Governo roda presa
A governadora Raquel Lyra (PSD) errou quando imaginou que governaria só. Gestão não é obra singular, tampouco solitária. Próximo a fechar o terceiro ano e entrar no último do seu governo, em 1 de janeiro, continua errando, principalmente pelo isolamento político.
Cumpre neste momento uma agenda internacional solitária, feito uma andorinha de verão, em dois países por 15 dias. Não teve o discernimento e a gentileza de convidar um só representante do Legislativo, poder que anda às turras, trazendo danos que sobram para o povo já desiludido com um governo que ainda não começou.
Leia maisQue findou precocemente, a bem da verdade. Raquel erra quando deveria acertar em iniciativas que repercutiriam bem, como o anúncio de um concurso tão esperado por quem deseja ingressar no serviço público, mas que discrimina pretos e pardos, ao passar por cima das cotas raciais. Só corrigiu o erro em função de uma postagem neste blog, que repercutiu intensamente.
Um governo que não anda sequer na promoção de um concurso é um governo que se pode intitular roda presa. No volante do seu governo, Raquel dirige devagar, quase parando. Atrapalha o trânsito, trava os anseios e expectativas. Uma roda presa é difícil de remover, seja por ferrugem, oxidação ou problemas mecânicos.
Para destravar uma roda presa no cubo, uma das técnicas envolve afrouxar os parafusos (sem removê-los), aplicar um lubrificante penetrante, bater levemente na lateral da roda com um martelo de borracha e, com o carro baixado (em uma superfície plana), movimentá-lo para frente e para trás com o freio acionado para forçar a separação.
Já para destravar um governo roda presa basta apenas ter visão estratégica, nariz não empinado, humildade, capacidade gerencial e a compreensão de que ninguém vai a lugar algum sozinho.
RETRATO DO ABANDONO – Antes de morrer, em 1989, aos 76 anos, Luiz Gonzaga fez a doação de seu acervo pessoal para se eternizar num museu em Exu, sua terra natal. Passei por lá na última sexta-feira e constatei que o maior patrimônio do personagem nordestino do século, eleição promovida pela Globo, iniciativa da jornalista Jô Mazarollo quando dirigia a emissora no Estado, continua completamente esquecido pelo poder público. Ninguém ajuda a dar uma guaribada. Nem o Governo do Estado nem o Governo Federal. Uma pena!

Baraúna do Cariri – Fiquei impressionado com tamanha repercussão da postagem com dona Almina Arraes, a única irmã viva do ex-governador Miguel Arraes. Com 101 anos, ela apresenta uma lucidez invejável, embora com pouca audição. A visitei em sua casa no Crato, na companhia do seu filho Joaquim Bezerra. Dela, ficou a imagem de uma mulher guerreira, a baraúna do Cariri cearense.
Freio de arrumação – Em meio a impasses gerados pela abertura antecipada de uma vaga no Supremo Tribunal Federal (STF) e por atritos com o Congresso, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) busca promover um freio de arrumação em palanques do PT nos estados para as eleições de 2026, segundo o jornal O Globo. O objetivo é sinalizar mais rigor com parlamentares que se aproximaram do governo no início do mandato, mas que hoje atuam na contramão dos planos eleitorais do partido, e também assegurar candidaturas competitivas em estados como Minas e na região Nordeste, de olho na eleição presidencial e na governabilidade.

Caça às bruxas – De olho nessas dificuldades para a montagem de palanques nos estados, o Planalto fez uma leva de demissões, na última semana, atingindo parlamentares que, além de votarem contra o governo no Congresso, vêm atrapalhando planos do PT nos respectivos estados. Em Minas, por exemplo, foi demitido o superintendente de Agricultura, Everton Augusto Ferreira. Ele foi indicado pela bancada do Solidariedade, que tem mostrado apoio à candidatura de Mateus Simões ao governo. Também entraram na mira superintendentes da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e Parnaíba (Codevasf) na região Nordeste, indicados por parlamentares do União Brasil.
Demissões no Nordeste – Na Bahia e no Rio Grande do Norte, estados em que o União Brasil faz oposição ao PT, também houve demissões de superintendentes da Codevasf indicados por deputados do partido. A leva de cortes também atingiu uma diretora da Companhia Docas do Rio Grande do Norte (Codern), Ana Valda Galvão, que é aliada do ex-prefeito de Natal Álvaro Dias (Republicanos). Correligionário do presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), Dias também é aliado do senador Rogério Marinho (PL-RN), líder da oposição ao governo Lula.
CURTAS
NO PODCAST – Meu convidado do podcast Direto de Brasília, em parceria com a Folha, de amanhã, será o ex-presidente da Câmara dos Deputados, Aldo Rebelo (MDB). Vai tratar das questões nacionais e da missão que recebeu da direção nacional do MDB para reestruturar o partido nos Estados.
NO AGRESTE – Na próxima semana, volto a peregrinação no Interior para difusão do meu livro “Os Leões do Norte”. Desta feita, a região do Agreste Meridional: na agenda, Garanhuns, Angelim, Calçados, Bom Conselho, Caetés e Correntes.
INADIMPLÊNCIA – O número de consumidores brasileiros inadimplentes, ou seja, com dívidas atrasadas, cresceu 26,1% desde 2015, segundo dados do Indicador de Inadimplência de Pessoas Físicas, da CNDL (Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas) e do SPC Brasil (Serviço de Proteção ao Crédito). O levantamento estima que o Brasil tinha no mês passado um número recorde de 71,86 milhões de pessoas físicas negativadas, o que corresponde a 43,1% da população adulta do país.
Perguntar não ofende: Quando começa o Governo Raquel?
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