O candidato a prefeito de Olinda, Marcio Botelho, acompanhado de sua vice, Priscila Agra, e de sua militância, participou de uma ação de panfletagem no bairro Jardim Atlântico, onde reside. A ação ocorreu nesta terça-feira (20), por volta das 7 horas, e teve como ponto principal o semáforo da Praça Pedro Jorge.
Na ocasião, Márcio Botelho conversou diretamente com os moradores que passavam pelo local, apresentando suas propostas e discutindo soluções para as demandas locais. As principais queixas incluíram falta de segurança pública, saneamento básico e trânsito intenso.
“Estar aqui hoje, conversando com meus vizinhos e compartilhando nossas ideias para melhorar Jardim Atlântico é essencial. Os problemas que eles citaram, são problemas que evidencio todos os dias como morador. As nossas propostas vão resolver estas situações. Mas ouvir a opinião de outros moradores é fundamental. Jardim Atlântico precisa ser construído por seus moradores para tornar-se um bairro mais seguro e bem cuidado”, declarou Botelho.
Um conto do escritor dinamarquês Hans Christian Andersen (1805 – 1875) relata a história de um rei muito severo e vaidoso, que não admitia ser contrariado. Certo dia, apareceu um homem se dizendo alfaiate, na verdade um charlatão, e se ofereceu para fazer a roupa mais bonita que qualquer monarca, em todo o mundo, jamais havia tido.
Mas ele avisou que somente as pessoas inteligentes poderiam vê-la. O rei, tocado pela vaidade, logo se interessou e o contratou. Providenciou todos os materiais que lhe foram solicitados. Fios de ouro, tecidos finos, adereços de diamantes e tudo que havia de melhor e mais valioso. Acomodou o “alfaiate” em um ateliê e deixou que desenvolvesse seu trabalho.
Passadas algumas semanas, como não teve notícia, o rei foi ao local onde estava sendo confeccionada a roupa. Viu uma mesa vazia, e o homem fazendo inúmeros movimentos como se estivesse medindo, costurando, esticando a peça. O rei, para não transparecer diante de seus súditos que não estava vendo nada, começou a elogiar.
Por sua vez, os súditos presentes, que nada viam, para não passarem por ignorantes, também elogiaram. Após mais uma semana, o alfaiate deu o trabalho por terminado e convocou o rei para ir vestir a roupa. Este, para não deixar passar em branco, convocou todo o povo para um desfile onde ele mostraria sua nova roupa.
Assim foi feito. Com o rei nu, e todos fingindo que viam as vestes reais, o desfile seguiu, mas não se manifestavam para não passarem atestado de ignorantes. Somente uma criança, na sua pureza e inocência, vendo toda aquela encenação, gritou: “o rei está nu!!”.
Neste entrevero lamentável entre Raul Henry, herdeiro político não biológico do ex-senador e governador Jarbas Vasconcelos, e Jarbas Filho, o herdeiro de sangue do personagem exposto, ambos deixaram Pernambuco nu e envergonhado. Caíram no jogo sujo da governadora Raquel Lyra (PSD), que há muito persegue o controle do MDB, e não tiveram o menor respeito pela história de Jarbas Vasconcelos.
Na ânsia de agradar a governadora, a quem deseja se aliar, Jarbinhas, como é mais conhecido o deputado estadual e filho do ex-senador, usou a imagem de um pai debilitado mentalmente, que enfrenta uma doença degenerativa, enquanto Henry revelou de público o estado de saúde do seu guru, cuidadosamente zelado e preservado pela família.
Com o tempo, aprendi que na política existem apenas duas coisas imutáveis: a ingenuidade dos eleitores e a desonestidade dos políticos.
ASSUMIU DE VEZ – No encontro estadual do PSB, no último fim de semana, o presidente da Assembleia Legislativa, Álvaro Porto, agora na condição também de presidente estadual do PSDB, partido que arrebatou das mãos da governadora, assumiu de público seu palanque em 2026: o de João Campos, provável nome que tende a unir o bloco de oposição para frustrar o projeto de reeleição de Raquel pelo agora PSD.
Pernambuco do atraso – Em sua fala no seminário socialista, ao lado de João Campos, Álvaro Porto botou os pingos nos is: “Tenho certeza de que a união que vai tirar Pernambuco do atraso vai começar hoje aqui. Não sou dono do PSDB. Vamos sentar-nos à mesa, dialogar e tomar decisões em conjunto. Temos um longo caminho pela frente, mas o sentimento que observamos em cada canto de Pernambuco é favorável a uma nova mudança”, afirmou, referindo-se ao projeto majoritário do PSB, segundo ele, com forças suficientes para impor uma derrota às forças que estão no poder.
Pauleira em Raquel – O comandante do Legislativo estadual fez críticas à gestão Raquel, citando problemas na saúde, segurança e educação. Ele mencionou especificamente a situação de estudantes do programa Ganhe o Mundo que ainda vivem em hotéis no Chile por falta de regularização. “O pior exemplo disso são estudantes que estão no Chile e ainda estão morando em hotéis porque não estão regularizados no programa Ganhe o Mundo, criado pelo ex-governador Eduardo Campos”, pontuou.
Elogios a João – Álvaro Porto também elogiou figuras da política pernambucana durante o congresso, como o deputado estadual Sileno Guedes, reconduzido à presidência do PSB, e o prefeito do Recife, João Campos. “Tem gente que veio para ficar na política. Este é o caso de João Campos”, afirmou. Ao final de sua fala, destacou a homenagem ao ex-deputado José Patriota, falecido em 2024, ressaltando o legado do político para o fortalecimento do municipalismo em Pernambuco. Disse que mesmo convivendo pouco tempo com Patriota, que também foi prefeito de Afogados da Ingazeira, aprendeu muito com ele.
Bastidores do podcast – Tão logo chegou aos estúdios para o podcast de estreia “Direto de Brasília”, quinta-feira passada, parceria deste blog com a Folha de Pernambuco, o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB), entre um café e outro, contou histórias do saudoso amigo Sérgio Guerra, que morreu em 2014 e que na então condição de presidente nacional do PSDB coordenou a primeira campanha dele à Presidência da República, em 2006. Relembrou o episódio em que José Serra passou a noite em branco na fazenda de Guerra, em Limoeiro, por causa do barulho ensurdecedor de araras. Ainda de políticos pernambucanos, lembrou o episódio no qual Roberto Magalhães havia dado a palavra para ser o vice na chapa presidencial de Mário Covas em 1989, tendo desistido por causa de uma declaração da então deputada Cristina Tavares.
CURTAS
HOMENAGEM A MACIEL – O vice-presidente Geraldo Alckmin, aliás, vai prestar uma homenagem a um outro ilustre e saudoso pernambucano: Marco Maciel. Na próxima quinta-feira, às 9h30m, ao lado da viúva Anna Maria Maciel e dos seus filhos, vai descerrar a placa e foto de Maciel na galeria dos ex-vice-presidentes da República, no prédio anexo do Palácio do Planalto.
ATO PELA ANISTIA – Em mais um ato pela anistia, o ex-presidente Jair Bolsonaro reuniu, ontem, em São Paulo, mais de 100 políticos e sete governadores, entre os quais Tarcísio de Freitas (SP), Cláudio Castro (RJ) e Romeu Zema (MG). Além de governadores, o deputado Nícolas Ferreira (PL-MG), a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro e o pastor Silas Malafaia.
GASTANÇA – A comitiva do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que foi para Paris participar do Diálogo Econômico e Financeiro de Alto Nível Brasil-França no fim de março, gastou 92% a mais em diárias que a comitiva da primeira-dama Janja da Silva para o mesmo destino semanas antes: R$ 34.617,56 em uma média de quatro diárias por pessoa. Já a da primeira-dama, R$ 18.041,80 em período parecido. Foram três diárias em média.
Perguntar não ofende: O MDB fica com João ou Raquel?
Não sei mais onde você mora, com quem divide os silêncios ou quais canções embalam suas noites. Talvez nossos caminhos tenham seguido como linhas paralelas que um dia se tocaram com força e, depois, seguiram cada uma para seu lado. Mas há algo que sei com uma certeza quase serena: o que fomos não passou. Permanece.
Durante muito tempo, achei que ninguém mais me alcançava por inteiro. Era como se partes de mim tivessem ficado para trás, coladas em uma lembrança que o tempo não apagava. Hoje entendo: não era ausência de sentimento novo. Era excesso de um sentimento antigo que ainda vivia em mim. Era você — ainda em mim.
Você me atravessou feito um relâmpago silencioso: sem alarde, mas iluminando tudo. Mudou meu jeito de calar, meu modo de olhar o mundo, de esperar, de tocar. E mesmo depois da partida, mesmo depois do tempo, você permaneceu. Não como sombra, mas como raiz. Como algo que não se vê, mas sustenta.
Houve um tempo em que tentei esquecer. Lutei contra as lembranças como quem fecha um livro antes do fim, sem coragem de ler a última linha. Como um lutador que entra no ringue já sabendo que não haverá nocaute — que a luta será longa, silenciosa, e travada dentro de si. Tentei vencer a memória, resistir ao nome, apagar os gestos. Mas foi em vão. Porque certos amores não se vencem — apenas se acolhem.
Hoje, não. Hoje, recolho com cuidado tudo que fomos e guardo comigo. Não como quem revive. Mas como quem honra.
Porque há amores que não terminam. Apenas mudam de forma. Passam a morar no jeito como caminhamos, nas palavras que escolhemos, na saudade que já não dói — mas abraça. Você é esse amor. Aquele que não está mais, mas ainda é.
Não desejo voltar no tempo. Nem preciso mais de um reencontro. O que tivemos já me basta. O que fomos já me forma. Você, mesmo ausente, me construiu. E o que restou em mim depois que partiu, foi justamente a parte que mais me transformou.
Talvez esse amor nunca acabe. E está tudo bem. Não porque eu queira revivê-lo, mas porque aprendi a respeitar sua eternidade. Ele pulsa em mim como lembrança que aquece, como livro sublinhado nas partes mais importantes, como fotografia antiga que ainda sorri.
É tudo tão solene que parece não acabar. O que fomos ficou. Ficou em mim. E isso — só isso — já me basta.
Durante o primeiro encontro formativo de 2025 com os professores da rede municipal de ensino, a Prefeitura de Saloá, no Agreste de Pernambuco, anunciou medidas voltadas à valorização da categoria. O evento, realizado na Escola São Vicente, teve a participação do prefeito Júnior de Rivaldo (PSDB), que comunicou o pagamento dos precatórios devidos aos docentes e a distribuição de notebooks para uso pedagógico. Também foi assinada a atualização do piso salarial da categoria, em conformidade com o valor nacional.
Além dos anúncios, o encontro promoveu momentos de formação e troca de experiências entre os professores. O humorista Selma de Niêta encerrou a programação com uma apresentação voltada à descontração do público. O evento reuniu vereadores, secretários municipais e representantes da gestão, em meio a discursos de reconhecimento e um coquetel oferecido aos educadores.
O domingo foi de chuva, mas não tirou a animação dos grupos UniTEA (União das Mães Atípicas de Muribeca) e Maternidade Amor, que realizaram uma caminhada, em Muribeca dos Guararapes, dentro da programação da Semana Municipal de Conscientização sobre o Transtorno do Espectro Autista (TEA), do Programa de Políticas Públicas Sociais (PPS), coordenado pela primeira-dama de Jaboatão Andréa Medeiros.
Cerca de 100 crianças com autismo estiveram acompanhados pelas mães para uma caminhada que começou às 16h, saindo do antigo terminal dos ônibus de Muribeca e seguiu pras ruínas da Igreja Nossa Senhora dos Homens Pretos. Um trenzinho colorido serviu de abrigo e transporte para todas as crianças.
Tanto a UniTEA quanto a Maternidade Amor são grupos virtuais de apoio às mães de crianças com autismo. “Nossa ideia é fazer ações, como passeios e encontros, para aproximar as pessoas. A caminhada teve esse papel, como também de conscientizar a sociedade a abraçar essas mães”, disse Damona Bezerra, da Maternidade Amor.
Um grande ato de filiação ao PSD está marcado para as 18h de amanhã, no Novohotel, no Recife. O ato será comandado pela governadora e presidente estadual do partido, Raquel Lyra, para receber os prefeitos, vice-prefeito e lideranças que decidiram deixar o PSDB, após a intervenção da Executiva Nacional no diretório de Pernambuco. O presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab, estará presente. As informações são do blog Dantas Barreto.
Essa chegada dos ex-tucanos já era esperada, desde o dia 10 de março, quando Raquel assinou a ficha de filiação do PSD. A sigla pessedista elegeu 20 prefeitos em 2024 no Estado de Pernambuco e já tem 25, com a chegada de aliados da governadora. Com o ato de hoje, deverá ultrapassar 50 prefeituras sob seu comando.
Após a saída das principais lideranças do PSDB, o presidente da comissão interventora, deputado Álvaro Porto, está livre para montar chapas proporcionais e firmar uma aliança no campo da oposição em turno da provável candidatura do prefeito do Recife, João Campos (PSB). Ele já avisou que o partido não faz parte mais da base aliada de Raquel.
Ontem, Álvaro Porto compareceu ao Congresso Estadual do PSB e mais uma vez afirmou essa decisão. E disse que o evento socialista era o início de uma união para 2026.
Em vídeo publicado nas redes sociais, o deputado estadual Waldemar Borges (PSB) cobrou a governadora Raquel Lyra (PSDB) pela paralisação das obras de asfaltamento da PE-87, no trecho entre os distritos de Mandacaru e Uruçu-Mirim, em Gravatá. O parlamentar relembra que a iniciativa teve início ainda no governo Eduardo Campos e foi retomada por Paulo Câmara, mas voltou a estagnar após um ato simbólico realizado por Raquel em 2023. “Essa obra não é de governo A ou B. É da população de Gravatá, especialmente de quem vive e produz em Uruçu-Mirim”, afirmou.
Mais de 50 países já entraram em contato com a Casa Branca para pedir negociações sobre o “tarifaço” do presidente dos EUA, Donald Trump, disse neste domingo (6) o diretor do Conselho Econômico Nacional dos EUA, Kevin Hassett.
Em entrevista à ABC News, Hasset não informou quais países procuraram o governo dos EUA pedindo diálogo. Mas afirmou que todos eles querem para tentar reduzir as novas tarifas que Washington anunciou na semana passada.
As novas taxas entraram em vigor ontem. Na entrevista, o conselheiro de Trump negou ainda que o “tarifaço” tenha sido uma forma indireta de o presidente norte-americano pressionar o Banco Central dos EUA a cortar as taxas de juros.
Questionado sobre por que Trump deixou a Rússia de fora das novas tarifas, Hassett alegou que o presidente norte-americano achou que isso poderia prejudicar as negociações que Washington trava com Moscou pelo fim da guerra na Ucrânia.
Também neste domingo, o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, falou sobre o tarifaço de Trump. Em entrevista à rede NBC News, Bessent minimizou a queda do mercado de ações e disse que não havia “nenhuma razão” para antecipar uma recessão com base nas tarifas.
Tarifas já em vigor
As tarifas recíprocas detalhadas por Donald Trump contra países que possuem relações comerciais com os Estados Unidos entraram em vigor no sábado (5).
Ao todo, o “tarifaço” de Trump atinge mais de 180 países e regiões, incluindo a União Europeia (20%), China (34%), Coreia do Sul (25%) e Japão (24%).
A medida inclui alíquotas de 10% sobre todas as importações do Brasil.
“Dia da Libertação”: O anúncio foi feito pelo republicano na última quarta-feira (2), com o discurso de que os EUA ficariam “livres” de produtos estrangeiros. “É a nossa declaração de independência econômica”, afirmou o líder americano.
Liberdade? No entanto, Trump e integrantes de sua administração são vozes minoritárias a favor do tarifaço. Em geral, especialistas atribuem à medida uma série de efeitos negativos — tanto para a economia dos EUA quando para o resto do globo.
Quais são os argumentos a favor das tarifas?
Fortalecimento da indústria nacional
Trump utiliza as taxas como uma tentativa de incentivar a indústria nacional, por meio do aumento da produção e do consumo de itens locais. A ideia é que, ao priorizar produtos fabricados nos EUA, o país gere mais emprego e fortaleça a economia — embora analistas enxerguem justamente o movimento contrário.
Medida de barganha
O líder norte-americano também vê a estratégia como uma forma de negociar pautas de interesse dos EUA, como o aumento da segurança nas fronteiras. Logo no início do governo, por exemplo, Trump anunciou taxas contra México e Canadá (posteriormente suspensas) para barganhar maior empenho dos países contra o tráfico de fentanil — opioide sintético 50 vezes mais poderoso que a heroína.
Redução do déficit comercial
A imposição de tarifas pelos EUA está alinhada com as promessas do presidente de taxar seus parceiros comerciais. Os principais alvos são países com os quais os EUA têm déficit na balança comercial — ou seja, gastam mais com importações do que recebem com exportações. Entre eles, estão o México, o Canadá e a China. Assim, Trump espera reverter esse quadro.
Potencial arrecadatório
Outro possível efeito do tarifaço pode ser a elevação da arrecadação com os impostos de importação. O resultado, no entanto, vai depender de uma série de fatores, como a reação dos outros países, o volume de importação nos EUA e o comportamento do comércio no cenário global.
Quais são os argumentos contra as tarifas?
Pressão sobre a inflação
Especialistas destacam que a aplicação de tarifas tem potencial inflacionário, já que o custo mais alto de importação deverá encarecer a produção pelas empresas nos EUA. Consequentemente, os produtos e serviços tendem a subir para o consumidor final, pressionando o índice de preços do país.
Baixa capacidade de absorção pelas empresas
Além disso, há dúvidas sobre a capacidade de produção das empresas norte-americanas para atender à demanda da população em meio a uma possível queda nas importações. Ou seja, pode haver falta de insumos no mercado, o que também tem potencial para elevar preços e pesar sobre a inflação.
Elevação de juros
A alta da inflação pressiona o Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA) a manter a taxa básica de juros do país em níveis elevados. Os efeitos são muitos: a economia americana desacelera mais, o dólar pode ganhar força contra outras moedas — e assim puxar a inflação em outros países.
Além disso, taxas mais altas nos EUA demandam juros elevados em outras nações para segurar a cotação do dólar. É o caso do Brasil, que acaba sofrendo pressão no câmbio e encarecimento da tomada de crédito.
Desaquecimento da economia
Há ainda o temor de uma recessão econômica nos EUA. Agentes do mercado avaliam que, com as tarifas, o encarecimento de produtos pode reduzir a produção e o lucro das empresas. Aliado à piora inflacionária, o receio é de que a maior economia do mundo esfrie. Esse termômetro foi sentido logo no dia seguinte ao “Dia da Libertação”, com tombo do dólar e de bolsas nos EUA, Europa e Ásia.
Convictos de que a comunicação vai redimir o governo do mau desempenho nas pesquisas de popularidade, o presidente Lula da Silva e seus exegetas recorreram nesta semana a uma patranha tipicamente lulopetista: a organização de um grande ato público, planejado sob o pretexto de “prestar contas” e celebrar bons resultados, mas convertido em peça marqueteira para difundir a ideia de que o governo é bem melhor do que aparenta. De quebra, atribuiu falhas a terceiros e tentou convencer o público de que, a despeito de sua impopularidade, o demiurgo petista é a melhor opção para conquistar o voto do eleitor em 2026. Foi essa a natureza do evento “Brasil dando a volta por cima”, realizado na quinta-feira passada no Centro de Convenções Ulysses Guimarães, em Brasília.
O método é conhecido, mas ainda assim causa perplexidade a naturalidade com que a solenidade festiva, organizada pelo ministro da Secretaria de Comunicação da Presidência (Secom), Sidônio Palmeira, misturou atos de governo com a lógica de comitê eleitoral. Para tanto, recorreu-se a duas obsessões do lulopetismo: a comparação com o seu inimigo preferencial, o ex-presidente Jair Bolsonaro, e a convicção de que Lula reinventou o Brasil, reconstruindo o que o antecessor supostamente destruiu. Com a marotagem marqueteira, Sidônio Palmeira tenta também mostrar que a comunicação – durante muito tempo apontada como a principal responsável pela crescente impopularidade de Lula – enfim melhorou.
Cumprindo o manual do novo ministro, Lula ampliou consideravelmente o número de aparições e discursos públicos; programas considerados estratégicos foram reafirmados e empacotados em peças publicitárias triunfantes; anúncios já feitos passaram a ser reeditados como novidade; por fim, diariamente difundem-se números e feitos como “marcas” da atual gestão – como se viu, por exemplo, na longa lista de realizações divulgada pela equipe de Sidônio Palmeira.
Esse investimento pesado está baseado na presunção de que os eleitores até agora foram incapazes de perceber as inúmeras virtudes do governo Lula. A chegada à Secom do marqueteiro de Lula serviria, portanto, para mostrar essas virtudes aos desatentos brasileiros. Quase três meses depois, porém, a popularidade caiu ainda mais e se estabilizou em baixa – e, para infortúnio do presidente, sua impopularidade vem crescendo inclusive em regiões e faixas do eleitorado que até pouco tempo pareciam imunes à mediocridade do governo.
Ao contrário do que pensam os petistas, contudo, a comunicação do governo está funcionando, sim, e muito bem – e é exatamente por isso que a popularidade do presidente só faz cair. O eleitorado não é bobo e já entendeu perfeitamente que o governo petista só tem a mostrar as ideias e os projetos de 20 anos atrás. Basta ver os cidadãos escolhidos para falar no evento e mostrar como suas vidas foram transformadas pelo Bolsa Família e o Farmácia Popular, além de serem exibidas supostas façanhas de outras iniciativas que se tornaram célebres em gestões anteriores do PT. Eis aí o busílis: o terceiro mandato de Lula é uma soma rançosa de velhas soluções prescritas para novos problemas.
Lula e o PT ainda acreditam numa gratidão popular que já não existe mais. Historicamente, o voto econômico explicava a popularidade dos governantes. Benefícios sociais e maior renda se traduziam em apoio eleitoral. Mas a sociedade mudou e, com ela, a lógica política. Os eleitores de hoje são mais críticos e menos fiéis. Não só passaram a ver certos programas e benefícios como um direito básico, e não como um favor digno de retribuição, como também têm ambições e expectativas que exigem novas agendas. Não basta, portanto, reciclar ideias antigas e convencer os cidadãos de que há hoje melhores indicadores econômicos do que sob Bolsonaro. É preciso mais.
A “volta por cima” pregada pela festa governista, portanto, não diz respeito a um recomeço que ilumina a expectativa para o futuro, mas tão somente revive o passado idealizado. A população percebe os “feitos” do terceiro mandato – e decididamente não gosta do que vê. Trata-se do mais grave tipo de frustração popular: aquela que é fruto da constatação de que o presidente e seu governo não têm muito mais a oferecer, porque Lula é isso aí.
A manifestação realizada na tarde de hoje pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e o pastor Silas Malafaia na Avenida Paulista, em São Paulo, reuniu 44,9 mil pessoas. O número é um cálculo feito com base em imagens aéreas pelo grupo de pesquisa “Monitor do debate político” do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap), coordenado por Pablo Ortellado e Márcio Moretto, da Universidade de São Paulo (USP), e pela ONG More in Common. A margem de erro do levantamento é de 2,2 mil pessoas para mais ou para menos.
A marca é mais que o dobro da aferição do ato realizado em Copacabana, no Rio de Janeiro, no 16 de março, que chegou a 18,3 mil participantes. A contagem foi realizada no horário considerado ápice da manifestação, às 15h44, a partir de fotos aéreas analisadas com o auxílio de inteligência artificial.
O mote da manifestação é pela anistia dos condenados pelo 8 de Janeiro, projeto de lei na Câmara defendido por parlamentares do PL e ainda sem previsão de ser pautado pelo presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB).
Em 7 de setembro de 2022, também na Praia de Copacabana, o grupo de pesquisadores da USP e do Cebrap calculou um encontro de 64,6 mil manifestantes, um patamar que é cinco vezes maior do que aferido em março. No mesmo dia, uma manifestação na Av. Paulista reuniu 32,6 mil pessoas.
Apesar de significativamente superior ao público registrado no último ato no Rio, a presença de apoiadores do ex-presidente foi bem inferior ao registrado em fevereiro de 2024, quando 185 mil pessoas apoiaram Bolsonaro em ato em meio às investigações da PF por suposta tentativa de golpe.
Veja o público das manifestações bolsonaristas, segundo pesquisadores da USP:
18,3 mil em 16 de março de 2025 – Protesto de apoiadores de Bolsonaro em Copacabana. Foi marcado pelo pedido de anistia dos condenados pelo 8 de Janeiro
45,7 mil em 7/09 de 2024 – Protesto de apoiadores de Bolsonaro na Av. Paulista, em São Paulo. O ato pediu o impeachment de Alexandre de Moraes e teve público abaixo do esperado.
32,7 mil em 21/4 de 2024- Ato em Copacabana no feriado de Tiradentes. Foi marcado por falas de cunho religioso e ataques a Lula.
185 mil em 25/02 de 2024 – Ato na Av. Paulista. Evento foi em apoio a Bolsonaro, em meio às investigações da PF por suposta tentativa de golpe.
32,6 mil em 7/09 de 2022 – Manifestação na Av. Paulista convocada por Bolsonaro para impulsionar a campanha à reeleição ao Planalto.
64,6 mil em 7/09 de 2022 – Manifestação em Copacabana, no Rio. O ato em homenagem ao Bicentenário da Independência virou evento de campanha à reeleição.
O deputado estadual Coronel Feitosa (PL-PE) participou neste domingo (7) do ato realizado na Avenida Paulista, em São Paulo, em defesa da anistia dos presos pelos atos de 8 de janeiro de 2023. A manifestação reuniu apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro e teve como pauta central o apelo por liberdade para os condenados.
Feitosa esteve no local ao lado da esposa, Adellie Ramos, que levou um batom como símbolo de protesto em solidariedade às mulheres detidas na ocasião. O parlamentar tem feito menções frequentes ao tema na tribuna da Assembleia Legislativa de Pernambuco e também em suas redes sociais, onde divulga nomes e imagens de presas envolvidas nos atos.
“Lotamos a Paulista! É isso aqui que incomoda tanto a esquerda. Essa capacidade de mobilização, esse apoio popular voluntário e pacífico ao presidente Jair Bolsonaro. 2026 está chegando!”, afirmou o deputado durante o evento.
Um jovem morreu, no início da tarde de hoje, na piscina olímpica do Clube Náutico Capibaribe, no bairro dos Aflitos, Zona Norte do Recife. Equipes do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) foram acionadas, mas, ao chegarem ao local, o rapaz, identificado como Luiz França Ferreira Neto, já estava sem vida.
A Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) investiga o caso. O delegado Adyr Martens de Almeida esteve na área da ocorrência, assim como o comandante do Corpo de Bombeiros Militar de Pernambuco, coronel Rogério Coutinho.
França era do Curso de Formação e Habilitação de Praças (CFHP) do Corpo de Bombeiros Militar, aprovado no último concurso da corporação. De acordo com testemunhas, ele buscava um desempenho de alto nível nos treinos, de modo que praticava, por conta própria, exercícios para melhorar a capacidade de prender a respiração — chegando a permanecer mais de três minutos debaixo d’água.
Em nota à imprensa, a Polícia Civil de Pernambuco informou que vai investigar o caso. Ainda, mencionou que o Corpo de Bombeiros está oferecendo todo o suporte necessário à família neste momento de dor.
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) falou, hoje, em manifestação na avenida Paulista, em defesa da anistia dos envolvidos nos atos de 8 de Janeiro, onde reciclou a declaração que fez quando se tornou réu por tentativa de golpe de Estado e disse que violação à democracia foi sua derrota na eleição de 2022.
O que aconteceu
Apesar da temática do evento ser o perdão aos acusados de participarem dos atos golpistas, Bolsonaro pouco falou sobre o assunto nos quase 25 minutos em que discursou. Na maior parte do tempo, o ex-presidente defendeu a própria inocência e uma eventual candidatura nas próximas eleições. “Eleições 2026 sem Jair Bolsonaro é negar a democracia, escancarar a ditadura no Brasil. Se o voto é a alma da democracia, a contagem pública do mesmo se faz necessária”, afirmou.
O voto no Brasil é seguro e auditável, como já mostraram relatórios do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) e TCU (Tribunal de Contas da União). Desde 1996, início da utilização da urna eletrônica, nunca houve fraude comprovada.
Ex-presidente também disse que não houve “ato preparatório” para um eventual golpe, apesar de já ter admitido que “discutiu hipóteses” com militares. “O primeiro movimento para um estado de sítio, de defesa, é convocar os conselhos. Nenhum conselho foi convocado, então, nem ato preparatório houve”, declarou.
Ato era “teste de força”
Após o protesto esvaziado no Rio e com o assunto travado na Câmara, a estratégia do bolsonarismo é mostrar que a anistia tem força nas ruas. Apesar da pressão bolsonarista, os caciques da Câmara sinalizam que a anistia não é prioridade. O presidente Hugo Motta (Republicanos-PB) tem focado em outros assuntos, como a comissão que vai discutir a isenção de Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5.000 por mês, e foi alvo de alguns dos discursos no ato deste domingo.
Fotos mostram que o ato ocupou os dois lados da avenida por cerca de dois quarteirões, em frente ao Masp até o parque do Trianon. Ainda não há estimativa do número de participantes.
Pesquisa mostra que maioria dos brasileiros rejeita proposta de anistia. Levantamento Genial/Quaest publicado hoje mostrou que 56% acham que os envolvidos no 8 de Janeiro devem continuar presos. Já 34% defendem que eles sejam soltos: 18% acreditam que eles nem deveriam ter sido presos e 16% pensam que devem ser soltos porque já estão presos há tempo demais.
Sete governadores foram à manifestação. Romeu Zema (Novo-MG), Jorginho Mello (PL-SC), Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), Ronaldo Caiado (União-GO), Wilson Lima (PL-AM), Ratinho Jr. (PSD-PR) e Mauro Mendes (União-MT) posaram ao lado do ex-presidente Jair Bolsonaro em foto divulgada pelo líder da bancada evangélica na Câmara, Sóstenes Cavalcante (PL-RJ).
Cláudio Castro (PL) havia confirmado presença, mas cancelou após fortes chuvas desabrigarem centenas de pessoas no Rio. Mais de 300 pessoas tiveram de deixar suas casas em Angra dos Reis, onde o volume de chuva em dois dias foi mais que o dobro da média para o mês inteiro.
Ratinho Júnior (PSD) disse que não iria, mas apareceu. Depois de almoçar com Bolsonaro em Curitiba na sexta-feira, o governador paranaense falou que não poderia vir ao evento porque viajaria aos Estados Unidos. Ontem, ele participou do lançamento de um livro junto com o presidente do PSD, o ex-governador Gilberto Kassab, como mostrou a coluna de Mônica Bergamo no jornal Folha de S.Paulo.
Ronaldo Caiado lançou pré-candidatura à Presidência na sexta, dois dias antes de dividir palco com Bolsonaro. Tanto o ex-presidente quanto o governador goiano estão atualmente inelegíveis. Decisão da Justiça Eleitoral de Goiás de dezembro passado condenou Caiado a oito anos de inelegibilidade por abuso de poder político, mas ele ainda pode recorrer da decisão.
Reunião de governadores acontece em meio a disputa por protagonismo na direita. Com Bolsonaro inelegível, os nomes de vários dos presentes hoje na manifestação têm sido aventados como eventuais substitutos. O mais competitivo, segundo pesquisa Datafolha divulgada hoje, é o governador paulista Tarcísio de Freitas — que tem repetido, em público, que não será candidato ao Executivo federal no ano que vem.