Eduardo Leite: “Não vamos passar pano para o PT”

Do O Antagonista

O governador eleito do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (foto), participou neste sábado (5) do Congresso do MBL, em São Paulo. Em seu discurso, o tucano afirmou que não irá “passar pano” para o governo Lula.

​​Para Leite, a relação do governador com o governo federal é “acima de tudo é uma postura de independência, não de adesão, nem de fazer oposição para atrapalhar

“É uma relação republicana, mas nós também não vamos passar pano se [o governo federal] estiver levando o país para o caminho errado, algo que vá afetar o interesse dos estados. É o caso de mobilizarmos nossas bancadas no Congresso”, acrescentou.

Também no sábado, em entrevista ao Globo, Eduardo Leite afirmou que o diálogo com o vice-presidente eleito, Geraldo Alckmin, deverá ser mais fácil.

“Tenho uma boa expectativa nessa direção, pois temos uma relação vinda do PSDB. E há uma melhor disposição do presidente eleito no diálogo com os governadores. Ele verbalizou isso e seu histórico vem nessa direção.”

O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) desmentiu o conteúdo divulgado por um canal argentino de direita e disseminado por apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL) nas redes sociais, que levanta suspeita de fraude na eleição presidencial deste ano.

Em uma live realizada na sexta-feira (4/11), o influenciador argentino Fernando Cerimedo, dono do canal La Derecha Diário, divulgou um dossiê apócrifo com uma série de informações falsas sobre as urnas eletrônicas para levantar suspeitas sobre a vitória do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva no último domingo (30/10). As informações são do Metrópoles.

No vídeo, Cerimedo afirma ter recebido um relatório do Brasil, indicando que cinco modelos de urnas eletrônicas usadas na eleição deste ano registraram mais votos para Lula do que para Bolsonaro. Segundo ele, esses modelos mais antigos não foram submetidos aos testes de segurança dos modelos de urnas de 2020.

Ele afirmou, sem apresentar provas, que nas urnas anteriores a 2020, Lula venceu Bolsonaro com oito pontos percentuais de vantagem, enquanto que nas urnas que teriam sido auditadas por peritos de universidades federais e das Forças Armadas, o atual presidente venceu com 1,3 ponto de vantagem sobre o petista.

O TSE, por meia de nota, desmentiu todo o conteúdo apresentado pelo argentino na live.

“Não é verdade que os modelos anteriores das urnas eletrônicas não passaram por procedimentos de auditoria e fiscalização. Os equipamentos antigos já estão em uso desde 2010 (para as urnas modelo 2009 e 2010) e todos foram utilizadas nas Eleições 2018. Nesse período, esses modelos de urna já foram submetidos a diversas análises e auditorias, tais como a Auditoria Especial do PSDB em 2015 e cinco edições do Teste Público de Segurança (2012, 2016, 2017, 2019 e 2021)”, afirma o tribunal.

Ainda de acordo com o TSE, as urnas eletrônicas modelo 2020 que ainda não estavam prontas no período de realização dos testes de 2021 foram testadas por três universidades e o software em uso nos equipamentos antigos é o mesmo empregado nos equipamentos mais novos. “Nas três avaliações, não foi encontrada nenhuma fragilidade ou mesmo indício de vulnerabilidade”.

“Por fim, ressalta-se que todas as urnas são auditadas e elas são um hardware, ou seja, um aparelho. O que importa é o que roda dentro dela, ou seja, o programa, que ficou aberto por um ano para todas as entidades fiscalizadoras. O software da urna é único em todos os modelos, tendo sido divulgado, lacrado e assinado”, afirma o TSE.

Apoiador de Bolsonaro

Responsável pela divulgação do conteúdo falso, Fernando Cerimedo é apoiador da família do presidente Jair Bolsonaro. No dia 13 de outubro, cerca de duas semanas antes do segundo turno, ele recebeu o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho 03 do presidente, em Buenos Aires.

O conteúdo divulgado por Cerimedo foi rapidamente disseminado por bolsonaristas nas redes sociais, sob a hashtag “Brazil Was Stolen”. O deputado federal mais votado do país, Nikolas Ferreira (PL-MG), pediu para que o TSE investigasse as suspeitas levantadas pelo canal argentino de extrema-direita.

“Como cidadão, estou pedindo para o Tribunal competente averiguar as informações divulgadas hoje sobre as possíveis fraudes nas eleições brasileiras. Surgiram dúvidas válidas e de interesse coletivo”, postou o deputado eleito por Minas Gerais.

O pastor Silas Malafaia, apoiador de Bolsonaro, divulgou um vídeo em suas redes sociais cobrando o presidente do TSE, ministro Alexandre de Moraes, sobre o conteúdo da live. “O que esses auditores argentinos falaram é verdade ou mentira? O senhor precisa vir com provas robustas caso isso seja mentira. Isso é algo terrível e grave para a democracia brasileira. Se isso for verdade essas eleições são invalidadas”, afirmou Malafaia.

Parceiro do Metrópoles, o site Boatos.org checou a veracidade do assunto. “Quando assistimos ao vídeo, logo percebemos que a ‘auditoria’ não era de algum argentino”. Na realidade, o vídeo em questão não passa de uma leitura do documento ‘Fraude nas Urnas 2022.pdf”, desmentido desmentimos por nós agora há pouco’”.

Por Arimatéia Jerônimo*

O resultado das eleições para o governo de Pernambuco no último dia 30 de outubro traz um novo cenário e indica uma nova posição política ideológica no nosso Estado.

A eleição de Raquel Lyra para governar o nosso estado, a partir de 2023, foi fruto de um posicionamento político-eleitoral em que a aparente neutralidade em relação a bandeira ideológica que empunhava se materializou como uma representante de toda a direita pernambucana. Isso, seguramente, se replicará na composição, bem como na linha política-ideológica do seu governo, ocupando o espaço político do campo mais conservador e direitista em nosso estado.

Na sua estratégia de campanha não revelou em quem votaria para presidente da república, contudo, todas as forças ligadas à direita e ao bolsonarismo em Pernambuco estiveram no seu palanque, além do perfil da composição da sua chapa com Priscila Krause para Vice e Guilherme Coelho, como seu candidato ao Senado.

Esse cenário, mostra claramente que muda de campo ideológico o futuro governo de Pernambuco e nos impõe, ao me ver, liderarmos a oposição no âmbito estadual, visto que temos as maiores e mais expressivas lideranças do campo progressista pernambucano, representado pelos Senadores Humberto Costa e Teresa Leitão (recém-eleita), além do deputado Federal Carlos Veras, do Presidente do Partido no Estado, deputado estadual reeleito, Doriel Barros, entre outras lideranças petistas.

O bolsonarismo despolitizou o Brasil, invertendo pautas e valores próprios da competência da gestão pública, o que considero um grande desserviço à democracia e a participação popular no processo político do país. Com a eleição do Presidente Lula, temos a oportunidade e o dever de reconstruirmos a pauta do empoderamento do povo, por meio de uma agenda pedagógica de conscientização e ativismo na política.

Assim sendo, proponho, que o nosso partido (PT), lidere imediatamente a oposição ao futuro Governo de Pernambuco, no âmbito da esfera Estadual. Isso, contudo, não significa que os nossos parlamentares e principais lideranças no Estado, inclusive com trânsito livre com o futuro presidente Lula, não possam intermediar ações institucionais entre o futuro Governo de Pernambuco e o futuro Governo do Presidente Lula.

* Vice-prefeito do Cabo de Santo Agostinho pelo PT.

A chuva que caiu em cidades de Pernambuco, desde o sábado (5), causou alagamentos e uma série de transtornos para moradores do Grande Recife, da Zona da Mata e do Agreste do estado. Neste domingo (6), segundo a Defesa Civil estadual, havia quatro pessoas desalojadas.

Um dos pontos em que mais choveu foi em Porto de Galinhas, em Ipojuca, no Litoral Sul, um dos principais pontos turísticos do estado. As informações são do G1/PE.

Até as 11h deste domingo (6), a Agência Pernambucana de Águas e Clima (Apac) registrou, em Ipojuca, 96 milímetros de chuva, em 24 horas. O centro comercial de Porto de Galinhas ficou alagado, como mostram imagens enviadas por moradores ao WhatsApp da TV Globo.

A Defesa Civil registrou uma queda de coberta na região, mas o acidente não deixou vítimas. A prefeitura informou que o alagamento ocorreu por causa de uma obstrução na tubulação de escoamento. Neste domingo, equipes fizeram trabalho de limpeza.

Segundo a Apac, os maiores índices de chuva foram registrados em Águas Belas, com 101 milímetros, e Bonito, que teve 76 milímetros, ambas no Agreste; e em Cortês, na Zona da Mata, com 74 milímetros.

No sábado (5), também houve registro de alagamentos em João Alfredo, no Agreste do estado. Moradores tiveram que pôr o pé na água para se locomover.

A Defesa Civil estadual informou que teve registros de quatro pessoas desalojadas em Jaqueira, na Mata Sul; de rompimento de açude e enxurrada na zona rural de Belém de Maria, na Zona da Mata; e nível de alerta do Rio Pirangi, em São Benedito do Sul, também na Zona da Mata.

A previsão da Apac é de chuva com intensidade moderada em todas as regiões pernambucanas para este domingo e segunda-feira (7).

A Defesa Civil estadual também orientou a população a, em caso de ocorrências, entrar em contato com a Defesa Civil do seu município. Além disso, a central fica em alerta 24h, pelos números 199 ou 3181.2490.

O Ibovespa, principal índice da B3 (Bolsa de Valores de São Paulo) subiu 3,16% na 1ª semana pós-eleição de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A alta é praticamente igual à registrada em 2018, quando Jair Bolsonaro (PL) foi eleito presidente. Naquela época, o índice saiu de 85.720 pontos para 88.419 pontos, o que corresponde a um crescimento de 3,15%. Sob Lula, o mercado de ações passou de 114.539 pontos para 118.155 pontos. O Poder360 mostrou que as empresas listadas valorizaram R$ 132 bilhões com esta alta.

Apesar do desempenho quase igual do Ibovespa nos diferentes períodos, a Bolsa havia subido 1,78% na semana anterior ao 2º turno de 2018. Neste ano, o índice caiu 4,49% antes do pleito. As informações são do Poder360.

A eleição de Lula atraiu dinheiro de investidores internacionais que aprovam a volta do petista para o Palácio do Planalto. Há uma expectativa de que ele possa melhorar a imagem do Brasil no exterior, principalmente na área ambiental.

Mas a Bolsa também foi ajudada por fatores externos. O mercado se animou com os rumores de que a China poderia flexibilizar as medidas contra a pandemia de covid-19, o que pode melhorar o desempenho econômico global. Outros índices mundiais registraram alta por causa da notícia.

As ações ligadas à exportação de minério subiram nos países. No Brasil, a Vale foi a empresa que mais ganhou valor de mercado, R$ 21,8 bilhões ao todo. Subiu 7,59% na 6ª feira (4.nov.2022).

A melhora nos índices globais demonstra um movimento que os investidores estão com maior apetite a risco. Tendem a aplicar recursos em ativos de maior volatilidade, mas que poderão recompensar com remuneração mais alta. Por isso, países emergentes, como o Brasil, têm registrado entrada de dinheiro estrangeiro.

O mercado discute a possibilidade de um reajuste menor dos juros dos Estados Unidos na próxima reunião do Fed (Federal Reserve, o Banco Central norte-americano). A taxa de desemprego do país foi maior que o esperado pelos investidores em outubro, o que pode fazer com que a autoridade monetária dos EUA diminua o ritmo de alta dos juros para não impactar o mercado de trabalho.

CONTAS PÚBLICAS PREOCUPAM

Como será o financiamento dos gastos de 2023 é a grande dúvida que paira sobre o mercado. O volume de despesas que deverá estar fora do guarda-chuva do teto dos gastos pode dar um banho de água fria no mercado e esfriar o otimismo. O governo eleito estuda uma Proposta de Emenda à Constituição, a chamada “PEC da transição”, que permitirá um furo no teto de gastos de, pelo menos, R$ 85 bilhões.

O plano B é a criação de uma MP (medida provisória) que cria um crédito extraordinário em 2023. Ainda não se sabe como a conta vai fechar. O valor ainda será definido e há cálculos de congressistas de que poderá superar R$ 160 bilhões. O dinheiro será usado para custear, entre outras medidas, o Bolsa Família (atual Auxílio Brasil) de R$ 600 e o reajuste acima da inflação do salário mínimo.

Em 2023, Lula apresentará uma proposta para modificar a regra do teto de gastos. Haverá também o reajuste aos funcionários públicos. As despesas com encargos do funcionalismo são a 2ª maior cifra do Orçamento Federal, atrás somente da Previdência Social. O aumento dos salários terá grande peso e ampliará ainda mais as despesas obrigatórias.

A emenda para excepcionalizar as despesas do teto de gastos, ou “waiver” como tem sido chamada, é um perdão para descumprir a Constituição. Terá impactos na dívida pública do país, que deve fechar o ano em 76,2% do PIB (Produto Interno Bruto), segundo o Tesouro Nacional.

Tudo considerado, as incertezas sobre o futuro das contas públicas podem acabar com a lua de mel do mercado com o governo eleito.

A apresentação da PEC fura-teto foi feita antes do anúncio oficial de qual será a equipe econômica do futuro governo, o que irritou parte do mercado. O Poder360 confirmou a informação de que os economistas André Lara Resende, Pérsio Arida e Guilherme Mello farão parte da transição.

DÓLAR PÓS-ELEIÇÕES

O comportamento do dólar comercial não foi parecido ao do Ibovespa. A moeda dos Estados Unidos subiu de R$ 3,65 para R$ 3,70 na semana seguinte às eleições de 2018. Depois da vitória de Lula, caiu 4,49%, de R$ 5,30 para R$ 5,06.

O risco Brasil, ou o CDS (Credit Default Swap) de 5 anos, caiu em ambas as ocasiões. Em 2018, recuou 11,5 pontos, abaixo dos 200 pontos. O indicador caiu 12,6 pontos na 1ª semana pós-Lula eleito, para 266 pontos.

Já os juros futuros mudaram pouco sob Lula e Bolsonaro na 1ª semana pós-eleição. Em 2018, os contratos com vencimento em janeiro de 2021 tiveram alta de 0,04 pontos percentuais. Com Lula, os contratos com vencimento em janeiro de 2025 caíram 0,19 p.p.

Do primeiro para o segundo turno das eleições, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) multiplicou por até nove o número de ônibus fiscalizados em Estados do Nordeste, região em que o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) teve maior votação. Além disso, o aumento no controle de coletivos durante o pleito chegou ao triplo do registrado nacionalmente, segundo dados sigilosos do órgão obtidos pelo Estadão.

As informações serão apuradas pelo Ministério Público Federal, que vai investigar se a PRF foi usada por grupo que agiria na cúpula do órgão para dificultar votos em áreas predominantemente petistas. A fiscalização de transporte público chegou a ser proibida pelo presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Alexandre de Moraes, no domingo passado. As informações são do Estadão.

A PRF triplicou as fiscalizações em coletivos no País, segundo mostram as planilhas. Foram 298 ônibus abordados no dia 2 de outubro pelos agentes, e 678 no dia 30 do mesmo mês. Em parte dos Estados do Nordeste, o número cresceu significativamente. Em Alagoas, base eleitoral do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP), saltou de sete para 90. No Maranhão, foi de dez para 74 a quantidade de ônibus abordados. Em Estados com grande votação em Jair Bolsonaro (PL), como Santa Catarina, a abordagem a ônibus subiu, mas os números são menos expressivos – de sete para 28. Segundo revelou a Folha de S. Paulo 49,5% das abordagens no segundo turno foram no Nordeste.

O Estadão obteve também acesso a documentos internos da Operação Eleições 2022 no segundo turno, que mostram as prioridades estabelecidas pela cúpula do órgão e impostas às superintendências estaduais. Diz o documento da superintendência do Pará: “Comando de Fiscalização em Ônibus com ênfase no flagrante de crimes eleitorais. Os veículos de transportes coletivos de passageiros são prioridade, porém, na ausência dos mesmos, outros tipos de veículos devem ser abordados”. Foi na BR-316, no Pará, que eleitores filmaram a abordagem na região metropolitana de Belém.

Moraes, porém, afirmou no dia da votação em segundo turno que as operações de trânsito realizadas pela PRF não impediram eleitores de votar. “Esses ônibus (abordados) em nenhum momento retornaram à origem e os eleitores que estavam sendo transportados votaram”, disse o ministro.

Uma das coisas que mais chamou atenção de quem observa o perfil dos manifestantes que fecharam estradas e defendem intervenção federal com tomada do poder desrespeitando a Constituição é a faixa etária, condição social marcadamente classe média e, essencialmente, brancos com muita mais anos de escolaridade.

A ideia de que o Brasil estará mais protegido se os militares assumirem, de novo, o poder virou uma espécie de fetiche do movimento bolsonarista radical que acredita que essa seria a única forma de proteção contra o comunismo que a maioria de seus integrantes sequer sabem do que se trata. As informações são de Fernando Castilho, colunista do Jornal do Commercio.

Analistas de plataformas digitais inferem que esse tipo de atitude decorre da formação de uma opinião a partir de desinformação permanente que passou a existir ao longo de quatro anos.

Nesse período, ela foi difundida de modo que milhões de pessoas simplesmente deixaram de se informar pelo canais de comunicação referenciados para ler apenas o que circula nos seus grupos de WhatsApp e Telegram passando a viver uma realidade paralela confortável para o que elas passaram a acreditar como seu verdadeiro universo.

O estudo dos impacto da convivência permanente nessa espécie de bolha na personalidade humana desses brasileiros ainda vai levar um tempo. Mas já se sabe que os efeitos podem ser permanentes e até mesmo se tornarem uma patologia que exigirá tratamento médico nos casos mais graves.

Nos últimos dias, os efeitos já se mostraram na reação de milhares de pessoas que se dispuseram a sair de casa inclusive levando filhos menores, com absoluta convicção de que se parassem as estradas poderiam invalidar as eleições e dar mais quatro anos a Bolsonaro.

Elas se juntaram a caminhoneiros que travaram estradas na esperança de Jair Bolsonaro os convocasse a fazer uma insurreição com apoio de militares de modo a não apenas mudar o resultado das eleições proferido pelo TSE, mas de manter o atual presidente por mais quatro anos.

O presidente, como sabemos, terminou por pedir que desobstruíssem as estradas e desde sua fala não estimulou nenhum insurreição armada. Embora para parte de seus apoiadores, o seu curto pronunciamento 45 horas depois do resultado ser proclamado, tenha sido uma mensagem cifrada de resistência.

É possível que essa atitude tenha sido muito frustrante para os mais radicais que estavam esperando ansiosos um comando para tomar atitudes ainda mais antidemocráticas.

Mas o que parece ser uma marca desse movimento é que toda a movimento insiste numa tomada de poder à força, sem qualquer percepção de como isso seria viável e como ficaria o país com o Brasil numa eventual tomada de poder por Jair Bolsonaro. E o que, pelas teses dos apoiadores, seria o que chamam de Intervenção Federal, com o presidente permanecendo no poder pela força e com apoio desse grupo.

Ao final de uma semana, enquanto o número de bloqueios foi reduzido a próximo de zero, também ficou clara a estratégia de ir para portas de comandos militares do Exército como uma espécie de trincheira de resistência. Os comandantes militares, como sabermos, ficaram em silêncio.

SEM CONHECER A HISTÓRIA

Curiosamente, parece haver uma enorme desconhecimento do que foi o período em que os militares tomaram o poder e ali permaneceram por 18 anos. E que naquilo que a História chama de anos de chumbo, quando o Estado brasileiro conviveu com a tortura.

Primeiro porque, apesar da farta literatura e pesquisas sobre o que foi o período, elas não circulam pelos grupos como informações referenciadas sobe o assunto. Embora exista muita desinformação com interpretações falsas e fantasiosas sobre o movimento dos militares brasileiros em 1964.

Depois, por permanecer no imaginário dos propagadores a ideia de que, sob período dos militares, a economia brasileira cresceu, o país se modernizou e abriu milhares de quilômetros de estradas federais e que o nível de renda quase dobrou. Além de um período sem denúncias de corrupção.

Nesses grupos, floresceu a ideia de que se deu certo (segundo essa visão) no passado e estava dando certo com Bolsonaro, ele precisaria de um novo mandato para consolidar o novo período de desenvolvimento do Brasil.

Há exageros sobre os dois períodos. Especialmente porque, assim como durante a ditadura a questão da tortura foi escondida no meio da censura da Imprensa, no Governo Bolsonaro os números da economia foram ruins a despeito do sucesso do Brasil no agronegócio pelas exportações.

Além da desastrosa administração da pandemia do coronavírus pelo governo Bolsonaro, o desmanche dos organismos de controle ambiental que transformam o Brasil num pária global quando já liderou o debate com autoridade e, finalmente, a capitulação do controle do Executivo do orçamento federal através no Legislativo com a implantação do chamado Orçamento Secreto que em três anos movimentou R$ 67 bilhões na rubrica de investimentos.

Todo esse entendimento se consolidou com a disseminação pelas mídias sociais de um extraordinário volume de desinformação. Mas também produziu atitudes surpreendentes no comportamento desses grupos quando, de um lado, veio a defesa da família escondendo um agressivo comportamento homofóbico, preconceito racial e regional e étnicos. Enquanto, de outro lado, veio a negação de uma realidade brutal de empobrecimento da população onde 40 milhões de famílias perderam a condições de segurança alimentar.

É surpreendente como no debate dos apoiadores de Jair Bolsonaro essa questão simplesmente não existe. Nele perpassa a ideia de que o pagamento do auxílio de R$ 600 resolveu a questão. Como disse o presidente na campanha quando afirmou que nenhuma família passa fome no Brasil.

Tem mais: Todo esse caldo de cultura que os participantes chamam de conservadorismo está a quilômetros do que, internacionalmente, a palavra quer dizer em países mais desenvolvidos. E Isso acabou por cristalizar a percepção de que não é possível aceitar a vitória de Lula levando-os a atitude radical de fechar estrada e pedir apoio a um movimento militar na portas de alguns quartéis.

NEGAÇÃO DA REALIDADE 

Eles simplesmente se negam a aceitar a precisão do processo eleitoral, o reconhecimento internacional dos resultados e o início da transição que mostram que o Brasil terá um novo governo com alternância de poder e que cabe aos derrotados o lugar da oposição.

Mas assusta o gesto, incialmente de caminhoneiros, rapidamente substituído por apoiadores de Jair Bolsonaro negando os resultados, pregando a intervenção federal bloqueios nas estradas e vigília na porta de quartéis.

E mais ainda por serem suportados por uma colossal divulgação de fake News nos grupos de apoiadores, alguns até banidos nas redes sociais, e isso nos remete a uma perturbadora constatação: o Brasil terá que conviver com um novo fenômeno radical com forte atuação nas novas redes sociais ancorado em informações falsas.

Mas essa nova realidade indica que o Brasil precisará encontrar caminhos para continuar a contestá-los trazendo-os para a realidade. Ainda que seja extremamente perturbador saber que pais brasileiros ensinaram a seus filhos – com base em desinformação – a negação de uma realidade cada vez mais presente em suas vidas e a desrespeitar a Constituição.

No fundo precisamos tentar entender por que eles chegaram a extremo de defender, nas ruas, atitudes antidemocráticas em nome de um ideal que não tem apoio com a nossa História e que nem eles próprios sabem explicar para as novas gerações do que se trata.

A deputada federal Joice Hasselmann (PSDB-SP) pagou R$ 60 mil com dinheiro público para contratação de um serviço de coaching pessoal durante seu primeiro mandato como deputada federal, segundo dados obtidos pela RecordTV no portal da transparência da Câmara dos Deputados.

Apesar do cabeçalho do contrato justificar a celebração do mesmo alegando ser uma prestação de serviços de consultoria, trabalhos técnicos e pesquisas socioeconômicas, fica claro nas páginas seguintes que, na realidade, o serviço prestado era de coaching pessoal para a deputada. As informações são do Portal R7.

“Não é um gasto ilegal, pois de acordo com a prestação de contas foi destinado a auxiliar a deputada a definir suas prioridades de atuação parlamentar. Ao mesmo tempo, é um gasto questionável considerando que ela tem à disposição mais de R$ 111 mil por mês para contratar até 25 secretários parlamentares – e ao menos um deles poderia muito bem ajudá-la nessa área, e de forma contínua”, explica Marina Atoji, gerente de projetos da Transparência Brasil, entidade que atua na promoção da transparência e controle social do poder público.

Ainda segundo o Portal da Transparência, Joice Hasselman tinha a disposição do seu mandato 20 das 25 vagas para secretários parlamentares que dispunha para auxiliá-la no mandato.

Além disto, o contrato apresenta uma suspeita de irregularidade, já que apesar de serem previstos três pagamentos de R$12 mil pelo serviço, foram feitos cinco pagamentos, sem um aditivo ao contrato de serviços inicial.

Inicialmente seriam feitos pagamentos entre dezembro e fevereiro de 2021, período de prestação do serviço, mas ainda foram pagos R$ 12 mil para a empresa contratada nos meses de março e abril de 2021. As despesas foram aceitas e pagas pela Câmara do Deputados.

Para Atoji, a despesa é “aceitável dentro das regras estabelecidas pela Câmara para a comprovação das despesas, mas péssimo para a prestação de contas à sociedade”.

Outro lado

A deputada Joice Hasselmann informou, por meio de sua assessoria, que: “O contrato ‘Barcelos Fernandes Consultores Associados e Participações LTDA’ prestou serviços de consultoria e trabalhos técnicos com a finalidade de subsidiar o mandato parlamentar através de estudos em áreas como educação, saúde, segurança pública, dentre outros. Tais estudos, como se verifica no relatório, subsidiaram a atuação da parlamentar no Congresso e está em estrita observância ao que determina o Ato da Mesa Diretora da Câmara dos Deputados n° 43/2009”.

Empresários, autônomos, aposentados, grupos armamentistas e militares reformados, sendo a maior parte deles brancos e de alto poder aquisitivo. Esse é o perfil principal de manifestantes bolsonaristas que prometem “morar” em frente ao Quartel General do Exército de Brasília, até que surja uma “intervenção federal” e o resultado das urnas, que elegeu Luiz Inácio Lula da Silva (PT) como próximo presidente, seja anulado.

O Metrópoles acompanhou o protesto por dentro durante os últimos dias e presenciou o surgimento de notícias falsas, os pedidos de golpe e ofensas contra nordestinos, petistas e ministros do Supremo. As informações são do Metrópoles.

No universo paralelo de bolsonaristas criado em frente ao QG, Alexandre de Moraes é criminoso, Carla Zambelli (PL) viajou para os Estados Unidos para mostrar provas de fraude nas urnas, Jair Bolsonaro (PL) teve votos roubados, a “esquerda satanista” fez feitiços e as Forças Armadas têm poder constitucional de tomar a Presidência de Lula.

As contradições também tomam o espaço. Duas tendas principais com grandes caixas de som e organizadores com microfone destoam. Enquanto uma promove orações constantes, outra prega discursos de ódio contra figuras vistas como inimigas pela direita. O polêmico “banheiro unissex”, ideia atribuída de forma falsa ao plano de governo de Lula, surge no acampamento bolsonarista. Só dois banheiros químicos têm placas indicando o gênero, mas homens e mulheres usam o mesmo espaço.

Doações e dinheiro vivo

Acampados desde que Lula foi escolhido pela maior parte da população, nas eleições do último domingo (30/10), os bolsonaristas contam com uma estrutura cara. Comidas, bebidas e tendas são entregues “de graça” para os presentes.

A maioria não sabe dizer quem banca tudo isso, enquanto outra parte diz que são doações voluntárias. A arrecadação em dinheiro vivo chama atenção. Em cerca de 10 minutos, uma vaquinha para “contratar um trio elétrico” recebeu R$ 3.670 em espécie. Notas de R$ 100 e de R$ 50 saíam facilmente do bolso dos presentes.

Pagamento por Pix, que identificaria quem estava recebendo, não era uma opção. “Pessoal, quem puder doar, pode vir até aqui e entregar a quantia que puderem. A gente não vai usar Pix, porque é mais difícil contabilizar, fazer a prestação de contas. Daqui a pouco eu subo aqui para falar quanto a gente arrecadou, amém?”, diz uma mulher ao microfone. Voluntários ajudam a contar o dinheiro, para dar transparência, e a quantia total é anunciada. Já o destino final não é muito preciso.

Enquanto há essa arrecadação, carretas chegam carregadas de comidas. Pão com mortadela, biscoitos e frutas são os alimentos mais encontrados. Em almoços e jantares, é possível comer um churrasco com carne, frango, arroz tropeiro e mandioca. Após relatos de que “petistas infiltrados” estariam entregando comidas e bebidas com laxante e até chumbinho, aumentou o alerta para que se procurassem sempre as mesmas tendas de distribuição.

Fakes e ataques

O palco do protesto também vira uma máquina de notícias falsas. Pequenos trechos de fatos divulgados pela mídia tradicional são distorcidos e viram histórias completamente diferentes no local, como um telefone sem fio. Reportagens sobre o orçamento de 2023, feito pelo governo atual, serviram de munição.

“O Lula prometeu dar o auxílio e mais R$ 150 por filho. O povo do Nordeste deve ter ficado doido. Cheios de filhos. Quando foi agora, passou na TV que o [Geraldo] Alckmin falou que viu direito e não vai dar para dar o auxílio e vai reduzir para R$ 400. Agora faz o L”, ri um bolsonarista. Na verdade, o valor de R$ 400 do Auxílio Brasil foi estipulado pelo governo de Bolsonaro.

O silêncio do atual presidente após a derrota também ganhou novas interpretações. “Ele estava reunindo provas de que a eleição foi fraudada. Agora já tem tudo provado e o Alexandre de Moraes tem 72 horas para ir na TV falar que teve erro”, afirma veementemente uma mulher.

Também circulam fake news pela manifestação de que Carla Zambelli saiu do país porque foi ameaçada de morte ou porque foi alertar a imprensa internacional sobre fraude eleitoral. Cartazes em inglês pedindo intervenção são mais presentes a cada dia. As notícias saem do WhatsApp, Telegram e até do Gettr, rede social que ficou conhecida após o uso maciço de apoiadores pró-Donald Trump.

Nem a tenda da reza escapa. “Esse papa é comunista. Vamos orar pelas Forças Armadas, porque a esquerda é satanista e está amaldiçoando os três comandantes, da Aeronáutica, do Exército e da Marinha. O feitiço está forte”, alega uma senhora, e depois volta a rezar.

Passando ao lado de onde estavam 20 fiéis com terço em mãos, uma mulher conversava com outra: “O Nordeste é uma praga!”. Em outra roda de pessoas, o retrato da família dividida. “Fiquei com tanto ódio dessa eleição que nunca mais fui à casa da minha sogra. Lá todo mundo é PT e não quero ninguém ‘tirando’ com a minha cara.”

Entre esperanças e delírios

Os bolsonaristas também ficam por mais de 24 horas no local, em dias de semana, com filhos em idade escolar. Nessa sexta-feira (4/11), entre 15h e 16h, a reportagem contou cerca de 50 crianças. Uma mãe colocou quatro delas em fileira e começou a orientar, enquanto gravava. “Vamos lá, digam assim: ‘Não queremos crescer em um país comunista’”. Só uma delas estava em idade de fala e pôde repetir.

Com esperança de que o movimento cresça no fim de semana, os bolsonaristas não convergem em dizer quais os principais objetivos do ato. Alguns acreditam que vão convencer as Forças Armadas fazendo barulho em frente aos quartéis do país.

Outros, colocam esperanças em um documento que dizem ter sido elaborado por juristas, mas mais se assemelha a um post de Facebook, com a “exigência” de que Lula não seja empossado. Há ainda quem creia que seja preciso aumentar o número de seguidores na página de Instagram do Exército para que o petista eleito democraticamente não assuma.

A Conferência da Organização das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP-27) começou neste domingo, 6, no Egito, com um discurso que chamou atenção para a emergência climática. A tônica foi de celebração das conquistas da última reunião, a COP-26, em Glasgow, na Escócia, mas de entendimento que o desafio segue em nossa frente e que ainda não estamos no caminho para manter o aquecimento global em 1,5°C acima do nível pré-industrial.

“De quantos alertas os líderes ainda precisam?”, questionou Alok Sharma, presidente da conferência passada (COP-26), em uma pergunta que deu o tom do discurso de abertura. “Há muito mais a ser feito nesta década crítica”, completou. As informações são do Estadão.

Sharma clamou que a conferência seja de “ação concreta” e frisou que progredir é possível. “Precisamos acelerar esse progresso no restante desta década decisiva. Mas acredito que podemos. Sabemos o que precisamos fazer para manter (a meta de) 1,5°C viva. Nós sabemos como fazer.”

Conforme mostrou o Estadão, espera-se que a COP-27 seja a conferência da justiça climática e da implementação dos acordos: a hora de trocar a retórica pela ação. No entanto, apontam especialistas, deve ser uma reunião marcada pelas consequências da Guerra na Ucrânia e pela trava no financiamento para a adaptação e a mitigação do aquecimento global nos países em desenvolvimento.

A Guerra na Ucrânia e suas consequências estiveram presentes nas falas de abertura. “A guerra brutal e ilegal de Putin na Ucrânia precipitou várias crises globais: insegurança energética e alimentar, pressões inflacionárias e dívidas em espiral. Essas crises agravaram as vulnerabilidades climáticas existentes e os efeitos devastadores da pandemia. Apesar desse contexto, houve algum progresso na implementação dos compromissos que firmamos em Glasgow”, falou Sharma.

Na cerimônia, a presidência da COP-27 foi oficialmente assumida pelo chanceler egípcio Sameh Shoukry, eleito por aclamação. Ele frisou que o Egito está comprometido em tornar a conferência um marco, com a renovação de compromissos e ao iniciar a implementação e atingir “ação bilateral coletiva”, a fim de enfrentar o que chamou de “maior desafio da humanidade nos tempos modernos”.

“Todos os tipos de evidência mostram, sem dúvida, que a mudança climática é uma ameaça real para a vida das pessoas”, afirmou Shoukry. “A ciência comprova que o caminho de desenvolvimento que a humanidade endossou desde a Revolução Industrial até recentemente, não é mais sustentável, e que, se continuarmos sem nenhuma mudança radical, as gerações futuras certamente enfrentarão consequências mais graves do que aquelas testemunhadas pelas gerações atuais.”

Shoukry convidou as lideranças presentes a mostrar “ao mundo inteiro” que estão cientes dos desafios que se desenham e que há vontade política para combatê-los.