Por Ricco Viana – Blog da Folha
A vice-governadora de Pernambuco, Priscila Krause (PSD), afastou a possibilidade de a governadora Raquel Lyra (PSD) integrar como vice a chapa do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), em uma eventual candidatura à Presidência da República em 2026.
“Essa cotação de Raquel Lyra ser vice de Tarcísio não existe. A governadora é candidata à reeleição e será eleita pelo voto direto e pelo julgamento do povo pernambucano. Então tudo que vier ao contrário disso é barriga, fofoca e invenção de alguém. Pode ser também um reconhecimento da liderança de Raquel Lyra, mas o momento é de ser candidata à reeleição”, afirmou.
Leia maisAo comentar o cenário nacional, Priscila Krause defendeu que o PSD, partido ao qual ela e a governadora são filiadas, tem condições de lançar uma candidatura própria ao Palácio do Planalto. “O PSD vai fazer sua discussão interna e tem toda legitimidade pra lançar candidato próprio e tem quadros não apenas para serem candidatos, mas para governar o Brasil”, destacou.
Leia menosO ministro Luiz Fux, do STF (Supremo Tribunal Federal), votou para absolver o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) de todos os crimes em que ele era acusado pela PGR (Procuradoria-Geral da República). As informações são da CNN Brasil.
Os crimes são:
Em relação ao ex-presidente, Fux começou seu voto dizendo que não cabe a nenhum ministro se comportar como “inquisidor”, recuperando adjetivação usada pela defesa de Augusto Heleno em relação ao ministro Alexandre de Moraes, no início do julgamento, na semana passada.
Para o ministro, imputar a Bolsonaro uma relação com os ataques de 8 de Janeiro, “decorrente de discursos e entrevistas” do ex-presidente ao longo de seu mandato, não é algo juridicamente devido.
“Seria igualmente absurdo, por exemplo, considerar como partícipe em um atentado à vida de um candidato a presidente da República — como ocorreu — todos aqueles que houvessem proferidos discursos inflamados e críticos à sua pessoa”, afirmou, se referindo ao caso do próprio Bolsonaro, com a facada sofrida em Juiz de Fora (MG) na campanha de 2018.
“Além de faltar o dolo, falta o indispensável nexo e causalidade”, acrescentou. Também para Fux, “a simples defesa da mudança do sistema de votação”, por meio de discursos e entrevistas, “não pode ser considerada narrativa subversiva”.
“A impressão do registro do voto não é um retrocesso, não é fonte de desconfiança no processo eleitoral: decorre de uma escolha dos representantes eleitos”, declarou o ministro, se referindo à pauta do voto impresso em paralelo ao eletrônico, defendida por Bolsonaro.
Para Fux, Bolsonaro tinha uma “postura de boa-fé”, que visava apenas esclarecer e aperfeiçoar o sistema eletrônico de votação ordenado pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral).
O ministro também usou a argumentação de que não há provas de dolo, ou de “atuação específica no delito penal”, para defender afastar de Bolsonaro a ligação a ocorridos como a operação montada pela PRF (Polícia Rodoviária Federal) que visaria dificultar o acesso de eleitores do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) aos seus locais de votação na eleição de 2022.
Sobre minutas apontadas pela PGR (Procuradoria-Geral da República) como de caráter golpista, que preveriam questões como estadio de sítio e de defesa, Fux classificou os textos como “mera documentação ‘cogitatio’”, mas “jamais” o início de uma execução de uma tentativa de derrubar o Estado Democrático de Direito.
“O estado de sítio depende de prévia autorização do Congresso Nacional”, ponderou, afirmando não haver “qualquer elemento” nos textos que sugerissem que etapas que dependessem de outros Poderes fossem puladas.
“É contraditório imaginar tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito com autorização e participação ativa dos membros do Congresso no pleno exercício de suas prerrogativas”, afirmou Fux.
“Todos estes elementos conduzem à inescapável conclusão de que não há provas suficientes para imputar ao réu Jair Messias Bolsonaro a tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado por violência ou grave ameaça contra o patrimônio da União e deterioração de patrimônio tombado”, concluiu.
Leia menosO ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), negou nesta quarta-feira (10) o acesso livre para a visita do presidente do PL, Valdemar Costa Neto, e outros parlamentares da sigla ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
A negativa vem horas após a defesa de Bolsonaro fazer o pedido ao ministro relator. Bolsonaro cumpre prisão domiciliar desde 4 de agosto.
“A prisão domiciliar é uma medida intermediária entre as diversas cautelares previstas na legislação e a prisão preventiva, não perdendo, entretanto, as características de restrição à liberdade individual, e, portanto, impedem o livre acesso de pessoas estranhas à família do réu sem qualquer controle judicial”, destacou o ministro na decisão. As informações são da CNN Brasil.
Leia maisNo pedido, a defesa pede que Valdemar, o líder do PL na Câmara, Sóstenes Cavalcante (RJ), o senador Rogério Marinho (PL-RN) e os deputados federais Altineu Côrtes (PL-RJ), Carol de Toni (PL-SC) e Bruno Scheid, vice-presidente do PL de Rondônia, tivessem acesso livre para visitar o ex-presidente.
A medida de negar o acesso livre foi tomada pelo ministro relator que acompanha o julgamento do ex-presidente na Primeira Turma do STF. Nesta quarta, os magistrados ouvem o voto do ministro Luiz Fux. Já passam de oito horas da leitura do voto de Fux.
Os advogados fizeram um pedido em especial para a visita do presidente do PL. Segundo eles, “pela condição de dirigente máximo da agremiação partidária, torna indispensável o contato direto e permanente” com Bolsonaro.
“Sua presença reveste-se de relevância singular, não apenas pela função de liderança política, mas também pela necessidade de coordenação das atividades partidárias em âmbito nacional, o que reforça a pertinência da autorização ora renovada”, dizia a defesa no pedido.
Leia menosA Prefeitura de Santa Cruz do Capibaribe anunciou nesta quarta-feira (10) a conclusão da fase de licitação para a obra do campus do Instituto Federal de Pernambuco (IFPE). A empresa vencedora foi a BWS Construções Ltda CE, que ficará responsável pela execução do projeto. Com essa etapa finalizada, o próximo passo será a assinatura do contrato e o início das obras.
A instalação do IFPE em Santa Cruz do Capibaribe foi confirmada pelo Governo Federal em março de 2024, em cerimônia no Palácio do Planalto. O projeto faz parte do programa de expansão da rede federal de ensino e teve como base pleitos apresentados ao Ministério da Educação por representantes políticos do município e do estado.
O campus deve atender não apenas a população de Santa Cruz, mas também de cidades vizinhas do Agreste, com oferta de cursos técnicos e superiores. A expectativa é de que a unidade contribua para a formação profissional e fortaleça setores econômicos locais, como o Polo de Confecções.
Revi, hoje, em Brasília, dois amigos jornalistas: Mário Rosa, de roupa escura, e Leandro Mazzini, ambos de projeção nacional. Rosa é autor da principais referências bibliográficas brasileiras sobre imagem e gestão da reputação.
Escreveu os livros “A Síndrome de Aquiles” (2001, Editora Gente), “A Era do Escândalo- Lições, relatos e bastidores de quem viveu as grandes crises de imagem” (2003, Geração Editorial), “A Reputação na Velocidade do Pensamento” (2006, Geração Editorial) e “Memórias de um Consultor de Crises – Entre a Glória e a Vergonha” (2016 , lançado em capítulos, no site UOL).
É articulista do jornal digital Poder360 e faz palestras sobre imagem, gestão de crises e reputação. Leandro Mazzini é jornalista graduado na FACHA (Rio), escritor e pós-graduado em ciências políticas pela UnB. Em 25 anos de redações, passou por jornais, sites, rádios, TVs e revista.
Foi colunista do Informe JB, da Gazeta Mercantil, UOL, iG e atualmente edita a coluna Esplanada, publicada em mais de 30 jornais no País.
Leia menosPor Rinaldo Remígio*
As notícias se repetem, dia após dia: arrombamentos, assaltos, sequestros relâmpagos, homicídios e feminicídios em plena luz do dia, no coração de Petrolina. À noite, o cenário é ainda mais cruel — mortes se multiplicam nos bairros periféricos e nos perímetros irrigados, deixando famílias em luto e uma população refém do medo.
Estamos falando de Petrolina, mas, se olharmos para o estado de Pernambuco, a situação é ainda pior. A violência se alastra, impiedosa, atingindo capital e interior, sem dar trégua.
Leia maisA sociedade tem feito sua parte: empresários cercam suas lojas de grades e vigilância eletrônica, moradores erguem muros e instalam câmeras. Mas os crimes não param.
É hora de dizer basta! Não podemos normalizar o anormal. Segurança pública é dever do Estado, e o povo exige ação. Queremos mais policiamento, mais inteligência investigativa, mais presença nas ruas.
Petrolina pede socorro. Pernambuco pede socorro. E quem tem o dever de ouvir e agir é a polícia, é o governo, são as autoridades. Não se pode esperar que o silêncio das vítimas seja a única voz que ecoe nas nossas cidades.
Até quando vamos viver assombrados? Queremos uma posição das autoridades de segurança pública.
*Professor universitário aposentado, memorialista e cidadão petrolinense
Leia menosO projeto de lei do deputado federal Eduardo da Fonte (PP-PE), que amplia o acesso ao Benefício de Prestação Continuada (BPC) para pessoas com deficiência (PCD) e pessoas com transtorno do espectro autista (TEA), avançou no Congresso Nacional. A proposta foi contemplada em substitutivo e aprovada pela Comissão de Previdência, Assistência Social, Infância, Adolescência e Família (CPASF) e pela Comissão de Defesa dos Direitos das Pessoas com Deficiência (CPD).
A principal mudança está no limite de renda familiar per capita exigido para concessão do benefício, que deixa de ser de 1/4 do salário mínimo e passa a ser de até um salário mínimo. Segundo o parlamentar, a alteração corrige uma das barreiras que excluíam famílias do benefício por ultrapassarem minimamente o valor estipulado em lei. “Estamos falando de justiça social. Muitas famílias vivem uma realidade de altos custos com terapias, medicamentos e acompanhamento especializado. Ampliar o acesso ao BPC é garantir dignidade, inclusão e qualidade de vida”, afirmou Eduardo da Fonte.
O texto segue agora para análise da Comissão de Finanças e Tributação e da Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJC). Caso seja aprovado nessas etapas e não haja recurso para votação em plenário, o projeto seguirá diretamente para o Senado Federal. O PL 4093/2023 também assegura o direito ao auxílio-inclusão, pago a pessoas com deficiência que ingressam no mercado de trabalho, independentemente do valor da remuneração recebida.
Entrou em vigor nesta quinta-feira (11) a lei que estabelece multas e sanções administrativas a instituições que promovam a erotização ou adultização de crianças e adolescentes em Pernambuco. O texto é resultado do Projeto de Lei nº 3162/2025, de autoria do deputado Coronel Alberto Feitosa (PL), aprovado por unanimidade em duas votações na Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe).
A governadora Raquel Lyra (PSDB) recebeu o projeto em 21 de agosto para sanção ou veto, mas não se manifestou dentro do prazo legal de 15 dias. Diante da devolução do texto sem posicionamento do Executivo, coube ao presidente da Alepe, deputado Álvaro Porto (PSDB), promulgar a lei, conforme prevê a Constituição Estadual.
O autor da proposta, deputado Alberto Feitosa, afirmou que a nova legislação representa um avanço na proteção de crianças e adolescentes. “Pernambuco ganha com essa lei que protege o bem maior das famílias e do nosso Brasil, que são nossos filhos e netos”, declarou o parlamentar.
O ministro Luiz Fux votou para absolver o ex-comandante da Marinha Almir Garnier do crime de organização criminosa.
Fux considerou insuficientes as evidências citadas na acusação da PGR, de que ele participou de duas reuniões: uma em 7 de dezembro de 2022 com o então presidente Jair Bolsonaro para discutir uma minuta de estado de exceção, e outra de 14 de dezembro com o então ministro da Defesa Paulo Sergio Nogueira, em que teria colocado tropas da Marinha à disposição do golpe. As informações são da Folha de São Paulo.
Leia maisSegundo o ministro, participar de organização criminosa “exige o dolo de participação em um número determinado de delitos”.
Fux também rejeitou elementos acusatórios como o desfile de veículos da Marinha em 2021 no dia da votação de um projeto no Congresso para implantar voto impresso e o fato de ele não ter transmitido o cargo para seu sucessor.
O ministro ainda criticou a PGR por ter incluído fatos entre a denúncia e as alegações finais.
Leia menosCom sua autoridade de décadas no jornalismo sertanejo, Carlos Britto surge como a grande novidade na política de Pernambuco. Sua chegada à equipe da governadora Raquel Lyra (PSDB) para atuar em temas estratégicos do Sertão do São Francisco foi bem recebida em Petrolina e revela um novo e promissor ciclo. Essa decisão marca um desligamento de Britto do grupo Bezerra Coelho, com quem ele já vinha em rota de colisão. Agora, ele busca um ambiente onde suas ideias possam florescer. Para a governadora, a presença de um nome forte e influente como Carlos Britto oxigena suas bases no Sertão.
O vasto histórico profissional do jornalista, que inclui passagens por rádio, jornal e TV, soma-se ao poder de seu Blog, uma referência na região. Essa indicação, que conta com a aprovação de Guilherme Coelho, ex-prefeito e figura central no governo estadual, mostra a confiança de Raquel Lyra no trabalho de Britto. Essa parceria sinaliza uma nova fase para a política em Petrolina, com o objetivo de fortalecer o governo em um momento de transição, com os olhos já voltados para 2026. A população de Petrolina aceitou de bom grado o movimento, o que indica uma boa intenção para o futuro de Carlos Britto.
O embaixador Celso Amorim, principal conselheiro do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em política externa, afirmou, nesta quarta-feira, que considera grave a ameaça feita pela porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, de que os Estados Unidos “não têm medo de usar o poder econômico e militar para proteger a liberdade de expressão em todo o mundo”. Leavitt fez esse comentário ao responder a uma pergunta sobre o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro.
— Mesmo que seja só uma ameaça, é grave. Não importa quem tenha falado isso, se tem ou não autoridade, não deixa de ser da Casa Branca — afirmou Amorim. As informações são do jornal O Globo.
Leia maisO presidente americano, Donald Trump, aplicou uma sobretaxa de 50% produtos brasileiros e exigiu o término dos processos contra Bolsonaro, que, no momento, é julgado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por tentativa de golpe de Estado. O governo brasileiro rechaça essa possibilidade.
Amorim disse não acreditar que os EUA vão realmente usar forças militares contra o Brasil. Ressaltou que tal atitude iria ferir o direito internacional e a soberania brasileira.
— Estamos em um mundo imprevisível, mas não creio que isso seria implementado — disse.
Após a declaração da porta-voz da Casa Branca, o Itamaraty divulgou um anota em que “condena o uso de sanções econômicas ou ameaças de uso da força contra a nossa democracia”.
Leia menosNesta semana, a 1ª Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) deve decidir se condena ou não os oito réus do chamado núcleo crucial da trama golpista após as eleições de 2022.
Entre os julgados, estão seis militares — da reserva, da ativa ou reformados (aposentados): o ex-presidente Jair Bolsonaro; o ex-candidato a vice general Walter Braga Netto; o ex-ministro da Defesa general Paulo Sergio Nogueira; o ex-ajudante de ordens tenente-coronel Mauro Cid; o almirante da Marinha Almir Garnier; e o ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional general Augusto Heleno. As informações são da BBC Brasil.
Leia maisMas não é todo o futuro desses militares que será definido no julgamento do STF.
Mesmo que sejam condenados à prisão, os seis continuarão com suas patentes e manterão seus salários de até R$ 38 mil, ao menos por enquanto.
Como determina a Constituição, os militares só podem ser excluídos das Forças Armadas por meio de um processo judicial específico na Justiça Militar.
É o Superior Tribunal Militar (STM) que irá avaliar se condenados são considerados “indignos” ou “incompatíveis” à função militar.
Num evento em São Paulo no último dia 29 de agosto, a presidente do STM, ministra Maria Elizabeth Rocha, disse que caberá à Corte que comanda exercer papel de “tribunal de honra” em casos de perda do posto de oficiais das Forças Armadas eventualmente condenados pelo STF.
Caso o STM entenda que os militares não são “dignos” de fazer parte do quadro das Forças, eles perdem suas patentes — e consequentemente seus salários, se não houver mais possibilidade de recurso, esclarece Erika Kubik, professora na Universidade Federal Fluminense (UFF) e especialista em Justiça Militar.
“A perda de salário vem junto à perda de patente. É uma coisa única, colada, porque ele deixa de ser militar”, diz.
Mas esse salário pode se tornar uma pensão ao cônjuge ou filho menor do militar.
“É a tal morte ficta, caso peculiar previsto na legislação de pensões militares, que possui muitas críticas”, explica à BBC News Brasil a juíza federal da 12ª Circunscrição Judiciária Militar Patrícia Gadelha.
O entendimento da morte ficta considera a expulsão de um militar como se fosse o seu falecimento, garantindo assim pensão a seus dependentes.
Se houver decisão do STM para perda de patente, haveria então um processo administrativo dentro da respectiva Força Armada, explica o advogado Agnaldo Bastos, especialista em direito público e direito militar.
“O entendimento majoritário é que perda de patente implica perda do soldo e status militar, mas não extingue a pensão de dependente já constituído. Vai ser analisado caso a caso”, diz.
“Cada força vai abrir um processo interno para verificar direitos envolvidos sobre reserva, reforma, dependentes e direito à pensão”, completa Bastos.
De acordo com a Lei de Pensões Militares, com a morte ficta do militar os dependentes passam a receber pensão proporcional ao tempo de serviço.
Esse assunto, inclusive, tem sido alvo de discussão nos últimos meses em Brasília.
Em um projeto de lei proposto pelo governo Lula em 2024 para alterar aposentadoria dos militares, um dos itens pede justamente o fim dos casos em que a família de um militar expulso recebe pensão.
Pela proposta, a família passaria a receber auxílio-reclusão, no valor da metade da última remuneração do ex-militar, durante o período em que ele estiver cumprindo pena de reclusão por sentença condenatória transitada em julgado.
Parlamentares de direita e ligados às Forças Armadas já têm se articulado para retirar esse trecho do projeto de lei.
Em análise recente, o Tribunal de Contas da União (TCU) julgou que o direito à pensão militar “por morte” só ocorre após a morte real e não após a expulsão ou a demissão do militar.
Essa situação dos militares é diferente de outros funcionários públicos, que podem perder sua função (e salário) caso sejam condenados a prisão, já na decisão do juiz que o condena.
No caso de Bolsonaro, o ex-presidente recebe cerca de R$ 12,8 mil do Exército. Ele é um capitão reformado, uma espécie de aposentadoria no mundo militar.
Além dos vencimentos do Exército, Bolsonaro recebe ainda cerca de R$ 41 mil da aposentadoria de deputado pela Câmara. Como é presidente de honra do Partido Liberal (PL), o ex-presidente ganha outros R$ 41 mil, segundo divulgado pelo partido à imprensa.
Entre todos os réus militares julgados pelo STF, quem recebe o maior salário das Forças é o general Augusto Heleno, no valor de R$ 38,1 mil. Ele recebe proventos equivalentes ao posto de marechal — benefício comum a militares que passam à reserva com remuneração de um cargo acima do que ocupavam na ativa.
Além dos seis réus militares, há dois civis que saberão suas penas nesta semana: o ex-ministro da Justiça Anderson Torres e o ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) Alexandre Ramagem.
Como é o processo militar para perda de patente
Segundo o Código Penal Militar, um militar só pode perder a patente por uma decisão do Superior Tribunal Militar (STM) — seja ele da ativa, da reserva ou reformado.
Há distintos caminhos a depender da pena estabelecida na Justiça comum sem possibilidade de recurso, explica a professora Erika Kubik, da UFF.
Caso a pena seja menor do que dois anos de prisão, é acionado o chamado Conselho de Justificação dentro das Forças Armadas — espécie de processo administrativo. A depender da decisão do conselho e consequente avaliação do comandante da Força, o caso sobe ao STM.
Mesmo que o réu seja totalmente absolvido no STF, o Ministério Público Militar (MPM) também pode entrar com ação “por entender, ainda assim, que há ali uma desonra militar”, diz Kubik.
Agora, se a pena aos militares no STF for maior do que dois anos de prisão, o processo no STM é automático.
“No caso de condenação acima de dois anos, não há a participação da Força Armada. É o MPM que promoverá, ao seu exclusivo critério, a ação”, explica à BBC News Brasil o procurador-geral de Justiça Militar Clauro Roberto de Bortolli.
Segundo Bortolli, seu posicionamento atual “é no sentido de oferecer, sempre, a ação de representação, após ter a ciência da condenação de um oficial a pena acima de dois anos”.
No STM, o julgamento será para avaliar a “indignidade ou incompatibilidade” — ou seja, não é um julgamento criminal, mas perante um “tribunal de honra”.
Não há um prazo fixo para que o STM termine esse julgamento, que deve ser individual para cada militar.
“O prazo não é específico, mas como a situação tem repercussão institucional, envolve militares alta patente, é possível haver uma celeridade”, avalia o advogado especialista Agnaldo Bastos
Uma vez que haja a decisão do STM, os réus só poderiam apelar para algum recurso caso a defesa entenda que a decisão violou algum dispositivo da Constituição, avalia a juíza Patrícia Gadelha.
Ou seja: não cabe apelação dentro da Justiça Militar, mas é possível provocar o STF.
“Uma vez declarada a indignidade, a perda do posto e da patente é definitiva, salvo reforma posterior da decisão em instância constitucional, o STF”, diz.
Desde 2018, 47 militares das Forças Armadas foram condenados com a perda da patente, segundo o MPM.
Quanto ganham os réus
Encerrado o processo no STM e caso os réus sejam excluídos das Forças Armadas, eles não recebem mais o “salário” propriamente dito.
No caso dos julgados por tentativa de golpe nesta semana, eles recebem hoje como militares os seguintes valores, segundo dados do Portal da Transparência em junho de 2025:
Esses são os valores brutos do salário — sem descontos.
Durante o julgamento no STF, o advogado do almirante Almir Garnier, o ex-senador Demóstenes Torres, chegou a dizer que o militar “não tem recurso para pagar advogado”.
“Um dia bateu nas minhas portas o almirante Garnier. Eu fiquei com pena dele. Porque é uma pessoa que vai inteirar agora 65 anos de idade […]Ele não teve dinheiro para pagar”, disse Torres.
Também durante o julgamento, o advogado de Mauro Cid, o relator que confessou os planos golpistas, disse que seu cliente pediu para ir à reserva do Exército, por não ter mais “condições psicológicas” de seguir na ativa.
Caso o Exército aceite o pedido, Cid passa a receber como militar da reserva — e, caso condenado pelo STM e STF, é possível que o vencimento passe para seus dependentes.
Isso porque a lei que dispõe sobre as pensões militares aponta que o oficial que perder posto e patente deixa aos seus beneficiários a “pensão militar correspondente ao posto que possuía, com valor proporcional ao tempo de serviço”.
“A pensão militar tem legislação própria e ela não se confunde com salário do militar ativo”, explica o advogado Agnaldo Bastos.
“O valor não passa automaticamente à família. O que pode existir é o direito a pensão, isso vai depender se aquele militar já tinha alcançado tempo de serviço, se cumpriu requisitos. Cada caso é avaliado”, completa o especialista.
A BBC News Brasil entrou em contato com o Exército e Marinha para mais esclarecimentos sobre o processo administrativo, mas não obteve resposta.
Bastos explica ainda que para servidores públicos não militares, a própria Constituição diz que uma sentença condenando a pessoa no âmbito criminal já pode gerar perda de cargo. Não há um processo interno como o dos militares.
“Na decisão judicial que condena servidor, automaticamente vai trazer de forma expressa que em decorrência de condenação o servidor vai perder cargo e salário.”
O projeto de lei do governo Lula que muda a regra para aposentadoria e pensão de militares está nas mãos do presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB).
Ao anunciar o projeto, que inclui ainda idade mínima para militares irem para reserva, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que seriam “mudanças justas e necessárias” para combater “privilégios incompatíveis com o princípio da igualdade”.
Segundo Haddad, foi feito um acordo com as Forças Armadas para acabar com morte ficta.
A proposta foi apresentada em novembro, quando o governo anunciou medidas para economizar R$ 70 bilhões em dois anos aos cofres públicos, visando o ajuste fiscal.
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