O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), disse que não fez parte do acordo que tenta impedir o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) de ser cassado por faltas. Deputados bolsonaristas querem indicar Eduardo como líder da minoria na Câmara e usar o cargo para conseguir um aval para que ele justifique as ausências.
– Não (fez parte de um acordo com a oposição). Não estava sabendo dessa movimentação. Não sou eu que nomeio líder, as bancadas que escolhem – disse.
O anúncio para a indicação de Eduardo como líder da minoria deve ser anunciado na tarde desta terça-feira pela atual ocupante do cargo, a deputada Caroline de Toni (PL-SC), e pelo líder da oposição na Casa, Zuco (PL-RS). As informações são do jornal O Globo.
Leia maisBolsonaristas dizem que um ato da Mesa Diretora da Câmara, chancelado pela Casa em fevereiro de 2015, na gestão de Eduardo Cunha, daria aval para líderes justificarem as ausências caso estiverem em missões oficiais. A justificativa das faltas, no entanto, é analisada caso a caso pela Mesa da Câmara, comandada hoje por Motta.
Em entrevistas dadas a partir dos Estado Unidos, onde passou a morar, Eduardo afirma temer ser preso por articular sanções contra o Supremo Tribunal Federal (STF). Ele já disse não ter a intenção de voltar ao país, mas ressaltou que não vai renunciar ao mandato.
O filho do ex-presidente Jair Bolsonaro se vê em uma encruzilhada com o fim do seu período de afastamento, que acabou em julho durante o recesso. Ele tem suas faltas contadas desde agosto. Se não voltar ao Brasil, ele será cassado caso falte mais de um terço das sessões do ano.
O presidente da Câmara já sinalizou que é contra dar uma salvaguarda para livrar o deputado da cassação por faltas e disse que o caso dele seria analisado como qualquer outro parlamentar que excede as faltas.
Motta também já criticou as declarações feitas por Eduardo em relação ao tarifaço de Trump.
— Cada parlamentar tem sua autonomia e sua liberdade para agir de acordo com o que ele acha se importante. Eu não posso concordar com a atitude de um parlamentar que está fora do país trabalhando muitas vezes para que medidas cheguem ao seu país de origem e tragam danos à economia do seu país. Isso não pode ser admitido— disse em entrevista à Veja no dia 11 de agosto.
Apesar disso, a decisão de cassar o mandato é feita pela Mesa Diretora da Câmara e não acontece de forma automática. O ex-deputado Chiquinho Brazão, preso em 2023 acusado de mandar matar a vereadora Marielle Franco, por exemplo, atingiu as faltas no final de 2024 e só foi cassado em abril deste ano pela Mesa comandada por Hugo Motta.
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