Brasil-Japão: O sonho dourado que deu certo

Brasil - Japão

Por Carlos Augusto Carvalho de Vasconcelos*

A visita realizada ao ilustre amigo e diplomata Hiroaki Sano, Cônsul Geral do Japão recém-chegado a Pernambuco, foi, além de uma volta no tempo, um prazer indescritível, uma retrospectiva histórica, artística e cultural de ambos os países amigos, muitas emoções boas o tempo todo, o tempo parou.

As grandes civilizações antigas sempre foram importantes para a modernização do mundo atual, entre elas a do Japão. Por muito e muito tempo esse povo permaneceu isolado do mundo, num conjunto de ilhas/arquipélagos no oceano pacífico, composta por cadeias de montanhas e picos elevados como o imponente monte Fuji, um vulcão adormecido, enfrentando todas as condições adversas da natureza como terremotos, tufões, tsunamis e outros fatores, unificando assim esse povo tenaz e resiliente, tornando-os uma cultura rica e exemplar, desde o período dos clãs feudais, dos Xoguns e consequente nascimento dos guerreiros samurais, lendários por sua honra e fidelidade, depois a formação dos grandes impérios.

Talvez, se os mongóis de Kublai Khan tivessem conseguido invadir as ilhas, como tentaram por duas vezes e naufragaram nas tempestades, o destino do Japão seria outro hoje em dia. Em períodos de paz e isolamentos, ocorreram aperfeiçoamento dos rituais, inclusive o de tomar chá, das artes, lutas, danças, culinária, artesanatos de porcelanas finas e do teatro tiveram grande avanço, difundindo-as em terras distantes no ocidente até em dias atuais.

Enquanto o mundo passava pela revolução industrial, mais uma vez as ilhas passaram por um isolamento de 200 anos, até se renderem as propostas tentadoras americanas, inglesas, alemãs, entre outras de apoio e modernização, como disse certa vez o imperador “Se não podemos derrotá-los, vamos se unir e aprender”.

O Japão sofreu muito com as duas grandes guerras, porém teve sua modernização acelerada. A nação que mais recebeu imigrantes japoneses até hoje foi o Brasil e ainda mantém estreita relação política comercial e de amizade entre esses dois povos distintos. O consulado Japonês no Recife é um ponto estratégico, possui interesse na área da Ciência da Nutrição, em desenvolvimento tecnológico e de intercambio científico-cultural com escolas, centros e universidades japonesas (Saúde, Tecnologias e Engenharias). Eles também gostam de enviar jovens nordestinos para intercambio no Japão, já que o sudeste é bem favorecido, até pela maior população e maior número de descendentes, a seleção possui critérios e é nacional, todas as informações pelo site do consulado disponível nas mídias.

Acredito que o segredo da grande força japonesa esteja na forma simples de viver e enfrentar a vida e, em primeiro lugar, a família, com sua disciplina ímpar, exemplo para o mundo e moral irredutível, “Espíritos guerreiros Samurais”, bem como costumes harmônicos de estilo de vida e educacional. A influência oriental japonesa foi muito forte na minha vida até hoje, principalmente no período em que morei em Ribeirão Preto/SP, muita vivência e aprendizados, amigos inesquecíveis, alguns muitos ligados à natureza, ao cultivo de alimentos, sabedoria milenar.

Aqui no Recife também temos bons amigos descendentes japoneses. A receptividade, reciprocidade e o carinho de vocês são magníficos e, acima de tudo, verdade, sempre a verdade, bem diferente de outros locais que se dizem muito importantes por aí à fora. Aqui, Sr. Hiroaki Sano, você “está em casa”, é nosso amigo, nosso parceiro e meu irmão. Muito obrigado e sempre disponha.    

*Professor da Universidade Federal de Pernambuco e figura pública