Por Aldo Paes Barreto
O extermínio do povo palestino na Faixa de Gaza e a condenação das principais entidades mundiais, com destaque para o mais recente discurso do Papa Francisco, definem a situação: o Estado de Israel comete crime de genocídio e os fatos confirmam. Não sou antissemita, sou pacifista e procuro ser humanista. Tenho admiração pelo povo judeu e por toda valiosa contribuição à humanidade.
Não há a menor dúvida que os atentados terroristas sofridos por Israel são e foram criminosos, inaceitáveis e explicam a pronta reação da nação agredida. Não há régua para mediar essas atrocidades, mas a maneira como Israel está agindo na Faixa de Gaza, contra tudo e todos nivelam o Estado de Israel aos mais atrozes episódios da História, incluindo o Holocausto.
Extermínios semelhantes ao que aconteceram na América do Sul, contra as nações asteca, maia, incas, praticadas pelos europeus. As matanças dos índios brasileiros, dos nativos norte-americanos; o massacre armênio durante a I Guerra Mundial – que popularizou o termo “genocídio” – e a multicentenária exploração dos povos africanos submetidos às maiores crueldades da escravidão, pelos “civilizados” europeus.
Leia maisNão há qualquer atenuante para as matanças perpetradas pelos nazifascistas contra os judeus, comunistas, ciganos e homossexuais. Ignomínias que só cresceram durante o domínio nazifascista, prolongado diante da omissão da grande maioria dos governantes e da opinião pública. O então Papa Pio XII, como todos signatários da Igreja Católica, sabia das atrocidades. E se não apoiou, como afirmam respeitados historiadores, foi conivente.
Há exatamente um século, em 1924, Hitler passou na prisão escrevendo o infame “Minha Luta”. No livro, a bíblia do nazifascismo, estava escrita a teoria racial, o ódio dele aos judeus e a decisão de exterminá-los. Estava lá, página por página. O jornalista norte-americano Peter Hoss Range, pesquisou, contabilizou e escreveu no livro – “1924, o ano que criou Hitler”: “Pelo menos seiscentas linhas ou seções do livro registravam ódio aos judeus e a ameaça de exterminá-los”, registrou.
Ainda assim, foram poucas as vozes que se levantaram contra o psicopata nazista. Os principais governantes do mundo, embora tivessem informações dos respetivos serviços diplomáticos, calaram-se; quem pôde fugiu, fez que não viu ou foi cuidar dos seus negócios. Ali perto, o Papa Pio XII, não deu um pio. O historiador britânico John Cornwell no seu livro “O Papa de Hitler” descreve o sumo pontífice, com provas e documentos, como “antissemita”. “Ele foi um peão de Hitler” – escreveu.
Quando, em janeiro de 1933. Hitler chegou ao poder (“Ascensão e queda do Terceiro Reich”, de William L. Shirer, é ótima fonte), as agressões aos judeus já eram diárias. Em 1938, aconteceu a Noite dos Cristais que causou a morte de 30 mil judeus, no início mais agudo dos ataques ao povo hebreu. O mundo ficou calado. Somente em 1940, quando Churchill assumiu o comando da Inglaterra, é que uma nação enfrentou o perigoso lunático. Com coragem, sacrifício, determinação.
A guerra contra o nazifascismo foi parcialmente vencida. A paz não foi plenamente atingida. É preciso continuar a luta: “ A paz é a única batalha que vale a pena travar”, receitou Albert Camus. Todas as pessoas de bem devem buscar a paz. Na Ucrânia, em Gaza, na permanente luta contra a pobreza. Um novo ano sempre traz a esperança da Paz universal. Mas, a realidade é outra e as guerras continuam. Para o novo governo norte-americano, uma nova guerra está logo ali, na esquina. A guerra contra os emigrantes.
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