Em audiência de custódia, o ex-comandante da Polícia Militar do Distrito Federal, coronel Fábio Augusto Vieira, reforçou que ‘tudo apontava para um ato pacífico’ no domingo passado, 8, quando bolsonaristas invadiram e depredaram as sedes dos três Poderes, em Brasília.
Segundo o militar, as operações da PMDF no dia dos atos golpistas foram realizadas de acordo com informações da área de inteligência, inclusive de outros órgãos’. Vieira negou ‘conivência’ com a ofensiva violenta dos apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro: “Não houve da nossa parte facilitação para que os atos ocorressem”.
A alegação do ex-comandante da PMDF conflita com o alerta feito pelo ministro da Justiça Flávio Dino, em ofício enviado ao governador Ibaneis Rocha (MDB) às vésperas dos atos golpistas. Como mostrou o Estadão, Dino informou que a Polícia Federal havia identificado ‘intensa movimentação’ de caravanas de ônibus rumo a Brasília e que os manifestantes tinham a intenção de ‘promover ações hostis e danos contra os prédios’ dos Poderes.
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A prisão preventiva de Vieira foi decretada pelo ministro Alexandre de Moraes com base em ‘fortes indícios’ de ‘conivência’ com os atos golpistas em Brasília. No mesmo despacho e com os mesmos argumentos, o magistrado também determinou a preventiva do ex-ministro da Justiça Anderson Torres, que era secretário de Segurança Pública do DF quando a ofensiva bolsonarista eclodiu em Brasília. O aliado do ex-presidente foi preso neste sábado, 14, quando desembarcou de um voo oriundo de Miami.
Durante a audiência de custódia de Vieira, a defesa pediu que a prisão cautelar fosse revista, com a imposição de medidas alternativas. O argumento dos advogados foi o de que, antes de ser exonerado pelo governador Ibaneis Rocha (MDB) – agora afastado do Executivo estadual – o coronel teria pedido afastamento do cargo.
O termo do procedimento que chancelou a prisão de Vieira foi anexado ao inquérito aberto, a pedido da Procuradoria-Geral da República, para investigar supostas ‘condutas omissivas e comissivas’ do governador afastado Ibaneis Rocha (MDB), do ex-ministro da Justiça Anderson Torres, do ex-secretário de Segurança Pública interino do DF Fernando de Sousa Oliveira e do ex-comandante geral da Polícia Militar do DF Fábio Augusto Vieira ante os atos golpistas do domingo, 8.
O coronel ainda deve prestar depoimento no bojo da apuração, assim como Torres. Ibaneis já foi ouvido pela Polícia Federal, em procedimento realizado na sexta-feira, 12, por cerca de duas horas. O governador negou conivência com as manifestações antidemocráticas e afirmou que, pouco antes da invasão aos prédios dos Poderes, recebeu a informação de que a situação estava controlada.
Em áudio, o então secretário de Segurança Pública do Distrito Federal em exercício, delegado Fernando de Sousa Oliveira, disse que as coisas estavam transcorrendo de maneira ‘tranquila, ordeira e pacífica’. A gravação foi compartilhada com os investigadores que conduzem as apurações sobre a suposta ‘omissão’ das autoridades públicas do DF. Além disso, Ibaneis declarou que recebeu mensagens do ministro da Justiça, Flávio Dino, alertando sobre a chegada de vários ônibus com manifestantes em Brasília.
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