A última semana da maravilhosa exposição de Michelangelo

Fui ontem, com minha Nayla Valença, passar os olhos, o coração e a mente na exposição imersiva “Michelangelo: O Mestre da Capela Sistina”, no Shopping RioMar. Maravilhosa. Aos que ainda não viram, vai ser encerrada no próximo domingo.

Trata-se da maior experiência imersiva sobre a Capela mais famosa do mundo, com espaços dedicados à história e curiosidades das obras de um dos maiores artistas da humanidade: o italiano Michelangelo.

Com apoio do Consulado da Itália, a exposição proporciona ao público um mergulho na Capela Sistina, com direito a projeções animadas no teto e nas paredes, reproduzidas em escala semelhante à original, localizada no Vaticano. O ateliê do artista, com manuscritos e réplicas das esculturas mais famosas na Itália, também está presente no espaço.

Nos encantamos com as réplicas de “David”, “Madonna da escada” e outras esculturas famosas que contemplam diferentes fases da trajetória do artista italiano. A mostra conta com 15 ambientes exclusivos e os ingressos custam a partir de R$ 30. A exposição é uma realização do Ministério da Cultura, Boldly Go, Deeplab Project e Festa Cheia, com patrocínio ouro da Fiat, que instalou com um espaço instagramável ativo como extensão dos ambientes da exposição.

Por José Adalbertovsky Ribeiro, periodista, escritor e quase poeta

MONTANHAS DA JAQUEIRA – Milagre é efeito sem causa, dizem os manuais científicos. Existem os milagres de fé, os milagres relativos e os milagres tipo falsiê, ou milagres fake, no dizer atual. Atribui-se ao pecador Delfim Neto o milagre econômico brasileiro da década de 1970. Ele seria quase uma Santa Madre Paulina do Coração Agonizante de Jesus, uma Irmã Dulce.

Vou tentar resumir em poucas letras o milagre delfiniano em economia. Década de 1970, indústria automobilística em expansão, os petrodólares davam no meio da canela no mercado financeiro. “Vamos abrir a porta da esperança. Quem quer petrodólares?”, diriam os árabes no programa de Sílvio Santos. Poderoso ministro civil da Fazenda de 1967 a 1974, Delfim Neto pegou na palavra. Botou os bilhões de petrodólares no bolso e levou para o ministério.

Naqueles tempos o País era muito carente de infraestrutura (ainda hoje é, em menor escala). Com a dinheirama de bilhões de petrodólares, foram construídas hidrelétricas, pontes, rodovias, saneamento básico. Entre as obras mais simbólicas temos a ponte Rio-Niterói (13 km), a hidrelétrica binacional de Itaipu, Usinas do Xingu, de Belo Monte, no Pará, pintou até uma grana para a SUDENE e para Suape. No período de 1968 a 1973 o PIB do País cresceu de 8 % até 14 %. Eis o milagre.

Com estas obras, a infraestrutura de Pindorama deu um salto olímpico. Na década de 1970 aconteceu também uma expressiva mobilidade social. Jovens de classe média e de classe média baixa, graduados na maioria em universidades públicas, eram logo absorvidos no mercado de trabalho. Chesf, SUDENE, Banco do Brasil, Petrobras abriam as portas para a juventude. A atual geração de 60, 70 e 80 anos comprova essa realidade.

As super obras de infraestrutura mudaram a face de Pindorama. Mas, existem sempre outras faces, a vida é um caleidoscópio. Os sem face do Norte e Nordeste continuaram no atraso. No campo político, jovens da ultraesquerda, inspirados no ideário da “revolução” de Cuba, então em voga, migraram para a clandestinidade e promoveram a luta armada contra o regime. O líder comunista Carlos Prestes era contra a aventura armada. Aconteceu a guerrilha do Araguaia, uma batalha suicida.

Sob a égide do aterrorizante AI-5, o governo desencadeou repressão feroz contra as esquerdas. Houve torturas, mortes, censura, cassações, o clima das ditaduras. Impossível ao exército de Branca Leone tupiniquim enfrentar as forças oficiais superaparelhadas.

Em 1973, no governo Geisel, em meio à revolução islâmica no Irã, guerras em Israel e no mundo árabe, pipocou a crise do petróleo. O preço do barril do óleo pulou de 2,90 para 11,65 dólares. A crise abalou as economias mundiais. O óleo negro chegou a valer 90 dólares o barril. Acabou-se o que era doce. O ex-ministro passou a ser chamado de gordinho sinistro.

Deste então este reino de Pindorama navega na mediocridade, recessão e corrupção. Santa Madre Paulina do Coração Agonizante do Brazil, rogai por nós!

Cenário para João enfrentar Raquel

Diante do ambiente eleitoral natural de mais uma eleição, a municipal, marcada para 6 de outubro, a pergunta mais frequente que me fazem diz respeito ao pleito seguinte, o de 2026, quando a governadora Raquel Lyra (PSDB) tentará a reeleição. “João Campos é candidato a governador?” Estou cansado de ouvir a indagação, seja partindo de políticos tarimbados ao mais neófito eleitor distanciado da vida pública.

João tem, sim, uma estratégia na cabeça para disputar o Palácio do Campo das Princesas em 2026. Isso está evidente no seu comportamento a partir do momento em que enfrentou resistências no PT, partido aliado, dobrou Lula e a direção nacional petista, para ter a liberdade de escolher como vice o jovem Victor Marques, seu ex-chefe de gabinete, a quem filiou no PcdoB, partido que integra a federação com o PT e PV.

Para criar as condições efetivas, entretanto, João tem que ser reeleito no primeiro turno com uma ampla vantagem, se possível com a maior votação entre os prefeitos de capitais, conforme sinalizam as pesquisas. Mas eleição, já dizia o sábio e prudente Marco Maciel, com quem convivi e escrevi sua biografia, é como mineração – só se sabe o resultado depois da apuração.

Além de sair consagrado das urnas na capital, João tem que eleger prefeitos do PSB e aliados de outros partidos em colégios eleitorais importantes e de visibilidade. Isso passa por um “banho de urnas” nos candidatos de Raquel na Região Metropolitana. Inclui Caruaru, Petrolina, Garanhuns, Palmares e outros colégios eleitorais simbólicos, como Arcoverde, Belo Jardim, Salgueiro, Araripina, Gravatá e Vitória de Santo Antão.

No Interior, se reeleito no primeiro turno no Recife, como apontam as pesquisas, João se voltará para Caruaru, se ali também a eleição vier a ser decidida no segundo turno – as pesquisas indicam esse caminho. Não há, na ligação do contexto municipal de hoje com o estadual das eleições de 2026, uma guerra eleitoral mais importante, depois da do Recife, do que a de Caruaru, por ser a terra em que a governadora foi prefeita.

Num eventual segundo turno entre o prefeito Rodrigo Pinheiro (PSDB) e o ex-prefeito Zé Queiroz (PDT), a capital do Agreste passa a ser objeto de cobiça de Raquel e João, porque se transformará num embate eleitoral antecipado de 2026. Já disse e repito: a única cidade que a governadora não pode perder o pleito municipal é Caruaru. Se isso ocorrer, a depender do saldo eleitoral no restante do Estado, especialmente a RMR, sendo desfavorável, adeus à reeleição de Raquel Lyra!

Recado aos Coelho – Na largada propriamente dita da campanha eleitoral, que se deu sexta-feira passada, Raquel, estranhamente, não priorizou sua Caruaru. Subiu no palanque do candidato do PSDB em Petrolina, Júlio Lóssio, sábado passado. Para um bom entendedor, uma sinalização de enfrentamento ao Grupo Coelho, hoje liderado pelo ex-prefeito Miguel Coelho (UB), que disputou a eleição para governador e no segundo turno apoiou a tucana, que, eleita, deu provas porque é chamada de Mandacaru (não dá sombra nem encosto para ninguém): negou-lhe pão e água.

Sequer um santinho – Pelo menos no primeiro ato de campanha do candidato do PSD a prefeito do Recife, Daniel Coelho, não se viu um só panfleto, santinho, cartaz ou faixa. Das duas, uma: ou o material de campanha do aliado de Raquel Lyra atrasou ou está iniciando uma campanha franciscana. Quem acompanha de perto, porém, assegura que se trata, na verdade, do reflexo do quanto está desorganizado e desestruturado o comitê do postulante das Princesas.

Só tem fujão na terra de Lula – O presidente Lula deve ter dado gargalhadas ao saber que na sua Caetés, onde nasceu e de lá saiu garoto como retirante em busca de um eldorado em São Paulo, não haverá disputa pela Prefeitura, simplesmente porque não apareceu ninguém com cabelo na venta para enfrentar o prefeito Nivaldo Tirri, do Republicanos. Trata-se de uma exceção num Estado acostumado a ter grandes embates eleitorais no Interior.

Arcoverde avermelhou – Em Arcoverde, a candidata do PSB, Madalena Britto, fez o maior ato de largada da campanha. A cidade amanheceu avermelhada e o que chamou atenção foi o entusiasmo da militância e dos que foram às ruas espontaneamente mostrar a cara e o lado que optou na disputa municipal. Mada, como é conhecida, foi prefeita duas vezes de Arcoverde e tem uma larga folha de serviços prestados na área social.

Campeão em pedido de impeachment – O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, é o maior alvo de pedidos de impeachment contra ministros da Suprema Corte. Ele soma 23 dos 59 requerimentos que tramitam no Senado. O número deve aumentar: congressistas da oposição ao governo anunciaram que solicitarão ao longo desta semana a derrubada do ministro pelo caso envolvendo investigações extra oficiais do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) sobre bolsonaristas. Até sexta-feira passada, entretanto, nenhum pedido sobre o assunto havia sido protocolado.

CURTAS

GUINADA À DIREITA– Na pequena Iguaracy, no Sertão do Pajeú, o ex-prefeito Pedro Alves quer voltar a governar o município e já carimbou o apoio do ex-prefeito Francisco Dessoles. Velho militante do PSB e arraesista, mudou de lado, ingressou no PSDB e terá a governadora Raquel Lyra em seu palanque. O mundo gira!

CANDIDATO DE JOÃO – O candidato do PSB em Iguaracy é o ex-prefeito Albérico Rocha, que fez uma bela gestão, saindo com mais de 80% de aprovação. O prefeito João Campos prometeu dar uma passadinha por lá ao longo da campanha para afirmar que Rocha é prioridade do partido.

MEDALHA – Meu amigo Renato Cunha, do Sindaçúcar, está entre os que vão receber, hoje, a Medalha do Mérito Judiciário Desembargador Joaquim Nunes Machado, por ocasião da celebração dos 202 anos do Tribunal de Justiça, solenidade marcada para às 9h30, na Escola Judicial de Pernambuco (Esmape/TJPE), localizada na Ilha Joana Bezerra.

Perguntar não ofende: Por que a revista Veja foi o único veículo do País que não reconheceu Silvio Santos como celebridade da comunicação brasileira?