Por João Elias*
(Mateus 12:25)
A quem e para que serve uma nação conflagrada? A história da humanidade está repleta de derrotas avassaladoras de povos que devido a algum tipo de desarmonia interna deram vida a uma divisão tão significativa que se tornaram frágeis, inclusive na capacidade de defesa de suas soberanias e, assim, foram alvos relativamente fáceis para conquista de outros povos.
Em meio a toda sociedade, especialmente as democráticas, cotidianamente, ocorrem discussões, debates e até mesmo desentendimentos sobre pautas diversas, como gestão pública, economia, cultura, religião e política. Não deve haver espanto ou estranheza quanto ao embate de ideias num ambiente democrático, visto que a Democracia permite e sobrevive exatamente da presença ativa e pujante dos diferentes. O direito de expressão dos divergentes e o respeito a esse direito, é exatamente o combustível que faz emergir as propostas para as resoluções dos conflitos e das fragilidades sociais. As discussões são a essência desse regime.
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Estranho e inaceitável é que um indivíduo pela dissonância de ponto de vista, de desejo e até de ativismo, contente-se com o extermínio à aniquilação do diferente. Em caso extremo, ele próprio se torne o algoz. Absurdo!
O Brasil vive momento de desarmonia bem esquisito, não por causa da centralização do debate político-partidário em torno de dois grupos, visto que, nossa história conta ocorrências parecidas, mas o diferencial do presente é que as abordagens no meio dessa polaridade têm sido tão intolerantes, que pessoas sem qualquer outra razão repentinamente, têm apelado até para ações homicidas, como que isso tivesse a força, se traduzisse no caminho adequado para fazer valer sua convicção.
Qualquer pessoa fora dessa histeria coletiva, é consciente de que temos oportunidade do sufrágio a cada quatro anos e, assim sendo, não prevalecendo naquele pleito eletivo um pensamento, uma visão, devido a opção, a escolha da maioria ou da proporcionalidade, existirão no próximo convocatório eleitoral uma nova oportunidade de suas exposições. A esquisitice atual, que tem motivado esses desvairados e insidiosos atos de violência, é a crença – por incrível que pareça, dos dois grupos que exsurgem com mais robustez na disputa presidencial – de que se o outro vencer, as liberdades individuais serão definitivamente extintas. A nação empobrecerá mais do que já é e será escravizada por um regime déspota terrível. Uma visão apocalíptica, de fim de mundo. Nessa crença, estão anulados o Poder Judiciário, e o Congresso Nacional não terá força alguma. As instituições do Estado e as organizações privadas não valerão nada. As regras e os organismos internacionais também não terão força e nem influência. A conclusão é de que o próximo Presidente da República poderá tudo sobre todos – um tirano incontrolável.
Penso que todo esse clima de “terrorismo político” não é fruto único da ignorância, do desconhecimento de nossa organização política, da insuficiência de informações sobre nosso Estado de Direito, pode ser também de uma orquestração, de um plano bem elaborado. Quiçá, até de investimento financeiro, para que o Brasil não tenha paz e nem segurança institucional e jurídica, independentemente de quem saia dessa eleição como vencedor. Obvio que não temos provas, contudo, observando parte do cenário geopolítico internacional que revela nítida e abertamente o conflito de dois vieses de mundo – globalismo e multipolaridade – é mais seguro para o Brasil que nós brasileiros, estejamos unidos para colaborar, no máximo de nossas potencialidades (habilidades e conhecimentos), para um bom trabalho do Presidente da República, independente de quem seja o escolhido pela maioria.
No comparecimento às urnas, depositaremos todas as nossas angústias, discordâncias, revoltas, necessidades, anseios, esperança e fé. Portanto, não precisa faltar com respeito a nenhum outro cidadão brasileiro, pois ele está em situação idêntica a sua e fará exatamente igual a você!
Nosso maior compromisso político deve ser com Brasil, e ele, estando carente da manifesta união de seu povo, cabe a cada brasileiro, o esforço para que isso aconteça o mais breve possível.
*Promotor de Justiça em Timbaúba
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