Daniel, Guilherme e Débora cotados para secretariado de Raquel  

Encerrada a apuração e declarada a vitória de Raquel Lyra (PSDB) para o Governo de Pernambuco, as atenções agora se voltam para o futuro secretariado que a tucana só deverá anunciar em dezembro. Até lá, muitos nomes devem ser especulados, alguns com maior força e outros nem tanto, mas o desenho do organograma deverá ser montado por Raquel junto com a vice, Priscila Krause (Cidadania), nestes dois meses.

Um dos nomes mais cotados é o do deputado federal Daniel Coelho (Cidadania), que não conseguiu se reeleger. Há quem pense nele como secretário da Casa Civil ou de Governo, embora não seja uma figura tão simpática ao meio político. Mas foi um dos pilares na campanha vitoriosa de Raquel, e precisará ficar em evidência para poder disputar a Prefeitura do Recife em 2024. 

Ele e Priscila disputarão a benção da governadora eleita para a missão. Outros dois políticos de sobrenome Coelho, primos entre si, também são cotados. Guilherme Coelho (PSDB), que foi candidato a senador na chapa de Raquel, e Miguel Coelho (União Brasil), ex-prefeito de Petrolina e que disputou o primeiro turno contra a tucana, a quem declarou apoio ainda no dia 2 de outubro. 

Mas o resultado de Raquel no Sertão do São Francisco, onde só venceu em dois municípios, descredencia Miguel a um posto importante do primeiro escalão, enquanto Guilherme é cotado para uma pasta como Desenvolvimento Agrário.

Outros nomes da política ventilados são o do ex-senador Armando Monteiro Neto (PSDB) e dos deputados estaduais eleitos pelo PSDB –  Débora Almeida, Álvaro Porto e Izaías Régis. Um deles deverá ser abençoado para a Mesa Diretora da Alepe, e outro poderá ser convocado ao secretariado, abrindo vaga para a suplente Lucinha Mota, mãe da menina Beatriz, que foi assassinada a facadas em 2015 em Petrolina.

Ela ficou conhecida após apontar falhas nas investigações e, no ano passado, percorreu 700 quilômetros ao lado do marido até o Recife, para cobrar soluções do governador Paulo Câmara, expondo assim o PSB às páginas policiais. 

Por fim, o prefeito de Vicência, Guilherme Nunes, o Guiga, também é cotado, após coordenar a campanha da tucana na região.

Outros nomes que circulam são os do ex-secretário de Desenvolvimento de Caruaru, Andrezinho Teixeira, que trabalhou com Raquel na Prefeitura; a jornalista Dani Britto, que atendeu a campanha e trabalha há anos para o PSDB estadual e nacional; o militar Murilo Curvelo, que acompanha Raquel desde seu primeiro mandato como deputada estadual; e o ex-chefe de gabinete do Governo de Pernambuco, Rubens Júnior, que acompanha os Lyras há décadas.

Em João Alfredo, município que fica localizado no Agreste Setentrional, o prefeito Zé Martins saiu gigante das eleições do segundo turno por ter conquistado, novamente, expressivas votações para os seus candidatos.

Se dependesse apenas do município, o resultado da eleição para governadora de Pernambuco teria sido bem diferente. Foram 12.193 votos para Marília Arraes e Sebastião Oliveira, uma larga vantagem de quase 7 mil votos de diferença. Foi também uma das maiores votações proporcionais para a candidata em Pernambuco – correspondendo a 69,06% dos votos válidos. Um número bem expressivo, tendo em vista que Raquel Lyra venceu a eleição com quase 1 milhão de votos de diferença.

Outro fator de destaque, é que muitos prefeitos da região sentiram dificuldade nessa transferência de votos. O prefeito fez com maestria e mostrou com votos que João Alfredo reconhece e aprova seu trabalho. Zé Martins também apoiou o presidente Lula, que obteve 14.346 votos – 80,02% dos votos válidos no município.

O prefeito comemorou a vitória de Lula e agradeceu os votos em Marília e Sebastião Oliveira, “Minha gratidão é enorme em ter esse reconhecimento nas urnas do nosso trabalho. Só nos encoraja ainda mais para seguirmos trabalhando por nossa querida cidade. Agradeço os votos em Marília, Sebá e Lula. Que o nosso presidente coloque esse país nos trilhos da paz e do desenvolvimento e que o Brasil volte a ser feliz de novo”, disse.

Zé Martins também parabenizou Raquel Lyra pela vitória, “Desejo que ela e sua vice Priscila Krause conduzam com sabedoria o nosso Estado ao caminho do desenvolvimento e da prosperidade. Pernambuco precisa e merece ser a potência do Nordeste novamente. Torço para que façam um bom trabalho”, afirmou.

No Recife, a governadora eleita Raquel Lyra deu uma surra eleitoral em Marília Arraes com mais de 300 mil votos de frente. Ela teve 632.450 mil votos (65,32%) contra 335.840 de Marília (34,68%). Em relação ao primeiro turno, Raquel obteve 410 mil votos a mais na capital do Estado. Em 2020, quando disputou a Prefeitura do Recife, Marília perdeu para João Campos por 99 mil votos.

Em Caruaru, município administrado pela governadora eleita Raquel Lyra, a tucana chegou a quase 84% dos votos. Obteve 159.520 (83,35%) contra 31.859 (16,65%) de Marília. Um crescimento impressionante em relação ao primeiro turno, de 66 mil votos, quando teve 92.998 (51,42%) e Marília 19.602 (10,84%).

Em Trindade, município no Sertão do Araripe, destacado polo gesseiro, a prefeita Helbinha Rodrigues (União Brasil) mostrou que tem forte liderança. Enquanto os demais municípios da região casaram o voto Lula presidente com Marília governadora, em Trindade Raquel recebeu a maior votação da região.

A governadora eleita  obteve 62,49% contra 37,51% de Marília. No primeiro turno, Helbinha apoiou Miguel Coelho e o fez o mais votado no município. No segundo turno, foi a gestora do Sertão do Araripe a dar mais votos para Raquel.

No Sertão do São Francisco, região que deu grande votação no primeiro turno a Miguel Coelho, candidato a governador do União Brasil derrotado, a governadora eleita Raquel Lyra (PSDB) só ganhou em Petrolina e Dormentes, graças à força de Miguel, ex-prefeito de Petrolina, e da prefeita de Dormentes, Josimara Cavalcanti (PSB).

Mesmo assim, a diferença foi muito pequena em Petrolina: uma frente de pouco mais de cinco mil votos. Raquel teve 89.758 votos e Marília 84.554 votos – 51,49% contra 48,51%, respectivamente, em termos percentuais. Isso se deu pelo prestígio de Miguel, porque o voto casado de Lula com Marília funcionou nos demais municípios da região.

Raquel perdeu na maioria dos municípios do Sertão, como Lagoa Grande, Cabrobó, Orocó, Afrânio, Ouricuri, Salgueiro, Belém de São Francisco e Araripina.

O lulismo pesou fortemente no Sertão em favor de Marília. Em Serra Talhada, Raquel ganhou apertado –  (53%). O cenário para a governadora eleita só se reverteu a partir de Arcoverde.

Jair Bolsonaro (PL) foi derrotado por Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ontem. A derrota foi mais para si próprio do que por qualquer outro fato.

O Brasil enfrentou a pandemia de covid (por 2 anos) e os efeitos da guerra da Rússia contra a Ucrânia (ao longo de 2022). Ainda assim, Bolsonaro tinha resultados econômicos positivos para mostrar. Mas perdeu. As informações são do Poder360.

Ele não conseguiu entender até hoje a razão pela qual havia vencido em 2018. Atuou no Palácio do Planalto com o mesmo discurso de 4 anos atrás. Só que o Brasil e o mundo mudaram. Bolsonaro, não.

Em 2018, a conjuntura permitiu a abertura de uma janela de oportunidade para o candidato que soube como vocalizar a ojeriza de parte (à época majoritária) da sociedade brasileira em relação ao PT. Os telejornais mostravam diariamente casos de corrupção na Petrobras. A Lava Jato pulsava na mente dos eleitores. Os delatores apareciam em vídeo contando como eram suas traficâncias diante do então juiz federal Sergio Moro (hoje senador eleito pelo Paraná). Lula havia sido preso. Os juízes de 1ª e de 2ª Instância condenaram o petista dizendo que as provas eram irrefutáveis.

Nesse ecossistema udenista formou-se uma sanha persecutória contra qualquer tipo de político que já tivesse estado em algum governo. Bolsonaro foi quem soube modular o discurso para os eleitores brasileiros que buscavam mudar a forma de fazer política (ainda que ele próprio tivesse sido forjado no mesmo sistema em que prosperaram seus adversários).

Deu tudo certo para Bolsonaro por causa da conjuntura muito específica de 2018.

Só que ao tomar posse, o presidente não conseguiu alcançar do ponto de vista cognitivo os motivos que o haviam levado ao Planalto. Achou que foi mérito próprio, quando na realidade ele foi só um veículo para o eleitor desaguar suas mágoas e ressentimentos.

Bolsonaro capturou o Zeitgeist de 2018. Mas achou que esse espírito do tempo era imutável. Enroscou-se em seu próprio labirinto. Não se adaptou ao distensionamento que se deu na sociedade brasileira. Aos poucos, o Supremo Tribunal Federal sentiu-se autorizado a dizer o que havia de errado na Lava Jato. Os erros de Sergio Moro se maximizaram quando ele aceitou deixar de ser juiz para ser ministro de Jair Bolsonaro.

Os efeitos nefandos da Lava Jato para a economia ficaram mais claros. Ninguém obviamente passou a defender a corrupção. Mas instalou-se na sociedade a ideia de que uma empresa não deve ser levada à falência porque seus controladores ou executivos praticaram malfeitos. Quem deve ser punido são os corruptos e não o empreendimento em si.

Hoje, sabe-se que as empresas investigadas na Lava Jato deixaram de faturar R$ 563 bilhões em 6 anos. Com isso, deixaram de recolher R$ 41,3 bilhões de impostos no período –muito mais do que a Lava Jato recuperou em multas e devolução de dinheiro. Houve uma perda direta de mais de 200 mil empregos, sem contar a cadeia de suprimentos que fornecia para as empresas afetadas.

Mesmo com todo esse novo momento e compreensão maior do que foi a Lava Jato, Jair Bolsonaro seguiu com seu discurso quase monotemático contra a corrupção.

Além disso, o presidente mostrou-se infenso sobre mudar sua atitude considerada ofensiva por parte dos eleitores. Durante a pandemia, mostrou pouca empatia nos discursos com os mortos por covid. Cresceu entre parte das mulheres um sentimento de aversão ao presidente.

Fez lives em que disse ter desejado demonstrar como estaria um paciente de covid morrendo sozinho por asfixia. Não foi o que a maioria das pessoas entendeu. Bolsonaro apareceu nos comerciais de Lula nos últimos quase 3 meses como alguém insensível com a dor de quem perdeu amigos e familiares na pandemia.

Depois, teve a frase do “pintou um clima” quando avistou jovens venezuelanas de menos de 18 anos arrumadas. Quis explicar que não pretendeu empregar conotação sexual à declaração. Já era tarde. Xuxa, Luciano Huck e muitas outras celebridades fizeram análises derrogatórias sobre o presidente.

No meio da campanha, Bolsonaro gravou um vídeo e pediu desculpas por às vezes ser mal-educado e falar palavrões. Depois, repetiu isso diversas vezes. De novo, a reação parece ter sido tardia, como mostraram as urnas neste domingo.

A falta de urbanidade não se dá só quando Bolsonaro faz comentários derrogatórios sobre mulheres. Aparece em detalhes da sua atitude em púbico. No debate entre candidatos a presidente, realizado pelo SBT em 24 de setembro de 2022, o presidente chamou sua ex-aliada Soraya Thronicke (União Brasil) de “estelionatária”.

Mas mesmo quando não ofende de maneira direta, Bolsonaro mostra pouco interesse em civilizar seus modos. Nesse mesmo debate do SBT, ele não disse boa noite na sua primeira intervenção, não agradeceu pelo convite e já começou respondendo de maneira áspera a uma pergunta formulada por Simone Tebet (MDB). Aliás, Bolsonaro não deu boa noite para os telespectadores em nenhum dos debates durante toda a campanha.

É que se falasse “boa noite” e agradecesse aos telespectadores pela audiência, esse não seria Bolsonaro. Ele simplesmente não consegue ser dessa forma. O presidente é, vamos dizer, “autêntico em sua brutalidade”.

Mais de 21 milhões de eleitores pobres estão recebendo há 3 meses os R$ 600 do Auxílio Brasil. O efeito desse dinheiro foi perto de nulo para melhorar a aprovação o atual presidente. No caso da maioria do eleitorado feminino, não houve dinheiro que bastasse para Bolsonaro reconstruir sua aceitação dentro desse grupo demográfico.

Não é demais lembrar que Lula, hoje muito bem aprovado pelo voto feminino, enfrentou muitas dificuldades com esse público nas eleições de 1989, 1994 e 1998. O marketeiro Duda Mendonça (1944-2021) detectou essa resistência. As mulheres achavam Lula agressivo e com uma estampa imprópria. A barba era sempre muito comprida, desgrenhada. O petista usava camisetas de sindicalista. Tudo isso saiu de cena em 2001 e no ano seguinte. Lula passou a usar ternos do estilista Ricardo Almeida em 2002. Aparou a barba. Penteava bem os cabelos. Trocava de camisa entre um compromisso e outro.

Um dos últimos comerciais da campanha de Lula em 2002 mostrou muitas mulheres grávidas, vestidas de branco e andando num gramado que evocava a antiga tela inicial do sistema operacional Windows. Ao fundo, tocava o cafona “Bolero de Ravel”. Como narrador, Chico Buarque. Era uma alegoria da “esperança” de que tanto o petista falava naquela campanha. O conjunto era de uma breguice sem tamanho, mas funcionou. Lula suavizou sua imagem perante as mulheres naquela campanha eleitoral. Não ganhou no 1º turno, mas foi eleito logo depois.

Outro comercial de 2002 mostrava um jovem que representava alguém pobre e que falava sobre a necessidade de ter “oportunidade”. Era mais uma peça emocionante criada por Duda Mendonça.

Para surpresa de e ninguém, Lula repetiu em 2022 exatamente a mesma fórmula que o levou ao Planalto duas vezes. Teve incontáveis regravações do jingle “Lula lá” (de novo com imagens de Chico Buarque) e depoimentos emocionados de eleitores em suas propagandas. E Bolsonaro? O que teve de emoção em sua campanha? Qual foi o comercial bolsonarista memorável nos últimos 3 meses? Pois é. É difícil lembrar.

Eleição, ensinava Duda Mendonça, ganha-se com um binômio muito simples: emoção e esperança.

Os comerciais negativos também fazem parte de qualquer campanha. Lula criticou Bolsonaro. E Bolsonaro criticou Lula. Mas não há na literatura política casos em que um político vença sempre apenas partindo para cima do adversário. Sem vender esperança e estimular alguma emoção, as coisas não andam. Não andaram para Bolsonaro.

Em 2018, xingar os adversários foi o discurso possível –ainda que há 4 anos Bolsonaro representasse, ainda que de maneira inadvertida, uma espécie de esperança de limpar a política. Bolsonaro achou que aquele ambiente de 2018 sobreviveria para sempre, em estado de criogenia. Mas 2018 era só uma exceção. O presidente não percebeu e por isso sai derrotado agora em 2022.

BÔNUS DE CURIOSIDADES

Para quem gosta de ineditismos e de fatos raros, eis alguns:

9ª eleição presidencial direta consecutiva — a última vez que o Brasil teve 9 disputas seguidas com o voto direto foi em 1926, com a eleição de Washington Luís;

disputa entre presidentes – nunca uma eleição presidencial no Brasil teve um confronto em que os 2 favoritos foram o presidente incumbente (Bolsonaro) e outro que já havia ocupado o cargo por 2 mandatos;

Lula, candidato 7 vezes – o petista foi candidato 7 vezes. Perdeu 3 vezes seguidas (1989, 1994 e 1998), ganhou duas vezes consecutivas (2002 e 2006), foi retirado da disputa (em 2018) por ordem judicial e não chegou ao final como candidato, mas inscreveu-se. Agora foi novamente candidato por ter conseguido no Supremo uma vitória para anular seus processos e levar todos os casos (que não estão prescritos) para outras Instâncias da Justiça. Nunca houve um político no Brasil que tenha disputado tantas vezes o comando do país;

tempo recorde preso – se for eleito, Lula será presidente depois de ter ficado preso 31 dias em 1980 e 580 dias de 2018 a 2020. Nunca o Brasil teve um presidente que havia passado tanto tempo detido;

presidente no cargo e rejeitado – Jair Bolsonaro aparece em todas as pesquisas com cerca de 50% dos eleitores dizendo que não votariam nele de jeito nenhum. No PoderData, a taxa captada em estudo de 3 a 5 de outubro de 2022 era de 46%. Nunca um presidente tentou se reeleger com taxa tão alta de rejeição.

Manifestantes apoiadores do presidente Jair Bolsonaro bloqueiam pelo menos oito pontos de rodovias federais contra a eleição de Lula como novo presidente. A pior situação é na BR-101, em Santa Catarina.

Na região, o motorista enfrenta problemas nos dois sentidos, tanto em direção a Porto Alegre, quanto no de Curitiba. Há bloqueios em Joinville, no km 24, em Palhoça, no km 216 e em Itajaí, no km 116. No sentido Porto Alegre, caminhoneiros também bloqueiam o km 5, em Garuva. Todos os municípios dentro do estado.

A Rodovia Presidente Dutra também tem paralisação por causa de caminhoneiros bolsonaristas. Na via, que liga São Paulo ao Rio de Janeiro, há interdição na altura de Barra Mansa, no km 281, em ambos os sentidos.

No estado de Goiás, são três pontos de paralisações. Em dois trechos na BR-060, km 101, em Anápolis e na BR-153, km 703, em Itumbiara. Todos os locais estão com pistas totalmente interditadas. Outro local é na BR-040, na cidade de Cristalina, no entorno do Distrito Federal.

Por José Adalbertovsky Ribeiro*

MONTANHAS DA JAQUEIRA – Assim falou o cientista político The Gaule ao periodista e escritor Adalbertovsky: A mundiça brasileira é muito séria. E disse mais:

Os principais partidos de oposição, a saber, a TV Globo, Foice de S. Paulo, Wool e institutos de profecias eleitorais, trabalharam (boicotaram) contra o governo de Bolsonaro desde o primeiro dia de 2019. Os artistas desmamados de lei Rouanet, os pelegos desmamados do imposto sindical e a mídia vermelha bateram pesado.

Os homens das leis interferiram no Executivo e governaram mais que o próprio Bolsonaro. Para dar o tiro de misericórdia na véspera da eleição e induzir a opinião pública de modo inescrupuloso, institutos de pesquisas tipo Casas ZezéAraújo, onde quem manda é o freguês, atribuíram vantagem de 8 % a 10 % ao bode rouco. O resultado das urnas: 50,88 Lula e 49,12 % Bolsonaro – diferença de 1,74 %. O nome disso é fraude, manipulação e incompetência.

Se o capitão tivesse ganhado a eleição, seria um milagre. Em resumo, a mundiça brasileira é muito séria.    

A partir de agora o Brazil deve se preparar para voltar à cena do crime e conviver com a censura, acrescentou The Gaule. Aguardem também a censura da Imprensa, apelidada de regulamentação da mídia, a volta do imposto sindical para amamentar os pelegos.  

Alvíssaras, pernambucanas e pernambucanos! Esta capitania da Nova Lusitânia será governada pela primeira vez, desde Dona Brites Albuquerque, de 1554 a 1584, por uma jovem sinhazinha.

Sua excelência Dona Brites era a costela do donatário Duarte Coelho. (Grande reprodutor, ele gerou um enxame de filhos em toda a Capitania, isto a Globo não mostra).

O nome da nova sinhazinha é Raquel Lyra, formosa criatura, filha do sinhozinho João Lyra Neto, por sua vez filho de João Lyra Filho, ambos os três ex-prefeitos de Caruaru, cidade pequena, porém decente.

Mulher dinâmica, feminista e social-democrata, Dona Brites propôs em seu programa de governo conter as insurreições sociais em nossa Capitania da Nova Lusitânia, instalar laboratórios de DNA para fazer o exame de paternidade de filhos enjeitados, garantir a segurança da população, proteger as nossas crianças contra a difusão da ideologia de gênero, combater as fake news, construir unidades de saúde do SUS para atender as camadas mais pobres e implantar Delegacias da Mulher para combater o feminicídio. 

A corrupção era um problema sério na época de Dona Brites. Corruptos e tarados presos em primeira instância poderiam ser capados num cepo em praça pública, sem anestesia.  

A futura nova Brites de Pernambuco é uma jovem formada em Direito pela tradicional Faculdade do largo Treze de Maio e zelosa mãe de família. O avô da sinhazinha, por sinal, era um velhinho muito simpático e benquisto. Dona Raquel irá reinar diante dos baobás da Praça da República.                                             

No Governo de Bolsonaro os pecados da esquerda sempre foram tratados com indulgência. Os pecados do capitão atraíram raios e tempestades. Se sobreviver, será um milagre. Para completar, o capitão costumava praticar o esporte de dar tiros de canhão nos pés. Os xeleléus dele achavam bonito quando ele dizia quando barbaridade. Na realidade, somente quem pode dizer barbaridades e ser aplaudido nesta terra é o bode rouco, por ser politicamente correto.   

Arriba, leitores Magnaneanos, TheGauleanos, pernambucanos, gregos e troianos!

*Periodista e escritor

Raquel captou o sentimento de mudança

Raquel Lyra (PSDB) ganhou a eleição por três motivos: a morte do seu marido no primeiro turno, episódio que gerou comoção, a postura de neutralidade na corrida presidencial, que a deixou como opção entre os eleitores de Lula e Bolsonaro, e, o mais importante: conseguiu passar para o eleitor ser a verdadeira alternativa de mudança, o voto anti-PSB.

Na virada do primeiro para o segundo turno, Marília ganhou o apoio de segmentos do PSB, entre os quais do grupo liderado pelo prefeito do Recife, João Campos. Quem votou nela no primeiro turno apostou no fim da era PSB. O mesmo se deu com quem votou em Anderson Ferreira (PL), Miguel Coelho (UB) e na própria Raquel, ou seja, o eleitor mandou o recado da mudança.

A foto de Marília com João e depois com lideranças do PT, como Humberto Costa e a senadora eleita Teresa Leitão, foram recebidas pelo eleitorado ávido por mudança como traição, sinal de que o PSB, deletado com a não ida de Danilo Cabral ao segundo turno, iria continuar dando as cartas em Pernambuco.

Caiu de graça no colo de Raquel, que assim capitalizou, com maestria e competência, a oportunidade de se transformar no verdadeiro estuário de votos para banir de vez o PSB do poder em Pernambuco.

No primeiro turno, Marília, que liderou as pesquisas em todos momentos da campanha, errou ao não participar de nenhum debate, seja no rádio ou na televisão. Com isso, deu a impressão de ter calçado sapato alto, nariz empinado, o que, com certeza, pode ter lhe subtraído mais votos do que supunha.

Por fim, Raquel, no enfrentamento com Marília nos debates, teve mais domínio técnico quando tratou de questões administrativas, mesmo sofrendo constrangimentos no campo político quando tratou de explicar sua neutralidade política na disputa presidencial.

Desafio da unidade – No pronunciamento após o resultado da eleição, ontem, a governadora eleita Raquel Lyra (PSDB) voltou a bater na mesma tecla da sua campanha: o discurso da unidade. Foi assim que o ex-governador Eduardo Campos conseguiu sucesso em sua gestão, indo buscar para o seu lado as forças políticas derrotadas com Jarbas Vasconcelos, que, com o tempo, acabou se alinhando ao palanque do líder socialista, permitindo a Eduardo materializar o sonho da bandeira branca no Estado.

A guerreira Priscila – Se há alguém que se revelou um Golias de saia nesta vitória de Raquel atende pelo nome de Priscila Krause, vice-governadora eleita. Quando ela abraçou o projeto da tucana, os pessimistas disseram que havia trocado uma reeleição certa na Alepe por uma aventura. Política de perfil urbano, Priscila fez Raquel, mais popular no Agreste, ficar conhecida pelos pernambucanos no Grande Recife, onde se concentra mais de 40% do eleitorado. Em nenhum momento titubeou, nem mesmo quando Marília Arraes surgiu como fato novo e retirou de Raquel a liderança nas pesquisas no primeiro turno.

Laço histórico – O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi muito amigo do ex-deputado Fernando Lyra, já falecido, tio da governadora eleita Raquel Lyra. Também tem boa relação com o pai dela, o ex-governador João Lyra Neto. A tucana, portanto, não terá nenhuma dificuldade em construir uma ponte direta com Lula, a partir da sua posse em janeiro, mesmo tendo assumido uma posição de neutralidade na disputa presidencial.

Fala de Marília – Candidata derrotada ao Governo de Pernambuco, Marília Arraes, do Solidariedade, cancelou a coletiva que daria após o resultado oficial, mas divulgou um comunicado reconhecendo a sua derrota. “O Brasil venceu. Com a eleição de Lula iniciamos um novo capítulo na história de nosso País. Me congratulo com o presidente Lula por sua vitória. De minha parte, estou pronta para colaborar com o presidente Lula, mantendo o foco na defesa dos interesses de Pernambuco”, afirmou.

A cereja do bolo – O Nordeste deu, ontem, a vitória a Lula, com uma forte contribuição de Minas, segundo maior colégio eleitoral do País. Desde 89, há uma tradição: quem Minas abraça, ganha eleição. No Nordeste, a cereja do bolo da eleição do petista veio da Bahia, com a mais expressiva votação, chegando a quase três milhões de votos de frente. Ali, além do lulismo, há de se destacar a força do governador Rui Costa, que elegeu também o seu sucessor. Costa, aliás, terá assento no Ministério de Lula.

CURTAS

TRANSIÇÃO – A coordenação da equipe de transição da governadora eleita Raquel Lyra tende a ser a vice-governadora Priscila Krause, com a participação também do deputado federal não reeleito Daniel Coelho e de Rubens Júnior, o coringa da equipe dela quando administrou a Prefeitura de Caruaru.

O PESO DA MÁQUINA – Nas eleições suplementares no Estado, em Pesqueira e Joaquim Nabuco, os prefeitos que estavam no poder, interinamente, se elegeram: Bal de Mimoso (Republicanos) e Charles Batista (Solidariedade), respectivamente. É a chamada força de máquina.

Perguntar não ofende: Bolsonaro passa a faixa presidencial para Lula?