Conforme este blog antecipou, o descaso da atual gestão da Associação Comercial de Pernambuco (ACP) com o Palácio do Comércio é maior do que chegou a ser noticiado. Hoje, o Ministério Público Federal em Pernambuco anunciou que vai investigar uma suposta irregularidade na realização da gravação do DVD do cantor João Gomes, no Marco Zero, em agosto de 2022.
Tudo porque há um potencial risco para a estrutura do Palácio do Comércio, sede da Associação Comercial de Pernambuco, tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico (IPHAN). O responsável pela investigação será o procurador Edson Virgínio Cavalcante Júnior.
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Apesar disso tudo, o prédio será utilizado como camarote durante o Carnaval por cerca de 800 convidados, da próxima sexta-feira até a terça-feira, com direito a shows. Como pode um prédio cheio de danos e rachaduras externas, tão sensível a ponto de ser danificado por um show no Marco Zero, ter condições de receber uma verdadeira multidão e shows dentro de sua estrutura por cinco dias?
E os riscos para os convidados e para o prédio? O presidente da ACP e um dos organizadores do camarote, Tiago Carneiro, parece não se importar com essas questões. Tanto que, como mostram fotos que ilustram esta postagem, está ampliando os danos existentes, fixando estruturas na já danificada fachada do Palácio.
A superintendente substituta do Iphan em Pernambuco, Márcia Hazin, afirmou que o órgão está em tratativas com a ACP com vias à construção de um Termo de Compromisso em que os responsáveis se comprometem a fazer o restauro do prédio. Sobre a autorização dada para que funcione no espaço tombado um camarote para cerca de 800 convidados neste Carnaval, a superintendente esclareceu que a decisão ocorreu após o órgão se reunir com a Defesa Civil.
Na ocasião, segundo ela, foi acordado que para a realização desse evento haveria a imediata salvaguarda do bem para que a segurança do prédio e dos transeuntes fosse preservada. “Para este Carnaval, o prédio está sofrendo intervenções de segurança e será concedida a utilização de um camarote interno, com o aval da Defesa Civil e Corpo de Bombeiros. Após o Carnaval, por meio do Termo de Compromisso, se iniciará as obras de restauro das fachadas”, garantiu a superintendente.
A equipe do blog entrou em contato com a Defesa Civil do Recife sobre o assunto, mas não teve resposta. O que se questiona, mais uma vez, é que com tantos riscos e irregularidades, como pode o Iphan autorizar a realização de um evento que pode danificar ainda mais um patrimônio histórico?
Por que a Prefeitura do Recife e a Defesa Civil permitem esse descaso? Agora, é aguardar e torcer para que não aconteça uma tragédia anunciada (e evitável) em pleno coração da folia do Bairro do Recife.
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