Do Poder360
O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, afirmou neste sábado (15) que a nova ordem executiva do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que reduziu em 10 pontos percentuais tarifas impostas ao Brasil, é “positiva e na direção correta”.
De acordo com o ele, embora alguns setores ainda enfrentem alíquotas consideradas altas — como o café, que permanece com tarifa de 40% — o governo brasileiro vê espaço para avançar nas negociações.
Leia maisAlckmin falou a jornalistas no Palácio do Planto. Disse que o comércio exterior brasileiro vive um momento robusto. “Chegamos a US$ 290 bilhões em exportações de janeiro a outubro, um recorde. Só em outubro, crescemos 9,1%”, afirmou. O ministro ressaltou também a abertura de “quase 500 novos mercados” e a assinatura de novos acordos comerciais.
Impacto
De acordo com Alckmin, a medida anunciada pelo governo norte-americano gera efeitos imediatos em itens relevantes da pauta exportadora brasileira. Entre eles:
• suco de laranja, cuja tarifa caiu de 10% para 0, beneficiando exportações de US$ 1,2 bilhão ao ano;
• frutas como manga, açaí, goiaba, abacaxi e banana, todas com redução de 10 pontos na alíquota;
• café, que vai de 50% para 40%, mas segue com taxa considerada excessiva;
• celulose, ferroníquel, madeira macia e serrada e alguns móveis, que já haviam sido contemplados por reduções anteriores.
O vice-presidente afirmou que há uma “distorção que precisa ser corrigida”, já que concorrentes como o Vietnã tiveram tarifa do café reduzida de 20% para 0. “O Brasil é responsável por 33% do café consumido pelos EUA, especialmente o arábica. Há espaço para trabalhar”, declarou.
Diplomacia e próxima etapa
Alckmin atribuiu o avanço tarifário a três fatores: o empenho do governo brasileiro, a “sensibilidade” do governo americano e o papel da iniciativa privada dos dois países.
Ele disse que o encontro recente entre Trump e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, durante cúpula da Asean (Associação de Nações do Sudeste Asiático) na Malásia, em 26 de outubro, foi “muito bom”, assim como a reunião entre o chanceler Mauro Vieira e o secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, em 12 de novembro. “Estamos otimistas de que novos passos virão.”
Mesmo com declarações de Trump sugerindo que novas reduções podem não ser necessárias, Alckmin afirma que o Brasil seguirá pressionando: “Estamos abertos ao diálogo. Queremos resolver.”
Competitividade e números da balança
Alckmin apontou que, apesar de as tarifas americanas serem altas para parte da pauta brasileira, os EUA têm superavit comercial com o Brasil. Ele lembrou que:
12% das exportações brasileiras vão para os Estados Unidos; dos US$ 40 bilhões exportados em 2023, 23% tinham tarifa zero — agora são 26%;
42% da pauta tem tarifa zero ou 10%; 24% está sujeita à seção 232, que aplica as mesmas tarifas ao Brasil e ao restante do mundo (aço, alumínio e cobre a 50%);
o problema está nos 33% restantes, que somam tarifas de até 50% — agora parcialmente reduzidas.
O ministro disse que o objetivo é reduzir ou eliminar essas tarifas, “como ocorreu com o suco de laranja”.
Leia menos























