Por Muciolo Ferreira*
Quando o poeta, compositor e boêmio Vinícius de Moraes imortalizou a frase “as feias que me perdoem, mas beleza é fundamental”, certamente se referia ao seu time do coração, o Botafogo de Futebol e Regatas. Isso a julgar pelo fato de que, antes mesmo da conquista do seu primeiro brasileiro nos gramados em 1968, ao levantar a Taça Brasil, o time da Estrela Solitária de General Severiano já era Tricampeão.
“Como assim?”, questionaria o mais cético dos torcedores. Simples, os títulos não saíram dos dribles desconcertantes das pernas tortas de um tal Mané Garrincha. Tampouco das cobranças das faltas certeiras do Didi “folha seca”, ou dos pés de Nilton Santos, Zagallo, Amarildo ou Túlio Maravilha.
O Glorioso foi Tricampeão nacional na Passarela da Beleza, no templo sagrado do Maracanãzinho, o irmão mais novo do Maracanã, numa época em que o concurso de Miss Brasil era tão aguardado e popular quanto uma final de Copa do Mundo de Futebol. Chegou a rivalizar com esse esporte, reunindo famílias que disputavam o melhor lugarzinho na sala da casa diante do televisor com imagens em preto e branco, as cores do “Fogão”.
Leia maisO time foi campeão em 1958, com Adalgisa Colombo, que usou de esperteza ao driblar os jurados jogando em todo o corpo Óleo de Peroba para deixar a pele mais brilhosa no desfile de maiô. Em 1960, com Gina MacPherson, conquistava o bicampeonato, e o tri com Maria Raquel de Andrade em 1965.
Não é à toa que dizem que “os que levam a Estrela Solitária ao peito são Escolhidos “. Até porque, torcer pelo time de Beth Carvalho, da popstar Anitta, das atrizes Regina Casé e Maitê Proença, de Flávio Dino, Ministro do STF, do sambista Zeca Pagodinho e dos apaixonados e fanáticos torcedores pernambucanos Magno Martins e Ricardo Guerra é estar de bem com a volta do bom e moleque futebol arte que há muito não se via nos gramados.
É rir, comemorar e festejar juntos, com os 6 milhões e 200 mil torcedores do Glorioso espalhados pelo país, conforme dados do Atlas Intel.
Quiseram os deuses do futebol que o Palmeiras virasse o placar de 2×1 contra o Cruzeiro aos 42 minutos do segundo tempo no Mineirão, adiando para hoje a conquista do Tricampeonato do Glorioso. Isso estava “escrito nas estrelas”, pois a comemoração teria um gostinho especial de religiosidade e com bolo de aniversário.
Até porque o Campeão da Libertadores e do Brasileirão de 2024 completa nesse domingo seu aniversário. Fundado como Clube de Regatas em 01/07/1894, e como clube de Futebol em 12/08/1904, a fusão de ambas modalidades se deu em 08 de dezembro de 1942, tendo Nossa Senhora da Conceição como padroeira.
São os mistérios que só o Divino reserva à humanidade.
Do Oiapoque ao Chuí, tu és eterno, Botafogo.
Jornalista*
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