Dois dias após anunciar que pretende concorrer à Presidência em 2026, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) admitiu nesta manhã que pode desistir da disputa, mas impondo condições para isto. Prometeu, ainda, ser “Bolsonaro diferente”.
Flávio admitiu que pode desistir da disputa, mas afirmou que isso teria um “preço”. “Tem uma possibilidade de eu não ir até o fim. Eu tenho um preço para não ir até o fim. Eu vou negociar”, disse o senador, sem afirmar qual seria esse preço. Ele indicou, no entanto, que a anistia aos condenados pela trama golpista seria um dos fatores. As declarações foram feitas a jornalistas após Flávio participar de culto em uma igreja em Brasília. Foi o primeiro evento público do senador após anunciar, na sexta (5), a pretensão de concorrer à Presidência em 2026. As informações são do portal UOL.
Como candidato, Flávio diz que terá a possibilidade de mostrar que é um “Bolsonaro diferente”. “Um Bolsonaro muito mais centrado, um Bolsonaro que conhece a política, que conhece Brasília, um Bolsonaro que realmente vai querer fazer uma pacificação nesse país”, declarou.
Fala foi um recado ao mercado financeiro, que, para Flávio, teve uma reação “precipitada” à sua candidatura. Após o anúncio na sexta, o dólar subiu e a Bolsa fechou em queda.
Flávio também negou que sua candidatura vai fragmentar a direita. Após o anúncio, os governadores de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), e de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), mantiveram suas pré-candidaturas à Presidência, que também representarão o campo da direita. “Tá todo mundo junto — para tirar essa ameaça à democracia, essa ameaça às famílias brasileiras, para tirar a pessoa que incentiva criminoso”, disse Flávio, em referência ao presidente Lula.
Flávio disse esperar que votação de projeto da anistia ocorra ainda esta semana. “Espero que os presidentes da Câmara e do Senado cumpram aquilo que eles prometeram para nós quando eram candidatos ainda, que pautariam a anistia e deixariam o pau cantar no voto e no plenário”, declarou. Ontem, ele disse que o “primeiro gesto” como escolhido do pai será tentar aprovar anistia “ainda este ano”.
Anistia beneficiaria Jair Bolsonaro, que cumpre pena de 27 anos e 3 meses de prisão. Ex-presidente está detido na Superintendência da Polícia Federal, em Brasília, após ser condenado pelo STF (Supremo Tribunal Federal) por participação na trama golpista. Apesar de ser uma das principais pautas do bolsonarismo, a anistia não avançou no Congresso.
Dúvidas sobre candidatura e polêmicas
Manutenção da candidatura de Flávio gera dúvidas. Como mostrou a colunista do UOL Letícia Casado, o PL pode decidir lançar Flávio novamente ao Senado, no próximo ano. O senador enfrenta um histórico de investigações e desgaste, o que tornaria a campanha presidencial mais arriscada. O sobrenome Bolsonaro também dificulta alianças partidárias amplas e amplia o escrutínio sobre seu passado, como destacou a colunista.
Se mantiver candidatura, Flávio deve ver campanhas de opositores retomarem escândalos envolvendo o seu nome. Há algumas histórias no passado de Flávio, como as investigações de rachadinha na Alerj (Assembleia Estadual do Rio), a sociedade em uma loja da Kopenhagen, a compra de uma mansão de R$ 6 milhões em Brasília e a relação dele com Adriano da Nóbrega, miliciano integrante do Escritório do Crime que foi morto pela polícia na Bahia em 2020.
Centrão prefere candidatura do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos). Segundo reportagem da Folha de S. Paulo, dirigentes e líderes de partidos do bloco avaliam que Tarcísio teria mais chances de vencer a corrida presidencial e também unir o apoio de mais partidos do que Flávio. Com o senador candidato, a tendência seria que os partidos do centrão lançassem outras candidaturas, dividindo votos da direita.
Flávio disse hoje que pretende procurar líderes de partidos do centrão para discutir a candidatura. Segundo ele, as conversas começarão amanhã.
Leia menos



















