Começaram a ser apresentadas e intensificadas, tanto na esfera governamental como em entidades representativas de vários segmentos, as ações de adaptação de trabalhos ao Plano de Ação de Saúde de Belém, elaborado e aprovado durante a COP 30 para ser utilizado pelos países como forma de, por meio de iniciativas diversas, prevenir e combater doenças provocadas pelas mudanças climáticas do planeta.
As ações já fazem parte tanto de projetos do Ministério da Saúde e de organizações diversas como também têm sido objeto de reuniões da Associação Brasileira de Refrigeração, Ar-Condicionado, Ventilação e Aquecimento (ABRAVA) – entidade que desde antes da conferência, divulgou documento se comprometendo a acolher as medidas recomendadas.
Leia maisEdifícios e equipamentos saudáveis
Recentemente, o Ministério da Saúde deu a partida ao anunciar investimento de R$ 9,8 bilhões em ações de adaptação no Sistema Único de Saúde (SUS) ao plano, incluindo a construção de novas unidades de saúde e a aquisição de equipamentos resilientes às mudanças climáticas.
Já a ABRAVA, tem destacado e ampliado esse entendimento sobre a necessidade de transformações de edifícios residenciais, corporativos e, sobretudo, de hospitais e unidades diversas de saúde, em ambientes saudáveis – com aplicação de técnicas que associem climatização, eficiência energética, que melhorem a qualidade do ar interno (QAI) e impeçam a proliferação de doenças.
Não à toa, a Organização das Nações Unidas (ONU) lançou, durante a Climate Week de Nova York, a Global Commission on Healthy Indoor Air – iniciativa, liderada pelo International Well Building Institute (IWBI) e que conta com a participação técnica e institucional da ABRAVA.
Adaptações de hospitais e UBSs
O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, classificou durante entrevista recente a crise climática como um problema de saúde pública e destacou que, em todo mundo, um em cada 12 hospitais paralisa suas atividades por causa de eventos climáticos extremos.
O Ministério da Saúde lançou, em função desta estatística, uma publicação intitulada ‘Guia Nacional de Unidades de Saúde Resilientes’, que orienta sobre a construção e a adaptação de unidades básicas de saúde (UBS), unidades de pronto atendimento (UPA) e hospitais, de forma que as estruturas possam resistir a eventos climáticos.
O documento, segundo a pasta, passa a integrar projetos do Novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC Saúde), com diretrizes sobre estruturas reforçadas, autonomia de energia e água, inteligência predial e padrões de segurança.
Também foi instalado um grupo técnico responsável por detalhar as diretrizes de resiliência, formados por especialistas do próprio ministério, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), da Organização Panamericana da Saúde (Opas) e de conselhos de saúde.
Qualidade do ar interno
A expectativa dos representantes da ABRAVA é que os protocolos de QAI sejam incorporados às diretrizes de resiliência e ajudem a mitigar o problema e melhorar a qualidade do ar interno nos ambientes. Jarbas Barbosa, diretor da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), trouxe dados alarmantes durante a COP30: o calor aumentou 20% desde os anos 1990 e 550 mil pessoas morrem por ano por conta do calor extremo.
As principais implicações das mudanças climáticas e da poluição atmosférica sobre a saúde humana, tanto em nível global como no Brasil, têm sido objeto de atenção perante as instituições mundiais.
Redução de GEEs e eficiência energética
Para Inger Andersen, Diretora Executiva do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) e Subsecretária geral da ONU, o acesso ao resfriamento deve ser tratado como uma infraestrutura essencial, assim como água, energia e saneamento, porque o resfriamento salva vidas e mantém economias, escolas e hospitais funcionando.
O relatório Global Cooling Watch 2025 do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), lançado na COP30, alertou que a demanda global por ar-condicionado pode triplicar até 2050 devido a três fatores: ondas de calor extremo, crescimento populacional e aumento da riqueza global. E este crescimento precisa ser acompanhado.
Para Adalberto Maluf, Secretário Nacional de Meio Ambiente Urbano e Qualidade Ambiental do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima, o Mutirão contra o Calor Extremo vem ajudar e apoiar os prefeitos a compreender, com bons dados e com base na ciência, o que precisam fazer, quais são as medidas e as soluções, o que precisam realizar e como obter financiamento para implementar essas soluções.
E mais uma vez o setor se organiza, por meio da ABRAVA, para garantir que tenhamos no Brasil as soluções adaptadas a nosso clima e nossos padrões. Para Thiago Pietrobon, Diretor de Meio Ambiente da ABRAVA, “garantir acessibilidade ao resfriamento, começa por garantir que equipamentos de baixo impacto e baixo consumo de energia estejam acessíveis. O aumento da eficiência de novos equipamentos em 50% até 2030 é uma meta pública do setor”.
Escolas climatizadas
Cerca de 20 milhões de pessoas, entre estudantes, professores e trabalhadores da educação, estão em salas de aula de escolas sem climatização, tendo que suportar cada vez mais altas ondas calor, consequência das mudanças climáticas, apontou a ministra do Meio Ambiente e da Mudança do Clima (MMA), Marina Silva.
O Ministério da Educação (MEC) já se manifestou sobre a questão da climatização das escolas em relação às mudanças climáticas e apresentou dados e anunciou a construção de uma política nacional para tornar as escolas mais resilientes às ondas de calor e outros impactos climáticos, antes mesmo da COP30. Esta é mais uma área em debate entre os Departamentos Nacionais da ABRAVA.
“Assim como aprendemos a cuidar da água que bebemos e dos alimentos que consumimos, precisamos cuidar também da climatização e do ar que respiramos em ambientes internos. Afinal, já sabemos que o tema é urgente para a saúde pública e para a qualidade de vida das pessoas”, reiterou o engenheiro Leonardo Cozac, presidente da Abrava. Ele também é CEO da Conforlab e comissário da Global Commission on Healthy Indoor Air, iniciativa liderada pelo International WELL Building Institute (IWBI).
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