O Brasil dos próximos 20 anos não está sendo construído, alerta Cristovam Buarque
Por Larissa Rodrigues – repórter do Blog
Economista, professor, ex-governador do Distrito Federal e ex-ministro da Educação (entre 2003 e 2004), Cristovam Buarque (Cidadania) faz um alerta aos brasileiros: o país não está sendo preparado para o futuro. Na opinião dele, não há políticas para as próximas duas décadas.
Buarque foi o entrevistado de ontem do podcast Direto de Brasília, comandado pelo titular deste blog. O Brasil, neste momento da história, carece de coesão e medidas para as próximas gerações.
“Quem é que está imaginando, formulando, propondo o Brasil daqui a 20 anos? E 20 anos é daqui a pouco. Nós não estamos com coesão nenhuma. Essa é a tragédia e é isso que provoca todo esse desconforto, todo esse caos, todas essas vergonhas, inclusive. É a falta de um rumo”, lamentou o ex-ministro.
Leia maisA coesão a qual se refere Cristovam Buarque, ele explicou, não necessariamente significa que todos precisam concordar com todas as opiniões, mas é necessário que haja unidade para pensar o futuro.
“Quando eu digo coeso, eu não digo unitário. Nós brigamos, mas sabemos o que temos em comum”, destacou.
O ex-ministro pensa em encarar as urnas novamente em 2026, para voltar a contribuir com o país. Buarque tem 82 anos e está há sete sem mandato. Segundo ele, tem enfrentado pressões para buscar uma candidatura à Câmara Federal, mesmo sem concorrer a cargos eletivos desde 2018.
“Estou sendo muito pressionado por dois lados. Um lado é o meu partido, que é muito pequeno e precisa ter quadros, ter deputados federais, e eles acham que eu teria alguma chance aqui no Distrito Federal. E por mim mesmo, eu começo a ter uma certa pressão para ser candidato, a me animar, por uma cobrança”, declarou.
Pé-de-Meia – Ministro da Educação no primeiro governo Lula (2003 e 2004), Cristovam Buarque fez elogios ao Programa Pé-de-Meia, mas acusou o governo atual de levar 22 anos para colocá-lo em prática. Segundo ele, a medida foi apresentada por ele a Lula durante sua gestão. “O Pé-de-Meia é um programa do meu governo, chamado Poupança Escola. Mudou só o nome — e, depois de 22 anos de eu ter dado o programa para o presidente Lula. Quando eu era ministro, peguei o meu programa do Distrito Federal, igualzinho, e fiz um projeto de lei para o Lula mandar para o Congresso. Ele era o presidente. Quem pegou isso foi a Casa Civil e ficou 22 anos e não quiseram fazer. Eu não consigo entender por que os sucessivos governos do PT não quiseram implantar no Brasil inteiro esse programa. Não entendo”, observou.

Metanol – A Comissão de Constituição, Legislação e Justiça da Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe) aprovou, por unanimidade, ontem (14), o substitutivo apresentado pelo deputado Diogo Moraes (PSDB) que endurece as leis estaduais contra a adulteração de bebidas alcoólicas por metanol. O texto foi elaborado após uma série de casos de intoxicação registrados no país e unifica oito projetos de lei sobre o tema, apresentados por cinco parlamentares: Antônio Coelho (UB), Romero Albuquerque (UB), João Paulo Costa (PCdoB), Luciano Duque (SD) e Socorro Pimentel (UB).
Nos bastidores – Ex-presidente da Câmara, o deputado Arthur Lira (PP-AL) tem atuado para que o Centrão mantenha os cargos-chave que possui no governo do presidente Lula (PT). Lira chegou a telefonar para a ministra de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann (PT), após a Caixa Econômica destituir dois nomes ligados ao Centrão que ocupavam postos no banco. As informações são da CNN. Na conversa, o deputado teria pedido cautela nas mudanças que estão por vir e argumentado que “algumas relações ainda podem ser reconstruídas” entre o governo e o Congresso.
Inacreditável 1 – O ministro dos Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho (Republicanos), está incrédulo com a postura da governadora Raquel Lyra (PSD) em relação às obras do Aeroporto de Caruaru, no Agreste. Segundo o ministro, a decisão do Governo de Pernambuco de recusar recursos federais disponíveis e optar por contrair um empréstimo com juros para tocar o projeto representa uma escolha equivocada e prejudicial aos cofres públicos.

Inacreditável 2 – Silvinho lembrou que o Governo Federal estava pronto para executar 100% da obra, sem custo algum para o Estado. No entanto, a pedido da própria governadora — por se tratar de uma obra localizada em sua cidade natal —, foi firmada uma parceria em que cada ente destinaria R$ 75 milhões para a execução do aeroporto. “Infelizmente, o que vemos é uma decisão estreita da governadora. Abrir mão de R$ 150 milhões do Governo Federal para pegar empréstimo e bancar a obra do aeroporto é um erro, na minha avaliação. Esses recursos poderiam ser destinados a muitos municípios de Pernambuco que precisam de apoio financeiro do Estado.”
CURTAS
Combate ao feminicídio 1 – A Câmara Municipal do Recife passou a integrar oficialmente o movimento internacional Banco Vermelho, símbolo mundial de memória, denúncia e resistência contra o feminicídio. A instalação do banco, realizada ontem, é um marco histórico na luta pela igualdade de gênero e no enfrentamento à violência contra as mulheres.
Combate ao feminicídio 2 – O Banco Vermelho foi criado na Itália e difundido em diversos países. A iniciativa homenageia as vítimas de feminicídio e busca conscientizar a sociedade sobre a importância de combater todas as formas de violência de gênero.
Prefeito arrependido – Em entrevista ontem à Rádio Voluntários da Pátria, em Ouricuri (Sertão), o prefeito de Araripina, Evilásio Mateus, lamentou ter apoiado Raquel Lyra (PSDB) em 2022. Segundo o gestor, apesar de ter estado ao lado dela no pleito, sente-se hoje tratado como adversário. “Enquanto eu a apoiei, o ex-prefeito estava no grupo contrário. Agora, parece que os papéis se inverteram”, declarou.
Perguntar não ofende: Por qual motivo Raquel Lyra não quer dinheiro de Lula para fazer o aeroporto de Caruaru?
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