Marina, a grande derrotada
O Governo anunciou, ontem, em tom de comemoração, a autorização pelo Ibama para exploração de petróleo na margem Equatorial do Rio Amazonas, projeto antigo, que teve na ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, sua maior oponente. Perdeu a queda de braço para o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira.
À frente da pasta desde o início do terceiro mandato de Lula, Marina tem pautado sua atuação na defesa e na preservação do meio ambiente sobre quaisquer outros aspectos. Num depoimento no Congresso, chegou a dizer que não existia conciliação para questões de natureza técnica. A prospecção, exploração e utilização de combustíveis fósseis estão com os dias contados no mundo, principalmente por conta do esgotamento de suas reservas.
Leia maisA humanidade já vislumbra um planeta que, queiramos ou não, funcionará sem a combustão de petróleo e seus derivados, segundo a visão da ministra. A bem da verdade, não suportaria a continuidade da era do petróleo, conforme depoimento dela numa comissão especial do Senado.
A Amazônia, cuja integridade é vital para o equilíbrio do clima da Terra, pode estar chegando ao estágio que os cientistas denominam ponto de não retorno, que ocorre quando a sua cobertura florestal perde a capacidade de se autorregenerar, em função do desmatamento, da degradação e do próprio aquecimento global, esse último aprofundado, em grande parte, pela queima desenfreada de combustíveis fósseis.
Nesta linha de raciocínio, Marina tem plena razão, mas o presidente Lula não deu bola para os argumentos dela em nenhum momento, prevalecendo a ganância, que passa, na visão da Petrobras e do próprio governo, na abertura de uma nova fronteira econômica no Amazonas, na exploração de petróleo e gás.
PETROBRAS VÊ AVANÇO – A Petrobras obteve a licença de operação do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) para iniciar a perfuração de um poço exploratório no bloco FZA-M-059, localizado em águas profundas do Amapá, na região da Margem Equatorial. A perfuração deve começar imediatamente e tem previsão de duração de cinco meses. O objetivo é coletar informações geológicas e avaliar a viabilidade econômica de petróleo e gás na região. Segundo Magda Chambriard, presidente da Petrobras, a licença representa um avanço para o desenvolvimento do país e reforça o compromisso da companhia com a segurança ambiental e técnica.

MAIS UM – Por abuso de poder econômico nas eleições passadas, a justiça cassou, ontem, o mandato do prefeito de Correntes, no Agreste Meridional, Edmilson da Bahia (PT). A decisão foi na primeira instância e cabe recurso. “Sigo firme e confiante na Justiça, certos de que reverterei esse percalço nas instâncias superiores”, disse o gestor, adiantando que a decisão não o surpreendeu porque já havia sido antecipada por vários veículos de comunicação.
Viraram santos – A 1ª Seção do Superior Tribunal de Justiça confirmou, por unanimidade, que o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, José Genoíno e Delúbio Soares — todos ex-dirigentes do PT — e o ex-ministro Anderson Adauto devem ser retirados da ação de improbidade administrativa ligada ao caso do Mensalão. A decisão também beneficia outros 11 réus que estavam na mesma situação. A decisão foi tomada em 2 de outubro, durante a análise de embargos de divergência em um recurso especial, e divulgada ontem.
Em favor do polo – O prefeito do Recife, João Campos (PSB), intercedeu, ontem, em favor do Polo de Confecções do Agreste, num telefonema dado ontem ao vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Geraldo Alckmin. Depois de alertá-lo sob o risco que o setor corre, caso seja confirmada a elevação da tarifa de importação do poliéster, pediu um tratamento diferenciado para proteger o setor. O material é usado na produção de roupas e a medida pode afetar a competitividade do polo pernambucano. “Um aumento tarifário agora encareceria a matéria-prima, pressionaria a folha de custos de milhares de pequenas e médias confecções e colocaria empregos em risco”, alertou.

João presidente – Em entrevista, ontem, à rádio Folha, o sociólogo e cientista político Rudá Ricci disse que o prefeito do Recife, João Campos (PSB), desponta como um sucessor inevitável da esquerda no cenário nacional, podendo vir a ser eleito presidente da República nas eleições de 2030, sucedendo a Lula, caso o petista seja reeleito nas eleições do próximo ano. “Seria algo muito estranho se Lula não percebesse que o futuro da centro-esquerda passa por Pernambuco”, afirmou.
CURTAS
SEM CONSULTA – O presidente da CNM (Confederação Nacional de Municípios), Paulo Ziulkoski, declarou, ontem, que a entidade não foi consultada sobre o programa Município Mais Seguro, que o governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deve lançar amanhã para financiar ações das guardas municipais. O projeto, de R$ 65 milhões, será executado pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública.
SÓ FERRAM – Em entrevista ao Poder360, Ziulkoski disse que a CNM representa 5.200 municípios e que o anúncio foi feito sem diálogo. “Como não fomos convidados, temos que ver qual o conteúdo desse programa. Normalmente, esses programas só ferram a prefeitura e a cidadania”, afirmou.
PODCAST – Meu entrevistado de hoje no podcast Direto de Brasília será o ex-presidente da Câmara dos Deputados e ex-ministro, Aldo Rebelo. Ele voltou ao MDB depois de décadas militando no PCdoB e tem viajado o País inteiro em busca de fortalecer a legenda nos Estados para as eleições de 2026.
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