Por José Adalbertovsky Ribeiro*
MONTANHAS DA JAQUEIRA – Existe uma lenda de que na Era Vitoriana na Inglaterra (idos de 1837) as casas dos casais recém-casados exibiam a seguinte inscrição: “Fornication under consent of the king” – Fornicação sob o consentimento do rei. Vem daí a expressão FUCK. Quem xumbregasse sem o consentimento de sua majestade, seria castigado.
Os caboetas perambulavam nas ruas de ouvidos acesos para detectar gemidos e sussurros subversivos. Ao passar diante do palácio onde residiam o piedoso prelado e a madre superiora ouviram-se uns grunhidos feito briga de gatos nos telhados. O detetive Sherlock Holmes foi contratado para desvendar o mistério.
Leia maisSherlock convocou seu auxiliar Watson para cumprir mandato de busca e apreensão na casa do reverendíssimo. Foram recolhidos celulares, notebooks, Viagras, revistas pornôs, camisas de vênus, vídeos de surubas do programa Big Brother Brasil. Sherlock analisou o material e sentenciou: “Elementar, meu caro caboeta. O gatão é o piedoso prelado e a gatona é a madre superiora. A madre fazia o prelado gemer sem sentir dor”.
Lembrei-me das declarações do guru da seita vermelha de que só ficaria feliz quando fosse colocada na testa do ex-senador Sérgio Moro a inscrição “F ….”.
Nos tempos funestos em que os bandoleiros “F…” a Petrobras, dizer que houve corrupção na empresa é pleonasmo, conjuntivite na vista, como diria o Dr. Alvacir Fox, meu guru para assuntos de dioptrias poéticas. A operação LavaJato evitou uma sangria bilionária e recuperou outros tantos bilhões. Este é um dado de realidade e a ninguém é dado ignorar.
Havia guabirus, sanguessugas e escorpiões nas cavernas da empresa. Teje preso! Houve gritos, sussurros, algazarras, desmaios. Operação Revanche: querem agora arrancar as tripas de Sérgio Moro e cassar o direito de cidadania de 1.953.159 paranaenses que o elegeram senador da República.
Disseram que a Operação LavaJato atropelou filigranas jurídicas. Falso. Não se combate corrupção pesada com mãos de seda.
Cenários do passado – Em 1963 o então senador Arnon de Melo disparou um revólver em plenário e matou o senador José Kairala, do Acre, mas não foi cassado, pois o crime foi considerado acidental, quando a intensão era matar o rival Silvestre Péricles.
Tempos depois um filho do senador alagoano Arnon, cujo nome não recordo, foi eleito presidente da República de Pindorama – Mais recentemente, em dezembro do ano passado, enquanto discutiam em plenário os encantos da democracia relativa, um deputado chamado Quaquá, do PT-RJ, aplicou um cruzado de esquerda no rosto do deputado Messias Donato (Republicanos-RJ). O pobre Donato foi a nocaute, feito Bambam na luta contra Popó. O valentão alegou na Comissão de Ética que o cruzado de esquerda foi um gesto politicamente correto.
Moral: matar senador em plenário, pode: dar tapa na cara de deputado, tudo bem; guardar dinheiro na cueca, bobagem; mandar prender bandoleiro poderoso … cala-te boca!
Assim caminha a humanidade brasileira nesta Terra de Vera Cruz, a terra da verdadeira Cruz e dos espinhos.
*Periodista, escritor e quase poeta
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