabinete das Comunicações para empresários que são sócios ocultos de empresas beneficiadas por ele quando deputado, com verba da União. Ao menos quatro empresas de amigos, ex-assessoras e uma cunhada do político ganharam mais de R$ 36 milhões em contratos com a Prefeitura de Vitorino Freire, onde a irmã dele é prefeita.

O ministro jamais explicou por que omitiu o patrimônio de R$ 2 milhões em cavalos, por que entregou dados falsos para a Justiça Eleitoral ou por que nomeou para a diretoria de radiodifusão advogado que é sócio de dono de emissoras de TV e rádio no Maranhão.

Sobre ter enviado verba do orçamento secreto para asfaltar estrada que corta suas fazendas, ele mesmo admitiu. E ainda disse ser amigo há mais de 20 anos do empresário apontado como o responsável pela obra e que foi preso em operação da Polícia Federal acusado de pagar propina a servidores federais para obter obras no estado.

Amanhã, no estabelecimento do Ceasa, a escola de panificação Euclides Paiva irá promover o segundo de uma série de cursos destinados a trabalhadores da área e ao público em geral.

Essa é a primeira escola de panificação numa unidade do Ceasa do país. Mais uma vez, o Ceasa-PE evidencia o seu pioneirismo, visando sempre atender às necessidades do empreendedorismo do estado.

O curso é gratuito para quem for se inscrever através da parceria com o Ceasa. A quantidade de alunos inscritos para a turma de pizzas, inclusive, já excedeu a capacidade máxima que fora prevista. Outros cursos, como de folhado e pãozinho francês, estão para ser lançados e devem ser divulgados em breve de acordo com a demanda.

Serviço:

Escola de pizzas na panificadora Euclides Paiva, Ceasa-PE

7 de março (terça-feira)

Das 7h às 11h

Local: Ceasa-PE – 70 Rodovia BR 101, Estr. Particular Terminal Integrado do Barro (Sul), s/n – Curado, Recife – PE.

Perdeu seus efeitos na quarta-feira (1º), a Medida Provisória (MP) 1137/2022, que não chegou a ser votada na Câmara e no Senado. A MP concedia a residentes ou domiciliados no exterior isenção de Imposto de Renda sobre rendimentos de aplicações feitas no Brasil em títulos privados, em fundos de investimento em direitos creditórios ou em letras financeiras.  

A MP foi editada em 22 de setembro do ano passado, mas sua vigência ocorreu apenas a partir de 1º de janeiro deste ano. Os efeitos da medida valeriam até 31 de dezembro de 2027. Com a perda de eficácia, o Congresso Nacional detém a prerrogativa de disciplinar, por decreto legislativo, as relações jurídicas decorrentes da edição da MP. As informações são da Agência Senado.

Caso não se materialize a edição do referido decreto legislativo no prazo de 60 dias, as relações jurídicas constituídas durante o período de vigência conservam-se regidas pela MP.

A MP alterava a Lei 11.312, de 2006. O benefício poderia ser estendido a residente ou domiciliado no exterior cotista dos fundos de investimento em participações em infraestrutura (FIP-IE) e de Investimento em participação na produção econômica intensiva em pesquisa, desenvolvimento e inovação (FIP-PD&I). 

A medida zerava a alíquota do Imposto de Renda sobre uma série de rendimentos recebidos por residentes no exterior. A regra vale para títulos ou valores mobiliários objeto de distribuição pública, de emissão por pessoas jurídicas de direito privado não classificadas como instituições financeiras e para fundos de investimento em direitos creditórios, regulamentados pela Comissão de Valores Mobiliários, cujo originador ou cedente não seja instituição financeira.   

A Receita Federal afirmou nesta segunda-feira (6/3) que vai tomar “as providências cabíveis”, no âmbito de suas competências, para investigar as circunstâncias de entrada do segundo pacote de joias enviado pelo governo da Arábia Saudita ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Esse segundo pacote, que também seria um presente do governo saudita, não foi interceptado pela Receita, de acordo com recibo obtido pela Folha de S.Paulo. O conteúdo estava na bagagem de um dos integrantes da comitiva que foi ao Oriente Médio em outubro de 2021, em missão oficial. As informações são do Metrópoles.

O pacote inclui relógio, caneta, abotoaduras, anel e um tipo de rosário, todos da marca suíça de diamantes Chopard. Publicamente, não há estimativa ou avaliação de valores desse outro lote de joias.

Essas joias foram entregues por um assessor especial do Ministério de Minas e Energia ao Palácio do Planalto apenas em novembro de 2022, e permaneceu sob guarda da pasta desde o desembarque no Brasil, em 2021.

Em nota, a Receita diz que esse pacote somente poderia ter ingressado no país se trazido por outro viajante diferente daquele alvo da fiscalização aduaneira. “O fato pode configurar, em tese, violação da legislação aduaneira também pelo outro viajante, por falta de declaração e recolhimento dos tributos”, disse o órgão.

Nesta segunda, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, solicitou à Polícia Federal (PF) a apuração de possíveis fatos criminosos.

Celebrando os 206 anos da Revolução Pernambucana de 1817, a governadora Raquel Lyra comandou, ao lado da vice Priscila Krause, a solenidade em comemoração à Data Magna de Pernambuco, na manhã desta segunda-feira (6), no Palácio do Campo das Princesas. A data representa o estabelecimento do governo republicano no Nordeste e ainda homenageia a memória dos heróis da Revolução.

“A Data Magna é uma celebração do momento em que Pernambuco se decreta como pátria. Antes de qualquer movimento no Brasil, o estado ficou independente por 70 dias, pregando os ideais e valores de liberdade, igualdade e fraternidade. É dessa tradição de luta de Pernambuco que a gente faz essa data comemorativa”, comentou Raquel Lyra.

A governadora acrescentou que, nos próximos anos, a data terá participação da população. “Para os próximos anos, vamos garantir que a gente possa ter uma grande celebração envolvendo o povo, os nossos movimentos de cultura popular, permitindo a preservação da nossa história porque a pátria nasceu aqui”, reforçou.

Ministros do Palácio do Planalto preveem que Lula não demitirá Juscelino Filho (União Brasil), apesar das denúncias contra o titular das Comunicações feitas pela imprensa desde o início do governo.

A aposta é de que o presidente só exonerará o auxiliar caso ele não consiga esclarecer as denúncias. Lula e Juscelino têm um encontro nesta segunda-feira (6/3) para o ministro apresentar suas explicações. As informações são do colunista Igor Gadelha, do Metrópoles.

Pesa a favor de Juscelino ainda a pressão de seu partido para que Lula mantenha o ministro no cargo. No fim de semana, o União Brasil divulgou uma nota em defesa do titular das Comunicações.

No documento, a legenda também critica a presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, por ter afirmado que Juscelino deveria se afastar do ministério para evitar constrangimentos a Lula.

Pressão

Juscelino tem sido pressionado a deixar o cargo após o jornal O Estado de S. Paulo revelar que ele usou avião da FAB e recebeu diárias para esticar um fim de semana em São Paulo, para compromissos pessoais.

Na quinta-feira (2/3), Juscelino disse ter devolvido as diárias da viagem. No fim de semana, ele afirmou no Twitter que “não houve irregularidades nas viagens” e que “tudo está devidamente documentado”.

O ex-senador Tasso Jereissati (PSDB-CE), que “fez o L” no segundo turno da eleição, está arrependido e assustado com o presidente Lula. “Estou muito surpreso”, disse Jereissati, em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, publicada nesta segunda-feira, 6.

“Eu não esperava que o Lula e sua equipe viessem nessa linha radical de política econômica. Não é radical só pelo fato de ser de esquerda, que tem propostas boas, mas pelas ideias ultrapassadas.”

Tasso Jereissati classificou o embate de Lula com o Banco Central como “desnecessário”. O grão-tucano observou que os ataques são prejudiciais à economia. As informações são da edição online da Revista Oeste.

“Por outro lado, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, traz alguma moderação”, ponderou Jereissati. “Mas o conjunto traz uma linha agressiva, que volta atrás em conquistas de outros governos, do Michel Temer e até do Lula.”

Segundo o grão-tucano, ele esperava que o governo Lula governasse com a “frente ampla” que ajudou a eleger o petista. Hoje, contudo, Tasso Jereissati vê que isso não será possível.

Interpelado sobre o papel do PSDB, Jereissati defende a ideia segundo a qual o partido tem de estar na “oposição”. “Nossa expectativa não é ocupar o campo do Bolsonaro, mas do centro”, disse. “Não temos afinidade com o bolsonarismo radical (…) Esse espaço do centro estava muito enxertado pelo antipetismo. Nossa expectativa é ocupar a centro-direita e a centro-esquerda.”

O prefeito Simão Durando iniciou, nesta segunda-feira (6), uma série de agendas em Brasília para buscar investimentos junto ao Governo Federal. No primeiro dia da rodada de encontros, o gestor da capital sertaneja esteve no Ministério do Turismo e foi recebido pelo secretário nacional de Infraestrutura, Crédito e Investimento da pasta. Também participou da reunião o deputado federal Fernando Filho.

Simão destacou que a visita teve o objetivo de discutir sobre os convênios firmados com a Prefeitura de Petrolina para equipamentos turísticos e de lazer.  Entre os pedidos, a liberação dos recursos para a continuidade da reforma e ampliação do Centro de Convenções. Também foram discutidas novas parcerias para a execução de ações importantes na cidade, a exemplo da construção de equipamentos de lazer e da liberação de um convênio para a reforma de praças, fruto de emenda do deputado Fernando Filho.

“Petrolina tem um grande potencial para a atração de turistas e investimentos. Temos criado projetos, investido em obras de infraestrutura e realizado diversas ações para fortalecer o turismo de negócios, cultural e de lazer. Então, o nosso objetivo aqui em Brasília, junto ao governo federal é estabelecer conexões, fechar parcerias e conseguir novos investimentos para expandir e fortalecer o potencial do município no segmento turístico”, destacou o prefeito.

Simão continua em Brasília para novas reuniões em ministérios e instituições federais. Ainda na tarde desta segunda, o prefeito visitará o Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR).

Centro de Convenções As obras da reforma e ampliação do Centro de Convenções Senador Nilo Coelho iniciaram em julho do ano passado. Serão investidos mais de R$ 41 milhões no projeto que prevê renovação de toda a estrutura, climatização do pavilhão de eventos, três auditórios, ampliação da área de estacionamento, revitalização do memorial Nilo Coelho, implantação do arquivo público e a construção de um espaço que vai fortalecer e desenvolver a cultura: um teatro com capacidade para 750 pessoas. A ação que vai transformar o equipamento no maior e mais moderno do Nordeste.

Com pouco mais de dois meses de governo, o ministro das Comunicações do governo Lula, Juscelino Filho, já acumula uma série de suspeitas de irregularidades no uso de verbas públicas.

Reveladas pelo Estadão, as polêmicas incluem o envio de emendas do orçamento secreto para asfaltar uma estrada que corta sua própria fazenda, no interior do Maranhão, informações falsas apresentadas à Justiça Eleitoral, uso de avião da Força Aérea Brasileira (FAB) e o recebimento de diárias para acompanhar leilões de cavalos em SP, além da recontratação de bolsonaristas. No mais novo capítulo, o sócio do haras em que o ministro mantém seus animais surge como funcionário fantasma no Senado.

Nesta quinta-feira, 2, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que, se Juscelino não conseguir comprovar sua inocência em relação às acusações, ele não poderá continuar no governo. Em entrevista à BandNewsFM, o presidente disse que convocou o ministro para uma reunião nesta segunda-feira, 6, já que Juscelino estava em viagem ao exterior. O encontro foi incluído na agenda oficial do presidente às 16 horas.

Em parceria com aliados do União Brasil, Juscelino deflagrou uma ofensiva para tentar permanecer na pasta. Afirmou que está comprometido em esclarecer o que chamou de “denúncias infundadas feitas pela imprensa” e agradeceu “a oportunidade de ser ouvido com isenção e serenidade”.

Neste fim de semana, o grupo do ministro no União Brasil reagiu às pressões da presidente do PT, Gleisi Hoffman, entre outros, para que ele se afaste do cargo e se concentre em sua defesa. A ofensiva do União busca dar uma conotação política para as revelações, sob argumento de que o partido está sob “fogo amigo” do PT.

Em nota, a sigla disse que “o ministro sempre teve uma atuação respeitada no parlamento”, não comentou as denúncias e acusou Gleisi de incoerência ao relembrar o envolvimento de petistas em episódios de corrupção.

O nome de Juscelino foi indicado pelo União Brasil como parte das negociações de Lula em busca de maior apoio político no Congresso Nacional. Além dele, a sigla teve a oportunidade de indicar mais dois nomes: os ministros Waldez Goes (Integração Nacional) e Daniela do Waguinho (Turismo) – que protagonizou uma das primeiras grandes polêmicas do governo petista ao ter seu nome associado a chefes de milícias no Rio de Janeiro.

Para o Instituto Não Aceito Corrupção, os indícios de mau uso dos recursos públicos e as condutas de Juscelino ferem princípios constitucionais.

Confira a série de revelações:

Asfalto para sua própria fazenda

Juscelino Filho destinou R$ 5 milhões do orçamento secreto para asfaltar uma estrada de terra que passa em frente à sua fazenda, em Vitorino Freire (MA). A obra ficou a cargo de uma empresa investigada pela Polícia Federal por supostamente pagar propina a servidores federais para obter empreitas no Estado. O engenheiro da Codevasf que assinou o parecer autorizando o valor orçado para a pavimentação foi indicado pelo grupo político do ministro das Comunicações e está afastado pela Justiça acusado de receber propina. Juscelino Filho admitiu o uso do orçamento secreto para a obra.

O ministro indicou a verba ainda em 2020, quando era deputado federal, e a obra foi orçada em R$ 7,5 milhões, dos quais R$ 5 milhões são para fazer um trecho de 19 km em frente às suas terras e o restante atende 11 ruas em povoados da cidade. Luanna Rezende, prefeita de Vitorino Freire e irmã do ministro, contratou a Construservice para executar a obra em fevereiro de 2022

Vitorino Freire é uma cidade pobre, com 31 mil habitantes, na zona rural do Maranhão. O saneamento básico é precário, 42% da população não tem calçamento na frente de casa e metade dos moradores vive com meio salário mínimo. A prioridade do ministro, porém, foi usar o orçamento secreto para pavimentar a estrada que atende suas propriedades e de sua família.

Informações falsas ao TSE

O ministro de Lula também apresentou informações falsas à Justiça Eleitoral para pagar com dinheiro público 23 viagens de helicóptero feitas durante sua campanha a deputado federal, no ano passado. Ao prestar contas, Juscelino informou que todos os voos foram feitos por “três cabos eleitorais”. O Estadão identificou, porém, que os nomes apresentados por ele são de um casal e de uma filha de dez anos, que moram em São Paulo. A família disse não conhecer o político e não ter qualquer relação com sua campanha.

Juscelino disse à Justiça Eleitoral que a família Andrade fez as 23 viagens pelo Maranhão durante 16 dias, entre agosto e setembro do ano passado. Segundo sua alegação, o casal e a filha teriam passado por 14 cidades diferentes. Com essa lista falsa, o ministro justificou a transferência de R$ 385 mil do Fundo Eleitoral de sua campanha para a empresa de táxi aéreo Rotorfly. As informações constam no extrato bancário da prestação de contas disponível no site do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

O pagamento foi feito em 18 de agosto de 2022, com um valor de R$ 11 mil a hora do voo. Como comparação, o valor é mais do que o dobro acertado pelo diretório do União Brasil de Alagoas com a mesma empresa de táxi aéreo. A direção alagoana do partido pagou R$ 400 mil à Rotorfly, sendo R$ 5 mil a hora-voo.

Contratação de amigos

A Prefeitura de Vitorino Freire tem mais de R$ 36 milhões em contratos com pelo menos quatro empresas de amigos, ex-assessoras e uma cunhada do ministro das Comunicações. Segundo apuração do Estadão, o município, que é governado pela irmã de Juscelino, contratou as firmas com verbas do orçamento secreto e de emendas parlamentares destinadas por ele. Todas as companhias intensificaram os negócios a partir de 2015, quando Juscelino assumiu pela primeira vez uma cadeira de deputado, e três foram abertas justamente no início do mandato. Em duas semanas no cargo de ministro, Juscelino abriu seu gabinete ao sócio oculto de uma das empresas.

O portal da transparência de Vitorino Freire registra que só a Arco Construções, empresa em que duas ex-assessoras de Juscelino são sócias, fechou pelo menos nove contratos, no valor total de R$ 16,2 milhões, entre 2017 e 2022. A defesa do ministro alegou que ele não é sócio das empresas, nem responsável por contratá-las, então não poderia ” responder pelo trabalho de terceiros”. Os advogados, no entanto, não comentaram o fluxo de pessoas entre o gabinete do deputado e as empresas que fecharam contrato com o município.

Envio de chips para Yanomamis

Depois de assumir a chefia do Ministério das Comunicação do governo Lula, Juscelino enviou mil chips de celular para serem utilizados nas operações humanitárias que acontecem na terra indígena Yanomami, em Roraima, mas que não funcionam dentro da área demarcada. A limitação tecnológica deve-se a um fato simples: não há cobertura da operadora celular na terra indígena, localizada a 230 quilômetros de distância da capital Boa Vista.

O ministro anunciou o envio no dia 10 de fevereiro, em meio às revelações da crise humanitária na reserva indígena. Segundo ele, o objetivo seria “facilitar a comunicação entre as equipes que prestam assistência nas terras indígenas Yanomami, localizadas entre os Estados de Roraima e Amazonas”. No entanto, a única forma de conexão viável na área se dá por meio de conexão via satélite.

Uso indevido de voo da FAB

No posto de ministro das Comunicações, Juscelino usou um voo da FAB para ir a São Paulo e participar de leilões de cavalos de raça. Ele viajou no dia 26 de janeiro, uma quinta-feira, e teve apenas três compromissos oficiais. Ao meio-dia de sexta-feira, passou a cuidar de seus interesses privados. O ministro assessorou compradores de cavalos; expôs um de seus equinos, que deve ser lançado em breve; e, ainda, recebeu um “Oscar” dos vaqueiros, quando prometeu trabalhar a favor dos cavalos da raça Quarto de Milha e do esporte equestre. Por tudo isso, ainda recebeu R$ 3 mil em diárias.

Após denúncia do Estadão, o ministro informou em nota que devolveu o dinheiro de diárias recebidas do governo irregularmente para cobrir despesas da sua viagem a São Paulo. Juscelino não informou se também irá devolver as despesas com o avião da FAB que o trouxe de volta a Brasília quando não estava em serviço, contrariando as regras sobre o uso das aeronaves.

Em tuíte publicado no sábado, 4, Juscelino alegou “que não houve irregularidades nas viagens e que tudo está devidamente documentado”. Ele mesmo, porém, admitiu a irregularidade ao devolver o dinheiro das diárias que cobriram os custos de sua agenda privada em São Paulo quando além de leilões também foi a inauguração de uma praça em homenagem a um cavalo do seu sócio na qual se apresentou como “representante do presidente da República”. Nenhum compromisso relacionado aos cavalos constou em sua agenda oficial.

Ao solicitar a viagem, ele disse que sua agenda em São Paulo, majoritariamente privada, era urgente, mas seus compromissos registrados em agenda oficial foram apenas uma reunião de uma hora com a operadora Claro, na quinta-feira à noite, e uma visita de meia hora à Telebras na sexta-feira. No mesmo dia, o ministro ainda passou uma hora no escritório regional da Anatel, mas a sede da agência reguladora fica em Brasília, onde despacham os diretores. Entre suas alegações, ele não explicou qual seria a “urgência” de seus compromissos que justificaria o uso de aeronave da FAB.

Contratação de bolsonaristas

Juscelino escolheu para cuidar do setor de rádio e TV um sócio do empresário Willer Tomaz, parceiro e amigo do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), filho mais velho do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Além disso, Tomaz é dono de quatro rádios e uma televisão no Maranhão, reduto eleitoral do ministro, e agora terá seu sócio comandando a área de interesse direto dos seus negócios. O escolhido para a poderosa diretoria de radiodifusão privada é o advogado Antonio Malva Neto. Ao Estadão, o novo diretor, nomeado no dia 6 de fevereiro, admitiu que não tem expertise profissional no setor. “Eu nunca atuei na radiodifusão”, afirmou.

O empresário também é amigo do senador Weverton Rocha (PDT-MA), compadre de Juscelino e um dos padrinhos de sua indicação para o ministério de Lula. Malva Neto já foi assessor de Rocha no Senado. O ministro ainda contratou outro ex-assessor de Weverton Rocha, Braunner Barreto, como seu chefe de gabinete.

Descumprimento da ordem de Lula

O ministro contrariou uma ordem do presidente Lula ao trazer de volta para a pasta nove demitidos pelo atual governo que ocuparam cargos estratégicos na gestão de Jair Bolsonaro. Desde que assumiu o Palácio do Planalto, o petista tem cobrado de seus ministros uma “desbolsonarização” das pastas e já no dia 1º de janeiro, a Casa Civil, sob o comando de Rui Costa, fez uma exoneração em massa nas Comunicações atendendo a ordem do presidente.

Mas, semanas depois, numa operação de Juscelino Filho, nove funcionários que comandaram secretarias e departamentos no governo Bolsonaro foram recontratados por ele em cargos diferentes. O ministro também empregou na pasta a irmã do sócio do haras de sua família, onde cria cavalos de raça.

Funcionário fantasma

Nesta segunda-feira, 6, o Estadão revelou que o ministro emplacou o sócio do haras onde cria seus cavalos como funcionário fantasma na liderança do PDT no Senado. No local onde deveria trabalhar, ninguém conhece Gustavo Gaspar, embora ele tenha salário de R$ 17,2 mil, um dos maiores do gabinete. No haras, Gaspar é sócio da irmã do ministro, a prefeita de Vitorino Freire (MA), Luanna Rezende.

O Estadão esteve na liderança do PDT no Senado na última semana. Servidores disseram que não conheciam o suposto funcionário. Diante do constrangimento, o responsável pelo gabinete, Silvio Saraiva, admitiu que ele não trabalhava no local onde está lotado e deveria dar expediente. Gaspar foi realocado dois dias após a reportagem procurá-lo.

Homem de confiança do ministro na política e nos negócios, o funcionário fantasma é irmão de Tatiana Gaspar, contratada por Juscelino como assessora especial do Ministério das Comunicações, com salário de R$ 13,2 mil. Quando deputado, ele já havia empregado o pai de Gaspar, de 80 anos, com salário de R$ 15,7 mil.