O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou o bloqueio da conta bancária de Heloisa Wolf, mulher do deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP). Segundo aliados de Eduardo, Heloísa não teria sido notificada pela Corte, mas sim pelo banco ao tentar realizar uma transferência.
Eduardo, investigado no Supremo por coação no curso do processo, obstrução de Justiça por costurar sanções americanas contra instituições brasileiras, além de tentativa de abolição violenta do Estado democrático de direito, anunciou na última terça que teve suas contas restringidas pelo tribunal. Os dois vivem nos Estados Unidos desde março, quando o parlamentar anunciou um autoexílio no país. As informações são do jornal O Globo.
Leia maisNo início da noite desta quarta, Eduardo Bolsonaro se manifestou sobre o assunto em seu perfil no X e compartilhou o print da tela de um celular reproduzindo uma mensagem do aplicativo do Itaú informando “Transação não concluída. Não é permitida a emissão de Pix de conta bloqueada”.
“Minha esposa, Heloísa, que não é política e nem milita nesta área, teve suas contas bancárias bloqueadas sem qualquer justificativa legal. Trata-se provavelmente de mais um ato arbitrário ordenado por Alexandre de Moraes – digo provavelmente pois jamais fui sequer citado dos inquéritos que ele recentemente abriu contra mim, mas ontem resultaram igualmente nos bloqueios das minhas contas”, afirmou o deputado.
O inquérito contra Eduardo está nas mãos do ministro Alexandre de Moraes, relator das principais investigações que vêm fechando o cerco contra o ex-presidente e seus aliados, como o inquérito das fake news, das milícias digitais e as ações penais da trama golpista – este último caso pode levar à prisão de Bolsonaro ainda neste ano.
Heloísa não é investigada pelo Supremo. A estadia da família nos EUA vinha sendo bancada com o dinheiro arrecadado com doações via Pix de apoiadores de Jair Bolsonaro, conforme anunciado pelo próprio ex-presidente. A origem do financiamento do exílio de Eduardo foi uma das bases para a abertura do inquérito contra o deputado do PL, a pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR).
Desde a última sexta-feira, pai e filho estão proibidos de se comunicar por determinação do STF no âmbito do mesmo inquérito. A escalada ocorreu após o tarifaço de 50% sobre produtos brasileiros imposto pelo presidente americano, Donald Trump, em retaliação a uma suposta “caça às bruxas” contra o ex-presidente brasileiro. Em um primeiro momento, Eduardo reivindicou protagonismo na articulação da medida junto à Casa Branca.
Procurado, o STF não se manifestou. O Itaú, por sua vez, alegou que “por questão de sigilo bancário, não comenta casos específicos de clientes”.
Atuação nos EUA
Eduardo vinha trabalhando junto à Casa Branca e a aliados de Trump no Congresso pela implementação da chamada Lei Magnitsky Global contra Moraes. O texto, aprovado no governo Barack Obama (2009-2017), prevê a punição de autoridades estrangeiras violadoras de direitos humanos através de restrições comparadas nos bastidores dos EUA a uma “pena de morte financeira”.
O filho 03 de Bolsonaro também atuava por outras sanções, como o cancelamento de vistos e a proibição da entrada de Moraes e outras autoridades do Judiciário brasileiro em solo americano. Trump, porém, anunciou no último dia 9 sanções comerciais que racharam a direita em função dos impactos econômicos das tarifas.
À época do anúncio das tarifas, o filho 03 do ex-presidente justificou em um longo comunicado que Trump “corretamente” entendeu que Moraes “só pode agir com o respaldo de um establishment político, empresarial e institucional que compactua com sua escalada autoritária” e que “esse establishment também precisa arcar com o custo dessa aventura”.
Agora, porém, o deputado licenciado tem buscado se afastar da retaliação de Trump, ao mesmo tempo em que segue apoiando as tarifas como forma de pressão por uma anistia “ampla, geral e irrestrita” para bolsonaristas na mira da Justiça.
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