Sobre a democracia

Por Márcio de Freitas*

A civilização ocidental tem a democracia como valor comum que lhe dá certa identidade. Ela é atributo essencial a um conjunto de países que ergueram instituições semelhantes para seu autogoverno. Essa instituição ganhou lastro principalmente após a Segunda Guerra Mundial. Se tornou, com o tempo, inegociável porque estruturou o poder na alternância de governos pelo voto direto, com grupos que ascendem para atender compromissos com a maioria, e que caem quando não cumprem o contrato eleitoral – abrindo espaço a novas administrações e novos líderes.

Foi isso que nos seus primórdios encantou o viajante francês Alexis de Tocqueville na jovem democracia dos Estados Unidos. “O povo nomeia diretamente seus representantes e os escolhe em geral todos os anos, a fim de mantê-los mais ou menos em sua dependência”, descreveu Tocqueville. A chave está neste ponto: os governantes dependem do povo, e não o contrário.

A democracia não é inquestionável. Pelo contrário: aceita críticas, ataques, dúvidas, movimentos sociais e manifestações contestatórias. Somente regimes autoritários impedem e cerceiam esse tipo de ação. A democracia tolera até ser colocada em dúvida – sem que jamais haja um cheque-mate. Afinal, como disse Winston Churchill, pode ser o pior regime, exceto tudo o mais conhecido pelo homem até nossos dias.

O Brasil recuperou sua democracia em 1985, depois de 21 anos de exceção. Como marco, o país redigiu longa carta de direitos para ser sua Constituição, em 1988. Os escombros econômicos e sociais do regime militar passaram a ser vistos como uma maldição, e a democracia justificou a nova abertura onde a palavra censurada por anos ganhou nova dimensão na política e no uso cotidiano da imprensa. E muitos abusos foram cometidos em nome da nova liberdade. Ainda o são. Para repará-los, existe a lei.

Depois de anos de hegemonia da direita de 1964 a 1985, os tons e sobretons esquerdistas voltaram à moda, com a Anistia que trouxe de volta sotaques contrastantes como de Leonel Brizola e Miguel Arraes, ou a sumária postura contemporânea de Fernando Gabeira. E apesar do tropeço de 1989, logo Fernando Henrique Cardoso e Lula passaram a mostrar que o país podia ter um professor universitário ou um torneiro mecânico no poder.

Era uma visão de modernidade social inaudita para alguns, um luxo. Escândalos de corrupção posteriores foram tirando os tons róseos da nova república. Velhos preconceitos foram sendo reciclados, e a direita se organizou pela falta de entregas de resultados econômicos tangíveis de um lado, pela mudança do regramento moral de outro. Buscou nos esteios do regime militar alguma formulação para dar ao novo ciclo um embasamento histórico. E isso no período da busca pelo espaço das minorias, um fator novo de conflito nas relações sociais a afetar um país ainda colonial na distribuição de conhecimento e riqueza entre a casa grande e a senzala. Houve, claro, reações de grupos religiosos e conversadores de várias frentes.

O amplo território brasileiro comporta muitas diferenças, tanto econômicas quanto sociais, e geográficas. O Sul e o Nordeste refletem isso em política, como opostos. E vêm manifestando esse antagonismo na distribuição das intenções de voto na eleição presidencial, nos últimos anos – e também nesta.

O que mitiga e evita conflito social maior nas democracias, que não ocorrem em regimes totalitários, é a necessidade do governante manter a maioria, mas também a possibilidade das minorias voltarem ao poder se construírem consensos com grupos distintos para conquistar o poder. Por isso, programas inclusivos, até mesmo para aqueles que não o elegeram, são colocados em prática por governos continuístas. A inclusão social promovida por Luiz Inácio Lula da Silva é um dos trunfos que o mantém até hoje em evidência nas atuais pesquisas ao Palácio do Planalto. E é por isso que o presidente Jair Bolsonaro busca turbinar programas com outras nomenclaturas em busca da continuidade. Mesmo antípodas podem convergir em busca do voto, e ganha o povo.

A ambos a democracia tange por causa do eleitor. E somente a ela podem eles se fiar para vencer. Mais ainda para governar. As recentes manifestações de empresários, intelectuais, banqueiros, funcionários públicos e da mídia mostram que, ao contrário de 1964, não há força pedindo canhões na rua ou guerrilhas nos campos. Nem à direita, nem à esquerda.

A força que move hoje o Brasil é a da democracia, que anseia por uma paz organizada para que o país recupere o tempo perdido em conflitos estéreis. Não interessa estigmatizar verde-oliva, o vermelho, militares e civis. E isso porque está inscrito na Constituição: “Todo poder emana do povo”.

*Analista político da FSB Comunicação

*Por Manoel Guimarães

Dez anos atrás, eu era escalado para um plantão, no sábado pela manhã, na Folha de Pernambuco. Quem já trabalhou em redação sabe que se trata do dia mais monótono da semana. Até por conta disso, só éramos convocados para situações especiais. E a história nos reservara uma delas.

Naquela matina, nos dirigimos ao bairro do Parnamirim para a inauguração do comitê do então candidato a vereador do Recife, Jarbas Filho. O local e o evento eram um pano de fundo. Estavam ali, no palco, dois ex-rivais políticos que se digladiavam por duas décadas: o então governador Eduardo Campos e o senador e ex-governador Jarbas Vasconcelos, pai do anfitrião. Dois anos antes, Eduardo derrotaria Jarbas em sua reeleição, com quase 3 milhões de votos de diferença.

Jarbas abriu os discursos. Exaltou as qualidades do filho, que enfrentaria as urnas meses depois. Mas logo partiu para o que nós da imprensa estávamos ávidos por ouvir: a reconciliação com Eduardo. Sua volta do “caminho da perdição”, pecha cravada pelo ex-governador Miguel Arraes, avô de Eduardo, com quem Jarbas travara lutas pela democracia e depois pelo controle da política estadual, que descambaram para o campo pessoal.

Eduardo falaria logo depois, mantendo o tom dos discursos históricos. Sem querer querendo, abrira ali uma fratura que nunca sarou: ao se juntar com o PMDB, o PSB passaria a viver às turras com o PT, já que ambos os caciques justificavam a aliança pelos sucessivos erros do PT no Recife. “O PT abusou de errar e deixou o Recife humilhado”, bradava Jarbas, sob a concordância de Eduardo.

Meses antes, o PT implodiu por conta de uma prévia sem vencedor, onde o senador Humberto Costa acabou indicado como candidato a prefeito, mas foi abandonado pelo PSB, que investiu tudo na candidatura de Geraldo Julio. O “caos ideal” que um então presidenciável Eduardo Campos precisava para se diferenciar do PT e buscar espaços para concorrer ao Planalto. Um voo incompleto mudaria os rumos, mas essa é outra história.

Terminados os discursos do evento, os dois viriam juntos para uma entrevista com os repórteres. A pergunta principal era óbvia, e não me furtei a fazê-la: “Senador, o senhor voltou do caminho da perdição?”. Sucederam risos e uma fuga estratégica. Mas era natural. Eduardo e Jarbas não queriam mexer em temas espinhosos. Era tudo muito recente e ainda havia melindres. O tempo ajustaria as coisas para que ambos convivessem bem.

Passada a eleição, Jarbas e Eduardo deram outras demonstrações de que tinham deixado o passado para lá, ou ao menos muito dele. Eles já vinham conversando antes daquele sábado, mas sempre com total discrição. Uma entrevista do senador fazendo elogios ao governador chamaria a atenção. Cumprimentos em baile de Carnaval, visita institucional no Senado e retirada de processos judiciais de um contra o outro foram alguns capítulos daquela novela, que ganharia um desfecho com holofotes naquele sábado.

É uma pena que o contato retomado tenha durado pouco. Eduardo nos deixaria em 2014, no mesmo agosto, mês do aniversário de ambos. Pernambuco desfrutou pouco daquele entendimento. Mas a história seguirá sendo contada.

*Jornalista

Escritor, compositor e médico, Tito Barros lançará, no próximo sábado, o seu terceiro livro, intitulado “Dos Barões aos Coronéis”. O lançamento acontece no Espaço Tabocas, no município de Belo Jardim, a partir das 19h30.

O livro narra como era a política, os costumes e a participação da Igreja Católica em uma cidade do interior do Nordeste, na década de 1910. Possui personagens que, tão bem descritos, saltam aos nossos olhos como se estivessem vivos, tendo diálogos interessantes sobre o jogo do poder, a vida no interior, e a participação e influência do clero.

Encerrou, há pouco, a votação que garantiu ao vereador Bruno Lambreta (PSDB) a reeleição para a presidência da Câmara Municipal de Caruaru. Por unanimidade, ele permanecerá no cargo durante o biênio 2023-2024.

A atuação do prefeito Rodrigo Pinheiro (PSDB) em relação a votação foi bastante elogiada pelos parlamentares. Em mais uma demonstração de habilidade política, ele não interferiu na votação do Legislativo e deixou a escolha para os próprios vereadores. Ao longo da votação, os parlamentares destacaram o diálogo e o emprenho de Bruno ao longo da sua gestão. Os demais integrantes da atual Mesa Diretora também foram reeleitos.

Confira:

  • Presidente: Bruno Lambreta (PSDB)
  • 1ª vice-presidente: Aline Nascimento (Cidadania)
  • 2º vice-presidente: Ricardo Liberato (PSDB)
  • 1º secretário: Leonardo Chaves (PSDB)
  • 2º secretário: Galego de Lajes (MDB)
  • 3º secretário: Mano do Som (UB)
  • 4º secretário: Edmilson do Salgado (PSDB)

*Com informações do Blog Cenário

Amanhã, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, realizará solenidade para entrega da medalha “Ordem do Mérito Médico”, em memória ao jovem médico Vitor Procópio Trindade, que perdeu a vida de forma precoce no exercício da sua profissão.

Victor se formou em Medicina em abril de 2020 e, em março do ano passado, iniciou residência médica em anestesiologia, no Hospital Regional de Taguatinga, em Brasília. Vitor atuava como médico socorrista do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência, o Samu. Ele era filho do jornalista José Maria Trindade, colunista da Jovem Pan e do programa Frente a Frente, ancorado por este blogueiro.

Criada em 1950, a medalha da Ordem do Mérito Médico é indicada aos profissionais que prestaram serviços notáveis ao país. A cerimônia será no Clube do Exército, em Brasília. Além do jovem, serão entregues 52 medalhas a profissionais de saúde.

O abandono animal é uma triste realidade que assola o país. Em Recife, por exemplo, já são mais de 100 mil bichos abandonados pelas ruas. Recentemente, dezenas de gatos foram encontrados mortos às margens do Rio Capibaribe, na Avenida Beira Rio, no bairro da Torre, Zona Norte da cidade. A falta de resposta a esses e outros atentados é uma constante. Pouca gente sabe, mas já existe até um movimento de Gestores Governamentais no Brasil inteiro reunindo-se para lutar pela proteção e bem-estar animal.

Sobre o tema, o gestor governamental pernambucano Cid Bezerra de Menezes propõe que um novo marco legal de proteção aos animais seja criado. “Precisamos urgentemente nos colocar mais em consonância com a garantia dos direitos legitimamente instituídos pelas legislações nacionais e internacionais. Um novo marco legal que represente um novo momento para Pernambuco em relação ao respeito pelos animais”, analisa o gestor.

Na hora da urgência, o dono de um pet descobre qual é o custo para salvar a vida de seu amigo animal. Uma bolsa de sangue, por exemplo, custa cerca de R$ 2 mil reais para um animal de aproximadamente 28 kg. “É um verdadeiro comércio! E quem ama um animal não quer deixa-lo morrer. Eu imagino a dor de quem não pode pagar esse valor, ou até mais. Essa é uma verdadeira questão de humanidade”, destaca. Por esse motivo, Cid sugere entre as propostas de Políticas Públicas termos em mente a criação de um banco de sangue veterinário: o HemoPET Pernambuco, onde os animais doariam sangue para salvar a vida de outros, gratuitamente.

Além do HemoPET, Cid cita também a criação de uma Bolsa de Protetor, além da possibilidade da condução autorizada de animais domésticos em transportes públicos. “Com essa bolsa teríamos a possibilidade de fornecer recursos financeiros para aquelas pessoas que de maneira voluntária já cuidam dos animais de rua da cidade, um auxílio financeiro mensal direcionado aos protetores de animais abandonados ou em situação de vulnerabilidade”, explica.

Bezerra de Menezes analisa também o aspecto emocional de quem pratica a violência contra qualquer ser vivente. “Quem maltrata um animal é alguém que não aprendeu a amar, pois quem convive com eles tem a oportunidade de conhecer o amor incondicional!”, avalia. Cid conclama todas as pessoas que pretendam auxiliar nessa luta a mandar um WhatsApp dando sugestões para o número: (81) 9.9948-6263.

A imagem registra Roberto Magalhães, em 1982, quando foi eleito governador do Estado de Pernambuco, ladeado pelos irmãos Almeida. Valdemar, prefeito de Vertentes, Péricles (Peri), prefeito de Santa Maria do Cambucá, e Almeida Filho (Almeidinha) deputado estadual, que juntos faziam uma grande liderança no agreste. A foto foi enviada pelo leitor Inácio Feitosa Neto. Se você tem uma foto histórica no seu baú e deseja vê-la postada neste quadro, envie agora pelo WhatsApp: (81) 9.8222-4888.

A Frente Popular de Pernambuco sofreu importante baixa hoje. Armando Pimentel, ex-prefeito de Camutanga por quatro mandatos, abandonou o palanque de Danilo Cabral para apoiar Marília Arraes, Sebastião Oliveira e André de Paula, candidata a governadora de Pernambuco, vice-governador e senador, respectivamente.

“Marília, Sebastião e André estão alinhados com a realidade de Pernambuco. Eles acumulam experiência e competência suficientes para vencer os inúmeros desafios que terão pela frente, pois em todas as áreas o nosso estado regrediu e apresenta graves problemas que precisam ser resolvidos urgentemente”, destacou Armando Pimentel, uma das principais lideranças políticas da Mata Norte pernambucana.

Mais uma importante liderança do Agreste decidiu declarar apoio à candidatura de Miguel Coelho ao Governo do Estado. O ex-prefeito de Gravatá, Bruno Martiniano, vai atuar diretamente na campanha do político do União Brasil para construir a mudança em Pernambuco.

A oficialização do apoio ocorreu em uma reunião, hoje, no Recife, em que estiveram também os candidatos a deputado federal Dilson Oliveira e a estadual Édson Vieira. Bruno Martiniano disse que já vinha trabalhando nos bastidores em defesa do nome de Miguel, mas que agora pretende intensificar as movimentações para ampliar as bases em Gravatá.

“Fui a Petrolina, conheço o que ele fez como prefeito. Miguel se tornou uma referência para todo Pernambuco. Nós já tínhamos conversado e acertado essa aliança, agora, vamos avançar para apresentar Miguel ao povo de Gravatá e promover a transformação que nosso povo merece”, disse o ex-prefeito depois da visita a Miguel.

José Bertotti, candidato a deputado estadual pelo PCdoB e ex-secretário de Meio Ambiente de Pernambuco, realiza um encontro virtual com apoiadores e ambientalistas para debater a construção de uma plataforma para o Desenvolvimento Sustentável e a Reforma Urbana. O encontro, via plataforma Zoom, será na próxima segunda-feira, 08/08, às 19 horas. 

“Este encontro será muito valioso, pois vamos contar com pessoas comprometidas que já desenvolvem um trabalho significativo nestas áreas, como Hélvio Pólito, mestre em Desenvolvimento Urbano, Mauro Buarque, especialista em Gestão Ambiental, além do querido Marcio Astrini, executivo do Observatório do Clima. Juntos vamos consolidar uma plataforma de ações concretas e possíveis de serem implementadas”, afirmou Bertotti.