Tracker Midnight: é série especial ou pura vaidade?
A customização de carros, que nos EUA é moda individual há décadas, a ponto de variar a intensidade por região, também chegou ao Brasil nos anos 2000. Goiano ‘tunar’ picape é tão comum que nem mais surpreende alguém, por exemplo. Mas, aos poucos, a iniciativa foi sendo absorvida pelas próprias montadoras. Agora, nem séries especiais o são mais: basta uma cor específica, um pacote de equipamentos aqui e três ou quatro modelos da mesma marca ganham o privilégio. É o caso das versões Midnight, da Chevrolet, adotada amplamente no Brasil (S10, Equinox, Onix e Cruze). No caso, qual a vantagem para o consumidor? Um diferencial na roda, uma identidade mais exclusiva, um pacote extra de conforto ali – ou de segurança – e por aí vai.
Para se destacar – Este colunista testou o SUV compacto Tracker com a configuração Midnight – que aposta no visual com acabamento escurecido e pacote de equipamentos (só um pouco) mais recheado. A versão usa motor e câmbio em comum às demais: o bom 1.0 turbo de 116cv de potência e 16,8kgfm de torque e câmbio automático de 6 marchas. Na vida diária, é excelente: trabalha bem já com faixas de torque baixas e age rápido em caso de ultrapassagens e acelerações. É, de longe, o melhor benefício do conjunto. A transmissão é tão suave que você esquece dela: não há trancos nem pedidos de ‘socorro’. Talvez fosse o caso de se pôr aletas atrás do volante, para melhor controle (afinal, é um carro customizado). A suspensão absorve a buraqueira de forma eficiente. O consumo – lembrando sempre que ele está atrelado ao comportamento do motorista – ficou na faixa dos 11 km/l, principalmente em razão do fato de ele ter sido mais usado nas vias urbanas (embora tenha circulado por BRs).

Consumo – Pelos dados oficiais, o consumo apresenta os seguintes números: cidade; 11,2 km/l com gasolina; estrada, 13,6 km/l. E mostram que a aceleração de 0 a 100 km/h é realizada em 10,9 segundos e a velocidade máxima é de 177 km/h. Porém, a configuração Midnight não é mais a topo de linha, como anteriormente: fica como intermediária entre a LT e a LTZ – e isso garante uma variável interessante de preços para quem sempre sonhou com “exclusividade”. O retorno da Tracker Midnight (explorando o visual, vale lembrar) foi anunciado em meados do primeiro trimestre do ano, aproveitando o sucesso do reality show BBB, da Globo.
Configurações e preços
AT turbo 116CV – R$ 130.920
LT turbo 116CV – R$ 135.320
Midnight turbo 116CV – R$ 145.560
LTZ turbo 116CV – R$ 147.760
RS 133CV – R$ 163.820
Premier AT turbo 133CV – R$ 166.780
A versão Midnight tem emblema preto da marca, a famosa gravatinha, faróis com máscara negra, logos alusivas à versão na base das portas dianteiras e uma grade frontal com detalhes em preto brilhante. Aliás, é o mesmo acabamento adotado nos retrovisores externos e apliques dos para-choques. Por ser ‘superior’ à LT, a Midnight tem rodas de liga leve com 17 polegadas de diâmetro e acabamento preto chamado “High Gloss”. Do ponto de segurança, vale lembrar: a intermediária tem seis airbags, alerta de frenagem de emergência e controles de tração e estabilidade, por exemplo. Mas poderia ser melhor em função do preço cobrado. Modelos mais baratos de outras marcas já ofertam mais. Não há, por exemplo, teto panorâmico, retrovisor eletrocrômico, frenagem automática de emergência, monitoramento da pressão dos pneus, carregador de smartphone por indução e por aí vai. A luz de circulação diurna é em LED. Há disponíveis sensores de estacionamento e crepuscular para ligação dos faróis. E, por fim, assistente de partida em rampa e piloto automático.
Vida a bordo – Tem bancos com bom acabamento, embora mais para simples (embora ‘vendidos’ comercialmente como premium, o que não é). Claro, são pretos – com costura pespontada cinza. O banco do motorista tem regulagem de altura manual, mas merecia algo melhor. O volante tem base reta e também revestido com o mesmo material. Há plásticos sobrando pelos painéis de portas ou no console central. Aliás, o design interno não muda em relação às demais versões – exceto, claro, a cor.
O ar-condicionado é manual e a chave de aproximação para abertura das portas e partida por botão é útil, prática e bem-vinda nesta versão. Os retrovisores externos são elétricos (sem sinalização para mudança de faixas) e há conexão sem fio para smartphones – e são quatro portas USB. O sistema de monitoramento e concierge da marca, o OnStar, garante wi-fi embarcado vale simultaneamente para até sete aparelhos. A direção elétrica é leve e gostosa de manuseá-la no dia a dia. Vale lembrar que ela é progressiva: quanto maior a velocidade, mas firme ela fica, por questões de segurança.
A tela da central multimídia de 8’’ tem qualidade – logo sentida no visual de média definição oferecido pela câmera de ré. O espaço, comum a todas as configurações, garante conforto a quatro ocupantes. O porta-malas tem capacidade para quase 400 litros (393, para ser exato), algo suficiente para uma família de quatro pessoas (casal e dois filhos).
Dos 10 SUVs compactos mais vendidos em setembro, o Tracker (todas as versões) emplacou 6.537, o Volkswagen T-Cross ficou em segundo com 5.365, o VW Nivus em terceiro com 4.771 e o Nissan Kicks com 4.706.

Novo Honda ZR-V: R$ 214,5 mil – A montadora japonesa acaba de lançar o ZR-V, o SUV do Civic. Importado do México, tentará, aliás, ganhar clientes do próprio Civic e será o “veículo médio” nas concessionárias ao vender qualidades de SUV com sedã. Vem apenas na versão Touring, de R$ 214.500. A expectativa é de 1 mil unidades/mês, concorrendo com Jeep Compass e Toyota Corolla Cross. O motor é 2.0 aspirado a gasolina com 161cv e 19,1kgfm de torque e transmissão automática CVT com simulação de 7 marchas. Só para lembrar: a maioria dos concorrentes é turbinada e apenas o Corolla Cross ousa usar motor (2.0) aspirado. E quanto aos equipamentos? Pelo preço cobrado, tem obrigatoriamente ar-condicionado digital de duas zonas, central multimídia de 9 polegadas, quadro de instrumentos com tela de 7 polegadas e velocímetro analógico!!. O carregador de celular é por indução, tem teto solar, acesso por chave presencial e partida por botão e por aí vai. Tem também frenagem automática de emergências, alerta de saída de faixa com correção no volante e controlador de velocidade adaptativo com função de parada. Ah, são 7 airbags.

Mitsubishi Pajero ganha versão topo de linha – A linha de SUVs Pajero Sport teve suas versões atualizadas no mercado nacional e conta agora com a versão Legend, a mais luxuosa e completa do modelo. A topo de linha ganha alguns itens exclusivos e tem como alvo na concorrência a Toyota SW4 Diamond: rodas de 20 polegadas com acabamento em fumê, maçanetas e retrovisor na cor da carroceria (em substituição ao cromado existente na versão HPE-S) etc. A moldura do skidplate recebeu acabamento em preto, assim como parte da grade dianteira, enquanto a dos paralamas ganha cromado escurecido. A parte traseira traz moldura da tampa na cor da carroceria, que contrasta com o acabamento em preto que reveste a moldura do skidplate.
Com a reestruturação, a linha Pajero Sport 2024 passa a contar com as seguintes versões disponíveis no país:
HPE: R$ 340 mil
HPE-S: R$ 370 mil
Legend: R$ 410 mil
O interior ganha mais ‘luxo’ com a adoção de acabamentos em preto nos detalhes do painel, console central e das portas.Tem também aquecimento dos bancos dianteiros e traseiros. Os dianteiros, aliás, contam com ajuste elétrico de posição (o que já tinha na versão HPE-S). O novo sistema de som tem oito alto-falantes e 510W de potência e o sistema de entretenimento com tela de oito polegadas sensível ao toque é compatível com Android Auto e CarPlay.
Volvo EX30 – Nem chegou às lojas e… – Apresentado em setembro, o Volvo EX30 2024 já bate recordes: ainda nem chegou nas concessionárias da marca (só em maio de 2024!!) e já vendeu cerca de 2 mil unidades. Ele é o terceiro modelo totalmente elétrico da Volvo no Brasil, seguindo o XC40 e o C40, e torna o acesso mais acessível: custa a partir de R$ 219.950, a maioria (55%) da versão de topo Ultra. A diretoria da marca pretende ser a líder de vendas do segmento premium, dobrando os volumes de emplacamentos na América Latina. O EX30 2024 foi lançado em quatro versões, todas equipadas com o motor elétrico traseiro de 272 cv de potência e 34,3kgfm de torque, que permite aceleração de 0 a 100 km/h em 5,7 segundos na versão de entrada e 5,3 segundos para os modelos Extended Range. A velocidade máxima é de 180 km/h para todas as versões. São duas opções de baterias: 51 kWh LFP ou 69 kWh NMC, o que pode resultar em uma autonomia de até 470 quilômetros dependendo do padrão adotado. O EX30 pode atingir potência de carregamento de até 153 kW – o que é suficiente para recarregar a bateria de 10% a 80% em pouco mais de 25 minutos. Veja preços e versões:
Versão | Bateria | Alcance | Preço |
Core Singe Engine | 51 kWh | 344 km | R$ 219.950 |
Core Single Engine Extended Range | 69 kWh | 480 km | R$ 239.950 |
Plus Single Engine Extended Range | 69 kWh | 480 km | R$ 264.950 |
Ultra Single Engine Extended Range | 69 kWh | 480 km | R$ 279.950 |
Linha Hyundai 2024 – O modelo mais popular da Hyundai brasileira, o HB20 (tanto sedã quanto hatch) ganhou uma nova configuração de versões. Isso significa algumas alterações de itens de série e um reposicionamento de preço entre elas. Agora, a marca oferece o HB20 Sense Plus de entrada – que ganhou pintura nas capas de retrovisores e maçanetas. A Comfort Plus tem câmera de ré e faróis com acendimento automático, diferenciando-se a Comfort. A Limited Plus, a topo de linha com o 1.0 aspirado, ganha painel de instrumentos colorido e chave presencial com partida por botão. A Platinum Safety passa a ter itens de assistência ao motorista, mas por um valor mais acessível do que a Platinum Plus.
Confira preços:
HB20 1.0 Sense Plus –R$ 82.890
HB20 1.0 Comfort Plus – R$ 86.490
HB20 1.0 Limited Plus – R$ 91.090
HB20 1.0T MT6 Comfort Plus – R$ 99.990
HB20 1.0T AT6 Platinum Safety – R$ 113.290
HB20 1.0T AT6 Platinum Plus – R$ 120.990
Bebeu e atropelou? Pague a conta do SUS – A Comissão de Saúde da Câmara dos Deputados aprovou o Projeto de Lei 1615/21 para, nos crimes de homicídio ou de lesões corporais, obrigar o condutor de veículo flagrado sob a influência de álcool ou substância psicoativa ressarcir os custos do Sistema Único de Saúde (SUS) no atendimento às vítimas. O relator é o deputado Luiz Lima (PL-RJ). “Aquele que, por ação ou omissão, causar algum dano a outro tem o dever de repará-lo”, disse. Segundo o Ministério da Saúde, os acidentes de trânsito são a segunda maior causa dos atendimentos de urgência e emergência no SUS. Diante disso, o ex-senador Wellington Fagundes (MT), autor da proposta, defendeu a mudança nas leis, pois os atos de motoristas sob efeito de álcool e drogas prejudicam o Erário.

Kombi elétrica: R$ 155.880 por ano – E finalmente o ID. Buzz, uma espécie de kombi elétrica ‘relançada’ pela Volkswagen, estreia no Brasil. Mas apenas com um lote de 70 unidades e exclusivamente pelo serviço de assinatura, o VW Sign&Drive, com franquia de rodagem de até 3.100 km por mês. Preço: R$ 155,8 mil por ano. O elétrico desembarca por aqui dez anos depois do fim da produção da Kombi e tem motor de 204 (150 kW ) de potência e 31,6 kgfm de torque, com autonomia de 423 km.

Carros elétricos e seus mitos – A BMW, uma das pioneiras na eletrificação da frota, decidiu desvendar os mitos que existem em torno desses modelos, que ainda aguçam a curiosidade de muitos brasileiros. Ao todo, o BMW Group Brasil tem seis modelos 100% elétricos no Brasil, incluindo o BMW iX, o carro elétrico com maior alcance no país. Afinal, há vantagens em adquirir um carro elétrico?
Autonomia ou alcance – O primeiro mito que cerca os carros elétricos se refere ao quesito autonomia ou alcance. Com baterias cada vez mais modernas e avançadas, assim como os sistemas para gerenciamento do sistema e regeneração, o alcance dos carros elétricos tem crescido cada vez mais. A BMW tem carros elétricos eficientes do país, de acordo com o Inmetro. Os quatro primeiros carros elétricos com maior alcance do Brasil são da marca. Líder isolado, o BMW iX xDrive50 Sport segue sendo o único carro a ultrapassar a barreira dos 500 quilômetros de alcance, totalizando 528 quilômetros de alcance.
Lentidão para recarregar – O veículo eletrificado evita a interrupção da mobilidade, pois é carregado em momentos oportunos: à noite ou quando o cliente vai ao shopping, cinema, mercado etc. Mesmo quando conectado a uma tomada doméstica, na qual a recarga possa levar uma noite inteira, o proprietário do veículo elétrico sempre terá a sensação de “tanque cheio”. Com as “ wallboxes” (estações de recarga), o tempo de carregamento completo pode ser reduzido para minutos ou poucas horas, dependendo do nível de carga do início do processo.
Prejudicial ao meio ambiente – São muito melhores, especialmente em países com alto índice de fontes renováveis na geração de energia, como é o caso do Brasil. Mas, mesmo que a eletricidade produzida convencionalmente seja levada em consideração para o cálculo e o ônus da produção seja incluído, os carros elétricos ainda estarão à frente.
Mais caros – O custo do carro elétrico para o cliente já é menor, se considerados todos os custos envolvidos na mobilidade, como manutenção, custo da energia, impostos e seguros. Quanto mais utilizado, mais rápido haverá retorno do investimento. O Brasil possui excelentes condições para o proprietário do carro elétrico. IPVA reduzido ou zerado em diversos estados, custo de energia competitivo e infraestrutura de recarga totalmente gratuita, além de isenção de rodízio na maior cidade do país.
Dão choque – Cada vez que uma nova tecnologia é desenvolvida, as pessoas a enxergam com ceticismo. “Posso confiar nisso?” As baterias são testadas até para inundações. No caso de um acidente, por exemplo, o fluxo de corrente da bateria geralmente é imediatamente desligado, para que não haja risco de choque elétrico aos ocupantes ou prestadores de serviços de emergência. Com o sistema completamente blindado e a prova d’água, os carros elétricos andam até em zonas alagadas sem qualquer tipo de problema.
Solução “paliativa” – Parece inevitável que a era dos carros com motor à combustão termine no futuro, não apenas pela natureza finita dos recursos petrolíferos. No momento, não é possível prever se os carros elétricos e híbridos plug-in vão dominar o mercado. O certo é que a experiência ao volante, os custos cada vez menores e as mudanças fundamentais na mobilidade farão com que os veículos totalmente elétricos desempenhem um papel importante no futuro.
Não são divertidos ao dirigir – “É divertido dirigir um carro elétrico?” A resposta é: com certeza! As acelerações impressionantes deixam qualquer um boquiaberto. Centro de gravidade baixo, torque imediato e regeneração automática de energia são a fórmula perfeita para muita diversão! O BMW iX M60, por exemplo, tem até 619cv de potência e até 1.100 Nm de torque. Isso é muito divertido!
Renato Ferraz, ex-Correio Braziliense, tem especialidade em jornalismo automobilístico
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