Vital tinha sua Floresta no coração
Convivi pouco, mas o suficiente para conhecer a forma apaixonada e apaixonante como o ex-deputado Vital Novaes, que morreu, ontem, aos 80 anos, encarava a política e a vida pública. Vindo da sua Floresta, onde Novaes e Ferraz têm uma rixa histórica e não falam o mesmo dialeto, conseguiu ser respeitado e elogiado até pelo clã adverso.
Vital era da escola pessedista de Miguel Arraes, pontuada por poucos arroubos e controlados, sabedoria no trato e gestos largos, muito parecida com a maneira de Tancredo Neves, JK, Afonso Pena e Milton Campos. Na defesa de sua terra natal, que carregava no coração, era intransigente. Superou as maiores adversidades pelo diálogo, que só não era maior do que a sua simplicidade e a sua humildade.
Leia maisNuma época na qual políticos vindos do Interior, especialmente dos grotões, pequenos colégios eleitorais, tinham dificuldades de atingir os votos necessários para virar parlamentar estadual, Vital emplacou seis mandatos na Assembleia Legislativa, sempre partindo da sua Floresta com um balaio de votos. Seu discurso propagado por outros rincões além do Sertão de Itaparica tinha na legenda compromisso e lealdade a sua gente sertaneja.
Por isso, foi tão bem-sucedido na vida pública. Era tão sábio que soube parar na hora certa, passando o bastão para o seu filho Rodrigo Novaes, que o sucedeu por quatro mandatos na Alepe e agora dá continuidade ao legado do pai como conselheiro do Tribunal de Contas do Estado. Vita entendia o ofício da política como uma ação cuja abrangência alcançava todos os cidadãos.
Nunca se omitiu da política para não dar espaço aos malfeitores da vida pública. Rodrigo e os demais filhos devem ter um orgulho danado do pai, pelo comportamento retilíneo dele na vida pública, sua lealdade, discrição e um dos seus maiores traços: um homem de família, extremamente devotado aos filhos, à esposa e aos netos.
Primeira homenagem – Ao tomar conhecimento, ontem, da morte do ex-deputado Vital Novaes, o prefeito do Recife, João Campos (PSB), anunciou que o novo pátio reformado da feira da Encruzilhada será batizado com o nome do ex-parlamentar sertanejo. “É com tristeza que lamento o falecimento de Vital Novaes. Será uma honra homenageá-lo dando seu nome ao pátio da feira da Encruzilhada, que será completamente reformado. Meus sentimentos aos familiares e que Deus possa confortá-los nesse momento difícil”, afirmou Campos.
Fatura no primeiro turno – Na primeira pesquisa eleitoral após as convenções no Recife, trazida ontem pela revista Exame, em parceria com o instituto Futura Inteligência, o prefeito João Campos emplaca a reeleição no primeiro turno. Aparece com 71,6% das intenções de voto, enquanto a soma dos adversários totaliza apenas 19,6%. Entre os que estão do outro lado do balcão, Gilson Machado (PL) é o que aparece mais bem situado, com 11%. Já Daniel Coelho (PSD), o candidato de Raquel, tem apenas 5,3%.
Tabata bate sem piedade – Em um novo debate, ontem, em São Paulo, desta feita promovido pela Veja, a candidata do PSB à prefeita da capital, Tabata Amaral, tirou Pablo Marçal (PRTB), mais uma vez do sério. “A verdade é que nem Bolsonaro confia em você. Falou que você é igual produto estragado. E quando a gente olha para o seu redor o que a gente vê é a equipe do Doria. Você acha que o Bolsonaro lhe rejeita porque você é o Doria 2.0?”, disparou. O embate não contou com as presenças de Guilherme Boulos (Psol), Ricardo Nunes (MDB) e do apresentador José Luiz Datena (PSDB).
Doação de herdeiro de farmácias – Por falar em Tabata, o site Metrópoles, de Brasília, noticiou, ontem, que começou a sua campanha impulsionada por R$ 20 mil doados por Rodrigo Wright Pipponzi. Trata-se do herdeiro da Droga Raia, rede de farmácias que faz parte do grupo RD, que possui mais de três mil lojas espalhadas pelo Brasil e teve valor de mercado avaliado em quase R$ 50 bilhões neste ano. A doação foi feita via Pix, de uma vez só, na última sexta-feira (16). Rodrigo Pipponzi, além de herdeiro da Raia, também criou a Editora MOL, que vende exemplares de revistas, calendários e álbuns de figurinhas nas farmácias e em outras lojas e distribui para doações a maior parte do lucro.
Livro de Cristovam – O ex-senador Cristovam Buarque, que também foi governador do Distrito Federal e ministro da Educação, está de volta ao Recife, sua terra natal. Lança logo mais, a partir das 18 horas, no Furdunço Café e Cultura, seu mais novo livro abordando a temática da educação: “Jogados ao mar”, pela editora Palavra Encantada. Trata-se, segundo ele, com quem tive uma longa conversa ontem, no final da tarde – que acabou rendendo uma boa entrevista para a Folha -, de uma ficção realista, a partir da figura imaginária de um repórter do Correio Braziliense.
CURTAS
ARCOVERDE 1– O Diário Oficial do Tribunal de Contas de Pernambuco (TCE-PE) publicou, ontem, uma Medida Cautelar concedida pelo conselheiro substituto Marcos Flávio Tenório de Almeida, apontando indícios graves de fraude num processo licitatório envolvendo a Câmara de Vereadores de Arcoverde.
ARCOVERDE 2– O processo inclui restrição à competitividade, direcionamento da contratação para um fornecedor específico, sobrepreço no valor de R$ 45.295,85, e risco de superfaturamento que poderia alcançar até R$ 543.550,20, caso o contrato fosse prorrogado por até 60 meses. Os serviços ilegais são apontados em assessoria e consultoria para a administração de pessoal e recursos humanos da Casa.
IMPUGNAÇÃO – O Ministério Público Eleitoral pediu a suspensão do registro da candidatura de Pablo Marçal, do PRTB, à Prefeitura de São Paulo. A ação do órgão pede ainda para que sejam investigadas práticas que podem se enquadrar como abuso de poder econômico.
Perguntar não ofende: Se a baixaria dos debates com os candidatos a prefeito de São Paulo se reproduzir no resto do País, prefeitos que estão na liderança vão aos debates?
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