Cenário para João enfrentar Raquel
Diante do ambiente eleitoral natural de mais uma eleição, a municipal, marcada para 6 de outubro, a pergunta mais frequente que me fazem diz respeito ao pleito seguinte, o de 2026, quando a governadora Raquel Lyra (PSDB) tentará a reeleição. “João Campos é candidato a governador?” Estou cansado de ouvir a indagação, seja partindo de políticos tarimbados ao mais neófito eleitor distanciado da vida pública.
João tem, sim, uma estratégia na cabeça para disputar o Palácio do Campo das Princesas em 2026. Isso está evidente no seu comportamento a partir do momento em que enfrentou resistências no PT, partido aliado, dobrou Lula e a direção nacional petista, para ter a liberdade de escolher como vice o jovem Victor Marques, seu ex-chefe de gabinete, a quem filiou no PcdoB, partido que integra a federação com o PT e PV.
Leia maisPara criar as condições efetivas, entretanto, João tem que ser reeleito no primeiro turno com uma ampla vantagem, se possível com a maior votação entre os prefeitos de capitais, conforme sinalizam as pesquisas. Mas eleição, já dizia o sábio e prudente Marco Maciel, com quem convivi e escrevi sua biografia, é como mineração – só se sabe o resultado depois da apuração.
Além de sair consagrado das urnas na capital, João tem que eleger prefeitos do PSB e aliados de outros partidos em colégios eleitorais importantes e de visibilidade. Isso passa por um “banho de urnas” nos candidatos de Raquel na Região Metropolitana. Inclui Caruaru, Petrolina, Garanhuns, Palmares e outros colégios eleitorais simbólicos, como Arcoverde, Belo Jardim, Salgueiro, Araripina, Gravatá e Vitória de Santo Antão.
No Interior, se reeleito no primeiro turno no Recife, como apontam as pesquisas, João se voltará para Caruaru, se ali também a eleição vier a ser decidida no segundo turno – as pesquisas indicam esse caminho. Não há, na ligação do contexto municipal de hoje com o estadual das eleições de 2026, uma guerra eleitoral mais importante, depois da do Recife, do que a de Caruaru, por ser a terra em que a governadora foi prefeita.
Num eventual segundo turno entre o prefeito Rodrigo Pinheiro (PSDB) e o ex-prefeito Zé Queiroz (PDT), a capital do Agreste passa a ser objeto de cobiça de Raquel e João, porque se transformará num embate eleitoral antecipado de 2026. Já disse e repito: a única cidade que a governadora não pode perder o pleito municipal é Caruaru. Se isso ocorrer, a depender do saldo eleitoral no restante do Estado, especialmente a RMR, sendo desfavorável, adeus à reeleição de Raquel Lyra!
Recado aos Coelho – Na largada propriamente dita da campanha eleitoral, que se deu sexta-feira passada, Raquel, estranhamente, não priorizou sua Caruaru. Subiu no palanque do candidato do PSDB em Petrolina, Júlio Lóssio, sábado passado. Para um bom entendedor, uma sinalização de enfrentamento ao Grupo Coelho, hoje liderado pelo ex-prefeito Miguel Coelho (UB), que disputou a eleição para governador e no segundo turno apoiou a tucana, que, eleita, deu provas porque é chamada de Mandacaru (não dá sombra nem encosto para ninguém): negou-lhe pão e água.

Sequer um santinho – Pelo menos no primeiro ato de campanha do candidato do PSD a prefeito do Recife, Daniel Coelho, não se viu um só panfleto, santinho, cartaz ou faixa. Das duas, uma: ou o material de campanha do aliado de Raquel Lyra atrasou ou está iniciando uma campanha franciscana. Quem acompanha de perto, porém, assegura que se trata, na verdade, do reflexo do quanto está desorganizado e desestruturado o comitê do postulante das Princesas.
Só tem fujão na terra de Lula – O presidente Lula deve ter dado gargalhadas ao saber que na sua Caetés, onde nasceu e de lá saiu garoto como retirante em busca de um eldorado em São Paulo, não haverá disputa pela Prefeitura, simplesmente porque não apareceu ninguém com cabelo na venta para enfrentar o prefeito Nivaldo Tirri, do Republicanos. Trata-se de uma exceção num Estado acostumado a ter grandes embates eleitorais no Interior.
Arcoverde avermelhou – Em Arcoverde, a candidata do PSB, Madalena Britto, fez o maior ato de largada da campanha. A cidade amanheceu avermelhada e o que chamou atenção foi o entusiasmo da militância e dos que foram às ruas espontaneamente mostrar a cara e o lado que optou na disputa municipal. Mada, como é conhecida, foi prefeita duas vezes de Arcoverde e tem uma larga folha de serviços prestados na área social.

Campeão em pedido de impeachment – O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, é o maior alvo de pedidos de impeachment contra ministros da Suprema Corte. Ele soma 23 dos 59 requerimentos que tramitam no Senado. O número deve aumentar: congressistas da oposição ao governo anunciaram que solicitarão ao longo desta semana a derrubada do ministro pelo caso envolvendo investigações extra oficiais do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) sobre bolsonaristas. Até sexta-feira passada, entretanto, nenhum pedido sobre o assunto havia sido protocolado.
CURTAS
GUINADA À DIREITA– Na pequena Iguaracy, no Sertão do Pajeú, o ex-prefeito Pedro Alves quer voltar a governar o município e já carimbou o apoio do ex-prefeito Francisco Dessoles. Velho militante do PSB e arraesista, mudou de lado, ingressou no PSDB e terá a governadora Raquel Lyra em seu palanque. O mundo gira!
CANDIDATO DE JOÃO – O candidato do PSB em Iguaracy é o ex-prefeito Albérico Rocha, que fez uma bela gestão, saindo com mais de 80% de aprovação. O prefeito João Campos prometeu dar uma passadinha por lá ao longo da campanha para afirmar que Rocha é prioridade do partido.
MEDALHA – Meu amigo Renato Cunha, do Sindaçúcar, está entre os que vão receber, hoje, a Medalha do Mérito Judiciário Desembargador Joaquim Nunes Machado, por ocasião da celebração dos 202 anos do Tribunal de Justiça, solenidade marcada para às 9h30, na Escola Judicial de Pernambuco (Esmape/TJPE), localizada na Ilha Joana Bezerra.
Perguntar não ofende: Por que a revista Veja foi o único veículo do País que não reconheceu Silvio Santos como celebridade da comunicação brasileira?
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