A menos de três semanas do início da safra de mangas e uvas no principal polo de produção e exportação de frutas do Brasil, a Valexport – Associação dos Produtores e Exportadores de Hortigranjeiros e Derivados do Vale do São Francisco, divulgou, ontem, uma carta fazendo um apelo veemente para evitar os efeitos devastadores da nova tarifa americana de 50% sobre as exportações brasileiras de frutas.
Endereçado aos governos do Brasil e dos Estados Unidos, embaixadas, ministérios e órgãos de comércio e relações exteriores, o documento pede que seja restabelecido o diálogo diplomático e técnico com máxima prioridade. “É imperativo encontrar uma solução que permita a manutenção do fluxo de exportações, a preservação dos empregos, e o respeito ao esforço de milhares de famílias e empresas comprometidas com a produção sustentável de alimentos”, adverte o presidente da entidade, José Gualberto de Almeida.
Leia maisLembrando que a fruticultura irrigada do Vale do São Francisco movimenta cerca de US$ 500 milhões em exportações anuais, com destaque para a manga (COMEXStat, Jul/25), item de maior valor exportado na balança comercial da fruticultura nacional, Gualberto destaca também a importância social da atividade.
“O setor gera cerca de 250 mil empregos diretos e 950 mil indiretos (EMBRAPA), ou seja, quase 1,2 milhão de pessoas dependem diretamente dessa cadeia produtiva. São trabalhadores rurais, embaladores, irrigantes, motoristas, técnicos agrícolas, pequenos produtores, comerciantes e famílias inteiras que encontram na fruticultura sua única fonte de renda e dignidade em uma das regiões mais desafiadoras e carentes do país”, ressaltou. A carta chama atenção ainda para o setor produtivo, que representa uma barreira contra o êxodo rural, uma ferramenta real de combate à pobreza e um vetor de inclusão social e desenvolvimento sustentável.
Os produtores e exportadores de frutas concluem o documento, asseverando que a tarifa inviabiliza totalmente a operação logística e comercial para os EUA, ameaçando paralisar a atividade em toda a região. Caso essa situação não seja revista com urgência, o impacto será devastador, pois a produção que deveria ir para os Estados Unidos ficará represada, sendo redirecionada à Europa e ao mercado interno, que não possuem capacidade de absorção desse volume excedente. “O resultado será uma queda brusca nos preços, o colapso da rentabilidade do setor e, de forma alarmante, o desemprego em massa no Vale do São Francisco. Contamos com o bom senso, a responsabilidade institucional e o espírito de cooperação que sempre marcaram as relações entre nossos países”, concluiu o presidente da Valexport.
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