Ao longo dos 117 minutos do documentário “Entreatos” aparecem 33 pessoas em torno do personagem principal: Luiz Inácio Lula da Silva. Ele era candidato a presidente em 2002, quando a equipe do cineasta João Moreira Salles gravou as cenas. São registros únicos, exclusivos, de conversas nos bastidores. O então candidato dá declarações elucidativas sobre seu modo de fazer política até hoje.
“Aquele palácio é triste porque o Fernando Henrique nunca jogou bola. Ele não dança. Não bebe um gole”, disse à época o petista em conversa com seu vice, José Alencar, em uma viagem de jatinho. As informações são do Poder360.
Leia mais“Eu devia me mancar e parar de falar. Mas não paro de falar”, comentou, sobre discursos improvisados. Lula também demonstrou preocupação com a possibilidade de “ficar preso a uma agenda totalmente institucionalizada”.
O Poder360 destaca no infográfico a seguir algumas declarações do então candidato:
O filme estreou em 2004. Lula era presidente. Agora, em 2022 o petista é candidato de novo ao Planalto. Só 3 nomes dos 33 que aparecem no filme de duas décadas atrás estão oficialmente na campanha deste ano. Morreram 6 pessoas da lista. Outras 6 deixaram o PT ou se afastaram do presidente.
As 18 restantes estão em uma espécie de limbo: não trabalham na campanha, mas tampouco romperam com Lula ou com o PT.
O infográfico a seguir condensa informações sobre as principais figuras do entorno do então candidato que aparecem no filme. Há mais detalhes no decorrer deste texto.
Aloizio Mercadante e Gilberto Carvalho são os únicos que tinham cargos na campanha de 2002 e têm na de 2022. Luiz Dulci não tem função específica, mas participa das reuniões e recebe missões de Lula.
Mercadante era candidato a senador há 20 anos e um dos coordenadores da campanha de Lula. Eleito, viria a se tornar líder do Governo no Senado. Depois, no governo de Dilma Rousseff (PT), seria ministro de várias pastas. Hoje, sem mandato, é o coordenador do programa de governo.
Gilberto Carvalho cuidava da agenda de 2002. É o que faz também em 2022. Foi chefe de gabinete de Lula durante os 8 anos de Presidência. No 1º mandato de Dilma Rousseff foi secretário-geral da Presidência da República.
Luiz Dulci era articulador político na campanha de 2002. Foi secretário-geral da Presidência da República nos 2 mandatos de Lula. Cuidou da agenda do petista antes do início da campanha de 2022, mas teve de se afastar da função por problemas de saúde. Tem sido designado para missões pontuais e participa de reuniões.
José Dirceu era deputado, presidente do PT e coordenador-geral da campanha em 2002. Tornou-se chefe da Casa Civil no 1º mandato de Lula. Acusado em 2005 de controlar o esquema do Mensalão, deixou o governo e reassumiu o mandato na Câmara. Foi condenado em 2012 no caso do Mensalão e em 2017 pela Lava Jato. Permaneceu preso em vários períodos até ser solto em 2019.
Dirceu ajudou a articular a atual candidatura de Lula nos bastidores. Não participa do cotidiano da campanha. A avaliação é que aproximar as figuras do ex-ministro e do candidato traria prejuízos eleitorais.
6 MORRERAM
A lista inclui algumas das pessoas mais relevantes de 2002:
Marisa Letícia Lula da Silva – mulher de Lula, morreu em 2017;
José Alencar Gomes da Silva – eleito vice-presidente com Lula em 2002 e reeleito em 2006, morreu em 2011, no governo de Dilma Rousseff. O corpo foi velado no Palácio do Planalto com honras de chefe de Estado;
Duda Mendonça – marqueteiro de campanha de 2002, foi acusado em 2005 no Mensalão de ter recebido dinheiro ilegalmente do PT. Foi absolvido em 2012. Em 2016 foi acusado na Lava Jato. Fez delação premiada. Morreu em 2021, distante do PT;
Luiz Gushiken – próximo a Lula, integrava o comitê da campanha. Tornou-se chefe da Secom (Secretaria de Comunicação) em 2003. Em 2006 passou a chefiar o Núcleo de Estudos Estratégicos da Presidência. Deixou o governo antes do fim do 1º mandato de Lula. Morreu em 2011;
Marco Aurélio Garcia – era assessor de assuntos internacionais na campanha. Seguiu com essa função no Planalto nos governos de Lula e Dilma. Morreu em 2017;
Wilson Thimoteo – assessor de imprensa da campanha, morreu em 2003.
6 SE AFASTARAM
Outras 6 pessoas que aparecem no documentário se afastaram. O nome mais vistoso é o de Antonio Palocci. Ele era coordenador do programa de governo em 2002. Foi ministro da Fazenda no 1º mandato de Lula e da Casa Civil no 1º mandato de Dilma. Foi preso em 2016 pela Lava Jato. Em 2017, foi condenado e deixou o PT. A condenação foi anulada em 2021.
O desgaste de Palocci junto a petistas incluiu uma delação premiada do ex-ministro. O então juiz Sergio Moro retirou o sigilo sobre a delação na semana do 1º turno da eleição de 2018. Em 2020, a 2ª Turma do STF decidiu retirar a delação do ex-ministro de ação penal contra o ex-presidente.
No governo Lula, Palocci era indicado como possível sucessor do presidente. Moro é hoje candidato a senador pelo União Brasil do Paraná.
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