A influência americana no golpe
Seis décadas marcaram, ontem, o golpe militar no Brasil, um dos períodos mais sombrios da história recente do País. O ano de 1964 representou uma interrupção na democracia, desde que o Brasil adotou o presidencialismo, quando se proclamou a República em 1889. O regime militar durou 21 anos, marcado pela tortura e morte aos opositores, censura à imprensa e aos artistas contestadores e restrição de direitos políticos.
Não há o que comemorar, só lamentar. A ditadura militar, encerrada em 1985, nos arrebatou diversos direitos que compõem aquilo que chamamos de Estado Democrático de Direito. A interrupção brusca da democracia e da liberdade no Brasil teve apoio dos Estados Unidos, que, no contexto da Guerra Fria, buscavam conter o avanço do comunismo e manter os países alinhados ao capitalismo.
Leia maisEm 2014, o jornal El País publicou uma matéria sobre as gravações entre o ex-presidente norte americano, John F. Kennedy, e o embaixador norte americano no Brasil, Lincoln Gordon. Na gravação, cogita-se intervir militarmente e retirar João Goulart do governo brasileiro. No áudio, John F. Kennedy questiona: “Você vê a situação indo para onde deveria? Acha aconselhável que façamos uma intervenção militar?”
John Dinges, que atuou como jornalista correspondente na América Latina na década de 70, declarou em entrevista à Agência Brasil que havia um temor por parte dos Estados Unidos de uma nova revolução cubana, motivação que levou o governo americano a conspirar e incentivar os militares brasileiros a retirar João Goulart do poder.
A Operação Brother Sam foi um movimento de apoio aos golpistas promovido pelas Forças Armadas Americanas. Segundo André Voigt, “havia uma possibilidade muito concreta de que, caso houvesse algum tipo de resistência no momento do golpe, por parte do governo, haveria um apoio logístico ou militar ligado ao litoral brasileiro”.
No entanto, a operação não foi posta em prática, pois não houve resistência. Em uma notícia sobre a morte de Gordon (2009), a Folha de São Paulo declara que João Goulart foi deposto antes que o apoio norte americano chegasse no litoral. Além disso, Gordon continuaria negando seu envolvimento com o golpe, mesmo com evidências históricas apontando o contrário.
Jango temeu derramamento de sangue – Na madrugada entre os dias 31 de março e 1º de abril de 1964, os militares se mobilizaram no Palácio do Catete, no Rio de Janeiro, e destituíram o então presidente João Goulart. Este foi ao Rio Grande do Sul conversar com Brizola, que se reuniu com alguns generais para estabelecer uma possível resistência. “Brizola pergunta [a Jango]: ‘Cabe a você saber se nós vamos fazer uma resistência a esse golpe ou não’. Jango reagiu: “Não. Eu quero evitar derramamento de sangue. Prefiro me retirar, prefiro me exilar a causar mais derramamento de sangue’”, conta Voigt. Assim, Jango se exilou no Uruguai e a junta militar assumiu o governo. O general Castello Branco tomou posse no dia 15 de abril de 1964, tornando-se o primeiro governante desse período.
O dog e o abandono das escolas – Enquanto a governadora Raquel Lyra (PSDB) tenta passar pelas redes sociais a imagem de uma boazinha cuidadora de animais, fazendo carinho num dog que batizou de Frederico Magno, a educação continua em segundo plano, sem a mínima atenção da parte dela. Alunos surdos de uma escola estadual em Santa Maria da Boa Vista, no Sertão do São Francisco, enviaram ao blog um vídeo denunciando que estão com dificuldades de levarem os estudos à frente por causa da falta de intérpretes de Libras, a língua brasileira de sinais. Vergonha!
Chaparral ainda indeciso – O deputado Cléber Chaparral disse, ontem, ao blog, que não tem a menor procedência os rumores de que estaria trocando o União Brasil pelo PSDB para disputar a Prefeitura de Surubim com o apoio da governadora Raquel Lyra. Confirmou, entretanto, que se for candidato, o que ainda não decidiu, será alinhado ao Palácio das Princesas, embora integre o grupo Coelho, de Petrolina. “No segundo turno, apoiei Raquel, não há novidade nenhuma nisso”, ironizou, adiantando que sua relação com a família Coelho, que também esteve com Raquel no segundo turno, mas hoje participa da gestão de João Campos, no Recife, não será abalada.
O mandacaru – Na política, muitas vezes os gestos valem mais do que as palavras. Exatos dez dias após bancar o lançamento da reeleição do prefeito de Caruaru, Rodrigo Pinheiro (PSDB), a governadora Raquel Lyra apareceu nas redes sociais ao lado de Toninho Rodrigues e do seu pai, o ex-prefeito Tony Gel, ambos do MDB, dando “uma forcinha” para o projeto do herdeiro de Tony de disputar a Prefeitura do município. Por ironia do destino, a foto foi postada no mesmo dia que o MDB anunciou apoio à reeleição do prefeito João Campos (PSB), no Recife. Aliados desapontados com a governadora dizem que ela é feito o mandacaru: não dá sombra nem encosto para ninguém”.
A largada de Armandinho – Alternativa da chamada terceira via em Caruaru, o empresário, músico e cantor Armandinho, da banda Fulô de Mandacaru, dá o start na sua pré-candidatura a prefeito da capital do Agreste, pelo Solidariedade, na próxima quarta-feira (3). O ato será realizado no teatro do Shopping Difusora, a partir das 19 horas, com a presença de Marília Arraes, vice-presidente nacional da legenda, e da deputada federal Maria Arraes. O evento promete arrastar representantes do mundo artístico e cultural do município. Cara nova na política de Caruaru, o desafio que se coloca pela frente para Armandinho é quebrar a polarização já existente hoje, faltando ainda sete meses para as eleições, entre o prefeito Rodrigo Pinheiro (PSDB) e o ex-prefeito José Queiroz (PDT).
CURTAS
BELO GESTO – O prefeito de Belo Jardim, Gilvandro Estrela (União Brasil) levou 1,5 mil alunos da rede municipal de ensino para conhecerem a encenação da Paixão de Cristo, em Nova Jerusalém. Para não ser acusado de proselitismo político em ano eleitoral, os ingressos foram doados pelo diretor-geral do espetáculo, Robinho Pacheco.
CAIU FORA – Em Arcoverde, o prefeito Wellington Maciel (MDB) perdeu mais um aliado para a ex-prefeita Madalena Britto, pré-candidata do PSB à sucessão municipal: o secretário de Administração, Tullyo Cavalcanti, entregou o cargo para tentar uma vaga na Câmara, mas na coligação de Madalena.
NOVOS PROMOTORES – A partir de maio, dez municípios ganham promotores. São eles: Jéssica Maria Xavier de Sá (São José do Belmonte), Joana Turton Lopes (Buíque), Carolina Gurgel( Afogados da Ingazeira), Higor Alexandre de Araújo (Belém de São Francisco), Bruno Santacatharina Carvalho de Lima( Cabrobó), André Jacinto de Almeida Neto (Mirandiba), Nycole Sofia Teixeira (Petrolândia), Pamela Guimarães Rocha(Bodocó), Ana Roberta Ferreira Favaro (Salgueiro) e Sofia Mendes Bezerra de Carvalho( Floresta).
Perguntar não ofende: A popularidade do Governo Lula cresce feito rabo de cavalo – para baixo?
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