Em um cenário político marcado por traições e desilusões, a governadora de Pernambuco, Raquel Lyra, se destaca não apenas por suas promessas vazias, mas por um padrão preocupante de ingratidão que tem deixado aliados e adversários perplexos. O que era para ser uma aliança promissora nas eleições de 2022 se transformou em um campo de batalha, onde a traição e o abandono se tornaram a norma.
Entre os aliados que foram traídos, Álvaro Porto, presidente da Alepe, foi deixado à própria sorte após a eleição. A ingratidão de Raquel foi tão evidente que ele se viu abandonado, sem apoio, em um momento crucial: a disputa pelo comando da Casa. Já o deputado estadual Izaías Régis, que era o líder do governo, viu sua chance de se tornar prefeito de Garanhuns desmoronar, resultando em uma derrota histórica que agora torna sua reeleição como deputado quase impossível.
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A também deputada Débora Almeida, que contava com o apoio financeiro do pai, um dos homens mais ricos do Nordeste, também sofreu nas mãos da governadora, enfrentando uma humilhante derrota em São Bento do Una. Lucinha Mota, com mais de 25 mil votos, ficou desamparada quando Raquel não conseguiu se eleger vereadora em Petrolina, enquanto Alan Carneiro, que obteve quase 15 mil votos, abandonou a política após sentir a amarga decepção provocada pela governadora.
O caso de Joaquim Neto, ex-prefeito de Gravatá, é emblemático: após ser nomeado para o IPA, foi demitido sem justificativa, culminando na maior derrota da história de Gravatá. Alcides Cardoso, ligado à vice-governadora, também não escapou da ingratidão e não conseguiu ser reeleito vereador do Recife.
Entre os deputados federais, a história é igualmente sombria. Um deles, Daniel Coelho, sacrificou seu mandato garantindo a chapa de Raquel e acabou como secretário de Turismo sem qualquer autonomia, enfrentando uma derrota ridícula na capital. Guilherme Coelho, que se lançou como candidato a senador, foi ignorado por Raquel e hoje não participa da administração estadual. Armando Monteiro, que passou quase dois anos sem indicações, agora se rebaixa ao indicar o filho para Suape.
Até mesmo aliados que se esforçaram para garantir a vitória de Raquel, como André e Anderson Ferreira, foram tratados com desdém, recebendo a notícia da demissão do presidente do Detran pela imprensa. Bruno Araújo, que sustentou o partido e o fundo eleitoral de Raquel, nunca foi ouvido e se vê à margem do governo.
E os adversários? Raquel também não demonstra misericórdia. Sebastião Oliveira, um dia chamado de corrupto, agora é agraciado com indicações no governo. Luciano Duque, antes um crítico feroz, tem seu filho no IPA, enquanto Marcelo e Gustavo Gouveia, que coordenaram a campanha de Marília Arraes, agora desfrutam de cargos importantes na Secretaria de Agricultura.
Raimundo e Socorro Pimentel, que confiaram em Raquel, acabaram sem partido e perderam a eleição de prefeito em Araripina, enquanto André de Paula, um adversário na corrida para o Senado, tornou-se um dos homens fortes do governo, levando Raquel para seu partido, que até então fazia críticas severas à governadora.
A história de Raquel Lyra é um retrato da política pernambucana, onde a ingratidão parece ser a única constante. Em meio a promessas não cumpridas e traições disfarçadas, fica a pergunta: quem será o próximo a sentir o peso do “jeito Raquel de ser”?
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