Por Antonio Magalhães*
Uma parcela do eleitorado brasileiro está disposta a levar o País a uma situação desastrosa. Quer recolocar no poder um cidadão que foi condenado em três instâncias do Judiciário por corrupção e lavagem de dinheiro. Quer levar a Nação pelo caminho da insensatez já anunciada pelo dito cujo para “fazer mais do que fez” nos períodos anteriores que governou pessoalmente e em outros virtualmente com uma preposta. O resultado todos conhecem.’
“Se os homens pudessem aprender da História, que lições nos poderiam dar”, lamentou-se o ensaísta inglês Samuel Coliridge (1772-1834), citado por Barbara W.Tuchman no excelente livro a ‘Marcha da Insensatez’. “Mas a paixão cega nossos olhos e a luz que a experiência nos dá é a de uma lanterna na popa, que ilumina apenas as ondas que deixamos para trás”, completa o gringo.
Leia maisE é isso que se vê nesta campanha eleitoral para a Presidência da República. A insensata busca por um passado controverso, ora bom para alguns, ora ruim para outros, que não volta mais. Ao invés de distribuir migalhas com a Bolsa-Família e caviar com banqueiros como fez nos seus governos, o cidadão condenado, que já motivou militantes com pão e mortadela, promete agora chover picanhas e fazer o país feliz outra vez.
Mas como? Não se sabe. Cada um que adivinhe porque não há um programa de governo documentado – como se promessa em papel valesse alguma coisa. O que se sabe sobre o que este senhor pretende fazer é tudo o que diz nas largas horas de discursos roucos e raivosos, encaminhando propostas indecorosas como o fim do teto de gastos da administração federal, a reestatização de empresas públicas para dar emprego à sua turma e facilitar desvios no caixa, como já ocorreu antes, a volta do trem da alegria de militantes e apaniguados, a instalação de censura à imprensa e às redes sociais e o estabelecimento pautas de comportamento social em desacordo com que pensam os brasileiros sensatos.
A ausência de um documento definitivo, entende o dito cujo, o ajuda a angariar apoios que tem buscado entre as lideranças de caráter fraco e oportunistas. Justamente o perfil que busca para tentar vencer no primeiro turno, estratégia central da campanha nesta reta final. Ele, com isso, busca uma “simplificação da realidade” na cabeça do eleitor. “Quer trazer à tona a lembrança do governo dele para o eleitorado.” Como fosse possível os brasileiros esquecerem a tragédia deixada por ele: um país em recessão econômica e 14 milhões de desempregados.
A atitude do cidadão condenado de não informar com clareza o que pensa em fazer se chegar ao Governo Federal – o que não vai acontecer – já é um clichê repetido por políticos e pela parte sadia da imprensa. Ele quer um “cheque em branco”, dizem, para só depois de eleito informar como pretende governar. Para a geração mais nova que não conhece a expressão, seria como receber um cartão de crédito ou débito sem limite de gastos ou prestação de contas.
O que significa que esta parcela insensata de eleitores pode estar pavimentando o caminho para a marcha da insensatez, um expressão política difundida no livro de Barbara W.Tuchman, que revela como os países podem ser levados ao inferno por governantes que visualizam apenas a lanterna na popa. Jamais o futuro de gerações. Esse candidato não quer ver aonde podemos chegar com sua administração. Basta ver a vizinhança da América Latina, como Venezuela, Argentina, Bolívia, Chile, Cuba e Nicarágua. Será um amanhã de tristezas com o cheque de despesas estouradas. É isso.
*Jornalista
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