Lula questiona D’Avila sobre meio ambiente; político do Novo responde 

Ao tomar a palavra, D’Avila defendeu que a retomada do crescimento econômico “depende de uma política ambiental que faça o Brasil ser a primeira nação carbono zero entre as maiores potências do mundo”. Disse que o Brasil “tem potencial para sequestrar 50% do carbono do mundo” ao investir na plantação de árvores. Também disse ser a favor da expansão das energias renováveis, pois o tema do meio ambiente precisa ser tratado com “responsabilidade”. Destacou que o agro brasileiro “sofre” com o desmatamento devido a boicotes internacionais, e ressaltou que o agro do país é o “mais sustentável do mundo”. “O Brasil dará uma lição para o mundo ao sequestrar 50% do carbono do planeta. O Brasil não pode continuar tratando o meio ambiente com descaso”, afirmou.

Em sua resposta, Tebet criticou a gestão de Jair Bolsonaro na pandemia, disse que o presidente “virou as costas para a dor das famílias enlutadas e negou vacina no braço do povo brasileiro”. Citou atraso na compra de vacinas e as famílias destruídas pela covid em decorrência disso. “Não vi o presidente abraçar uma mãe que perdeu o filho”, mas citou que viu caso de suspeita de corrupção no governo na compra de imunizante. Para Tebet, é devido a esse cenário que o SUS enfrenta hoje fila para a realização de exames, cirurgias e consultas. Ela defende “decretar estado de emergência para criar um crédito extraordinário e com isso colocar dinheiro nos municípios e estados, para que cada cirurgia, exame e consulta realizada seja imediatamente pagos”.

O primeiro bloco do debate acabou com uma ligeira vantagem para o presidente Jair Bolsonaro (PL) na disputa direta contra Lula (PT). Ambos foram atingidos por perguntas incômodas e demonstraram contrariedade, mas o petista foi pior na tentativa de tergiversar ao ter o petrolão jogado em seu colo. Não é nada que defina eleição, até porque ninguém teve um desempenho desastroso, mas mostra que a tentativa de Lula de mostrar-se palatável para um eleitor centrista, ensaiada na sua entrevista ao Jornal Nacional na semana passada, pode esbarrar no mesmo antipetismo que ajudou a eleger Bolsonaro em 2018. Não é mais a força dominante, mas pode roubar os pontos que os petistas precisam para tentar matar a fatura no primeiro turno. (Igor Gielow)

Em busca da exposição oferecida pelo debate, os candidatos que buscam um espaço entre Lula (PT) e Jair Bolsonaro (PL) investiram numa retórica de mudança -o que pode representar um foco de desgaste para o presidente.

Uma das declarações mais diretas nessa direção foi feita por Simone Tebet (MDB), logo no primeiro terço do debate. “Precisamos trocar o presidente da República”, disse a senadora, atribuindo a Bolsonaro ameaças à democracia e à independência do Supremo Tribunal Federal. Logo depois, ela também criticou o presidente pela gestão do país na pandemia.

Esse tipo de discurso dificulta os esforços de Bolsonaro para criar, ao longo da campanha, um sentimento de bem-estar entre os eleitores e convencê-los a votar por sua reeleição.

Também se ouviu o mesmo de Ciro Gomes (PDT), que lembrou as declarações do presidente sobre a inexistência de “fome pra valer”. Soraya Thronicke (União Brasil) seguiu uma linha parecida ao falar de saúde: “é uma catástrofe o que o Brasil vive”. (Bruno Boghossian)

O clima esquentou nos bastidores do debate presidencial. Aos gritos, o ex-ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles e o deputado federal André Janones trocaram ofensas e quase foram à vias de fato.

Simone Tebet, presidenciável do MDB, se tornou uma das principais críticas a Jair Bolsonaro no debate.

“Não vi o presidente da República pegar a moto dele e entrar em um hospital para abraçar uma mãe”, disse ela, lembrando sua participação na CPI da Covid e as suspeitas de corrupção em compras de vacinas.

Ela também criticou Bolsonaro ao prometer respeito à Constituição e aos Poderes.

“Temos radicalização e desarmonia em função de termos um presidente que ameaça a democracia a todo o momento, não respeita a impressa livre, a independência do Supremo, do Poder Judiciário e do Legislativo. Precisamos trocar o presidente da República”, disse. (Carolina Linhares e Victoria Azevedo)

Para Ciro, é preciso pensar o tipo de educação que o país oferece e voltou a exaltar o padrão de educação do Ceará. O pedetista disse que o ensino da rede pública “é o da decoreba, sem graça”, logo é necessário mudar esse padrão para o atual, conectado à tecnologia. “Serei o presidente da educação e aquele que vai cuidar do bolso da família pobre brasileira”, garantiu. O pedetista destacou a necessidade de incentivar os professores e também instigar os alunos a pensarem “fora” do atual modelo similar ao do século 19. “Precisamos entender que sem remuneração decente isso não vai acontecer. O piso do magistério brasileiro, em comparação com o mundo, é vergonhoso”.

Ciro Gomes questionou Jair Bolsonaro sobre declaração de Jair Bolsonaro que minimizou os números de brasileiros passando fome. Em sua resposta, o atual chefe do Executivo disse que “cada um interpreta a informação como acha melhor”. Em seguida, criticou a recomendação para fechar comércios durante a pandemia e disse que o país tem “uma das menores inflações do mundo”.

“Estamos investindo na geração de empregos, o nosso PIB está crescendo, fizemos milagre na pandemia, lamentamos as mortes, mas investimos para que empregos não fossem destruídos. Atendemos os mais necessitados. Foi o meu governo que negociou no ano passado passar de média o valor de R$ 199 do Bolsa Família para no mínimo R$ 400; Foi o meu governo que junto ao Parlamento fez diminuir o ICMS dos combustíveis”.

Ainda, Bolsonaro voltou a dizer que manterá o Auxílio Brasil de R$ 600 em 2023 e ressaltou que seu governo “tem um olhar especial para os mais pobres”. “Os mais pobres que passam necessidade, alguns passam fome, sim, mas não nesses números exagerados… Quem está no nível abaixo da pobreza é só se cadastrar para ganhar o Auxílio Brasil de R$ 600. É um governo que tem o olhar especial para os mais pobres”.

“Acho que de vez em quando a gente tem que acreditar que nada acontece por acaso, tinha que ser ele [Bolsonaro] a me perguntar [sobre corrupção]. Isso é importante porque as pessoas precisam saber que inverdades não valem à pena na TV, citar números que são mentirosos também não compensam. É importante citar que não teve nenhum presidente que fez mais investigações para apurar corrupção do que nós fizemos.

Foi nos governos do PT que a Petrobras se tornou o que é, meu governo ficou marcado pela maior política de inclusão social, maior geração de empregos, maior aumento de salário mínimo, maior investimento na agricultura.

O nosso governo foi o que mais fez investimentos na educação, são 18 universidades federais, 422 escolas técnicas que fez uma revolução nesse país. Meu governo deve ser reconhecido por isso. Quando sai da presidência tínhamos 8,5 milhões de pessoas na Universidade. É exatamente isso que é a marca do meu governo. 51 milhões de hectares de terras disponibilizadas para assentamentos de pessoas nesse país.

O menor desmatamento da Amazônia foi feito no meu governo. Foi meu governo que fez acordos com a Noruega e a Alemanha para preservar a Amazônia. Foi meu governo que deu cidadania ao Brasil nas suas relações internacionais, nunca antes em sua história o Brasil foi tão respeitado no mundo. E foi exatamente no meu governo que fizemos com que o país que não tinha fluxo comercial sequer de 100 bilhões de dólares ultrapasse a marca de 500 bilhões de dólares no comércio exterior.

Deixei o país com a economia crescendo a 7,5%. Esse é o país que o atual presidente [Bolsonaro] está destruindo. Portanto, o governo que eu deixei é o que povo tem saudade, e esse país vai voltar a ser assim. 

Em sua resposta, Lula lamentou a falta de informações do MEC sobre a qualidade da educação no país. Conforme o petista, muitos estudantes não conseguiram ter acesso às aulas durante a pandemia e criticou a evasão escolar. Disse que pretende, logo no início de seu governo, se reunir com os governadores para a realização de um pacto contra a guerra e o atraso educacional e econômico enfrentado pelo país. Exaltou seus projetos quando presidente e pontuou que a atual gestão abandonou a educação.

Já Ciro Gomes destacou que o Ceará tem a melhor educação pública do Brasil e que ele ajudou o estado a chegar a esse patamar. Em relação a nível nacional, pontuou que o descuido nessa área parece ser um projeto de governo. O pedetista pediu aos eleitores que leiam suas propostas.