No podcast, Humberto foca eleição do PT
Caiu no colo do senador Humberto Costa (PT) a dura, árdua e problemática missão de coordenar o Processo de Eleição Direta (PED) do Partido dos Trabalhadores. Fez de tudo para unificar a sucessão de Gleisi Hoffmann — e dele por extensão, na condição de presidente de mandato tampão da executiva nacional — mas Edinho Silva, o preferido de Lula, não tem a liga necessária da unidade.
A eleição está marcada para 6 de julho. O segundo turno, se necessário, será em 20 de julho. O PT prevê a realização de ao menos dez debates entre os cinco candidatos Edinho Silva (CNB – Construindo um Novo Brasil), Valter Pomar (Articulação de Esquerda), Romênio Pereira (Movimento PT), Rui Falcão (Novo Rumo) e Washington Quaquá (CNB dissidente).
Amanhã, Humberto estará no meu podcast “Direto de Brasília”, em parceria com a Folha de Pernambuco, tratando da sua sucessão e das eleições nos Estados. Além da direção nacional, o PT renova os comandos estaduais e municipais. Após 12 anos, a sigla decidiu retomar o modelo de eleições diretas para as instâncias partidárias.
Leia maisNas duas últimas eleições — em 2017 e 2019 — a deputada Gleisi Hoffmann foi eleita e reeleita presidente do PT, com apoio de Lula, em votação híbrida. Representante da corrente “Construindo um Novo Brasil (CNB)”, Edinho Silva é ex-prefeito de Araraquara (SP) e ex-ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social do governo Dilma Rousseff. É o candidato preferido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
A CNB, porém, enfrenta um racha interno entre seus filiados. Segundo fontes, Lula teria sinalizado que apoia Edinho em uma das principais causas da crise interna: a distribuição de cargos na nova direção partidária. De acordo com relatos de interlocutores, o chefe do Executivo teria concordado que o futuro presidente do PT deve ter autonomia para indicar nomes da sua confiança para determinadas funções na direção partidária.
A tesouraria do PT é tida como o grande pano de fundo da crise que tomou a eleição interna. É ali que se faz a gestão do fundo eleitoral e do fundo partidário, o que confere ao ocupante da vaga um enorme poder de influenciar a gestão da sigla. “A próxima gestão do PT, com toda certeza, será uma gestão de continuidade para fazer com que o partido possa continuar avançando da mesma forma que avançou durante esse período anterior”, disse Humberto, numa recente entrevista.
DIVISÃO NO RECIFE – No Recife, cinco candidatos se inscreveram para disputar a presidência do diretório municipal. A surpresa ficou por conta da vereadora Kari Santos, que retirou o apoio à candidatura do professor Pedro Alcântara, indicado pelo deputado estadual João Paulo. Os dois defenderam sua eleição no ano passado, para o primeiro mandato. “Não posso condicionar os rumos do PT apenas aos apoios eleitorais que eu tive, assim como não vou contrariar a decisão coletiva tomada por minha corrente no Estado. Apresentamos o nome de Pedro, mas infelizmente ele não ganhou a adesão dos nossos companheiros da CNB”, argumentou.

Reorganização partidária – Entrevistado no meu podcast em parceria com a Folha, terça-feira passada, o ex-presidente do PT e candidato mais uma vez ao comando do partido, Rui Falcão, propôs uma reorganização da estrutura partidária, com núcleos ativos do PT em bairros nas cidades. “Precisamos aprender com as igrejas evangélicas em termos de capilaridade e presença cotidiana. Precisamos de um PT que esteja presente nas lutas diárias do povo, que ouça e mobilize, que seja a ponte para um outro modo de viver”, disse. Se for eleito, ele também planeja criar um grupo de trabalho com visão estratégica, que pense sobre o futuro do País.
Bolsonaro joga pesado – Por falar em PT, o ex-presidente Jair Bolsonaro criticou o partido adversário por não apoiar dois projetos no Congresso em publicação nas redes. Afirmou que o partido “sempre está do lado do mal” ao se referir à ausência de assinaturas de petistas no pedido de CPI para investigar fraudes no INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) e no requerimento de urgência para o projeto de anistia aos presos pelos atos de 8 de janeiro de 2023. Bolsonaro também publicou uma foto do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) segurando a bandeira do partido. A imagem diz que os integrantes do PT são “protetores de criminosos”.
De volta ao poder – A Justiça autorizou que o prefeito de Pesqueira, Cacique Marcos Xukuru (Republicanos), e dois vereadores, réus por corrupção, organização criminosa e lavagem de dinheiro, retornassem aos cargos no último sábado. O grupo é acusado de direcionar licitações e causar prejuízo de mais de R$ 15,7 milhões ao município. Marquinhos, como é mais conhecido, e os vereadores Sil Xukuru (PT) e Pastinha Xukuru (PP) haviam sido suspensos temporariamente de suas funções pelo período de 30 dias, após a Operação Pactum Amicis, da Polícia Civil, deflagrada no início do mês passado.

Chamado na fila de embarque – O ex-deputado Wolney Queiroz já estava na fila de embarque, em Brasília, na última quarta-feira, para passar o feriadão em Pernambuco, quando recebeu um telefonema do presidente Lula (PT) aconselhando-o a ficar de sobreaviso diante da situação insustentável do ex-ministro da Previdência, Carlos Lupi, que se consolidou na sexta-feira. Ficou com o pressentimento de que iria substituir Lupi. E com razão: desde a formação do seu primeiro escalão, em janeiro de 2023, Lula já queria Wolney comandando a pasta reservada ao PDT, mas Lupi botou o olho grande, bateu o pé e se escalou. Deu no que deu! Aliás, quase teve direito a música no Fantástico: é a segunda queda em um governo petista por corrupção (o primeiro foi no de Dilma).
CURTAS
SEM SURPRESA – Para mim, não foi surpresa a vitória de Marcílio, ontem, nas eleições para prefeito de Goiana. Há dez dias, tive acesso a uma pesquisa interna na qual ele estava com 17 pontos de vantagem em relação ao atual prefeito, que encerra o seu mandato tampão e volta para Câmara de Vereadores.
PADRINHO FORTE – Marcílio teve um padrinho forte: o ex-prefeito Eduardo Honório, que encerrou sua gestão com mais de 80% de aprovação. Honório, aliás, foi reeleito, mas a justiça entendeu que ele não teria mais direito a nova disputa, anulando o resultado do pleito e marcando a eleição suplementar de ontem.
ATREVIDO – O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) recebeu alta do Hospital DF Star, em Brasília, na manhã de ontem, por volta das 11h, após 22 dias de internação por conta de uma nova cirurgia para corrigir uma obstrução intestinal. E já quer participar do ato pela anistia na próxima quarta-feira, em Brasília. Loucura!
Perguntar não ofende: Quando os caciques da fusão do PSDB ao Podemos vão anunciar o dono do novo partido em Pernambuco?
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