Vereador culpa presidente da Federação pela barbárie nas ruas do Recife

Em vídeo postado em suas redes sociais, o presidente da Câmara de Vereadores do Recife, Romerinho Jatobá (PSB), apontou o dedo para o presidente da Federação Pernambucana de Futebol, Evandro Barros, como principal responsável pela violência nas ruas do Recife, ontem, promovida por bandidos travestidos de torcedores.

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Poucas horas após o anúncio do Governo do Estado sobre a proibição da presença de torcedores em cinco jogos do Santa Cruz e do Sport, a deputada Delegada Gleide Ângelo classificou como conveniente e cômodo o anúncio feito pelo Executivo. Em suas redes sociais, ela questionou qual será a efetividade de tal medida para a segurança pública, uma vez que os encontros entres as gangues não acontecem nos estádios, mas no meio das ruas, sendo combinados por meio das redes sociais, como o Instagram e o WhatsApp — inclusive com a divulgação dos pontos de encontro por disparos de cards.

“No dia dos jogos, eles (os criminosos) vão sair às ruas fazendo a mesma coisa. Eles ainda facilitam a vida da polícia, pois marcam tudo pelas redes sociais. (…) Esses vândalos  não estão preocupados com a partida de futebol, porque não são torcedores. Não estão preocupados com os clubes, usam o futebol como desculpa para cometer crimes nas ruas”.

Para a parlamentar, é necessário um planejamento tático prévio, com o policiamento ostensivo em locais estratégicos. Ela ainda pontua o descaso de investimento com a segurança pública dos pernambucanos, tanto pelo déficit de efetivo nas corporações, quanto pela morosidade no religamento das câmeras de monitoramento da Secretaria de Defesa Social: “Faz dois anos que o Estado está sem as câmaras de segurança! E alegam que ainda estão licitando. Isso é um absurdo! Se as câmeras estivessem em funcionamento, muitos criminosos já seriam identificados”. 

“O Governo do Estado escolheu a opção mais fácil para eles, jogando uma cortina de fumaça na inoperância da gestão. Escolheu punir os clubes e os verdadeiros torcedores, sem fazer o que é de sua competência, que é dar segurança à população”, concluiu.

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Por José Soares*

Voltemos a 1917. Naquele ano, duas figuras de gerações distintas encontravam-se nas dependências da Casa de Detenção do Recife: o lendário cangaceiro Antônio Silvino e o histórico militante comunista Gregório Bezerra.

Antônio Silvino nasceu em Carnaíba, Pernambuco, e entrou para o cangaço aos 22 anos de idade, em 1897, para vingar o assassinato de seu pai, Pedro Rufino.

Também conhecido como “Rifle de Ouro”, Silvino já era um cangaceiro temido e conhecido quando nascia em 1900 no Sítio Mocós, em Panelas, Pernambuco, o líder revolucionário Gregório Bezerra.

Ambos, cangaceiros e revolucionários, tinham origem camponesa. Iniciaram-se no trabalho no cabo da enxada desde os primeiros anos de vida, enfrentando um duro regime de exploração.

Ambos eram irresignados. Gregório lutava contra as difíceis condições de trabalho do seu povo, enquanto Silvino rebelara-se contra o assassinato de seu pai a mando de um “coronel” da região.

Em 1917, Gregório tinha apenas 17 anos e encontrou na prisão um Antônio Silvino já maduro, com 42 anos, e já completamente fora da cultura da violência.

Gregório teve em Silvino um dos seus principais amigos no cárcere, chegando a registrar essa admiração em seu livro de memórias.

“Antônio Silvino foi o bandido mais famoso, mais popular e mais humano na história do cangaço”, disse Gregório, referindo-se ao espírito de valentia do cangaceiro, mas também reconhecendo a forma distinta com que tratava as mulheres, as crianças e os idosos.

Com o tempo, essa amizade aprofundou-se com Silvino sendo um verdadeiro conselheiro de Gregório e, ainda, um leitor das notícias que chegavam da Rússia revolucionária de 1917.

Em 1937, Silvino recebeu indulto de Getúlio Vargas e faleceu em 1944, em Campina Grande, Paraíba.

Já Gregório continuou em sua luta, amargando 23 anos de prisão ao longo da vida, a depender do momento histórico que enfrentava (década de 1920, Estado Novo, anos 1930/1940 e golpe de 64).

Dezoito anos mais tarde, em 1935, eles voltariam a se encontrar na mesma Casa de Detenção do Recife. Duas figuras icônicas de gerações distintas que o cárcere aproximou.

A quem interessar, recomendo o livro “Gregório Bezerra, Memórias”.

*Comunicador e colunista do “História em retalhos”

Caruaru - IPTU 2025

A Prefeitura de Afogados da Ingazeira tem se destacado por seu modelo de gestão baseado em monitoramento e avaliação de resultados, atraindo prefeitos de diversas regiões para conhecer iniciativas bem-sucedidas implantadas no município. O processo, inspirado na gestão de Eduardo Campos, foi criado pelo ex-prefeito José Patriota e segue sendo desenvolvido pelo atual gestor, Sandrinho Palmeira. As informações são do Blog do Nill Júnior.

Na próxima semana, o prefeito Sandrinho Palmeira receberá representantes de 14 municípios para apresentar projetos premiados, como a Farmácia Viva, o sistema de reuso de água do Vianão e o Centro de Telemedicina. Entre os confirmados estão gestores de Taquaritinga do Norte (agreste), Bodocó (Araripe), Petrolândia (sub-médio São Francisco) e Prata (PB), além de várias cidades do Pajeú.

O evento de boas práticas ocorrerá na terça-feira (4), no espaço de recepções Kabanna, a partir das 9h. A iniciativa reforça o compromisso da gestão municipal em compartilhar soluções inovadoras e fortalecer a cooperação entre municípios.

Belo Jardim - Construção do CAEE

O Ministério do Esporte lamentou e repudiou os atos de violência antes do clássico entre Santa Cruz e Sport em Recife (PE). O órgão destacou que os confrontos entre torcedores não condizem com os valores do esporte, que deve promover respeito e convivência pacífica.

A nota enfatiza a necessidade de investigação rigorosa e responsabilização dos envolvidos, além da atuação coordenada entre autoridades, clubes e torcedores para prevenir novos episódios.

O Ministério também ressaltou a campanha “Cadeiras Vazias”, lançada em 2024, para promover a paz nos estádios e reafirmou seu compromisso com a segurança no esporte.

Confira texto na íntegra:

O Ministério do Esporte lamenta e manifesta total repúdio aos atos de violência registrados em Recife (PE), antes do clássico entre Santa Cruz e Sport. As cenas lamentáveis de confronto entre torcedores não condizem com os valores que o esporte deve promover, como respeito, união e convivência pacífica.

O futebol é uma expressão cultural e popular que mobiliza paixões e gera oportunidades de confraternização entre os cidadãos. A transformação desse ambiente em palco de violência é absolutamente inadmissível e prejudica a imagem do esporte, afugenta famílias dos estádios e coloca em risco a segurança de todos os envolvidos.

O Ministério reforça a necessidade de investigação rigorosa e a responsabilização de todos os envolvidos. Também defendemos ações coordenadas entre autoridades públicas, clubes, federações e torcedores para prevenir episódios de violência.

No final do ano passado, lançamos a campanha Cadeiras Vazias justamente com o objetivo de iniciar o debate e unir todos os atores em prol da paz nos estádios.

Nosso compromisso é com a construção de um ambiente esportivo seguro e acolhedor. Continuaremos trabalhando para garantir que o esporte seja um espaço de integração e não de divisão.

Assessoria de Comunicação – Ministério do Esporte

Por Mário Filho*

Os atos de violência não se limitam aos estádios, mas transbordam para as ruas circundantes, o que pode levar ao prejuízo da propriedade e da tranquilidade da região. Portanto, o impacto da violência nos estádios se estende para além da perturbação do evento esportivo.

O processo de segurança pública se inicia pela prevenção e finda na reparação do dano, no tratamento das causas e na re-inclusão na sociedade do autor do ilícito. Em uma sociedade que se exerce democracia plena, a segurança pública garante a proteção dos direitos individuais e assegura o pleno exercício da cidadania.

O Estado é responsável, na esfera cível, por morte ou ferimento decorrente de operações de segurança pública, nos termos da Teoria do Risco Administrativo.

Em segundo lugar, é ônus probatório do ente federativo demonstrar eventuais excludentes de responsabilidade civil.

Proibir torcidas de frequentar os Estádios não resolverá o problema da violência. Aumentar a segurança fora e dentro dos estádios, ampliar os serviços de inteligência e punir com rigor os responsáveis pelos atos de violência são primordiais para o enfrentamento da desordem social gerada pelos marginais.

O cidadão de bem não pode ficar refém dos marginais deixando de frequentar os estádios, bem como os clubes não podem ser punidos por atos de vandalismo dos seus torcedores quando efetivamente tomaram todas as providências legais e não fomentaram os mesmos para tais atos.

O Estado não pode se omitir perante este grave problema. Tem que agir no Estrito Cumprimento do dever legal. Proibir torcida nos estádios é decretação da falência da Segurança Pública e incompetência da Governadora Raquel Lyra.

*Contador, jurista e conselheiro do Sport Club do Recife

Por Felipe Resk

Do Diário de Pernambuco

Investigação da Polícia Civil de Pernambuco detalha como as torcidas organizadas de Sport e Santa Cruz agiram para reunir as gangues, tentar escapar da polícia e promover espancamentos de rivais no sábado (1º), dia do Clássico das Multidões. Os confrontos, que espalharam pânico pelas ruas do Grande Recife, terminaram com ao menos 12 feridos e 20 presos.

O Diario de Pernambuco teve acesso, com exclusividade, a relatório da Delegacia de Polícia de Repressão à Intolerância Esportiva (DPRIE), responsável por reprimir crimes relacionados aos jogos de futebol. Elaborado na véspera da partida, o documento tinha como objetivo auxiliar em ações preventivas da Secretaria de Defesa Social (SDS) e revela que a violência foi premeditada.

Segundo a investigação, as uniformizadas usaram diferentes perfis em redes sociais para marcar as “pistas”, nome dado às brigas de rua promovidas entre as gangues. Uma das publicações detectada pela polícia mostrava uma faixa amarela, instalada em um viaduto, com a frase: “Sábado vai jorrar sangue”. Outros posts lembraram de mortes já registradas e de integrantes que foram espancados anteriormente no Estado.

O documento relata que os grupos criminosos aguardavam “com grande expectativa” pelos confrontos e chegaram a preparar “bombas caseiras e barrotes com pregos para lesionar o rival com o maior dano possível”. Também tinham o objetivo de “danificar patrimônio privados e públicos no deslocamento até o estádio”, de acordo com a polícia.

Camisa como “troféu”

Os grupos que participam das “guerras” nas ruas são chamados de “bondes”, segundo a investigação. Eles começam a se formar a partir de pequenos bairros, escolhidos com antecedência, que se juntam a integrantes de outras regiões até reunir o maior número possível de pessoas.

Parte dos integrantes nem sequer tem ingresso para o jogo e só vai às ruas para “causar desordem”, de acordo com a Polícia Civil. Subtrair a camisa usada pela torcida rival é considerado “um dos troféus desses confrontos”.

Para guardar armas, principalmente barrotes e artefatos explosivos, os bandos se utilizam de veículos de apoio. Carros e motocicletas são usados, ainda, em tentativas de fugir de ações policiais.

A violência entre bandos não é novidade para os investigadores. Em 2023 e 2024, Pernambuco registrou homicídios cometidos durante os confrontos. Em 2020, a Justiça chegou a decretar a extinção compulsória das três maiores torcidas organizadas do Estado, mas os grupos driblaram a medida e mudaram seus nomes de fantasia.

A polícia considera o Clássico das Multidões o mais crítico para a segurança pública, por se tratar da “maior rivalidade dentro e fora de campo”. No ano passado, os jogos entre Sport e Santa Cruz também já haviam sido palco de ataques a ônibus e brigas em avenidas movimentadas do Grande Recife.

Segurança

Para tentar conter a violência, a SDS destacou 680 policiais militares no esquema de segurança do Clássico das Multidões. Houve monitoramento em vias de acesso, estações de metrô e terminais integrados.

No Recife, os confrontos foram registrados nos bairros da Iputinga, Torre e Madalena. Ao todo, 14 pessoas foram detidas. Já na Região Metropolitana houve a prisão de três pessoas em Paulista e outras três no Cabo de Santo Agostinho.

Após a partida, a governadora Raquel Lyra (PSDB) anunciou que os próximos cinco jogos de Sport e Santa Cruz vão acontecer sem torcida. “Vimos cenas lamentáveis de selvageria e barbárie. Pessoas revestidas de torcedores estavam praticando ações criminosas, colocando sentimento de terror na cidade”, declarou.

Da CNN

O Brasil assumiu a liderança do ranking com maiores juros reais do mundo após a Argentina anunciar o corte nas taxas básicas, segundo relatório do MoneYou publicado nesta sexta-feira (31).

O banco central argentino anunciou na véspera a redução dos juros de 32% para 29%, com perspectivas de alívio na inflação.

Com a medida, os juros reais da Argentina recuaram a 6,14%, caindo para o terceiro lugar no ranking.

A primeira posição passa a ser ocupada pelo Brasil, com juros reais de 9,18%. A Rússia aparece na sequência, com taxa de 8,91%.

O atual patamar do Brasil reflete a alta em 1 ponto na Selic, a 13,25%, segundo decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC), na quarta-feria (29).

Juros reais são a conta considerando a taxa de juros descontada da inflação, e, mais do que a taxa bruta, é o número que de fato afeta a economia.

O cálculo considera tanto a inflação quanto os juros futuros, estimados pelo mercado para 12 meses à frente, já que é a tendência futura dessas duas variáveis o que realmente influencia tanto o andamento da economia quanto as decisões BC para a Selic.

Para a taxa brasileira, a metodologia usou a inflação projetada para os próximos 12 meses pelo mercado e coletada pelo Boletim Focus, que é de 5,5%.

Também foi considerada a taxa de juros DI a mercado dos aproximados dos próximos 12 meses no vencimento mais líquido, em janeiro de 2026.

A Rádio Cidade de Caruaru 99,7 FM está realizando uma grande campanha publicitária para divulgar sua nova programação e os novos reforços da equipe, que estreiam amanhã.

Além da mídia na própria emissora e nas redes sociais, a campanha está presente em 25 ônibus circulando pela cidade, 40 tabuletas de outdoor e inserções na TV.

A nova grade estreia com uma programação dinâmica e envolvente:

• 04:00 – Bom Dia Cidade: Apresentado pelo experiente radialista Jadsom Carvalho.

• 06:00 – O Povo na Cidade: Com o renomado radialista Dilson Oliveira, ex-TV Jornal Caruaru, campeão de audiência. Ele chega acompanhado de seu inseparável Boneco Peteleko.

• 07:00 – Manhã Cidade: Sob o comando da jornalista Renata Torres e do também jornalista Vitor Araújo, conhecido por suas opiniões firmes e diretas.

• 09:00 – Vai Pedir o Quê?: Apresentado por Aline Souza, uma das comunicadoras mais queridas da região, dona de uma voz marcante.

• 12:00 – Pra Relaxar: Com Jadson Carvalho, seguido pelo programa Cidade é Sucesso, das 13h às 15h.

• 15:00 – Sua Tarde é Show: apresentado por Rubi Oliveira, uma talentosa comunicadora da casa, acompanhada pelo irreverente Ousado, que traz as fofocas do mundo dos famosos.

• 17:00 – O Conteúdo: sob o comando do experiente Mário Flávio, o programa traz um mix de músicas e notícias, com um resumo dos principais acontecimentos do dia.

• 18:00 – Frente a Frente: comandado pelo consolidado jornalista Magno Martins.

• 19:00 – No Ritmo da Noite: mais um programa animado com Rubi Oliveira.

• 22:00 – Encontro com o Passado: Também apresentado por Rubi Oliveira, resgatando grandes sucessos.

• 00:00 – Na Cola do Vigia: programa da madrugada comandado pelo jornalista Joseph Santos, outra grande aposta da casa.

A nova programação da Rádio Cidade é voltada para as classes C, D e E, apostando na participação do público, prestação de serviços e distribuição de brindes para fidelizar sua audiência.

Segundo Wandemberg Alves, gerente de programação que chega à emissora após 20 anos na rádio líder de audiência na região, “a interatividade será um dos diferenciais da Cidade FM 99.7”.

Para marcar essa nova fase, a rádio já está sorteando ouvintes em todos os programas com um PIX no valor de R$ 99,70, reforçando a frequência da emissora.

A Cidade FM 99.7, que já lidera no horário do Frente a Frente, programa que ancoro pela Rede Nordeste de Rádio, vai em breve liderar em audiência de ponta a ponta, em todos os seus horários, porque o diretor Ivan Feitosa, craque na radiofonia, recrutou um time de craques.

A Cidade vai bombar!

Por Delmiro Campos*

Esta crônica está distante de qualquer viés político. Ela nasce da paixão de alguém que acompanha o futebol pernambucano desde os anos 90, que há duas décadas estuda o direito desportivo e que, como tantos outros, sente na pele o impacto das decisões que afetam diretamente a essência do nosso esporte.

Escrevo como um simples torcedor apaixonado e preocupado com os rumos do futebol no nosso estado.

A Portaria nº 413 da Secretaria de Defesa Social de Pernambuco, que determina a realização de cinco jogos sem público para Sport e Santa Cruz, é uma decisão que me causa indignação e perplexidade.

Não pela intenção declarada de combater a violência — algo que todos nós desejamos —, mas pela forma como foi implementada: sem critério técnico aparente, sem estudos preliminares e com um alcance que prejudica diretamente dois clubes históricos e suas torcidas.

Como justificar uma medida tão drástica direcionada apenas ao Sport e ao Santa Cruz?

Se o objetivo fosse realmente promover a segurança nos estádios, por que não adotar uma abordagem ampla e irrestrita? Todos os demais clubes do estado não possuem sistemas de biometria ou controle de acesso, mas ficaram fora do escopo da portaria. A seletividade é clara e injusta.

Além disso, não há qualquer explicação razoável para o número estipulado de cinco jogos. Qual foi o estudo que indicou esse prazo? Onde estão os dados que comprovam que cinco partidas sem público serão suficientes para resolver um problema tão complexo? A ausência dessas respostas só reforça a sensação de improviso e falta de planejamento.

O impacto financeiro dessa decisão é devastador para os clubes. O Sport vive um momento histórico com seu retorno à Série A, enquanto o Santa Cruz luta bravamente para se reerguer no futebol tendo uma dificílima Série D. Ambos dependem das receitas de bilheteria e da presença da torcida para sobreviver em um cenário econômico já difícil. Quem irá compensar esses prejuízos? Como o governo pretende mitigar as perdas causadas por essa decisão? Pelo visto, essas perguntas sequer foram feitas antes da publicação da portaria.

E há ainda um ponto que não pode ser ignorado: a coincidência temporal entre os jogos com portões fechados e as festividades carnavalescas em Pernambuco.

Durante o Carnaval, milhões de pessoas ocupam as ruas em celebrações marcadas por manifestações culturais e paixões clubísticas. Camisas do Sport, Santa Cruz e Náutico são vistas por toda parte, muitas vezes em meio a brincadeiras sadias, mas também em episódios de violência. Será que veremos medidas semelhantes aplicadas ao Carnaval? Sabemos que não.

A verdade é que a portaria escancara a incapacidade do estado em lidar com a segurança pública nos eventos esportivos.

Não há milagre, sabemos, entretanto é um erro optar por soluções paliativas que penalizam justamente aqueles que fazem do futebol pernambucano um espetáculo — os clubes e seus torcedores.

Como torcedor, fico triste ao ver nosso futebol tratado dessa forma. Como alguém que estuda e atua no direito desportivo há tanto tempo, preocupa-me o precedente perigoso que essa portaria estabelece. Não podemos aceitar que medidas apressadas e desproporcionais sejam tomadas sem diálogo ou fundamentação técnica adequada. O futebol é mais do que um jogo; é parte da nossa cultura, da nossa identidade como povo pernambucano.

Se queremos combater a violência no esporte, precisamos ir além do improviso. Investir em tecnologia nos estádios, criar bancos integrados de dados biométricos dos torcedores, aumentar o efetivo policial especializado em eventos esportivos e educar nossas torcidas são caminhos mais eficazes e justos do que simplesmente fechar os portões para todos.

Que essa portaria seja revista e sirva ao menos para abrir os olhos de todos nós sobre a importância de lutar pelo nosso esporte — dentro e fora dos campos.

*Auditor dos STJD de Futebol e Vôlei, Procurador-geral do STJD do Surfe e ex-Presidente do TJD/PE.

A deputada federal Maria Arraes (PSB) anunciou, há pouco, que está recorrendo ao Ministério Público para apurar a razão de a Polícia Militar ter tomado conhecimento com antecedência da ação violenta de gângsters, ontem, pelas ruas do Recife, sem ter feito nada para evitar a ação violenta.

Do Globo Esporte

O Sport anunciou na manhã deste domingo (2) a suspensão da venda de ingressos para o duelo da próxima terça-feira, contra o Fortaleza, pela Copa do Nordeste. O clube informou ainda que está reunido para tomar novas medidas.

— O Sport Club do Recife informa que, diante da medida anunciada pelo Governo do Estado de jogos sem público, bloqueou temporariamente a venda de ingressos para o jogo contra o Fortaleza, a ser realizado na próxima terça-feira, na Ilha do Retiro.

“A diretoria do clube está reunida para avaliar os próximos passos a serem tomados e ainda neste domingo informará o seu posicionamento ao torcedor rubro-negro”, diz a nota do Sport.

A decisão acontece horas após a determinação do Governo de Pernambuco de proibir a presença de torcidas do Santa Cruz e do Leão por cinco partidas, após onda de violência causada por brigas entre torcidas organizadas nas ruas do Recife.

A consequência da violência na capital foram doze pessoas feridas levadas ao Hospital da Restauração, no bairro do Derby, na área central do Recife. Nove receberam alta e três seguem internadas. Não foram divulgados detalhes sobre o estado de saúde delas.

Dos próximos cinco jogos do Sport, quatro serão em casa. Portanto, o Leão não poderá ter torcida contra o Fortaleza (Copa do Nordeste, na Ilha), Maguary (Estadual, na Ilha), Náutico (Estadual, na Ilha) e Moto Club (Copa do Nordeste, na Ilha).

Na noite de sábado, o Sport se manifestou, por meio de uma nota assinada pelo presidente Yuri Romão, discordando da medida do Governo de Pernambuco.

— O que ocorreu hoje (sábado) em nada tem a ver com o futebol. Trata-se de uma barbárie, fomentada, principalmente, por questões sociais. Acrescento que o assunto deve ser tratado pelo poder público, pelas forças de segurança do estado, bem como, pelo poder judiciário. Nenhum dos clubes que estiveram em campo na tarde de hoje possuem poder para inibir a ação desses marginais. Por isso mesmo, não podem ser punidos com a medida extrema de “fechamento” de portões. Imputar, terceirizar, responsabilidades a estas associações é decretar a falência da segurança pública do estado de Pernambuco, bem como, do futebol do nosso estado.

Seria cômica se não fosse trágica a decisão da governadora Raquel Lyra (PSDB) de punir o Sport e o Santa Cruz e, consequentemente, seus torcedores. Os times e os torcedores não têm culpa de bandidos terem promovido a barbárie de ontem pelas ruas do Recife.

Sem público nos jogos, como os dois clubes vão pagar a folha, caríssima, principalmente a do Sport, que subiu para a elite do futebol brasileiro? O Estado, cujos cofres jorram dinheiro, segundo os aliados da governadora, vai bancar o prejuízo?

Claro que não! O Estado já não paga os hospitais conveniados ao Sassepe nem também o subsídio do transporte metropolitano, como vai criar um subsídio esportivo? Quem deu a ideia maluca à governadora? Nunca se viu uma chefe de Estado tão mal assessorada!

Com isso, seus assessores “iluminados” jogam mais uma crise no colo dela, desta feita sem precedentes. Se já há crise na saúde mal gerida, no transporte precário e na educação sem secretário, abrir uma frente contra clubes de futebol é uma loucura.

Futebol é paixão. Quando a governadora proíbe o torcedor de ir ao campo só porque o seu Governo se mostra impotente para resolver de vez a violência patrocinada por gângster, que desafiam as leis e o poder, atrai para si um ódio mortal dos torcedores.

Maluquice! Não há outra conclusão.