Para reafirmar a autonomia e a preservação cultural dos povos quilombolas, o Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA) e o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) aprovaram ao longo do ano 31 decretos, garantindo a titulação de terras de comunidades quilombolas.
Os atos vão além da simples legalização das terras, significando um renascimento do compromisso com a justiça social, equidade e o reconhecimento das demandas históricas dessas populações, afirma Mônica Borges, Diretora de Territórios Quilombolas do INCRA.
“Foi necessário realizar a atualização de todos os processos administrativos que se encontravam aptos à edição dos decretos de interesse social. O INCRA formou uma força-tarefa com servidores públicos nas Superintendências Regionais para garantir que as análises necessárias fossem feitas”, explicou Mônica.
Leia maisA aprovação dos 31 decretos de interesse social em 2024 dos territórios quilombolas, consolida a regularização de mais de 138 mil hectares e beneficiando diretamente 5.401 famílias entre 2024. No entanto, o caminho não foi livre de desafios. Isabela Cruz, Diretora do Departamento de Reconhecimento, Proteção de Territórios Tradicionais e Etnodesenvolvimento do MDA, explica que, dentre as dificuldades enfrentadas, estão o racismo estrutural e até as disputas políticas no processo de regularização.
“Em 2023, a retomada da política de regularização dos territórios quilombolas encontrou um cenário devastado pelos desmontes ocorridos no governo anterior. Muitas coisas precisaram ser refeitas. Tivemos que reorganizar a casa. Agora é fundamental iniciar 2025 com a certeza de que o tempo é curto e que precisamos estar ainda mais alinhados e fortalecidos para continuar esse trabalho”, afirmou Isabela.
Decretos de 2024
Morro Redondo (Seabra – BA) – 5.068,92 hectares – 67 famílias
Curral de Pedra (Abaré – BA) – 4.515,26 hectares – 102 famílias
Capão das Gamelas (Seabra – BA) – 1.315,49 hectares – 60 famílias
Vicentes (Xique-Xique – BA) – 355,72 hectares – 29 famílias
Jetimana e Boa Vista (Camamu – BA) – 1.086,85 hectares – 61 famílias
Pitanga de Palmares (Simões Filho e Candeias – BA) – 646,86 hectares – 289 famílias
Iúna (Lençóis – BA) – 1.440,16 hectares – 39 famílias
Caonge, Dendê, Engenho da Praia, Engenho da Ponte e Calembá (Cachoeira – BA) – 907,17 hectares – 83 famílias
Volta (Bom Jesus da Lapa – BA) – 12.485,81 hectares – 155 famílias
Alto da Serra do Mar (Rio Claro – RJ) – 211,98 hectares – 20 famílias
São Benedito (São Fidélis – RJ) – 2.953,74 hectares – 60 famílias
Sacopã (Rio de Janeiro – RJ) – 0,09 hectares – 13 famílias
Aroeira (Pedro Avelino – RN) – 530,80 hectares – 37 famílias
Sítio Pavilhão (Bom Jesus – RN) – 52,17 hectares – 23 famílias
Arvinha (Coxilha e Sertão – RS) – 388,73 hectares – 33 famílias
São Roque (Praia Grande-SC e Mampituba-RS) – 4.658,87 hectares – 32 famílias
Jaó (Itapeva – SP) – 165,83 hectares – 64 famílias
Cangume (Itaoca – SP) – 854,98 hectares – 47 famílias
Galvão (Eldorado e Iporanga – SP) – 295,28 hectares – 29 famílias
São Pedro (Eldorado e Iporanga – SP) – 132,40 hectares – 39 famílias
Porto Velho (Itaóca e Iporanga – SP) – 958,29 hectares – 24 famílias
Alcântara (Alcântara – MA) – 78.105,35 hectares – 3.350 famílias
Depósito (Brejo – MA) – 726,09 hectares – 13 famílias
Marobá dos Teixeira (Almenara – MG) – 3.075,11 hectares – 79 famílias
Lagoa Grande (Jenipapo de Minas, Novo Cruzeiro e Araçuaí – MG) – 4.737,38 hectares – 29 famílias
Macacos (São Miguel do Tapuio – PI) – 3.216,83 hectares – 50 famílias
Pitombeira (Várzea – PB) – 354,18 hectares – 69 famílias
João Surá (Adrianópolis – PR) – 5.341,54 hectares – 34 famílias
Ladeiras (Japoatã – SE) – 1.988,57 hectares – 272 famílias
Desterro (Indiaroba – SE) – 124,85 hectares – 34 famílias
Minador (Município de Novo Oriente – CE) – 1.886 hectares – 56 famílias
Do Metrópoles.
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