Especialistas dizem que eleição presidencial só deve ser definida no 2º turno

A eleição para a Presidência da República só deve ser definida mesmo no segundo turno, conforme avaliam especialistas ouvidos pelo Correio Braziliense. Dados da pesquisa Datafolha, divulgados na última quinta-feira, reforçam essa tendência. O levantamento apontou estabilidade do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), líder com 47% das intenções de votos, e um leve crescimento do presidente Jair Bolsonaro (PL), que soma 32%.

Para Glauco Peres da Silva, economista e professor do Departamento de Ciência Política da Universidade de São Paulo, a tendência é de que Lula atingiu o teto, que é bastante alto e torna difícil um avanço maior do ex-presidente. Já Bolsonaro tem algum espaço de crescimento — conforme o especialista —, em especial após o pacote de bondades na área econômica, com a redução dos combustíveis e o Auxílio Brasil turbinado, de R$ 600.

Silva destacou que um índice decisivo para avaliar a possibilidade de crescimento dos candidatos é o de rejeição. No caso de Lula, o indicador vem crescendo: em abril, o petista tinha 33% de rejeição, já no último levantamento, cresceu além da margem de erro para 37% do eleitorado. Bolsonaro, por sua vez, melhorou nesse aspecto: passou de 54% em abril para 51% na pesquisa mais recente.

O sociólogo e diretor do Instituto Opinião, Arilton Freres, também destacou que a atual campanha se define mais pela redução da rejeição. Segundo ele, Bolsonaro, apesar de ter melhorado nesse tema, só reverteria o quadro, nesse ritmo, se as eleições fossem em 2023.

Freres apontou que os últimos levantamentos trazem o reflexo da redução do preço da gasolina, com a melhora do desempenho de Bolsonaro, em especial no público que ganha de dois a cinco salários mínimos, uma parcela da população que deve incluir motoristas de aplicativos, entregadores e demais trabalhadores que utilizam o carro como transporte e estavam bastante pressionados pelo preço do combustível. Conforme o especialista, nessa categoria pode-se aferir que uma parte do eleitorado migrou de Lula para Bolsonaro.

Já em relação ao Auxílio Brasil turbinado, que atinge outro eleitorado mais fiel ao ex-presidente, a medida ainda não se refletiu nos levantamentos, o que só deve acontecer a partir do fim deste mês.

Para Freres, o candidato do PDT, Ciro Gomes — terceiro colocado na pesquisa, com 7% —, aposta em um discurso racional, o que nem sempre combina com o perfil dele. Portanto, o eleitor dele, que refuta Lula e Bolsonaro, pode migrar para a candidata Simone Tebet (MDB), que tem um discurso racional e um leque de alianças maior. Já Glauco Silva acredita que Ciro também pode perder eleitores para Lula e Bolsonaro, no chamado voto útil, o que deve se intensificar na reta final da campanha. Segundo o instituto, entre os eleitores do petista, 83% se declaram decididos, enquanto entre os do chefe do Executivo esse índice chega aos 80%. Já no eleitorado de Ciro, 63% declaram que ainda podem mudar o voto.

Domínios

Bolsonaro, que tem grande aceitação entre o público evangélico — 49%, contra 32% de Lula, segundo o Datafolha —, aposta na consolidação desse eleitorado. A entrada da primeira-dama Michelle na campanha e a circulação de fake news sobre o petista fechar igrejas, caso seja eleito, têm impulsionado o presidente. Na avaliação de Glauco Silva, as notícias falsas devem ter novamente um peso forte na disputa. “A mentira sempre houve na política, mas hoje (com a internet), ela toma uma proporção inimaginável”, frisou.

Lula, por sua vez, domina no Nordeste: tem 57% das intenções de voto, contra 24% de Bolsonaro. Segundo Freres, a posição do petista na região não deve se alterar significativamente. Ele destacou que os nordestinos se identificam com o candidato e lembram do crescimento da região nas gestões do ex-presidente.

Os QGs de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL) adotaram estratégias diferentes para o horário eleitoral. A campanha do petista busca usar o espaço para se aproximar dos evangélicos, enquanto a de Jair Bolsonaro aposta em relembrar o passado de Lula.

A ideia dos aliados de Lula é evitar uma “guerra santa” e discutir “condição de vida”, segundo apurou a analista da CNN Thais Arbex.

Pesquisa Datafolha divulgada na última quinta-feira mostrou que, nesse grupo religioso, Bolsonaro saltou de 43% para 49% das intenções de voto no último mês, enquanto o petista flutuou negativamente de 33% para 32%.

O PT pretende usar a campanha eleitoral para falar sobre fome, desemprego, poder de compra, saúde e educação. A avaliação dentro da cúpula da campanha é a de que parte significativa do eleitor evangélico está concentrado nas classes mais baixas da sociedade e que, a partir desse cenário, é preciso evitar “cascas de banana”.

A equipe de Bolsonaro, por outro lado, deve usar o espaço para relembrar o passado de Lula. Em busca da reeleição, o QG do presidente deve apostar no antipetismo para diminuir a diferença entre ele e Lula nas pesquisas de intenção de voto, conforme informou o analista da CNN Kenzô Machida.

A ideia é fazer referência a figuras como Delúbio Soares, José Dirceu e João Vaccari Neto. Segundo aliados do atual presidente, se Lula for reeleito, terá esses nomes ao seu lado mais uma vez.

A avaliação do entorno do presidente é que o antipetismo é mais forte que o antibolsonarismo. “Há quem não goste de Bolsonaro? Sim. Mas não existirá um antibolsonarismo. Já o antipetismo sempre existiu e nunca vai acabar. Antibolsonaro é alergia. Antipetismo é epidemia”, disse Ciro Nogueira no Twitter na quinta-feira (18).

Em medições internas, os dados mostram que, hoje, o presidente estaria à frente de Lula em São Paulo e Rio de Janeiro. O esforço, agora, é para conquistar o eleitor de Minas Gerais. Historicamente, o candidato que vence neste último estado sai vitorioso da disputa presidencial. O presidente começou sua campanha eleitoral em Juiz de Fora (MG) na última terça-feira (16). Ontem, voltou ao estado para a inauguração do TRF-6.

Desde que teve início o período oficial de campanha, que o deputado estadual Antonio Coelho, que busca sua primeira reeleição para a Assembleia Legislativa de Pernambuco, vem cumprindo uma agenda intensa por todos os cantos de Petrolina. Majoritário no município na eleição de 2018, o candidato do União Brasil tem trabalhado para ampliar a votação na sua terra natal.

Nas conversas com os mais variados segmentos, o deputado também tem ouvido da população os próximos desafios a serem enfrentados. A dificuldade de empreender no estado é uma delas, bem como os problemas de abastecimento d’água e de saneamento básico devido ao péssimo serviço prestado pela Compesa em Petrolina e todo o Pernambuco.

“A caminhada está só começando e vamos seguir levando a nossa mensagem a todos os cantos da nossa cidade, renovando o diálogo com cada cidadão, falando do trabalho realizado e do que ainda vamos realizar por Petrolina e por Pernambuco”, sublinhou o deputado.

Nomes importantes do PT que protagonizaram escândalos de corrupção trabalham para voltar à cena na esteira da candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva ao Palácio do Planalto. Os ex-governadores Agnelo Queiroz (Distrito Federal) e Fernando Pimentel (Minas Gerais) vão concorrer à Câmara dos Deputados, enquanto o ex-presidente da Petrobras José Sérgio Gabrielli já atua como um dos colaboradores para a área de energia da campanha do petista.

Assim como Lula, os aliados enfrentaram investigações que se arrastaram por anos e, agora, são vistos pelo partido como peças estratégicas para um eventual futuro governo. O próprio ex-presidente conclamou antigos aliados, como Pimentel e Agnelo, a disputarem cadeiras no Congresso. A ideia é contar com políticos experientes para formar uma base capaz de garantir a governabilidade. Gabrielli, por sua vez, já entrou em ação, contribuindo com a elaboração de propostas. As informações são do O Globo.

Nesta semana, Pimentel foi absolvido de uma das ações originárias da Operação Acrônimo, que o investigou por suspeitas de corrupção durante o período em que ele foi ministro de Dilma Rousseff. No mesmo dia em que obteve a vitória na Justiça, o ex-governador participou do primeiro grande ato de campanha de Lula, em Belo Horizonte.

Antes, Pimentel já havia sido inocentado em três ações na Justiça Eleitoral de Minas Gerais, assim como teve uma denúncia rejeitada na Justiça Federal, todas decorrentes da investigação conduzida pela Polícia Federal entre 2015 e 2016. O ex-governador foi acusado de receber propina em mais de uma delação premiada, entre elas uma firmada por um amigo seu, Benedito Rodrigues de Oliveira. Ele disse que ambos integravam um esquema de corrupção. Pimentel ainda é réu numa outra ação em curso.

A situação de Agnelo é mais delicada. Ele foi condenado por improbidade administrativa e pode ser enquadrado pela Lei da Ficha Limpa, o que o impediria de concorrer. O processo foi aberto após o petista ter inaugurado um centro administrativo, no último dia de seu governo, que nunca foi ocupado. A Procuradoria Regional Eleitoral no DF já pediu a impugnação da candidatura de Agnelo. A defesa, porém, pediu mais tempo para que a Justiça Eleitoral avaliasse o caso, sob argumento de que houve uma alteração da lei de improbidade, aprovada pelo Congresso. Além disso, na quinta-feira, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu que a mudança na legislação pode beneficiar réus em ações instauradas antes da alteração, a depender do caso. Cada processo deve ser analisado individualmente, contudo.

Elogios do chefe

Já Gabrielli enfrentou problemas na esfera administrativa. Ele foi condenado pelo Tribunal de Contas da União (TCU) por prejuízos provocados à Petrobras na compra da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos, mas tem recebido apoio de Lula, inclusive durante atos públicos. Procurada, a defesa do ex-presidente da Petrobras disse ao GLOBO que ele sofre perseguição e que jamais foi denunciado criminalmente em qualquer instância ou tribunal. Já Pimentel diz que é inocente de todas as acusações. O ex-governador acrescentou que, “neste cenário”, foi “convocado por Lula para concorrer a uma vaga de deputado federal por Minas Gerais” e que sua experiência será importante “no futuro governo Lula”. Agnelo não retornou aos contatos.

Um pedido do ex-presidente Lula para obrigar o presidente Jair Bolsonaro a deletar do Twitter postagens em que o petista e seu partido são associados a organização criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC) foi negado, hoje.

A decisão é da ministra do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Maria Claudia Bucchianeri. A medida segue o mesmo entendimento do Ministério Público Eleitoral. As informações são da Agência Brasil.

O pedido tinha como base uma postagem em que Bolsonaro usa um vídeo de uma reportagem de TV que traz o áudio de uma interceptação telefônica da Polícia Federal na Operação Cravada. Nela, um líder da facção diz que o PT tinha com eles um “diálogo cabuloso”.

Ao justificar a decisão, Bucchianeri ressalta que o conteúdo do áudio apresentado na reportagem não foi analisado:

“Sem exercer qualquer juízo de valor sobre o conteúdo da conversa interceptada, se verdadeira ou não, o fato é o de que a interceptação telefônica trazida na matéria jornalística compartilhada e comentada pelo representado é real, ocorreu no contexto de determinada operação coordenada pela Polícia Federal, de sorte que a gravação respectiva é autêntica, o que não implica, volto a dizer, qualquer análise de mérito sobre a procedência, ou não, daquilo o quanto dito pelas pessoas cujas conversas estavam sendo monitoradas”.

A ministra avalia que a interceptação traz fatos que não foram “gravemente descontextualizados, manipulados ou editados” portanto, não configuram propaganda antecipada negativa e desinformativa.

Maria Claudia Bucchianeri também negou o pedido do Partido dos Trabalhadores para que Bolsonaro fosse multado e proibido de fazer postagens com teor semelhante. A campanha do ex-presidente da República deve recorrer da decisão ao plenário da Corte Eleitoral.

O PSB comemora seu maior tempo de propaganda eleitoral para a chapa majoritária, fruto das alianças com os demais partidos. No entanto, a sigla não terá a mesma sorte para as chapas para deputado estadual e federal. Isso porque, como acabaram as coligações proporcionais, o cálculo foi distribuído por partido ou federação. Assim, os socialistas terão apenas a oitava maior presença na propaganda eleitoral para os candidatos à Câmara Federal e a sétima para a Assembleia Legislativa de Pernambuco.

Na chapa de deputado estadual, o PSB terá 43 segundos na propaganda de rádio e televisão. O União Brasil lidera com 1 minuto e 43 segundos. Outras siglas da Frente Popular terão mais tempo que os socialistas, como a federação PT/PCdoB/PV, com 1 minuto e 29 segundos; o PP, com 50 segundos. Outras chapas com mais tempo são a da federação PSDB/Cidadania (49 segundos), PSD (46 segundos) e PL (44 segundos).

O cenário se repete para a Câmara Federal. Os socialistas terão 47 segundos na programação. O União Brasil novamente terá o maior tempo, com 1 minuto e 53 segundos, enquanto a federação do PT terá 1 minuto e 38 segundos. Na sequência, vêm PP (55 segundos), PSDB/Cidadania (54 segundos) e PSD (51 segundos). O MDB, aliado dos socialistas e que não montou chapa estadual, terá 50 segundos para os candidatos a deputado federal. O PL ainda terá 48 segundos, um a mais que o PSB.

Liderando uma coligação formada por oito partidos – PSB, PT, PDT, MDB, PCdoB, PV, Republicanos e PP – o candidato da Frente Popular de Pernambuco, Danilo Cabral, vai ter o maior tempo de guia eleitoral na televisão e rádio nesta eleição e quase a metade do total de inserções na mídia. A campanha de Danilo terá 4 minutos e 22 segundos, que vai ao ar a partir da próxima sexta-feira (26), em todas as emissoras de rádio e TV do estado. Das 975 inserções, o socialista terá à disposição 428 filmes para serem exibidos nos veículos de comunicação. As informações foram divulgadas, hoje, pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE).

Em Pesqueira, o Cacique Marquinhos, prefeito eleito em 2020 e impedido de tomar posse por decisão da Justiça Eleitoral, escolheu para ser seu candidato na eleição suplementar que acontecerá junto com o segundo turno (por determinação do TRE-PE), em 30 de outubro, o prefeito interino Bal de Mimoso (Republicanos).

O que se questiona na cidade, contudo, é como o Cacique com história de luta e de ideias progressistas vai apresentar como candidato a população um nome que além de ser bolsonarista, quase não se elegeu vereador em 2020. Bal de Mimoso ficou no rabo da gata e foi o último do partido a ser eleito em 2020. Seu partido, o Republicanos, elegeu cinco vereadores há dois anos, a maior bancada na Câmara de Vereadores de Pesqueira.

“Como o Cacique vai para rua pedir voto pra Lula (PT) num possível segundo turno se seu candidato a prefeito apoia Bolsonaro?”, questiona uma fonte sob reserva ao Blog.

Além disso, nos bastidores, circulam conversas de que o ex-vereador Paulo Campos, que foi candidato a vice na chapa do Cacique em 2020, estaria sendo rifado pelo “ungido” Bal de Mimoso. Paulo Campos, inclusive, já declarou apoio a Anderson Ferreira (PL) para o Governado de Pernambuco e André Ferreira para Deputado Federal, tendo também já se lançado como postulante na eleição suplementar de Pesqueira, em outubro.

Quem deve estar adorando toda essa situação é a ex-prefeita de Pesqueira, Maria José (União Brasil), que já está em plena campanha pelo lugar que perdeu para o Cacique Marquinhos, em 2020.

O núcleo duro do Centrão estima que poderá eleger até metade da Câmara na próxima legislatura. PL, Progressistas e Republicanos lançaram 1.521 candidatos, quantidade três vezes maior do que o contingente que disputou a eleição quatro anos atrás pelas legendas. Hoje, esses partidos detêm 179 das 513 cadeiras da Casa.

O Centrão, que comanda a Câmara, com Arthur Lira (Progressistas-AL), e tem o presidente da República, Jair Bolsonaro (PL), como candidato, conta com recursos do orçamento secreto, que garantem obras de grande apelo eleitoral, para o seu plano de controlar o próximo Congresso. Os políticos do grupo se apresentam como de direita, defendem a família, a pauta de costumes e o liberalismo na economia. De acordo com pesquisas, o eleitorado tem se identificado mais com partidos de direita. As informações são do Estadão.

O número de candidatos representa 14,8% de todos os políticos que disputam uma cadeira de deputado federal por 32 partidos neste ano. Em 2018, PL, Progressistas e Republicanos apresentaram 574 nomes para concorrer à Câmara, 6,7% dos 8.588 candidatos. Elegeram 101. A esquerda lançou nesta eleição 1.260 candidatos pelo PT, PSB e Pros, siglas que apoiam a candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na disputa presidencial.

A cientista política Graziella Testa, professora da Fundação Getulio Vargas, disse que o Centrão deixou de ser apenas um bloco de partidos para se tornar um “estilo” de fazer política. “Refere-se mais a um comportamento. Em alguns partidos, isso é mais claro. É o parlamentar que tem mais preocupação em estar próximo ao recurso e em levar benesses para a região do que com ação programática ou ideológica. E sobre as benesses podemos pensar também em um parlamentar bem-intencionado, mas que atua de forma pouco republicana. A função do parlamentar não é essa, formalmente”, afirmou.

Os políticos do Centrão não gostam do rótulo, que classificam como pejorativo. O bloco surgiu na Assembleia Constituinte sob a alcunha de “Centro Democrático”, como reivindicam ser chamados ainda hoje. O propósito, na ocasião, era conter avanços da “ala progressista” do plenário.

Uma das principais característica de um político do Centrão é o fisiologismo. Costumam votar em troca de cargos no governo e recursos federais. E quando há pressão popular mudam de lado sem constrangimentos. No impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), vários políticos do grupo foram à sua residência garantir apoio. Saíram de lá e votaram pelo afastamento.

Os maiores escândalos recentes no País envolveram políticos do Centrão. O Progressistas, do ministro-chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira, foi um dos principais alvos nas investigações do esquema do mensalão, durante o governo Lula em 2005, e também da Operação Lava Jato sobre corrupção na Petrobras, na gestão de Dilma em 2014.

O presidente da Câmara vê injustiça nas críticas ao bloco. “O Centrão que eu faço parte não achincalha, não exige, não faz o toma lá, dá cá. O que fizemos nesses últimos dois anos foi retomar as prerrogativas do Executivo”, disse em encontro com empresários, nesta sexta-feira, 19. Ao Estadão, ele já declarou que se não fosse o Centrão, as principais pautas econômicas do País não teriam avançado, como a independência do Banco Central e a reforma da Previdência, ambas aprovadas no governo Bolsonaro.

Lira consolidou um poder inédito sobre o Orçamento e a agenda do Legislativo. Passa por ele o rateio de R$ 16,5 bilhões do orçamento secreto. Ele criou até uma “sala vip” na Câmara para atender a pedidos de emendas com indicação de recursos para bases eleitorais, especialmente aos aliados do Palácio do Planalto.

Para analistas políticos, a explosão de candidaturas do Centrão está ligada à expectativa de usufruir do poder que esses partidos passaram a desfrutar sob Bolsonaro. Se o plano de eleger metade da Câmara vingar, terão influência para pressionar qualquer que seja o presidente eleito.

“O Centrão continuará com papel estratégico. Com Lula, terá negociação e uma parte do PL pode rachar. PP e Republicanos continuariam fechados, mas com maioria numa coalizão com Lula. Caso Bolsonaro vença a eleição, eles continuarão tendo controle do Congresso e em particular do orçamento secreto”, avaliou Adriano Oliveira, professor da Universidade Federal de Pernambuco e estrategista da consultoria Cenário Inteligência.

O crescimento do Centrão na Câmara é dado como certo tanto por políticos como pelos analistas. A dúvida repousa sobre o papel e a coesão do grupo em caso de vitória de Lula. No diagnóstico do vice-líder do PP, deputado José Nelto (GO), todo governo vai precisar do Centrão, mas o poder do grupo depende de quem será eleito.

“Todo presidente precisa de maioria. Lula pode construir dividindo ou conquistando o grupo. Vai depender da situação política dele. Se Bolsonaro ganhar, (o Centrão) continua forte. Esse grupo precisa ter responsabilidade, não furar o teto de gastos, ter projeto de distribuição de renda e não deixar ninguém para trás no social”, disse.

A relação de Bolsonaro com o Centrão foi convenientemente alterada ao longo dos últimos anos. Ele mesmo foi integrante do Progressistas por muito tempo. Na campanha de 2018, no entanto, prometeu acabar com a “velha política” e com a distribuição de cargos. Chegou a se referir ao grupo como “escória” e como “o que há de pior no Brasil”. Um de seus auxiliares mais fiéis, general Augusto Heleno, comparou membros do grupo a ladrões ao deixar escapar um “se gritar pega Centrão, não fica um, meu irmão”. Para garantir o apoio do Congresso e se livrar de mais de cem pedidos de processos de impeachment, Bolsonaro abraçou Lira e passou a se reconhecer como alguém oriundo desse bloco.

“Eu sou do Centrão. Eu fui do PP metade do meu tempo. Fui do PTB, fui do então PFL. No passado, integrei siglas que foram extintas, como PRB”, admitiu Bolsonaro numa entrevista em julho do ano passado. Na quinta-feira, o presidente foi ironizado por um youtuber, que o chamou de “tchutchuca do Centrão”.

A candidata ao Governo de Pernambuco pelo Solidariedade, Marília Arraes, iniciou este sábado de campanha no município de Salgueiro, no Sertão Central do Estado. Acompanhada de André de Paula, candidato ao Senado, e do candidato a vice-governador, Sebastião Oliveira, visitou a feira de Salgueiro.

“Começamos o dia de maneira muito especial, afinal, tenho uma relação muito próxima com a cidade. Sentir o carinho da população daqui é muito importante para nós”, afirma Marília.

Na parte da tarde, já em Terra Nova, a candidata reuniu centenas de veículos para sair em comitiva pelas ruas da cidade. “Estar aqui hoje me deixou muito feliz. A recepção que tive de vocês foi incrível”, afirmou Marília, em seu pronunciamento.

Apoio – Na passagem pelo Sertão, Marília recebeu o apoio do vice-prefeito de Orocó, Binho de Seu Tonho.