Quais os sedãs usados são bons negócios?
Reza a lenda que o comprador de sedãs é um dos mais conservadores do mercado brasileiro. Sem ceder, por exemplo, aos apelos de modernismos para adquirir um SUV – que já representam 46,5% dos mais de 934 mil automóveis e comerciais leves zero km emplacados no primeiro semestre de 2023 -, os donos de sedãs resistem. Mas são cada vez em menor número. Neste ano, eles não atingiram 20% das vendas. E a tendência é cair ainda mais, visto que os modelos de entrada, que geralmente compõem o maior volume, hoje resumem-se a Chevrolet Onix Plus, Hyundai HB20S, Fiat Cronos e Renault Logan.
Desde que a indústria automobilística brasileira surgiu, no final dos anos 50, boa parte dessa história vem sendo contada por eles: Aero-Willys, Galaxie, Opala, Chevette, Corcel, Del Rey, Monza e Santana lá nos primórdios, além de Voyage, Siena, Fiesta Sedan, Prisma, Civic e Corolla, para mencionar os mais recentes. Sedã era algo tão importante que até emprestava o nome ao mais famoso de todos eles, o Fusca – ou VW Sedan.

Quem olha o mercado brasileiro, que já viu cupês, stations e minivans desaparecerem pela ação “predatória” dos utilitários-esportivos, pode supor que, daqui a alguns anos, só restarão três segmentos: hatches, picapes e SUVs.
Esse desinteresse paulatino nas vendas de zero km pressupõe que o movimento se repita entre os seminovos. A Mobiauto, start-up de compra e venda de automóveis novos e usados, acaba de produzir um levantamento preciso de todo o mercado de sedãs seminovos do país.
Nessa pesquisa, coordenada pelo economista Sant de Castro Jr., que é consultor automotivo e CEO da Mobiauto, foram apuradas as cotações dos principais sedãs do mercado nacional:
- Audi A3 Sedan
- BMW 320i
- Caoa Chery Arrizo5 e Arrizo6
- Chevrolet Onix Plus e Cruze
- Fiat Grand Siena e Cronos
- Ford Ka Sedan
- Honda Civic e City
- Hyundai HB20S
- Kia Cerato
- Nissan Versa e Versa V-Drive
- Renault Logan
- Toyota Corolla e Yaris Sedan
- VW Virtus, Jetta e Voyage

Somando-se as versões de todos eles, a pesquisa analisou preços de 135 veículos (anos/modelos 2021 e 2022), sempre comparando a média de cotações do 1º semestre de 2022 versus igual período deste ano. E daí o percentual de variação nos valores.
Segmento dominado em tempos passados por montadoras de grande volume nos compactos, como Fiat, Ford, GM e Volkswagen, além das marcas japonesas nos médios (Toyota e Honda), os sedãs não viram novos personagens assumirem o protagonismo dos melhores negócios. As mesmas marcas e os mesmos modelos continuam sendo os melhores negócios, pelo menos sob o ponto de vista financeiro.
Onix e Grand Siena – Quem manda nos seminovos é a GM. Dos dez modelos mais bem ranqueados, o Onix Plus abocanhou três posições, com destaque também para a Fiat e a Hyundai com dois modelos cada uma. Ford, Toyota e VW fecham a lista dos dez melhores. De toda a pesquisa, o modelo mais valorizado foi Onix Plus LTZ turbo 2022, que teve alta de 2,04% no preço de 2022 para 2023. “Se você considerar que a depreciação média do mercado brasileiro para carros seminovos é de 5 ou 6%, nós encontraremos cerca de metade dos sedãs abaixo desse patamar. Ou seja, apesar de o segmento estar despertando pouco interesse nos compradores de 0km, o segmento de seminovos continua aquecido”, esclarece Sant Clair de Castro Jr. E ele vai além: “Maior prova disso é que, além do Onix Plus, os dois Fiat Grand Siena pesquisados conseguiram ganhar preço no último ano. E é um carro fora de linha. Quer maior prova de como esse segmento está aquecido? “
HB20S – Chama a atenção, também, na análise de versões que mais ganharam preços neste último ano, a predominância do Hyundai HB20S, talvez o único “novo entrante” desse segmento nas últimas décadas que conseguiu se estabelecer. “O resultado é transparente: dos dez mais, o modelo da marca de origem sul-coreana fecha a nona e a décima posições. E o melhor: com versões de motor 1.0 e 1.6. Na prática, ele é muito bem cotado”, diz Castro Jr.
Voyage – Já na lista dos dez piores, nota-se a presença insistente do VW Voyage. Ele tem três versões entre os dez piores, o que é bem sintomático. Pelo fato de a descontinuação ser recente, em fevereiro de 2023, ele está sob aquele efeito do carro que acabou de se despedir das linhas de produção, o que provoca uma corrida dos proprietários para colocar seus veículos à venda. E excesso de oferta derruba preços. “Se observarmos o que houve com o Grand Siena, que se despediu em dezembro de 2021, e hoje já está muitíssimo bem cotado, arrisco dizer que esse poderá ser o futuro do sedã da Volks. Mas fica claro que, agora, não é hora de vendê-lo. Mas pode ser hora de comprá-lo”, explica. Veja os dez piores:


As elétricas na vanguarda – Um levantamento da Abraciclo, a associação que reúne os fabricantes de motocicletas, bicicletas, etc, mostra que, atualmente, existem 36,9 milhões de pessoas que possuem CNH na categoria A – o que representa um aumento de 47,9% em dez anos. A proporção é de uma pessoa habilitada a pilotar motocicletas a cada seis habitantes no Brasil. Além disso, de acordo com a Fenabrave, a federação dos revendedores de carros, as vendas de motos aumentaram 16,1% em junho na comparação com o mesmo período do ano anterior. Fechando o semestre, no acumulado de 2023, foram quase 780 mil motos vendidas – um total superior aos carros de passeios, que somaram 733,4 unidades. O desempenho é creditado especialmente a expansão dos serviços de entrega (delivery) e a preferência dos consumidores por veículos não só mais baratos, como também mais econômicos. “Nesse sentido, as motos elétricas têm uma vantagem ainda maior, já que a cada quilômetro rodado gastam-se cerca de R$ 10 em gasolina e apenas R$ 1 em energia elétrica. Sem contar que o custo de manutenção é muito menor que o de modelos a combustão”, afirma Billy Blaustein, COO da Vammo, startup que oferece serviço de assinatura e trocas de baterias para motos elétricas.
Por terem um valor de aquisição e locação mais baixo que dos carros, a tendência é que o número de elétricas cresça mais rápido que os veículos quatro rodas. Com cada vez mais unidades em trânsito, os motoqueiros também passam a ter um papel de vanguarda na cultura de descarbonização. “Se quisermos descarbonizar o planeta, são frotas de países como o Brasil que tem uma das redes elétricas mais limpas do mundo, que devem ser eletrificadas. Isso porque, por aqui, cerca de 80% da matriz energética são fontes renováveis, como hídrica, solar e eólica, e faz muito sentido que essa energia limpa seja usada para eletrificar a frota, principalmente de motocicletas, no Brasil”, explica.
Stellantis terá híbrido flex em 2024 – A Stellantis, dona da Citroën, Fiat, Jeep, Peugeot e Ram, anunciou que terá quatro tipos de motorizações eletrificadas. Todas serão lançadas a partir de 2024 – e a meta é chegar a 60% de participação até 2030, com descarbonização de toda a operação global da Stellantis até 2038. As tecnologias, denominadas de “Bio-Hybrid”, têm sistemas híbrido-leve (MHEV), híbrido convencional (HEV), híbrido plug-in (PHEV) e elétrico (BEV) – esta última terá produção 100% nacional e deverá demorar um pouco mais.
Caoa Chery iCar mais barato – A guerra de preços que a BYD começou ao lançar o Dolphin, um elétrico por apenas R$ 150 mil, já começou a surtir efeitos. A Caoa Chery, por exemplo, acaba de anunciar que o iCar agora custa somente R$ 120 mil – tornando-se, assim, o modelo 100% elétrico mais barato do país. Custava, já com uma redução recente, R$ 140 mil. O iCar tem capacidade para quatro ocupantes, pesa 1.005 kg e mede 3.200 mm de comprimento, com 2.150 mm de distância entre-eixos. Ele vem com volante multifuncional, sistema de informação e entretenimento com tela vertical de 10,25″, carregamento de smartphone sem fio etc. O motor elétrico tem 45 kW (61cv) de potência e 15,3 kgfm de torque máximo. Faz de 0 a 50 km/h em 6 segundos e a velocidade máxima é limitada a 100 km/h, com autonomia de 197 km pelo padrão Inmetro.
Nissan: 1 milhão de elétricos – A Nissan atingiu a marca de 1 milhão de unidades vendidas de seus veículos elétricos – quase um terço delas na Europa. Só o Nissan Leaf, lançado em dezembro de 2010, vendeu mais de 650 mil unidades em todo o mundo. O modelo, atualmente é vendido em aproximadamente 50 mercados, como Japão, Estados Unidos e Europa, No Brasil, já teve mais de 1,3 mil unidades comercializadas. Em 2022, a Nissan iniciou as vendas do crossover totalmente elétrico Ariya. O modelo elétrico tem tecnologias inovadoras, como o controle de todas as rodas e o suporte avançado ao motorista.
Gasolina e etanol só aumentam no Nordeste – Na região nordestina, o preço médio do litro da gasolina fechou julho a R$ 5,92 e aumentou 0,34%, ante a primeira quinzena do mês. O etanol também ficou mais caro, em relação à primeira quinzena, e fechou o mês a R$ 4,73, com aumento de 0,42%. Segundo a última análise do Índice de Preços Ticket Log (IPTL), levantamento que consolida o comportamento de preços dos combustíveis a partir das transações realizadas nos postos de abastecimento, o diesel comum foi comercializado a R$ 5,08 na região, com redução 0,20%, e o tipo S-10 permaneceu com o mesmo preço da primeira quinzena, de R$ 5,10. “A Bahia liderou com o maior acréscimo no preço médio da gasolina e do etanol, de 0,85% e 1,08%, respectivamente, ante a primeira quinzena de julho. Já a Paraíba registrou o aumento mais expressivo para o diesel comum, de 3,25%”, comenta Douglas Pina, diretor-geral de Mobilidade da Edenred Brasil.
Etanol vantajoso em 7 estados – Os preços dos litros de combustíveis na última semana, entre os dias 24 e 30 de julho, caíram nos postos de todo o Brasil. O da gasolina foi cobrado, em média, a R$ 5,731; o do etanol hidratado, R$ 3,834. Por outro lado, o diesel se manteve em R$ 5,243, segundo levantamento nacional de preços de combustíveis da ValeCard, empresa especializada em soluções de gestão de frotas. Entre os dias 24 e 30 de julho de 2023 o preço médio do etanol hidratado (usado diretamente pelos veículos) no país foi de R$ 3,834 o litro, o que representa uma queda de 2,16% em relação ao registrado na semana anterior, quando o valor médio foi de R$ 3,919. A oscilação de preços do etanol influi diretamente na decisão de motoristas que possuem carros com motores flex. Segundo a ValeCard, para que o uso de etanol hidratado compense financeiramente em relação à gasolina, descontando fatores como autonomias individuais de cada veículo, o valor do litro do combustível renovável deve ser igual ou inferior a 70% do preço do litro do combustível fóssil. Considerando essa metodologia, na quinta semana de julho valeu a pena abastecer com etanol no Amazonas, Distrito Federal, Goiás, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e São Paulo.


Manutenção da moto: o que checar – Ágeis e econômicas, as motocicletas fazem parte do dia a dia de milhões de brasileiros – tanto para trabalhar, como para transporte ou apenas nas horas de lazer. Mas, como todo veículo, precisa de uma manutenção caprichada para não ficarem pelo caminho ou acabarem envolvidas em acidentes. Um cuidado fundamental é a revisão periódica. Pode ser feita rapidamente pelo dono, não exige grandes conhecimentos técnicos e nem ferramentas especiais. Como muitos defeitos acabam sendo descobertos no início, reduz a conta da oficina e garante a tranquilidade no uso diário. A seguir, confira o passo-a-passo produzido com a ajuda de Leandro Leite, coordenador de assistência técnica da Nakata.
A importância da inspeção – Quem conhece bem o seu veículo nunca é pego de surpresa. Essa é a primeira vantagem de investir algum tempo na checagem dos principais sistemas da motocicleta. Outro ponto a favor é evitar as quebras por desleixo, como os problemas causados por lubrificantes velhos ou pastilhas gastas. Por último — e mais importante! — com a manutenção em dia você não corre riscos no trânsito.
Para fazer essa revisão periódica, o ideal é seguir todos os prazos indicados no manual do proprietário e também criar uma rotina, como fazer uma verificação básica semanal. Em complemento, é fundamental contar com o apoio de uma oficina que ofereça um serviço mecânico de qualidade, capaz de resolver os problemas mais sérios com rapidez, economia, garantia e segurança.
Os grandes benefícios – A princípio, você pode até pensar que esses cuidados são exagerados, um desperdício de tempo e dinheiro. Afinal, muita gente roda direto com as motos sem a menor preocupação e busca uma oficina apenas em último caso. Mas, se analisarmos três pontos muito importantes, as vantagens ficam evidentes. Vamos conferir?
Segurança – Um veículo acompanhado de perto, com todos os sistemas verificados de tempos em tempos, dificilmente apresentará alguma situação de desgaste ou quebra que possa causar um problema inesperado. Você poderá confiar na máquina e pilotar sempre tranquilo, mesmo nas condições mais difíceis, como durante uma tempestade.
Durabilidade – Outra vantagem é que todas as peças da motocicleta duram muito mais. A manutenção das condições ideais de funcionamento evita o desgaste prematuro dos componentes. Todos os sistemas trabalham dentro dos parâmetros originais, sem sofrerem esforços ou danos causados por itens defeituosos ou lubrificantes velhos.
Economia – Como consequência, o proprietário fará uma economia significativa no final do mês. As manutenções preventivas são muito mais baratas do que as corretivas e, além disso, com o motor trabalhando sempre em ordem, a moto gasta pouco combustível e polui menos. Até as despesas com pneus e freios podem ficar menores.
Como fazer a análise – Para manter a motocicleta em ordem, o ideal é unir o cuidado frequente do dono com o apoio de um mecânico de confiança. Sempre que visitar a oficina, acompanhe os trabalhos e aprenda como funciona cada peça. As revisões periódicas, apesar de serem rápidas, devem englobar todos os sistemas.
Motor e câmbio – Um primeiro cuidado é manter o conjunto sempre limpo. Assim fica fácil notar algum vazamento de óleo, combustível ou fluido hidráulico. Mas prefira fazer a limpeza sem usar água ou químicos fortes. Existem à venda produtos em spray que removem toda a sujeira com rapidez e sem danificar os componentes.
Na sequência, confira o estado de cada cabo, cachimbo e vela. Também verifique os filtros de ar e combustível. Outro ponto de atenção é com o nível e prazo do lubrificante. Se a moto tiver radiador, veja o líquido de arrefecimento e, se necessário, complete com água destilada e aditivo, sempre na proporção indicada pelo fabricante.
Relação – A maioria das motocicletas usa o conjunto de pinhão, coroa e corrente. Sua manutenção é muito fácil. Hoje existem kits próprios para esse trabalho (com sprays e escova) que fazem a limpeza e lubrificação em minutos. Também é interessante pedir uma “aula” para o seu mecânico sobre como conferir e ajustar a tensão da corrente.
Nos modelos com eixo cardan, confira o nível do lubrificante seguindo as orientações do manual e fique sempre atento ao aparecimento de vazamentos. Qualquer que seja o sistema (corrente ou cardan), o funcionamento deve ser sempre suave. Se surgirem trancos ou estalos, é mau sinal, procure a oficina o quanto antes.
Cabos – Nas motos mais simples, os cabos estão por todos os lados, comandando o acelerador, a embreagem, os freios e até o velocímetro. Verifique se estão “correndo livres” pelas capas e sem partes desfiadas. Como são itens baratos, ao menor sinal de problema, faça uma troca preventiva. É um trabalho fácil e rápido.
Pneus – São elementos essenciais para a sua segurança e conforto. Durante a revisão, confira o desgaste das bandas de rodagem e veja se não existem bolhas ou qualquer outro dano nas laterais. Uma vez por semana, é importante fazer a calibragem, sempre aplicando a pressão indicada no manual.
Freios – Nos sistemas a disco, você consegue avaliar facilmente se as pastilhas estão boas. Quando ficarem muito finas, procure a oficina da sua confiança e faça uma troca preventiva. Nos tambores, o ideal é o mecânico fazer uma revisão anual ou a cada 15 mil quilômetros. Outra dica é ver o desgaste das lonas quando um pneu furar.
Se o acionamento for hidráulico, sempre confira o nível do fluido, fique atento ao aparecimento de vazamentos e faça a troca completa na oficina conforme os prazos indicados no manual. O mau funcionamento dos freios é uma das principais causas de acidentes com os veículos de duas rodas.
Suspensões – Seguindo com a revisão, procure sinais de problemas nos amortecedores traseiros, como vazamentos ou buchas quebradas. Na dianteira, confira o nível do fluido hidráulico das bengalas e veja se os retentores estão vedando bem. Para finalizar, movimente os conjuntos e avalie se não existem folgas, ruídos ou pancadas secas.
Elétrica – Por último, teste todos os itens do sistema elétrico, como o farol, lanterna traseira, setas e buzina. Quando é necessário, são itens muito fáceis de consertar e, se não estiverem em ordem, podem gerar uma multa. Também fique atento ao estado da bateria. Ao notar os primeiros sinais de falha, procure um profissional especializado.
Depois que a revisão periódica se torna uma rotina, é possível verificar todos esses itens e ainda dar um trato na moto em pouco tempo. É um trabalho que vale a pena! Garante uma pilotagem tranquila e segura, além de reduzir os custos de manutenção. Você também terá uma visão mais clara dos problemas para informar ao seu mecânico.
Renato Ferraz, ex-Correio Braziliense, tem especialidade em jornalismo automobilístico.
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