Por Rudolfo Lago – Correio da Manhã
Por mais que deixem espaço para controvérsias, as ameaças do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e as decisões tomadas desde a semana passada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes e pelo presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), acabaram expondo rachas da oposição.
Há um grande clima de confusão entre os aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro, que ficou explícito na terça-feira (21) na malograda sessão da Comissão de Segurança da Câmara. O ponto maior de divisão, explicitado pela impressionante faixa em favor de Trump ali esticada, é o tarifaço ameaçado pelos Estados Unidos. E dele, um segundo ponto: até que ponto a ação deve ser em solidariedade a Bolsonaro?
Leia maisA ausência de Bolsonaro no evento de terça depois da confusão da segunda-feira (21), mostrada na foto acima, é o maior dos problemas. Tenha ou não razão Moraes, o fato é que Bolsonaro foi silenciado. E isso pode fazer com que as coisas avancem à sua revelia.
O tarifaço é o segundo grande ponto de divergência. Houve grande irritação com a faixa esticada pelos deputados Delegado Caveira (PL-PA) e Sargento Fahur (PSD-PR) escrita: “Trump Make America Great Again”. Trump ameaça sobretaxar em 50% o Brasil.
O grande dilema hoje na oposição é se Bolsonaro e seus filhos, a essa altura, mais ajudam ou atrapalham. Parte da oposição, caso do líder do PL, Sóstenes Cavalcante (RJ), tenta a todo momento descolar o trabalho do tarifaço. Mas, então, Eduardo Bolsonaro, do seu “exílio” nos EUA, puxa a ameaça de Trump para si. E Caveira e Fahur levam o caso para o cenário de manifestação da oposição. Ao mesmo tempo, parte começa a considerar que já não seria o tempo de esperar as bençãos do ex-presidente para deflagrar o processo de escolhas para 2026. Foi o que levou o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), a lançar sua candidatura.
Dentro do PL, mexem-se mais fortemente agora os que defendem que a alternativa a Bolsonaro seja sua esposa, Michelle. Despontam aí o próprio presidente do partido, Valdemar Costa Neto, e o marqueteiro Duda Lima. No Republicanos, a senadora Damares Alves (DF).
Num primeiro momento, a história do tarifaço deu fôlego a Eduardo. Mas ela cada vez mais é avaliada hoje como um tiro no pé. O problema: alguns avaliam que Bolsonaro seria mais inclinado a apoiar o filho – ou outro filho – que sua esposa como candidata a presidente.
Há, porém, quem ali na oposição enxergue tábuas de salvação nesse oceano revolto. Para alguns, a miríade de candidaturas de direita não seria necessariamente um problema. Elas se lançariam no primeiro turno, e, depois, todos se uniriam em um eventual segundo turno.
A outra tábua está em Moraes. Avaliam muitos que Moraes pode ter errado a mão nas restrições a Bolsonaro. E, dependendo do que vier a fazer, pode vitimizar o ex-presidente. Mas, nesse caso, volta-se para Bolsonaro ou se seguem os demais caminhos? É o dilema.
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