Por José Roberto de Toledo e Thais Bilenky
Do UOL
Recém-lançada pelo centro de estudos do Núcleo de Informações do Comitê Gestor da Internet no Brasil, a pesquisa TIC.BR 2025 revela que um em cada cinco brasileiros com mais de 10 anos fez apostas on-line nos últimos três meses: 14% das mulheres e 25% dos homens. É muito? É uma Las Vegas, ou até mais do que uma Las Vegas.
O documento oficial que analisou os resultados da pesquisa fala em 30 milhões de apostadores, talvez porque use dados do Censo 2022 para fazer a projeção. Façamos uma média dos dois resultados: dá 32,5 milhões de apostadores nos últimos três meses.
Leia maisEm 2023, a meca do jogo nos Estados Unidos recebeu 41 milhões de visitantes. Segundo pesquisas locais, 78% dos turistas apostam enquanto estão em Las Vegas. Isso significa que 32 milhões de turistas apostam em Las Vegas por ano.
Isso é assustador se a gente levar em conta que Las Vegas é a capital dos cassinos há 80 anos e o jogo on-line no Brasil foi liberado pelo governo Temer em 2018, mas só foi regulamentado faz três anos. É praticamente um surto porque tem crescimento explosivo, tem uma prevalência exagerada, e tem impacto social negativo: endividamento crônico, lavagem de dinheiro, corrupção de jogadores de futebol, mecanismo para golpes on-line, aumento de casos de transtorno do jogo, envolvimento do crime organizado.
E essa pesquisa TIC.BR é confiável?
É uma das melhores pesquisas que existe. Ela tem uma amostra nacional de quase 25 mil entrevistas. Ou seja, é mais de dez vezes maior do que as melhores pesquisas eleitorais. A coleta é feita face a face, na casa dos entrevistados, pelo Ipsos-Ipec. Tem uma longa série histórica anual e metodologia comprovada. A equipe do NIC.BR, que faz a análise, é super confiável e competente.
O perfil dos apostadores brasileiros
Os apostadores online no Brasil são majoritariamente homens, jovens, urbanos, com escolaridade e renda acima da média. A prevalência é maior nas classes mais altas e entre pessoas ocupadas, contrariando a ideia de que o fenômeno se concentra entre os mais pobres.
Há fortes diferenças regionais e de modalidade — com destaque para estados de fronteira, grandes regiões metropolitanas e para o peso das Bets e dos cassinos on-line. Os recortes por renda, gênero, escolaridade e região, com números detalhados, são discutidos no podcast A Hora Extra.
E qual o resumo da pesquisa?
Crescimento explosivo da prevalência de apostadores: uma Las Vegas em quantidade de apostadores em 10% do tempo; Atinge principalmente jovens; Cassinos on-line e Bets são as formas preferidas dos jogadores; Atinge proporcionalmente mais a classe A, mas pega também pobres.
Esse crescimento explosivo está associado a efeitos deletérios para a saúde mental e financeira de um grande número de pessoas jovens, contamina o futebol, e facilita a lavagem de dinheiro ilícito e aumentar o alcance do crime organizado. De quebra, aumenta a arrecadação do estado. Mas vale a pena? A conta não fecha. Os gastos com saúde, danos econômicos e financeiros não compensam a mordida do Leão.
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