Ministro da Educação no primeiro governo Lula, entre 2003 e 2004, o ex-senador Cristovam Buarque (Cidadania) fez elogios ao Programa Pé-de-Meia, mas acusou o governo atual de levar 22 anos para colocá-lo em prática. Isto porque ele já havia apresentado a iniciativa a Lula em seu tempo na Esplanada e também o tornou realidade no período em que governou o Distrito Federal, entre 1995 e 1998.
“O Pé-de-Meia é um programa do meu governo, chamado Poupança Escola. Mudou só o nome — e, depois de 22 anos de eu ter dado o programa para o presidente Lula. Quando eu era ministro, peguei o meu programa do Distrito Federal, que era igualzinho, e fiz um projeto de lei para o Lula mandar para o Congresso. Ele era o presidente. Quem pegou isso foi a Casa Civil, e ficou 22 anos e não quiseram fazer. Eu não consigo entender por que os sucessivos governos do PT não quiseram implantar no Brasil inteiro esse programa. Não entendo”, disparou, em entrevista ao podcast Direto de Brasília.
Leia maisSegundo Cristovam, a proposta que apresentou a Lula na época era “mais que uma continuidade” do programa de seus tempos de governador. “Era a complementação. Havia o Bolsa Escola, mas esse programa leva à frequência. O aluno que faltasse três dias no mês, a família perderia a bolsa. Era muito duro, mas eu precisava de uma iniciativa para fazer a permanência. Foi aí que veio a ideia da Poupança Escola. Meu querido amigo jornalista Gilberto Dimenstein me disse que, em determinado país, se dava dois dólares para o aluno que passasse de ano. Essa ideia ficou na minha cabeça, criei o Poupança Escola, só que a gente botava R$ 100, que, há 30 anos, era um dinheirinho”, relembrou Cristovam.
“Claro que o Pé-de-Meia vai funcionar. Tanto que a gente devia pensar no que se perdeu no Brasil por esperar 22 anos sem fazer. Não tenho dúvida de que vai dar certo, porque o mundo é movido a incentivos. Não adianta querer idealizar que não precisa disso, porque precisa”, completou o ex-ministro.
Todavia, segundo Cristovam, a mudança de nome não foi tão positiva. “Lamento o nome, sinceramente. Pé-de-Meia tem uma visão assistencialista. O nome que a gente deu foi Poupança Escola, que lembra a escola. A finalidade não é o dinheiro, mas a escola. O dinheiro é incentivo para a escola. Quando uma mãe recebia a Bolsa Escola, ela pensava que recebia esse dinheiro porque o filho ia à escola e ia sair da pobreza, e não ia mais precisar desse dinheiro. Mas, quando recebe a Bolsa Família, ela pensa que recebe porque a minha família é pobre e, se sair da pobreza, não vai receber mais. Não sou eu que digo, são os neurolinguistas. Portanto, sou favorável ao Poupança Escola, sou favorável ao Pé-de-Meia, vai ter um bom impacto, mas é uma pena que tenhamos perdido tanto tempo e que tenha mudado o nome”, concluiu.
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