Repercussão da série Marco Maciel
Há muito, desde os tempos de foca (jornalista iniciante), quando acompanhava o dia a dia de Marco Maciel como governador, já nos seus últimos dois anos, na condição de estagiário na Secretaria de Comunicação do Governo do Estado, gostaria de escrever algo mais profundo sobre sua trajetória como homem público.
A vontade aumentou em plena noite de São João quando li um artigo do ex-ministro Gustavo Krause, da escola e linhagem macielista, descrevendo um sonho com o ex-vice-presidente da República. “Tenho sonhado frequentemente com Marco Maciel. Dispenso abordagens científicas e psicanalíticas para interpretar a visão clara que ultrapassa os olhos cerrados pelo sono”, disse.
Leia maisE acrescentou: “A explicação é simples: não é um desejo oculto ou um mecanismo de compensação pelo encantamento do querido amigo: é desejo manifesto da imortalidade. São imagens claras, encontros reais e o som nítido de suas sábias e elegantes palavras. Mas este sonho não se esgota no reencontro que satisfaz e reaviva os sentimentos humanos. Vai muito além”.
Isso me sensibilizou bastante, sobretudo, quando Krause disse: “É um querer Político: a vontade de ver, como disse poeticamente Joel de Holanda: “Sua figura retilínea, homem bom/apoucado de corpo/mas robusto de caráter, contribuindo com seus valores e atuação incansável no Brasil atual, desvairado de modos, ofendido pelos comportamentos que ameaçam a democracia e desviado do rumo de uma nação vocacionada para grandeza”.
Há 34 dias, com o capítulo que dá sequência hoje, disseco no que é possível, com entrevistas, depoimentos, pesquisas, visitas a gente da sua geração, sua família, enfim, a quem possa dar uma contribuição, o personagem que deu forte contribuição ao processo de transição e a consolidação da democracia no Brasil sem uma gota de sangue, apenas pela sua maior arma, o diálogo.
Meu esforço e iniciativa não estão sendo em vão. Tenho recebido dezenas de mensagens de autoridades, políticos, jornalistas, leitores anônimos, cada qual ao seu modo, manifestando emoção. “Estou acompanhando a série Marco Maciel. Fiquei admirado com o seu faro jornalístico e sua escrita envolvente nas narrativas”, escreveu, de Belo Jardim, o médico Tito Barros.
“Tenho tido muito gosto em saborear seus textos sobre Marco Antônio. Para mim, ele está na galeria particular de nomes como Joaquim Nabuco, Dom Pedro II e, talvez, mais três ou quatro cidadãos brasileiros”, escreveu o leitor Luis Ferreira, acrescentando: “Marco Maciel tem que ser estudado, pesquisado e debatido em todos os centros ligados não apenas à política, mas a fé também”.
Reeleito recentemente presidente da OAB em Caruaru, o advogado Fernando Júnior me enviou, ontem, a seguinte mensagem: “Caro Magno, queria parabenizá-lo por essa série que você está fazendo sobre Marco Maciel. Parabéns, de verdade! Um grande serviço prestado à sociedade e à memória desse grande político e homem público que Pernambuco exportou para o Brasil”.
Diálogo como caminho – Ainda sobre o artigo de Gustavo Krause sobre Marco Maciel: “Cidadão Republicano, como se autodefinia, superava as rotulagens e o estreitamento dos “ismos”, Marco estaria trabalhando incansavelmente, como sempre o fez, para apagar o ódio que fomenta a violência; para construir convergências e consensos que aperfeiçoam as instituições democráticas; para demonstrar, pacientemente que o diálogo é o caminho para soluções políticas e duradouras”.

Dilema petista – A direção do PT ainda está em dúvida se mantém a mobilização programada para o 7 de setembro, que normalmente inclui movimentos como o Grito dos Excluídos. Apesar da orientação de Lula a seus seguidores para que não caiam em provocações e não entrem em brigas e atos de violência nas ruas, alguns consideram impossível não haver confrontos no Dia da Pátria — escolhido por Bolsonaro para mais uma manifestação.
Eleição vigiada – As eleições de outubro tendem a ser as mais vigiadas no plano internacional desde a redemocratização, 37 anos atrás. As ameaças de Jair Bolsonaro à democracia e o receio de tumultos insuflados pelo próprio presidente vêm alertando governos e parlamentos na Europa e nas Américas. Nos Estados Unidos há preocupação real de governo, Congresso, investidores e setores da sociedade com o rumo de um processo eleitoral contaminado pela violência política. O assassinato de um dirigente petista em Foz do Iguaçu, por um bolsonarista, elevou temores de instabilidade na América do Sul.
Guerra da soja – O mundo da soja, um dos motores do agronegócio nacional, está em guerra no Mato Grosso desde que o ex-ministro da Agricultura, Neri Geller (PP), e o senador Carlos Fávaro (PSD) anunciaram apoio à candidatura do ex-presidente Lula. A reação bolsonarista foi imediata, liderada por Antônio Galvan (PTB), líder da Aprosoja, que coordenou manifestações contrárias, como a do sindicato rural de Sinop. Geller, deputado federal e ex-ministro da Agricultura de Dilma Rousseff, é ligado a Blairo Maggi, um dos maiores produtores de soja do País, que foi ministro de Michel Temer, mas sempre próximo de Lula.

Longe dos debates – Nem o presidente Jair Bolsonaro e nem o ex-presidente Lula têm participado de sabatinas e entrevistas que começaram a ser feitas com pré-candidatos por órgãos de imprensa. Os debates estão se aproximando — o primeiro é 6 de agosto, na CNN —, e não há definição sobre a participação dos dois líderes da disputa. Bolsonaro disse que não irá. Depois, afirmou que, se Lula for, ele vai. Aliados do presidente, porém, acham difícil sua presença no primeiro turno, onde seria o alvo de todos.
CURTAS
EM POOL – Lula, por sua vez, enviou à Abert carta pedindo que todas as emissoras de TV que marcaram debates se reúnam e acertem reduzir o número desses eventos, realizando-os em pool, preservando a agenda dos candidatos para outras programações nas semanas anteriores às eleições.
RESPOSTA – A Abert respondeu que o assunto não é com ela e o ofício foi remetido às emissoras, que ainda não responderam. Até agora, é grande a possibilidade de “Pantanal” ter como concorrente, no horário nobre, vibrantes debates entre Ciro Gomes (PDT), Simone Tebet (MDB) e Janones (Avante).
Perguntar não ofende: Debates em televisão influenciam no resultado da eleição?
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