Mais um secretário censurado
Um dos maiores entraves que os auxiliares do primeiro escalão têm com a governadora Raquel Lyra (PSDB) está na forma dela se comunicar com a sua equipe. A ex-secretária de Defesa, Carla Patrícia, dizem as paredes do Palácio das Princesas, largou a pasta porque a chefona não tinha tempo para discutir as diretrizes do plano de segurança pública.
Executivo gabaritado, Evandro Avelar, que atuou com êxito no Governo João Lyra Neto, pai da governadora, não conseguiu ficar três meses no cargo de secretário de Infraestrutura, em razão de ter sido ignorado o tempo todo, enquanto assistia o diretor do Departamento de Estradas e Rodagem (DER), órgão vinculado à sua pasta, ser tratado de forma diferenciada pela tucana.
Leia maisJá o ex-secretário de Agricultura, Aloisio Ferraz, também teve uma passagem efêmera pelo Governo, porque nunca conseguiu nomear sequer um contínuo, nem muito menos ser recebido para um despacho protocolar. E os exemplos se sucedem em várias áreas. O mais recente caso de fritura é o do secretário de Educação, Alexandre Schneider, importado de São Paulo.
Conforme o blog apurou em postagem da repórter Larissa Rodrigues, Schneider foi vítima de uma censura explícita e vergonhosa por parte da governadora. Na ânsia de agradar candidatos aprovados em concurso para professor no Estado, gravou um vídeo informando sobre a nomeação de 4,6 mil novos profissionais da área.
Mas, em seguida, a sua fala, estranhamente, sumiu das redes sociais. O que se comenta nos bastidores é que o paulista importado levou um tremendo puxão de orelha da governadora, porque jamais poderia ter anunciado a boa nova antes dela, que concentra em suas mãos, pelo Instagram, toda a comunicação do Governo, papel que caberia, neste caso, ao titular da pasta, que, como os demais, não tem autonomia sequer para informar uma boa nova da sua área.
É por essas e outras que o secretariado de Raquel, em geral, sem nenhuma exceção, morre de medo da cara feia dela, do seu estilo extremamente concentrador.
CHOROU, MAMOU! – Os aviões no Brasil só andam abarrotados, mas as companhias aéreas vivem reclamando que operam no vermelho. Mais uma vez, o Governo está se curvando às pressões do setor. Enviou ao Congresso proposta que destina R$ 4 bilhões em recursos do Fundo Nacional de Aviação Civil (Fnac) ao socorro financeiro das empresas aéreas. A engenharia para atender as companhias de aviação foi aprovada em agosto pelos parlamentares e sancionada em setembro pelo presidente Lula (PT). A previsão é de que os empréstimos sejam operacionalizados pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
Dueire na queda de braço – Na coluna de ontem, cometi um lapso: o senador Fernando Dueire, que sucede a Jarbas Vasconcelos na Casa Alta, não é carta fora do baralho em 2026. Seu partido, o MDB, vai para uma queda de braço com o Republicanos para ocupar a segunda vaga de senador na chapa da oposição ao Governo do Estado, provavelmente liderada pelo prefeito João Campos (PSB), já que a primeira está reservada para Humberto Costa, candidato à reeleição pelo PT. Dueire vai medir forças com o ministro dos Portos e Aeroportos, Sílvio Costa Filho (Republicanos).
Reforma e duas etapas – Ouvi, ontem, em Brasília, que o presidente Lula fará a primeira reforma do seu Ministério após as eleições municipais de segundo turno, marcadas para o próximo dia 27. Nesta, a senadora pernambucana Teresa Leitão (PT) seria promovida a ministra da Mulher, para abrir vaga no Senado ao primeiro suplente Sílvio Costa. Já a segunda etapa, bem mais ampla, se daria após o resultado da eleição de renovação das mesas diretoras do Senado e da Câmara, marcada para fevereiro. Em ambas, Lula abrirá mais espaço para o Centrão.
Nunes fisga eleitorado de Marçal – O favoritismo do prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), que aparece na dianteira em todas as pesquisas de segundo turno, tem uma explicação: 74% dos eleitores de Pablo Marçal (PRTB) migraram para ele, segundo a pesquisa Quaest. O candidato do PSOL, Guilherme Boulos, conta com o apoio de 13% dos paulistanos que votaram no empresário e influenciador no primeiro turno das eleições municipais. Entre os eleitores de Tabata Amaral (PSB), o psolista lidera com 54% das intenções de voto, enquanto 23% preferem votar no atual prefeito.
A mão salvadora de Raquel – Tão logo tome posse, em 1º de janeiro, o prefeito de São José do Egito, Fredson Brito (Republicanos), terá o primeiro desafio na mesma semana: promover com sucesso a Festa dos Reis, a mais tradicional e popular do município, que atrai uma multidão em toda região do Pajeú. Em entrevista ao Frente a Frente de ontem, ele disse, entretanto, que já conseguiu a mão estendida da governadora Raquel Lyra (PSDB), a quem apoiará na reeleição em 2026, para pelo menos cobrir as despesas com as atrações musicais.
CURTAS
NÃO DISPUTA – Mendonça Filho (UB) diz que Raquel Lyra tem em caixa R$ 5 bilhões para obras nos próximos dois anos e que diante da “revolução” que a tucana fará no Estado, o prefeito do Recife, João Campos (PSB), arquivará o seu projeto de disputar o Governo do Estado em 2026.
PIROU – Ao ser informado das conjecturas de Mendonça, o deputado Waldemar Borges (PSB), um dos mais combativos opositores de Raquel na Alepe, assim reagiu: “Mendoncinha pirou. Está manifestando apenas o medo de Raquel de enfrentar João, que saiu das urnas fortalecido e tende a dar uma surra histórica na governadora”.
ALÉM DE PE – Quem imaginava que o prefeito João Campos fosse concentrar seus esforços para eleger aliados apenas em Paulista e Olinda, se enganou. Já esteve em Fortaleza, num ato do petista Evandro Leitão, e já confirmou sua presença, amanhã, no palanque da petista Natália Bonavides, em Natal.
Perguntar não ofende: Boulos ainda tem chances de reverter as pesquisas adversas em São Paulo, agora contando com Lula em seus atos?
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