O alerta que o PT recebeu sobre Alexandre de Moraes

Uma das pessoas em que Lula mais confia sobre temas de Justiça vem avisando à cúpula do PT sobre o futuro da relação do partido com Alexandre de Moraes.

A avaliação é que o ministro do Supremo Tribunal Federal possa, um dia, “se virar” contra o PT, e que a relação, agora boa, saia de controle. O alerta veio acompanhado do conselho de que o partido precisa se preparar para esse cenário.

Quando esse dia chegar, disse esse integrante do partido à coluna de Guilherme Amado, no Metrópoles, o PT não poderá criticar a postura de Moraes. “Não poderemos agir como Bolsonaro e sua ‘trupe’ agiram. Seria hipócrita”, ponderou.

No PT, Moraes é visto como um xerifão. Contudo, a justificativa para aceitar a postura do ministro é a necessidade de frear os ímpetos antidemocráticos de Bolsonaro.

Uma semana após o vice-presidente Michel Temer tomar posse, em 2016, o mercado de juros futuros revisou para baixo as taxas em 30%. Na última sexta-feira, o mesmo mercado elevou as taxas de juros do Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2025 de 13,57% para 13,73% e a de janeiro de 2026, de 13,37% para 13,50%. Juros de mercado futuro refletem expectativas dos investidores em ações dos governos e, tradicionalmente, após as eleições baixam.

Mas isso não está acontecendo com o futuro governo. E, segundo analistas, deve ficar assim até que o mercado avalie como será mesmo a terceira vez de Lula da Silva. As informações são do colunista Fernando Castilho, do Jornal do Commercio.

Na última sexta-feira, a explicação entre os operadores era de possibilidade do ex-ministro da Educação Fernando Haddad assumir o futuro ministério da Fazenda, que será desmembrado do ministério da Economia. Outra explicação seria uma possível subida das taxas de juros na próxima reunião do Copom numa reação ao movimento deterioração fiscal no novo Governo. O BCB, como se sabe, agora tem presidente de mandato fixo sem ter que prestar contas ao presidente.

Ainda é cedo para cenários mais robustos. Na verdade, não é a falta de um nome para o comando da Fazenda, mas a falta de um conceito que levará à escolha do novo ministro. E isso acabou se deteriorando com as declarações do presidente eleito contra o teto de gastos.

O presidente tem um enorme poder antes mesmo de tomar posse. Na verdade, Lula da Silva deve aprovar a maioria de suas propostas para governar, já interferindo diretamente no orçamento de 2023. Mas ele provocou um enorme estresse com suas declarações. Marco Maciel sempre dizia que “Senador faz discurso; presidente da República, pronunciamento. O que diz tem custo social, político e financeiro”. Lula sabe disso. A novidade é não estar “precificando” o que diz.

Desde que assumiu o mandato em 1° de janeiro de 2021, Zé Martins tem emplacado grandes obras em João Alfredo. Como dizem por lá, nunca um prefeito fez tanto em tão pouco tempo.

Tanto na cidade quanto na zona rural, já tem ações que vem mudando a vida dos joãoalfredenses – transformando o que antes era sonho, em realidade. As informações são do blog Ponto de Vista.

São mais de 10 obras que acontecem de forma simultânea atualmente no município. Algumas de muito destaque, como a Estrada de São Bento – obra de pavimentação asfáltica que vai revolucionar a trafegabilidade no município. Além da estrada, uma nova Escola está sendo construída no Sítio Pau Santo, com 10 salas de aula. Essas duas obras são na zona rural e muitos joãoalfredenses nem imaginavam que um dia podiam sair do papel.

Na zona urbana, uma Faculdade está sendo implantada no município, através de uma parceria público-privada com a Faculdade Vale do Pajeú – obra tão aguardada pelos jovens joãoalfredenses. Ainda na zona urbana, o Mercado Público Municipal também está sendo requalificado, depois de longos anos sem nenhuma reforma.

Novos calçamentos em bairros e povoados, construções de Quadras em Escolas do Município, além de um novo calçadão com praça linear, são algumas das outras obras que acontecem em João Alfredo.

Zé Martins comentou como vem conseguindo emplacar grandes ações por todos os redutos de João Alfredo, “Algumas obras são feitas com recursos próprios, outras através de emendas e muito esforço dos nossos aliados. Graças a Deus, tenho muitos parceiros nessa construção de um novo tempo em João Alfredo. Os meus antecessores deram sua contribuição para o município, mas desde a nossa campanha sempre falei que nosso grupo queria uma oportunidade para fazer mais e melhor. Tenho certeza que os joãoalfredenses estão satisfeitos, pois estão vendo o trabalho acontecer”, contou.

O Ministério da Economia celebra, hoje, a eleição de Ilan Goldfajn para a Presidência do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). O resultado foi conquistado após campanha liderada pelo Ministério da Economia.

O candidato brasileiro alcançou ampla maioria, superando os critérios de percentual do capital votante do Banco e de apoio regional, o que permitiu que a eleição fosse concluída na primeira rodada.

O BID foi estabelecido em 1959 e, após ser presidido por cidadãos de México, Chile, Uruguai, Colômbia e Estados Unidos da América, será pela primeira vez comandado por um brasileiro.

Maior instituição financeira multilateral de fomento e integração do mundo, o Banco Interamericano de Desenvolvimento atua em áreas como educação, saúde e infraestrutura para proporcionar qualidade de vida à população da América Latina e Caribe, sendo a principal fonte de financiamento para o desenvolvimento na região.

A vitória do candidato é reconhecimento da plataforma apresentada pelo Brasil para o Banco que prioriza três eixos centrais:

• Infraestrutura física e digital, com mobilização de recursos privados e criação de oportunidades para a integração regional;
• Combate à pobreza, desigualdade e insegurança alimentar;
• Mudança do clima e biodiversidade.

O processo eleitoral para a presidência do BID contou com a participação de candidatos de cinco países membros: Argentina, Brasil, Chile, México e Trinidad e Tobago. Os candidatos participaram de sabatina com representantes dos países que integram o Banco, no dia 13 de novembro, o que permitiu apresentarem suas prioridades para o BID e sugestões para a instituição contribuir a recuperação econômica da região.

Perfil
Ilan Goldfajn possui trajetória de destaque nos setores público e privado, além de ter experiência reconhecida como acadêmico. Ilan foi presidente do Banco Central do Brasil, entre os anos 2016 e 2019, e recentemente exerceu a posição de Diretor do Departamento de Hemisfério Ocidental no Fundo Monetário Internacional (FMI).

A COP27 terminou, no início da manhã deste domingo (20), com um acordo histórico, mas incompleto.

Depois de quase 30 anos de discussões, os países mais ricos concordaram em criar um fundo para ajudar as nações mais vulneráveis a se recuperar das perdas e danos já causados pelas mudanças climáticas. As informações são da CNN Brasil.

No entanto, os detalhes de funcionamento do fundo não foram definidos. Os delegados da COP27 decidiram criar um comitê temporário especial para propor as regras de funcionamento.

O comitê terá um ano para trabalhar e pretende apresentar novas propostas na COP28, que acontecerá no fim de 2023 nos Emirados Árabes Unidos. É preciso definir partes fundamentais, como quais países devem contribuir financeiramente com ele e que nações poderão se beneficiar dos recursos.

A criação do fundo era uma demanda histórica dos países em desenvolvimento, mas a iniciativa vinha sendo constantemente bloqueada pelos Estados Unidos e pela União Europeia.

Os países ricos temiam que a criação do fundo pudesse gerar mais passivos financeiros e legais a eles.

Como historicamente esses países emitiram muito mais gases de efeito estufa, eles são os maiores responsáveis pelas mudanças climáticas. Mas essas nações alegam que não podem ser responsabilizadas legalmente a pagar indenizações aos países mais afetados –e que contribuíram muito menos para a crise do clima.

As negociações para se chegar à criação do fundo foram duras, difíceis e prolongadas.

A COP27 deveria ter acabado na sexta-feira, mas teve que ser prorrogada para que os 197 países presentes conseguissem chegar a um consenso.

Uma proposta anterior, apresentada pela União Europeia, sugeria que não apenas os países ricos mas também as grandes nações em desenvolvimento –como a China, a Índia e o Brasil– deveriam contribuir financeiramente com o fundo.

Essa proposta caiu e foi substituída pelo compromisso de criar um fundo, sem maiores detalhes de como ela vai funcionar. Mas, sob pressão dos EUA e dos europeus, a proposta aprovada também diz explicitamente que nenhum país deverá ser forçado a pagar “indenizações” a outros pelos efeitos climáticos.

Nas negociações do comitê temporário, os americanos e europeus provavelmente continuarão insistindo em contar com contribuições das nações em desenvolvimento. Mas devem enfrentar dura resistência.

A COP27 conseguiu poucos avanços em outras áreas. Uma de suas maiores falhas foi deixar de fora do acordo medidas mais duras para conter o uso de combustíveis fósseis.

O secretário-geral da ONU, António Guterres, reconheceu o problema. “Precisamos reduzir drasticamente as emissões agora – e esta é uma questão que esta COP não abordou. Um fundo para perdas e danos é essencial – mas não é uma resposta se a crise climática lavar um pequeno estado insular do mapa – ou transformar um país africano inteiro em deserto”, disse ele ao final da última plenária da COP27.

Negociadores de países em desenvolvimento, entre eles o Brasil, também reclamaram de “falta de transparência” sobre o texto final —especialmente em relação a propostas de adaptação às mudanças climáticas.

Segundo eles, o texto de adaptação – que já havia sido aprovado pela maioria dos países – foi alterado sem consulta prévia na reta final. O texto favoreceria os países desenvolvidos e prejudicaria as nações em desenvolvimento, segundo a análise desses negociadores.

Mas o pior problema é que todos os líderes mundiais que passaram por Sharm el-Sheikh nas duas últimas semanas afirmaram que o planeta está à beira de um desastre climático e que não há tempo a perder.

Depois de duas semanas de negociações, o que a COP27 decidiu, na verdade, foi perder mais um ano para definir as regras de um fundo importante para muitas nações.

Nas fotos, tios Vicente e Diva, irmãos do meu pai Gastão Cerquinha, que morreu terça-feira passada. O primeiro mora em São Paulo e o segundo em Salvador. São remanescentes de uma prole de 14 filhos, resultado da união conjugal dos meus avós Augusto e Mariinha. Meu avô tem DNA português.

Seu pai, meu bisavô, chegou em Pernambuco numa onda de migração dos portugueses ao Brasil entre os anos 20 e 30. Nasceu e se criou na cidade de Porto, berço dos Fonseca. Meu Martins é paraibano, da cidade sertaneja de Monteiro, onde nasceu meu avô Severo Martins, pai da minha mãe Margarida.

Sou, portanto, uma mistura portuguesa com paraibana. Vicente tem um apelido engraçado: Cheiroso. Quando garoto e adolescente, para escapar do cheiro de bode, como o meu pai, de tão arraigadamente sertanejo, costumava tomar banho de perfume. Nunca mais foi Vicente, seu nome na pia batismal, mas o famoso Cheiroso.

Diva, o Edvaldo Seixas da Fonseca, caçula da enorme prole, viveu a infância em Afogados da Ingazeira, mas acabou se apaixonando pelos orixás baianos. Descobriu o que a baiana tem, literalmente, ao fixar residência em Salvador com sua Zinha, conterrânea de Afogados da Ingazeira. Dos meus tios, é o verdadeiro se vira nos trinta.

Certa vez, cobrindo como repórter uma visita do ex-presidente FHC a Salvador, me deparei com ele num jantar trabalhando como garçom. O reconheci por ser muito parecido com papai e os demais tios. Esse DNA dos Fonseca é muito forte.

Diva morou em Afogados da Ingazeira, há pouco mais de dez anos. Tinha uma casinha no sítio Alça de Peia, região por muito tempo dominada pelo fazendeiro Zé de Brito, já na eternidade, esposo da minha tia Maria José, a Zezinha, avó do meu primo Carlos Brito, dono de uma fábrica de móveis em Afogados da Ingazeira e da Pousada de Brotas.

Em razão de uma pendenga judicial envolvendo seu casebre, o qual visitei em várias oportunidades, regressou para a Bahia. Já meu tio Cheiroso não dá o ar da sua graça há mais de 20 anos no Sertão do Pajeú. Virou a própria encarnação paulista. Mas tanto ele como Diva guardam fortes semelhanças físicas com meu pai e meu tio José Coió, também já falecido, avô da pentaatleta Yane Marques.

Escrevo isso porque entendo que gerações de homens, irmãos, tios, primos, todos, enfim, fazem parte da mesma história, que só se repete. Pais, filhos, tios, tios irmãos. Avós, netos, bisnetos, bisavós, que se conheçam ou não, o importante é o sentimento de afeto de um pelo outro, advindo com transparência, do fundo do coração.

Apesar de estar afastado da política desde as eleições municipais de 2020, quando postulou como vice na chapa para Prefeitura de Olinda encabeçada pelo ex-vereador Jorge Federal, o médico Gustavo Rosas pode encabeçar uma chapa majoritária nas eleições de 2024. Segundo o Observatório de Olinda, ele se reuniu, ontem, com o presidente municipal do PROS, Fábio Freitas, para tratar do assunto.

Em 1988, o País restabeleceu, por meio da Constituição, a liberdade de expressão, de imprensa e de opinião. A censura da ditadura militar – definindo o que podia e o que não podia ser publicado, exposto ou escrito – ficava, assim, definitivamente extinta.

Para impedir eventuais retrocessos no futuro, inseriu-se no texto constitucional uma cláusula pétrea sobre o tema: “Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir os direitos e garantias individuais”. As informações são do editorial do Estadão.

Dessa forma, no Estado brasileiro, sempre será “livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato” (art. 5.º, IV), como sempre será “livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença” (art. 5.º, IX).

A garantia dessas liberdades de forma permanente é fonte de paz e tranquilidade. Que cada um possa se expressar, comunicando aos outros o que acredita, é aspiração humana fundamental: é parte essencial da dignidade humana, é elemento necessário do regime democrático.

Mas, justamente para que todos possam exercer suas liberdades fundamentais, a liberdade de expressão não é uma autorização para dizer impunemente o que bem entender. Há limites.

A Constituição assegura, por exemplo, que “são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas” – ou seja, a liberdade de expressão não dá direito a ofender. Por isso, o Código Penal prevê os crimes de calúnia, injúria e difamação. Todos têm direito a expressar sua opinião política, mas ninguém tem direito a caluniar, injuriar ou difamar quem quer que seja.

Outros exemplos de crimes previstos na lei penal envolvendo a comunicação são a injúria racial, a incitação ao crime, a comunicação falsa de crime e o ultraje ao culto religioso. Nada disso significa reduzir a liberdade de expressão. É antes o reconhecimento de que a palavra é importante e produz efeitos.

Todo esse arcabouço jurídico sobre a liberdade de expressão – suas garantias, seus limites e suas consequências – vem sofrendo um intenso e, em certa medida, inédito ataque nos últimos anos. A ameaça não é fruto de tentativas de emenda constitucional, inviáveis de prosperar em função da cláusula pétrea.

O ataque é mais sutil e mais perigoso. Ele decorre de uma compreensão equivocada da ideia de liberdade de expressão, como se a palavra fosse território sem lei, isto é, como se houvesse um direito a falar o que bem entender, em um contexto de irrestrita irresponsabilidade.

O quadro atual é desafiador. Essa compreensão equivocada da liberdade de expressão não está mais restrita a pequenos grupos extremistas. Ela se difundiu. Fez-se cultura.

A própria expansão da internet e das redes sociais, com a oferta de novos espaços de expressão, gerando novas percepções de liberdade, contribuiu para reforçar a ideia de que a palavra estaria imune não apenas a um controle prévio, mas à própria lei.

Tudo isso foi intensificado por Jair Bolsonaro ao longo de seus quatro anos na Presidência da República, ao transformar essa equivocada compreensão da liberdade de expressão em bandeira eleitoral. Não haveria limites, tampouco parâmetros objetivos.

Sob o pretexto de liberdade, estaria assegurada ampla impunidade. Inúmeros, os exemplos envolvem desde negação de dados científicos e insinuações criminosas contra inimigos políticos até desinformação contra o regime democrático e o sistema de votação.

Agora, o País tem pela frente o desafio de resgatar a liberdade de expressão em sua dimensão de garantia e direito de todos. Ela não é instrumento de ataque de alguns que se acham mais espertos ou violentos.

Nessa tarefa de recompor a noção e o exercício dessa garantia fundamental, o Poder Judiciário tem um papel especial, seja para evitar a impunidade de quem cometeu crimes, seja para ater-se aos limites de sua jurisdição – sempre lembrando que ao Estado não cabe organizar o debate público ou ser árbitro das ideias presentes numa sociedade. A liberdade de expressão é para valer, sem exceções.

O procurador-geral da República, Augusto Aras, convocou reunião do gabinete de crise do Ministério Público Federal para segunda-feira (21) às 10h para tratar do avanço dos movimentos golpistas pelo Brasil.

Monitoramento da instituição mostra que aumentou a quantidade de manifestantes e organizadores de atos que questionam o resultado da eleição que deu vitória a Luiz Inácio Lula da Silva. As informações são da coluna de Carolina Brígido, no UOL.

Os movimentos, tanto nas ruas quanto nas redes sociais, também atentam contra as instituições democráticas, pedem intervenção militar e apoiam o presidente Jair Bolsonaro. Segundo interlocutores de Aras, a presença desses manifestantes está não apenas aumentando, mas também a postura deles tem sido mais enfática.

O gabinete de crise foi criado inicialmente para contar atos golpistas nas vésperas do Sete de Setembro do ano passado e segue monitorando esses grupos. Aras quer conversar também com integrantes do Ministério Público Federal nos estados e com o Ministério Público nos estados onde a situação tem sido apontada como mais preocupante: Santa Catarina, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Pará.

Na reunião de segunda-feira servirá para mapear a situação nacional e nos estados e, a partir do cenário, avaliar uma estratégia para conter os movimentos – que pode significar pedidos de prisão contra grupos extremos ou dar mais atenção aos financiadores de atos antidemocráticos.

O período pós-eleição exigiu da Justiça e das redes sociais uma atuação tão intensa quanto a que tiveram durante a própria disputa. A enxurrada de conteúdos antidemocráticos fez o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) derrubar diversos grupos de conversa e bloquear perfis de políticos e influenciadores.

O balanço entre especialistas é que a operação do tribunal tem servido para corrigir omissões nos acordos de cooperação com as empresas, insuficientes para lidar com a onda de manifestações a favor de um golpe de Estado no Brasil. A expectativa é a de que a atuação da corte permaneça firme até 31 de dezembro.

O volume de mensagens de caráter golpista começou a crescer na internet assim que a derrota de Jair Bolsonaro (PL) se desenhou na apuração de votos. Nos dias seguintes, quando estradas foram bloqueadas, o TSE derrubou 70 grupos do WhatsApp que pediam intervenção militar. As informações são da Folha de S.Paulo.

O WhatsApp passou a identificar grupos semelhantes e a avaliar o banimento de forma proativa. No Telegram, a corte eleitoral determinou a retirada de dezenas de grupos, que se somaram a cinco já excluídos antes da eleição, que reuniam quase 600 mil pessoas. Sozinha, a empresa não moderou conteúdo.

Parte das comunidades se recriou sob novos nomes, vocabulário e imagens de perfis, mas a avaliação do TSE é que as medidas estão conseguindo gerar o efeito de dispersão, válido para momentos de crise.

Um relatório da Palver, empresa de tecnologia que prestou o serviço de monitoramento ao tribunal, indica que houve redução na quantidade de mensagens relacionadas à intervenção militar no WhatsApp após a atuação do TSE.

“O TSE preencheu as lacunas das próprias políticas das empresas, que ficam no limbo quando o assunto é desinformação eleitoral. Conteúdo golpista, pedido de intervenção militar e do uso do artigo 142 são difíceis de ser enquadrados como violações das diretrizes”, afirma Tatiana Dourado, pesquisadora associada ao Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Democracia Digital da UFBA (Universidade Federal da Bahia).

Diante do caos, o Facebook e o Instagram fizeram nova interpretação de suas políticas e passaram a remover postagens com pedidos de intervenção militar no Brasil. Segundo técnicos do tribunal, a medida reduziu consideravelmente a incidência de publicações dessa natureza.

O YouTube, cuja política é explícita contra conteúdos que aleguem fraude, tem derrubado lives com informações falsas do dossiê sobre suposta fraude na eleição brasileira, apresentado primeiro pelo argentino Fernando Cerimedo, um consultor que tem apoiado as manifestações.

Permanecem no ar, entretanto, vídeos com centenas de milhares de acessos transmitindo protestos que pedem intervenção militar. Alguns solicitam transferência via Pix para financiar os atos.

Para Dourado, conteúdos antidemocráticos que não são explicitamente violentos (o que levaria as empresas a derrubá-los) seguem disponíveis porque geram alto engajamento nas plataformas e porque não há consenso ou jurisprudência das redes sobre atuação com pedidos de intervenção militar.

“A depender da forma em que a intervenção militar aparece, ela não viola políticas das empresas, que prezam, sobretudo, pela liberdade de expressão”, diz.

João Brant, coordenador do projeto Desinformante, do Instituto Cultura e Democracia, afirma que se mostrou necessário diferenciar uma crítica legítima ao sistema eleitoral de uma instrumentalização do debate para fins antidemocráticos. Na sua avaliação, o TSE “atuou de forma a proteger a vontade do eleitor”.

“Os acordos com as plataformas se mostraram insuficientes para dar conta do problema, e as empresas se beneficiaram nesse último período porque o TSE trouxe para si o problema”, diz. Ele considera que o MPE (Ministério Público Eleitoral), as redes sociais e o Congresso, que não atualizou a tempo as regras eleitorais, foram pouco incisivos no combate à desinformação.

Durante o segundo turno, o TSE criou uma resolução para impor multa de R$ 100 mil por hora para as redes sociais que não removessem conteúdos em até duas horas e passou a agir de ofício (por iniciativa própria) para ordenar banimentos, ampliando demandas às plataformas digitais.

A norma pegou empresas de surpresa e foi encarada por algumas pessoas como excesso de responsabilidade sobre conteúdo político ao setor privado. Brant discorda: “Não podemos esquecer que o que faz uma desinformação engajar positivamente são as regras das plataformas”.

Além de suspender grupos, vários perfis de políticos e influenciadores foram banidos, parte no dia anterior ao segundo turno e parte na última semana, entre eles os de Carla Zambelli (PL-SP), Nikolas Ferreira (PL-MG) e Gustavo Gayer (PL-GO). A medida insuflou o discurso contra suposta censura por parte do tribunal.

“Se a gente for adotar no futuro esse tipo de medida no médio e longo prazo, os padrões de transparência precisam ser revistos, é preciso outra base para a Justiça atuar nesse sentido”, diz Natália Leal, diretora-executiva da agência de checagem Lupa.

A sua leitura é que o cenário extremo, como o bloqueio de estradas baseado em uma suposta fraude eleitoral, justificou medidas extremas, mas que é necessário reavaliar ações de desinformação, incluindo os acordos de cooperação daqui para a frente.

“Bloquear um perfil de Twitter pode impactar em 1%, 0,1% na circulação de uma informação, e bloquear para sempre fere o direito de liberdade de expressão. Precisamos rediscutir a moderação nesses universos, ainda mais com uma tendência de diminuição daqui para a frente”, diz Leal, referindo-se à gestão de Elon Musk no Twitter e ao momento financeiro da Meta.

Um dos caminhos, ela indica, pode ser a revisão de políticas sobre conteúdos verificados como falsos e que, mesmo assim, permanecem nas plataformas. Durante a campanha, uma série de posts inverídicos, analisados pelas agências de checagem parceiras, permaneceram online por decisão empresarial.

“O que acontece é que o conteúdo falso gera engajamento, e todo o modelo econômico gira em torno de engajamento. Políticas são elaboradas visando o lucro”, afirma.

O TSE não divulga quantas ordens de retirada emitiu às redes sociais, e as empresas não possuem relatórios de transparência específicos sobre a eleição, então não é possível quantificar, por ora, a efetividade da ação contra a desinformação.