A empresa Ambipar deu o primeiro passo para ingressar em processo de recuperação judicial. Obteve uma liminar que suspende temporariamente o pagamento de suas dívidas. A empresa enfrenta um passivo superior a R$ 10 bilhões, com destaque para uma cobrança de US$ 550 milhões feita pelo Deutsche Bank.
A crise financeira já provocou a saída de executivos e queda de mais de 50% nas ações na bolsa. Isso levanta sérias dúvidas sobre sua capacidade de manter os serviços essenciais que presta em Fernando de Noronha.
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Com sede em São Paulo, a Ambipar começou a prestar serviços de coleta e destinação de lixo em Fernando de Noronha em abril deste ano, após vencer uma licitação de R$ 64,7 milhões com duração de cinco anos. A licitação foi investigada pelo TCE sob denúncia de várias irregularidades, dentre as quais, a ausência de atestado de capacidade técnica para a prestação do serviço. O TCE decidiu, mesmo assim, manter o contrato alegando que suspender o serviço traria prejuízos à população.
O serviço prestado pela Ambipar no arquipélago não está sendo aprovada pela população. Moradores e visitantes registraram vários pontos de lixo não recolhido. Além disso, a usina de reciclagem não está funcionando integralmente. O governo estadual tem conhecimento do problema. Nesta quinta, 25, a administração da Ilha notificou a empresa pelas montanhas de lixo acumuladas e pela precariedade da usina de reciclagem.
A expectativa é de que, diante da notificação e com um grande evento programado para este final de semana (a 36ª Regata Internacional Recife – Fernando de Noronha, a Refeno), a empresa faça um mutirão para limpeza do arquipélago. O que fica em dúvida é o depois do evento – se a empresa, com tantos problemas e com a má experiência até agora, vai conseguir resolver os problemas de limpeza urbana do paraíso ecológico de Fernando de Noronha.
Mais uma licitação complicada
Em abril de 2025, o governo estadual contratou a empresa Ambipar para assumir os serviços de limpeza urbana e gestão de resíduos sólidos em Fernando de Noronha, por meio de uma licitação de R$ 64,7 milhões, com duração de cinco anos. A escolha da empresa gerou controvérsia desde o início.
A Universo Empreendimentos, que atuava há 20 anos na ilha, contestou o resultado e apresentou denúncia ao Tribunal de Contas do Estado de Pernambuco (TCE-PE), apontando diversas irregularidades na escolha da Ambipar. A principal delas: ausência de atestados de capacidade técnica para realizar o serviço.
Segundo a denúncia, a empresa vencedora do certame entregou documentos fora do prazo, não apresentou algumas licenças exigidas no edital, não comprovou viabilidade técnica da proposta, incluiu documento fora do sistema oficial. Apesar das denúncias, o TCE manteve o contrato com a Ambipar, alegando que suspender o serviço traria prejuízos à população.
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