EXCLUSIVO
A interferência da gestão do PSB no futuro governo Raquel Lyra (PSDB) já tinha vários exemplos, vários revelados com exclusividade pelo Blog, como a eleição do novo presidente do Consórcio Nordeste em 2023, que foi convocada pelo governador Paulo Câmara (PSB) para 8 de dezembro, sem a participação de Raquel Lyra.
As reclamações da governadora eleita e da vice-governadora eleita, coordenadora da transição, têm sido explícitas. Além de tudo, o Blog descobriu outra interferência inédita na história da política estadual. O atual governador Paulo Câmara está marcando também as licitações que a futura governadora Raquel Lyra irá fazer, durante seu governo.
A informação é oficial. Para ser realizada em 3 de janeiro de 2023, já com Raquel governadora, Paulo marcou uma licitação para “restauração das rodovias de Acesso às Praias do Litoral Sul”, no valor de R$ 27.253.755,47 (vinte e sete milhões, duzentos e cinquenta e três mil, setecentos e cinquenta e cinco reais e quarenta e sete centavos). A licitação está sendo feita pelo DER.
Para provar que não era erro de digitação, Paulo Câmara resolveu ousar e marcou outra licitação também para Raquel fazer, em 5 de janeiro do ano que vem. Esta tem como objeto “execução de obras e serviços de restauração da APE-009, em Muro Alto”, com o valor de R$ 10.408.976,82 (dez milhões, quatrocentos e oito mil, novecentos e setenta e seis reais e oitenta e dois centavos). Raquel toma posse em 1° de janeiro de 2023.
A iniciativa de Paulo Câmara de ditar com que licitações Raquel Lyra deve começar sua gestão é inédita e nunca vista em uma transição governamental. Sendo Raquel a primeira mulher a governar Pernambuco, fica a legítima pergunta sincera, se o PSB teria a mesma ousadia se o eleito em 2022 fosse um homem? Afinal, por que Paulo Câmara acha que pode marcar as licitações durante o governo da sucessora?
O DER que lançou as duas licitações é o órgão responsável pelo fracasso do programa Caminhos de Pernambuco. Lançado com pompa em junho de 2019 pelo PSB, o programa prometia “o maior programa de reestruturação de malha viária já executado no Estado” com o gasto de R$ 505 milhões até 2022 para a recuperação de 5 mil quilômetros de estradas. Virou piada. O resultado do programa de Paulo Câmara é quase que apenas um monte de pastas de licitações não finalizadas, que serão entregues à próxima gestão. Obra mesmo, muito poucas, quase nenhuma.