Aécio Neves sobre eleições de 2014: “Nunca contestei resultado. O Brasil é o país das narrativas”
Por Larissa Rodrigues – repórter do Blog
O deputado federal Aécio Neves (PSDB-MG) afirmou que nunca contestou o resultado das eleições de 2014, quando perdeu a Presidência da República para Dilma Rousseff (PT), em uma das disputas mais acirradas da história política recente brasileira.
Especialistas e observadores da política nacional atribuem à postura de Aécio Neves, depois de ser derrotado nas urnas, o surgimento do Bolsonarismo. Tudo narrativa, segundo ele. “O Brasil é o país das narrativas. Essa narrativa começou com o presidente Lula (PT) e contaminou boa parte dos brasileiros, até muito bem-intencionados”, declarou o parlamentar.
Leia maisAécio Neves foi o entrevistado de ontem (25) do podcast ‘Direto de Brasília’, comandado pelo titular deste Blog em parceria com a Folha de Pernambuco. De acordo o deputado, a “narrativa de contestação não fica de pé em razão dos fatos”.
“Às 20h15 (em 26 de outubro de 2014, dia da eleição), no mesmo instante em que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) comunica que a vitória tinha sido da presidente Dilma, eu telefonei para ela. Essa é uma liturgia que as democracias costumam ter. A cumprimentei pela vitória e disse a ela que o grande desafio que ela teria pela frente era unir o país e que eu estava à disposição para isso”, relatou Neves.
Para ele, não há como um candidato contestar o resultado da eleição e ao mesmo tempo cumprimentar a pessoa vitoriosa. As auditorias nas urnas solicitadas na época foram feitas “em benefício das próprias urnas”, defendeu o parlamentar.
“Existiam dúvidas, como existem em alguns segmentos brasileiros hoje. Pedimos uma auditoria para ver se existia algum mecanismo ou possibilidade de que pudesse haver manipulação. Isso não foi detectado. Na verdade, foram consideradas não auditáveis as urnas. Mas isso foi muito depois do processo de assunção da presidente da República. Eu, como democrata que sou, não só aceitei o resultado como cumprimentei a presidente eleita, ali se encerra a questão eleitoral”, destacou Neves.
Para alguns, no entanto, ao questionar publicamente a legitimidade da vitória de Dilma, com a mencionada auditoria e sugerindo que o pleito poderia ter sido fraudado, Aécio pavimentou o caminho para a desconfiança contínua nas instituições.
Como líder da oposição e principal articulador do PSDB naquela época, onze anos atrás, o deputado também é visto como uma figura com papel crucial no impeachment de Dilma Rousseff, em 2016, porque trabalhou incansavelmente para minar o governo petista, colaborando com a criação de um clima de instabilidade política. O resultado foi o encolhimento do PSDB e à ascensão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Novos tempos – Aécio Neves pretende recolocar o PSDB no centro das grandes decisões políticas brasileiras novamente. Nesta quinta-feira (27), será eleito, por unanimidade, novo presidente do partido, quando sucederá Marconi Perillo. Ele defende que os tucanos ocupem a política de centro do Brasil, se afastando dos grupos extremos, como os campos Lulista e Bolsonarista. “Estamos reconstruindo o PSDB no país inteiro. O PSDB é necessário para o Brasil. Somos um partido programático, quase como uma ilha cercada por partidos programáticos, que qualquer que seja o governo estarão junto dele. Não nos curvamos nem ao bolsonarismo nem ao lulopetismo”, enfatizou.

Desafio – O deputado Aécio Neves ainda lembrou que o PSDB nasceu na adversidade e que, em 1988, membros da sigla fizeram parte da assembleia constituinte. “Todos pertencíamos a partidos de governo em nossos estados e em nível nacional. A grande maioria veio do MDB, para acreditar num sonho, na possibilidade de ter um partido político que fosse claro na defesa do parlamentarismo, da responsabilidade fiscal. Nosso legado é poderoso. O que temos que fazer é juntar pessoas que não estão preocupadas com cargos, com fundo eleitoral, e continuarmos acreditando na possibilidade de fazer um partido com princípios. É para dar voz a essas pessoas que hoje não se sentem representadas nem por um lado nem por outro”, defendeu Neves.
Álvaro Porto tem reunião com Neves – O presidente do PSDB de Pernambuco, deputado Álvaro Porto, que também preside a Assembleia Legislativa do Estado (Alepe), reuniu-se, ontem (25), em Brasília, com o deputado Aécio Neves para tratar de questões relacionadas à preparação da legenda para a disputa eleitoral de 2026. Paulo Abi-Ackel (MG), deputado federal e secretário-geral do PSDB, também participou do encontro. De acordo com Porto, os dirigentes nacionais receberam informações sobre a restruturação do partido em Pernambuco e o processo de formação de chapas para as eleições.
O que disse Álvaro – O presidente da Alepe reafirmou o compromisso de fortalecer o PSDB em Pernambuco. “Conversamos sobre estratégias e atividades partidárias para este e para o próximo ano. Foi uma reunião para apresentar ideias, ouvir sugestões e alinhar posicionamentos da legenda em relação ao Estado e ao país”, afirmou. “Estamos ainda mais motivados para fortalecer o PSDB em Pernambuco, com diálogo e trabalho”, completou Álvaro Porto.

Fim da linha – O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), decretou, ontem, o início do cumprimento da pena do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Ele foi condenado a 27 anos e três meses de prisão pela trama golpista. Segundo a decisão de Moraes, o ex-presidente deverá permanecer na Superintendência da Polícia Federal em Brasília, onde já está preso preventivamente desde o último sábado (22). As informações são do portal G1. O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) afirmou que pretende insistir no projeto de anistia para o pai.
CURTAS
ANDERSON TORRES TAMBÉM PRESO – Condenado a 24 anos de prisão por tentativa de golpe de Estado, o ex-ministro da Justiça e ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal, Anderson Torres, foi preso, ontem. A Polícia Federal confirmou sua prisão no escritório de seu advogado, Eumar Novacki, no Lago Sul (DF). As informações são do portal Metrópoles.
A CANETA DE XANDÃO – O ministro Alexandre de Moraes também determinou, ontem, que a Câmara dos Deputados declare a perda do mandato do deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ). A ordem aparece na mesma decisão em que o ministro certifica o trânsito em julgado da ação penal da trama golpista, na qual Ramagem foi condenado a 16 anos, um mês e 15 dias de prisão em regime inicial fechado.
FORAGIDO – Ramagem deixou o País em setembro, após ser condenado pelo Supremo, e é considerado foragido. Moraes afirma que, com a execução definitiva da pena e o início do cumprimento em regime fechado, o deputado fica impossibilitado de comparecer às sessões legislativas, o que torna a cassação obrigatória, segundo a Constituição. As informações são do portal Estadão.
Perguntar não ofende: Faltam quantos dias para a direita brasileira pular de vez do barco de Bolsonaro e escolher um novo líder para enfrentar Lula em 2026?
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